quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Draghi salvou mesmo o euro?


Mario Draghi terminou o seu mandato de governador do BCE com a aura de salvador da Zona Euro. Na realidade, apenas ganhou tempo ao conseguir travar a especulação contra a dívida pública da periferia. Durante o seu mandato, a política monetária revelou-se ineficaz para relançar a economia e teve efeitos perversos que deram origem a novos problemas.
Como bem anotou Bill Mitchell (aqui) em Setembro passado, Draghi terminou o seu mandato reconhecendo de forma muito explícita que só a política orçamental pode dinamizar a economia da ZE. Bem podemos esperar sentados.

9 comentários:

  1. Absolutamente de acordo, só por si a política monetária não chega e não se vê como irão os Países do Norte aceitar que se aumente significativamente o orçamento comunitário.

    Bem entendido, julgo que poderemos igualmente esperar sentados por propostas alternativas concretas que venham acompanhadas de uma análise de custo e benefício de um desmembramento da zona Euro.

    Os seus proponentes, entre os quais o Jorge Bateira, andam há anos a dizer o mesmo (e eu até concordo no essencial) sem no entanto explicarem ao que vêm.

    Se o programa económico da Esquerda fosse minimamente credível ao comum dos mortais, os votos da social-democracia já se teriam transferido para esses Partidos e não é isso que se vê. Corbyn, em particular, pode prometer o céu que o mais provável é que apanhe um grande banho eleitoral...

    Dizer, como no caso dos proponentes do Brexit, que depois logo se vê mas que não se preocupem, confiem mas é em nós, lamento, mas não chega. Eu já não acreditei quando me disseram que o Euro ia ser uma maravilha, porque iria acreditar agora? Os políticos não são todos iguais mas a natureza humana é...

    Prefiro a situação presente do que acabar nas mãos de um qualquer Johnson lusitano, pronto a queimar o Estado Social na fogueira da 'recuperação da soberania'... O leninismo de todas as cores políticas tende é a beneficiar a Direita mais reacionária...

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    1. Como é que se consegue concordar, no "essencial", com uma ideia e, ainda assim, rejeitá-la? Pelo acessório? O prodigioso D Jaime que explique!

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  2. Diz jaime santos:
    " julgo que poderemos igualmente esperar sentados por propostas alternativas concretas que venham acompanhadas de uma análise de custo e benefício de um desmembramento da zona Euro."

    A desonestidade aparece assim nas entrelinhas e nas linhas. Que se repetem até à exaustão, para cumprir outro tipo de profecias

    Quais as análises de custo benefício da entrada na zona euro? Explicitando melhor, as análises que se revelaram verdadeiras e que de facto acertaram na trampa em que nos atolamos?

    Onde pairam os jaime santos que cantavam odes e hinos aos verdadeiros céus na terra que o euro nos iria trazer?

    A memória é uma coisa lixada...

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  3. Dirá jaime santos:

    "Os seus proponentes, entre os quais o Jorge Bateira, andam há anos a dizer o mesmo (e eu até concordo no essencial) sem no entanto explicarem ao que vêm."

    Aquele "concordo no essencial " é igualmente tramado.

    Dá igualmente a medida do nível de veracidade dos comentários de JS.

    Já todos percebemos ao que vem JS. É inútil ( e sumamente ridículo) escrever tretas tão desajustadas

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  4. Alguém se lembrará, nas análises de custo e benefício pela entrada do euro, no meio de todas aquelas promessas cheias de predicados e hossanas, ter lido o seguinte:

    "Vamos mesmo ter todos que ficar mais pobres"?

    É que este é agora um tema recorrente na recorrente conversa de jaime santos.

    Estas aldrabices definem um estilo. Mas vão mais longe. Desmascaram uma ideologia. E os seus processos

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  5. Dirá jaime santos:

    "Se o programa económico da Esquerda fosse minimamente credível ao comum dos mortais"...


    Pobre jaime santos. Terá sido descuido ou fugiu-lhe o dedo para a verdade? Já nem se reconhece na esquerda. Veste o fatinho por inteiro dum centro direitista ou duma direita pseudo-centrista? Assim do género de um neoliberal em processo de saída do armário


    Falará também jaime santos em votos da social-democracia a fugirem para o outro lado...

    Uma das grandes questões é exactamente essa. É o não se assumir de vez uma conduta que rompa de vez com este colete de forças que nos sonega a dignidade e a soberania

    Repare-se neste pormenor maior.Jaime santos como é seu hábito atira-se a Corbyn. Tem pânico do que este propõe no seu programa eleitoral. "Esquece" que se Corbyn assumisse de vez o legado do Brexit, evitaria o sangramento do Labour nalguns dos seus bastiões.E ganharia votos a Johnson que os recebe de quem quer o Brexit.

    E o banho poderia ser tomado por outros.E de que maneira

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  6. Jaime Santos prefere a situação presente.(Qual situação? A de quem? E onde?)

    Embora o mesmo Jaime santos ( secretamente pois claro) já não tenha acreditado que o euro ia ser uma maravilha.

    Maravilha por maravilha, ou melhor, não maravilha por não maravilha, JS opta pelo status quo. Foi uma não maravilha mas foi a não maravilha que proporcionou a situação da apropriação da soberania e da riqueza dos países periféricos.

    E JS gosta de tal situação. Antes dizia que preferia as "grilhetas de Bruxelas", expressão ( caída em desuso?) tão elucidativa ( e tão repugnante?) de um modo de pensar e de agir.

    Adivinha-se que teria dito o mesmo na véspera da Revolução de 1974?

    Agora avança como argumento com a "natureza humana".

    Isto não soa a forma de desculpabilizar todos os sacanas que pulularam e pululam por essa terra?

    A "natureza humana" tem destas coisas. As costas largas. A substituir a outrora divina "natureza das coisas", tão invocada por todos os ... para manterem as coisas debaixo da sua "particular natureza"

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  7. O chefe dos assuntos regulamentares de um dos bancos sistémicos europeus passou a chefiar a Autoridade Bancária Europeia (EBA), a entidade junto da qual fazia lobby e que actua como reguladora do mundo bancária da União Europeia. É como oferecer as chaves de casa ao assaltante.

    Até agora, a chefia da EBA era um dos postos chave do controlo da regulação bancária que escapava ao domínio dos banqueiros. O Banco Central Europeu resolveu abolir essa situação que perturbava o domínio do sistema bancário pelos “grandes bancos que não podem falir” ao nomear o espanhol José Manuel Campa para o cargo.

    José Manuel Campa era, desde 2014, chefe dos assuntos regulamentares do Banco Santander à escala mundial. Isto é, dedicava-se a fazer lobby junto das entidades reguladoras do universo bancário, designadamente a EBA.

    Campa “era pago para fazer lobbying junto de reguladores como a EBA de modo a mudar as regras para favorecer os grandes bancos como o Santander ou, pelo menos, para tentar que as regras não os incomodem demasiado; e a partir de agora está encarregado de supervisionar a aplicação dessas regras”, comentou a organização Finance Watch a propósito do novo chefe da EBA.

    Antes disso, entre 2009 e 2011, Campa fora secretário de Estado da Economia do governo espanhol, numa altura em que os governos dos Estados Unidos e da União Europeia geriam a crise financeira através da transferência de tudo quanto era possível retirar aos cidadãos para enxertar nos bancos “em crise” – uma situação provocada pelas suas actividades gananciosas e delituosas.

    A figura de José Manuel Campa é mais um exemplo do vaivém contínuo de chefes da grande banca, e de outras áreas, entre os sectores público e privado, atropelando todas as normas que deveriam evitar conflitos de interesses, numa promiscuidade da qual as principais vítimas são os cidadãos.

    A Autoridade Bancária Europeia actua no quadro do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia. Em termos gerais, dedica-se formalmente a uma regulação que envolve normas para melhor enquadrar as actividades bancárias e assegurar a estabilidade de todo o sistema bancário. A EBA trata, por exemplo, de questões como a separação das actividades bancárias, a taxação de produtos financeiros, as regras para calcular capitais próprios, medidas que envolvem interesses avaliados em milhares de milhões de euros.

    (Pilar Camacho)

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  8. Interessante, o comentário acima sobre a captura de (mais) um regulador pelo lobby que era suposto supervisionar.

    Dito isto venho propôr um video que arrisca a chocar alguns "puros". É de um professor francês de Inteligência Económica, tema que toca a espionagem industrial e é uma das chaves do desenvolvimento para uns e da manutenção da supremacia para outros. Embora seja um homem de direita assumido, a entrevista aborda temas de grande interesse como as concepções políticas do povo chinês e as relações da China com o ocidente. Também é interessante constatar os silêncios diplomáticos de Bourdillon sobre temas em que ficamos em dúvida se estão fora do âmbito da sua percepção do mundo ou se pura e simplesmente não quer emitir uma opinião por diplomacia. Sabiam por exemplo que o PCChina tem 80 milhões de membros?

    Outra vertente interessante, embora com algumas insuficiencias de ordem ideológica e filosófica é a parte que trata da propaganda e contra-propaganda. Cerca de 2h1/2 de video em francês.
    Via Les Crises.
    https://www.les-crises.fr/propagande-et-contre-propagande-christophe-stalla-bourdillon-par-thinkerview/

    https://youtu.be/1sOgeAeBZ1I

    Para mostrar que nem tudo são agruras um artigo sobre a nova liderança do SPD alemão:

    https://www.zerohedge.com/geopolitical/shocking-blow-merkel-germanys-spd-elects-leftist-leaders-risking-coalition-government

    E para terminar a recenção de um livro de Edouard Husson por Jacques Sapir, também em francês.

    https://www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-regarder-lallemagne-a-propos-du-livre-dedouard-husson-par-jacques-sapir/

    Como bónus, um artigo sobre recentes declarações de Henry Kissinger sobre o excepcionalismo americano.

    https://www.strategic-culture.org/news/2019/11/29/henry-kissinger-gets-it-us-exceptionalism-is-over/

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