Estávamos em 1999 e a revista mensal tinha o sintomático nome de Economia Pura. Custava 750$00. No seu número 14, saudava, nesse ano de perda de soberania monetária, os processos de desregulamentação, privatização e liberalização, que teriam conduzido ao que aí se designava por década dourada da economia portuguesa. Tinha passado uma década desde o proclamado fim da história, em 1989, e o futuro só podia viver à sombra estatística deste passado recente mais ou menos inventado.
Porque recordo este momento da história recente da economia política nacional? Porque encontrei hoje uma revista empoeirada destas numa estante da minha faculdade, que a estava a oferecer e não sei onde tenho o meu exemplar, que eu comprava estas coisas. Mas sobretudo porque um dos sintomas da falência e da corrupção actual do liberalismo económico, em Portugal e não só, é o fingimento de que nunca existiu realmente por aqui. Quem leia, por exemplo, João Miguel Tavares sabe que não papagueia outra coisa. É um ideólogo em segunda mão, afinal de contas. Como Karl Polanyi já tinha notado em 1944, o liberalismo é uma utopia que produz resultados distópicos, furtando-se por sistema à confrontação com as consequências reais da sua institucionalização naturalmente parcial.
Quem fale da versão lusa do neoliberalismo em Portugal tem, entre outras instituições, de falar de um Banco que já na altura não era de Portugal. O seu vice-governador era, em 1999, Luís Campos e Cunha, que ainda anda por aí a dizer vulgaridades. Na altura, deu uma entrevista à revista que é todo um sumário das ideias que nos conduziram até aqui. Minhas senhoras e meus senhores, vamos recuar duas décadas:
“No novo regime [do Euro] a situação é bastante diferente. Neste momento a nossa BTC [balança de transacções correntes], dado que o grosso das nossas transacções é com os países da zona euro, tem o mesmo significado que teria calcular a BTC de Lisboa, face ao resto do país, no antigo regime (...) Portugal tem-se alterado radicalmente. Era um dos países mais regulamentados da Europa, hoje tem dos mercados mais liberalizados (...) A nossa taxa de crescimento tem estado, nos últimos anos, 1,4 pontos percentuais acima da média da UE. Isso possibilitou a Portugal uma aproximação do seu PIB per capita à média europeia. Será um processo continuado e é natural que o reforço da integração traga reforço da convergência.”
Mais palavras para quê?
"uma utopia que produz[iu] resultados distópicos, furtando-se por sistema à confrontação com as consequências reais da sua institucionalização naturalmente parcial"
ResponderEliminarComunismo? Socialismo?
João Miguel Tavares um ideólogo de segunda?
ResponderEliminarNão está a ser demasiado generoso?
João Miguel Tavares está ao nível de trolls, como alguns que aqui habitam...
Trafulhas de um raio
ResponderEliminarLembro-me bem de tal revista. E também de uma que suplementava o "Público" onde apareciam simulações de aplicações em bolsa ode se elogiavam os brilhantes sucessos dos "fundos de investimento" geridos por...Madoff...
ResponderEliminarE de outra de nome "Valor" onde Santana Lopes se queixava de que o ordenado de secretário de estado não dava para sustentar os filhos...
E os suplementos económicos do Expresso e do Independente, onde todas as semanas se debitavam liberalices. Foi uma festa!
O anónimo das 14 e 11 não completou a frase e subverteu-a ao serviço da sua distopia
ResponderEliminarBora lá corrigi-lo:
" Como Karl Polanyi já tinha notado em 1944, o liberalismo é uma utopia que produz resultados distópicos, furtando-se por sistema à confrontação com as consequências reais da sua institucionalização naturalmente parcial"
Os trafulhas costumam fazer trafulhice, como se vê.
Memória. Que maravilha.
ResponderEliminarPara os altos espíritos da esquerda, o não liberalismo traduz-se em:
ResponderEliminar- farturinha de emprego público mais uns cómodos monopólios do Estado
- os privados a suar no mercado liberalizado para pagar impostos e garantir emprego estável.
- uma moeda que permita pôr a economia ao serviço da engenharia política
Já tínhamos um doutrinador lá na Holanda, símbolo acanalhado da desonestidade neoliberal, com pretensões a criar idiotices
EliminarA penúltima fora a assumpcao da morte do capitalismo. Há 10 anos (!)
Agora surge o Jose com uma outra inovação. O “ não- liberalismo”
E mete lá dentro toda a idiotice que o coitado encontra
Podia lá por também o museu Salazar ou as tentativas de justificação do massacre de San Juan às ordens de Barrientos
Mas quando a idiotice atinge tais proporções apenas resta sublinhar que isto é o retomar de uma velha pecha.
“ Quem não é por mim, é contra mim”.
Ou liberal ou não-liberal.
E manda avançar quiçá as tropas do regime para por na ordem quem lhe sai da Ordem
Nova?
Resta acrescentar que o Salazar deve dar voltas na tumba por lhe classificarem assim a sua actividade em prol do fascismo.
EliminarJose ficará apenas a matutar em como classificar a sua própria e conhecida actividade em prol do ditador
Devia haver mínimos de discernimento cognitivo para a exposição de comentários opinativos
Pobre jose
EliminarQuando confrontado com a memória dos factos, resolve fugir. Como sempre. À desfilada
Tira da cartola um “não-liberal” para não ter que ser confrontado com a denúncia do Campos e Cunha E a comprovada falência e corrupção do liberalismo económico
Vale tudo.
Até passar por idiota?
E será que já não aparece por aqui alguém a dizer que a alternativa ao liberalismo é o socialismo?
ResponderEliminarJose lá sabe o porquê de tanta inquietação.
EliminarMas se aparecer alguém a falar em socialismo, este jose ameaça mandar metralha em nome do liberalismo. E do Barrientos. E do seu
(Enquanto faz fífias para que lhe esqueçam o não/liberalismo e as atoardas de amante da metralha)
Pobre jose
ResponderEliminarPrimeiro ensaia a singela defesa dos "brutos" de Barrientos ( queimam-lhe as palavras que constituem a designação correcta para os tais brutos: fascistas de extrema-direita)
Passa depois para o "não-liberalismo", algo que espanta pelo completo non sense e pela idiotia em estado quase que alquímico
Depois dá a pirueta habitual e abandona de forma rápida o ringue, para entrar numa de dança do ventre. Ficamos sem direito a qualquer justificação da sua profunda renovação teórica. Passamos para a "alternativa", assim deste modo, em modo de fuga
Jaz morto e arrefece o "não-liberalismo".
No colo do pobre jose
Quem não sabe o que dizer...diz dos outros!
ResponderEliminarJose pensará que esse suspiro miasmatico lhe permitirá fugir da gravidade do que andou a dizer?
ResponderEliminarA metralha e barrientos
ResponderEliminarA metralha de inocentes. Os “ coitadinhos“ , como no linguarejar francamente néscio de jose
Homens, mulheres, grávidas, crianças. Metralhados às ordens de Barrientos
Que não podia passar o “ despautério “. Na linguagem ainda mais horrível do justificado de massacres