Aparentemente, anda um espectro de novo a pairar por aí: o do revolucionamento que será necessário no modo de produção para enfrentar a catástrofe ambiental iminente. Um economista convencional um dia definiu-a como a maior falha do mercado da história da humanidade. As soluções económicas convencionais – andar a brincar aos mercados de emissões ou às taxas e taxinhas – ou não funcionam ou estão longe de chegar.
Neste contexto, a jovem Greta Thumberg fez um discurso pungente na cimeira sobre a acção climática das Nações Unidas. Apreciei particularmente a sua denúncia do dinheiro como um dos obstáculos à tal mudança. Afinal de contas, lembrem-se dos efeitos do nexo-dinheiro, expostos brilhantemente num Manifesto espectral de 1848.
Num editorial com laivos do habitual anticomunismo primário, talvez com efeitos contrários às intenções do seu autor, Manuel Carvalho até confessava ontem no Público ter levado também “um murro no estômago” de Thumberg. Mas a sua “pose e insolência”, o seu radicalismo, fê-lo lembrar, vejam lá do que esta gente se lembra, um “qualquer aprendiz de Lenine do século passado”. Esta gente ainda teme “o radicalismo jacobino”.
No fim do arrazoado, Carvalho até acaba a reconhecer que sem este radicalismo, ao qual só falta enfatizar mais a classe e menos a geração, “as soluções equilibradas” não serão possíveis. O medo, sempre o medo da revolução, está na base de uma certa política económica. Irá um dia este neoliberal converter-se ao Green New Deal, um plano que nestes tempos sombrios ainda parece uma utopia de um punhado, ainda que crescentemente influente, de democratas socialistas na América?
Entretanto, aprender com alguns aspectos da vida e obra de Lenine é capaz de não ser mesmo má ideia: organização consequente, análise concreta da situação concreta, avaliação precisa da correlação de forças, valorização da política de classe, identificação dos elos mais fracos da cadeia imperialista, prontidão para aceder ao poder, pugnando por um socialismo que terá de ser igual a sovietes, uma democracia avançada, mais electrificação de todo o país, agora com base em renováveis.
Ou alguém pensa que será possível enfrentar a catástrofe iminente sem uma valorização do comum, sem muito menos desigualdade, sem formas de planificação exigentes, e que implicam controlo público das redes, da banca, das grandes alavancas de investimento, sem uma certa desglobalização dos circuitos económicos, enfim, sem uma nova política económica?
O admirável mundo novo que muitos dos visionários da actual conjuntura defendem é o lugar das desigualdades absolutas, onde tudo é exclusivo, onde a maioria é vista como sorvedouros de recursos. Querem transformar o consumo num luxo, aliás, estão a transformar o consumo num luxo, afirmam que a vida não é sustentável, que o conforto não pode ser uma constante da vida. Estas mentiras credíveis têm os seus propósitos, e os seus destinatárias. É a plena consciência da manifesta ignorância de uma larga maioria que faz com seja plausível esta abordagem.
ResponderEliminarOs milhões de anos de evolução climática no planeta Terra riem-se de esta conversinha de bairro; aquecimento ali, arrefecimento acolá. As altas e as baixas temperaturas hoje atingidas, gelos degelos, aqui ou acolá, já ocurreram milhares de vezes sem automóveis nem centrais a carvão chinesas.
ResponderEliminarMas sim, o mais dramático de disto tudo é realmente Lenine.
Os pais que levam, incentivam ou não, permitindo ou não, que os seus filhitos frequentem, como forma de atitude mental e participação social, nestes "espontâneos" movimentos de massa, estão, em vez de fomentar, educar, os seus filhos a analizarem tanto quanto possível cientificamente, racionalmente, um qualquer pequeno ou grande problema, estão, apenas a educar, preparar os seus filhos para serem pertença activa, acéfala, na "massa ululante" de seguidores de personagens óbviamente sinistros, ou loucos, ou demagogos, ou desiquilibradas como esta pobre menina Greta. A insubstituível opção, ou desopção, dos pais é clara.
Mas que trapalhada é esta de um comentário das 16 e 32?
EliminarUma confusão propositada para esconder outros propósitos?
Apenas uma manobra para não se desmascarar um repelente neoliberal, um personagem obviamente sinistro.
(O demagogo ou desequilibrado ou louco não lhe retiram o carácter sinistro)
Pena o tal Manuel Carvalho não aprender mesmo.
É verdade, mas esqueceu-se de mencionar que as atuais alterações climáticas são provocadas pelo homem e podem desencadear uma imprevisível sucessão de acontecimentos em cadeia.
EliminarUm excelente perdão, um muito excelente texto
ResponderEliminar"sem formas de planificação exigentes, e que implicam controlo público das redes, da banca, das grandes alavancas de investimento"
ResponderEliminarPlanificação exigente?! Já pensou bem no processo de planeamento/decisão de localização do novo aeroporto de Lisboa que se arrasta há 50 anos e teve 17 localizações possíveis (https://expresso.pt/sociedade/2019-01-13-A-historia-de-um-aeroporto-que-esteve-para-ficar-em-17-sitios-diferentes)?
Ou no Metro Mondego, para dar um exemplo que lhe está mais próximo (não considerando o futuro aeroporto de Coimbra)?
Ou nas centenas de Estratégias, Planos Estratégicos, Planos de Acção, .... elaborados para as mais diversas áreas, cheios de boas intenções e excelentes no papel, mas que nunca são implementados?
Agora multiplique estes exemplos (há outros) por 1000 e fica com uma ideia (pesadelo) do que seria uma "planificação exigente" aplicada a todos os sectores da vida económica e social.
Sim.
EliminarPlanificação exigente. Aplicada a todos os sectores da vida económica e social.
Acabou o tempo das velhas soluções da economia velha que conduziu a humanidade, para a beira do precipício
É tempo de soluções novas, com controlo público das redes, da banca, das alavancas do investimento
Mas percebe-se o medo que a exigência de novos tempos acarreta.
E em que a treta dos aeroportos mais o metro e outras tretas são exemplos paradigmáticos da necessidade de se colocarem as coisas a um outro nível
É tempo dos povos fazerem ouvir a sua voz. De forma colectiva pois só assim serão ouvidos
Com a devida consideração , estes dois primeiros comentários parecem uma defesa acobardada do Manuel Carvalho
ResponderEliminarE com tanto ou mais medo do que ele das soluções revolucionarias
Assim como uma defesa por baixo da mesa do status quo. Pusilânime e cúmplice desse mesmo status quo, ou seja da velha política económica que tem prendado os tais 1%
O espectro que paira no ar volta a amedrontar personagens sinistros, que agora se voltam para os pais num exercício tão idiota como patético
Também aí são evidentes as ligações profundas entre o neoliberalismo e o apelo à autoridade que coloque na ordem, perdão, na Ordem, os tresmalhados do rebanho
Quando os herdeiros do Lenine deixarem de proclamar que é preciso cada vez mais para mais gente mais rendimento/consumo/crescimento/rendimento/…. começarei a pensar que Lenine tem algo a ver com ecologia.
ResponderEliminarOs tais 1% têm o mais ecológico dos rendimentos - não o conseguem transformar em consumo!
ResponderEliminarManuel Carvalho é um dos mais manhosos neoliberais da comunicação social.
ResponderEliminarHá neoliberais que pouco ou nada se esforçam em esconder o quão mercenários são.
Já Manuel Carvalho é daqueles neoliberais que se fingem preocupados com as questões sociais, ambientais, etc.
Mas, claro, é tudo manha, está-se absolutamente nas tintas...
Quer lá Manuel Carvalho saber de um Estado que providencie um SNS de alta qualidade ou educação de qualidade para todos.
Manuel Carvalho adora elitismo e ser pago pelos serviços que presta a esse mesmo elitismo.
Confrangedor o nível de argumentação do José:
ResponderEliminar"Os tais 1% têm o mais ecológico dos rendimentos - não o conseguem transformar em consumo!"
Primeiro não é verdade:
https://www.zerohedge.com/news/2019-08-20/environmentally-hypocritical-lifestyles-rich-famous
A pegada ecológica dos 1% é descomunal, por mais indulgências que comprem.
Segundo, até quando tentam tomar iniciativas para beneficiar a humanidade, os 1% não estão isentos de dissonâncias cognitivas que os levam a pensar, dizer e fazer disparates.
É o caso de Elon Musk que já teve ideias fantásticas e que últimamente parece que não acerta uma:
https://www.zerohedge.com/news/2019-08-20/oligarchys-plans-our-future-keep-getting-dumber
Se juntarmos os sinistros irmãos Koch e as cruzadas de esterilização do casal Gates, chegamos à brilhante conclusão que mais vale planeamentos cuidadosos e decisores sufragados democraticamente.
S.T.
Mais uma vez ...
ResponderEliminarMais uma vez se regista a iliteracia tramada de jose. Como é possível?
Deixemos para lá a sua posição de classe, querendo uma sociedade em que os rendimentos fiquem acantonados nas mãos dos tais 1%.Também aqui a esquerda quer uma coisa que deixa arrepiado um personagem como jose. Quer (também) muito menos desigualdade.
O motivo de se citar a iliteracia tramada de jose é a sua aparente incapacidade em conseguir ler e compreender um texto.
Lenine é citado porque bovinamente , num reflexo escatológico, manuel carvalho o refere. E refere da forma aí apontada em cima:
"A sua ( de Greta Thunberg ) pose e a sua insolência não ficam muito longe do estilo de qualquer aprendiz de Lenine do século passado."
A analise do que isto demonstra está superiormente detalhada por João Rodrigues. Esta gente anda teme “o radicalismo jacobino”.
E a prova é a convocação de tudo o que seja tralha neoliberal para fazer o cerco a Greta. No próprio Publico, onde joão miguel tavares abanca com o peso da sua própria trampa e que produz um texto cobarde e insultuoso para uma jovem de 16 anos. E onde aparecem os apaniguados do carvalho e do tavares a subscreverem da forma desvairada e caceteira as palavras dos seus mestres.
É indisfarçável o seu medo
Mas Lenine é citado por outra coisa. Outra coisa que não tem nada a ver com a ecologia de forma directa, pese o esforço esforçado de jose para misturar as coisas da forma aí em cima documentada
ResponderEliminarLenine foi um excelente organizador e mobilizador. Tal é reconhecido mesmo pelos seus inimigos de classe.
Pelo que talvez não seja mesmo mau aprender com Lenine. "Aprender,aprender, aprender sempre", dissera ele um dia, numa frase que ficou célebre
Ou seja, dotar-mo-nos de uma organização consequente, partir de uma análise concreta da situação concreta, avaliar a correlação de forças, assumir uma política de classe, identificar os elos mais fracos da cadeia imperialista, estar pronto para assumir responsabilidades na governação
Está aqui um verdadeiro manual de acção. Saber usá-lo pode ser um passo de gigante em frente. O que, convenhamos, deve deixar espavoridos uns tantos personagens.
E a ecologia entra aqui, no resultado que a luta por um mundo melhor trará.
Mais uma vez citando o autor do post: "pugnando por um socialismo que terá de ser igual a sovietes, uma democracia avançada, mais electrificação de todo o país, agora com base em renováveis"
'... os 1% não estão isentos de dissonâncias cognitivas que os levam a pensar, dizer e fazer disparates'
ResponderEliminarA maior das descobertas!
Só que dificilmente se ganha dinheiro a fazer disparates, enquanto ganhar votos, no nível cognitivo actual, tem por condição fazer disparates ecologicamente desastrosos.
"Só que dificilmente se ganha dinheiro a fazer disparates (...)"
ResponderEliminarPois que isto de herdar fortunas nao e para qualquer um. E merito genetico.
"(...) enquanto ganhar votos, no nível cognitivo actual, tem por condição fazer disparates (...)"
Se ao menos o poder executivo pudesse tambem ele ser herdado por merito genetico em vez desta macada toda com os interesses das massas deslavadas... - suspira desconsolado o Ze em transe alcoolico.
Ahahah
EliminarJose fala em disparates ecologicamente desastrosos
ResponderEliminarSerá que jose reconsiderou e resolveu corrigir a sua defesa da trampa feita pelos pornoricos e s sua pegada insustentável na terra?
Por entre uma espécie de choradinho a tentar justificar a iliteracia dum grande patronato em completa roda livre no seu processo de saque?
Disse José:
ResponderEliminar"Só que dificilmente se ganha dinheiro a fazer disparates..."
Evidentemente falso!
O sistema de incentivos nas sociedades neoliberais ocidentais está manifestamente enviesado para proteger os interesses de minorias rentistas que dependem dos negócios à volta das energias fósseis, do consumismo, da obsolescência programada e da exploração desenfreada dos recursos e dos seus semelhantes. O verdadeiro trabalho pró-ambiental é precisamente contrariar tais incentivos perversos.
A segurança ambiental da humanidade não pode ficar à mercê dos caprichos ou da boa vontade de uma minoria de ricaços cujas cabeças batem mal. O controle dos mecanismos de regulação ambiental não pode estar nas mãos das corporações que são a causa dos desequilíbrios que depois dizem combater. Chama-se a isso "pôr a raposa a guardar o galinheiro".
A única forma de controlar o poder das corporações são estados-nação fortes e soberanos com um grau de independência em relação ao poderio económico que subordine a ganância empresarial aos interesses da maioria. Não se trata de estatizar a economia mas de estabelecer os limites de actuação das corporações e regular os incentivos à actividade económica de acordo com os interesses da sociedade no seu conjunto e das boas práticas ambientais segundo o melhor conhecimento científico.
S.T.
Se pelos frutos se conhece a árvore, deixe-me que lhe diga que os frutos da árvore plantada por Lenine não são particularmente saborosos - isto para ser simpático.
ResponderEliminarEstá por fazer o "mix" adequado dos mecanismos de planificação central/mecanismos de mercado. Recordo que estes últimos são muito anteriores ao capitalismo.
Mas confesso que não sei como se vai "descalçar a bota" do aquecimento global antropogênico aliás, "capitalistogénico".
A acção da jovem sueca está a ser importante? Talvez.
Frutos e árvores?
ResponderEliminarCada um atribui os frutos às árvores que quiser
Mas deixe que lhe diga que alguns desses frutos foram particularmente saborosos Atribuindo-os à mesma árvore citada
«"Só que dificilmente se ganha dinheiro a fazer disparates..."
ResponderEliminarEvidentemente falso!»
Cabisbaixo, transtornado, perplexo...calo-me.
Jose, num esforço louvável para louvar a herança paterna, louvava há tempos a herança paterna... em bens materiais
ResponderEliminarOs disparates ( ou a ausência deles) da herança paterna é um assunto que me transcende.
Agora os disparates de jose, esses são múltiplos e alguns bem conhecidos
Com a devida protecção atribuída pela herança paterna, com a protecção devida ao capital que o capital acarreta, com a canga de benefícios que os tais 1% se encarregam de mimosear, com a concentração do capital tão descarado nas mãos dos mesmos, tal aliás como previra também Lenine, o que vemos?
Estas fitas patéticas de jose, um pouco pouco, assim em género de serôdio cavalheiro a fazer uma impotente birra
Não a costuma fazer quando anda por aí a dizer disparates. Quando apareceu montado a esgrimir pelas balls se Salazar, não lhe vimos estes trejeitos de teatrais queixumes
Curioso
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