sexta-feira, 12 de julho de 2019

Pensar Bonifácio

O racismo de Maria de Fátima Bonifácio está profundamente articulado com a sua visão de classe, como bem sublinhou o historiador Manuel Loff no Público: “Ódio de classe, ódio de raça. É num mundo assim que vive Bonifácio”. 

Qual é o objectivo deste mundo, hoje, e quais as suas bases intelectuais e políticas? Na esteira de Loff, formulo duas hipóteses, uma política e outra intelectual.

A hipótese política. Bonifácio está convencida, a partir da sua leitura da experiência internacional, que a mobilização do racismo é eficaz na luta contra as esquerdas, consolidando a variante reaccionária do neoliberalismo, depois do colapso da sua variante cultural pretensamente progressista. Só lhe falta encontrar um Trump ou um Bolsonaro luso. Ela e outros andam à procura.

A hipótese intelectual. Bonifácio é uma apologista da história política das elites liberais do século XIX, reconhecidamente anti-democráticas, permanentemente assoladas pelo espectro da plebe urbana democrática e das revoltas anti-coloniais. Ora bem, para lá de classistas, estas elites eram imperialistas e logo racistas. Mergulhando  neste, e simpatizando com este, universo, Bonifácio transporta deliberadamente para o século XXI hipóteses hegemónicas do liberalismo do século XIX. Ódio de classe e ódio de raça estavam imbricados, como bem se sublinha na história crítica do liberalismo.

Sim, é preciso pensar Bonifácio; até para combater a corrente política que encarna.

16 comentários:

  1. Que giro, o João Rodrigues aproveita este espaço para acusar os liberais de racismo, embora a visão de Bonifácio seja ela, isso sim, profundamente anti-liberal, desde logo com a sua insistência no carácter cristão da Europa... É o que se chama fazer de conta que se fala de uma coisa para se falar de outra...

    Não preciso de lhe falar do anti-semitismo na URSS, ou do racismo existente nos Países de Leste e que não é de hoje, mau grado os anos em que deram mostras de 'internacionalismo'... Ou da xenofobia sempre presente no Labour britânico e que culmina no seu actual problema profundo com o anti-semitismo, por exemplo.

    Quanto ao suposto carácter anti-colonial da movimento comunista, a posição de Lenine era, como de costume, profundamente hipócrita. O imperialismo era o estádio mais avançado do capitalismo, logo os comunistas não podiam ser acusados de tal crime (matter of definitions).

    Vá tentar convencer húngaros, polacos, leste-alemães e outros povos de tal coisa e vai ver a corrida que leva...

    Vá morrer longe, sim?

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  2. A invenção das raças não pode assacar-se a ninguém em particular, nem há suspeitas de que alguma ideologia esteja envolvida no processo.
    O mesmo se diga das múltiplas circunstâncias que originaram famílias, clãs, tribos e nações.
    De todos esses processos vêm desde há milénios cuidando as religiões no seu ministério de relacionar o indivíduo com Deus e por essa via reconciliar os homens de todas as taças e de todas as nações impondo-lhes valores que a todos subordinam e a todos iguala na percepção de que tais valores a todos pertencem enquanto indivíduos.

    Mas a ciência e a crescente auto-suficiência logo haveria de descrer no divino e desprezar tudo que lembre um Todo transcendente; e daí a reiniciar o processo da decomposição desse todo foi um passo.
    Começaram por criar as classes, dizendo-as a mais simples e mensurável divisão; ensaiaram uma mais radical simplificação entre opressores e oprimidos e, deslumbrados com a simplicidade que trazia ao processo de decomposição do todo humano, criaram tabelas de adesão desenterrando todos os agrupamentos conhecidos com destaque para os mais notórios – raça, etnia. nacionalidade - para os classificar,
    Reservam para si próprios uma classe especial: os cuidadores dos coitadinhos, assegurando a estes, obviamente, uma muito ampla maioria.

    Os valores pessoais tomaram o rumo das religiões: um engano em uso num tempo obscuro no passado.




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  3. Diz Jaime Santos: "Vá morrer longe, sim?". Digo eu: se voltar a escrever coisas destas, não lhe aceito o comentário. Fica avisado.

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  4. Ó José, olhe que está enganado.

    As religiões cristãs foram as maiores promotoras do anti-semitismo na europa durante quase dois mil anos e sem dúvida que o nazismo se inspirou nelas.

    Nos cinturões dos nazis estava a suástica com a divisa DEUS CONNOSCO.

    Uma vez pus-me a ler as obrar seminais do nazismo, Mein Kampf, O mito do século XX, As fundações do século XIX, Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, obras que toda a boa sociedade garantia que tinham sido escritas por ateus ferocíssimos.

    Qual não foi o meu espanto quando descobri que tudo aquilo são verdadeiros tratados teológicos !

    Toda a doutrina nazi e proto-nazi está pensada em termos teológicos.

    Aquilo parece que foi escrito por pastores protestantes ou padres jesuítas !

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  5. Um excelente comentário curto e sintético de João Rodrigues.

    Que levante a poeira do ódio de estimação das bonifácias. Um qualquer aprendiz de outras eras oferece-nos um patético discurso sobre as raças, a que encavalita de forma tacanha a sua teoria das classes. Finalizando pela repetição até à náusea da teoria dos coitadinhos de Relvas e de Passos.

    Outro destrambrelha e descarrila. O ódio de classe polvilhado pelas lágrimas de um desonesto aldrabão da história, que agora até tem o desplante de fazer de papagaio liberal, repetindo o estribilho racista anti-labour. Ou de como os liberais estão acantonados a este discurso vesgo, solidário com as bonifácias tanto que só lhes resta estas inanidades pseudo-justificativas das traições em que se atolam.

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  6. Do pouco no tempo ou no espaço fazer o Todo é o método pelo qual sempre o Pedro encontrará uma boa razão.

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  7. Palpita-me que o racismo ressuscitou o Cuco.

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  8. Do pouco ó jose ?

    Não sabe nada de história ?

    Os cristãos discriminaram e perseguiram os judeus constantemente durante séculos.

    Costumavam queimá-los vivos na praça principal do nosso país.

    Toda a propaganda proto-nazi e nazi está cheia de invocações a deus nosso senhor.

    No Mein Kampf deus deve ser invocado umas dezenas de vezes.

    Sabe qual é o principal tópico do livro O mito do século XX, do "filósofo oficial do III Reich" Alfred Rosenberg ?

    É a criação de uma ideologia racial, sim, mas espiritualmente baseada na teologia de mestre Eckhart o teólogo dominicano medieval.

    Os nazis também se inspiraram nos escritos antisemitas de Lutero, que apelava á destruição dos judeus.


    O mal dos cristãos conservadores é que não sabem puto da história das igrejas que tanto defendem.

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  9. A idiotice de alguém que aqui todo catita se põe a divagar sobre as suas leituras das "obras seminais do nazismo, Mein Kampf" mostra várias coisas:

    Para já importa sublinhar duas:

    Por um lado a incoerência do personagem pedro. O agora "pedro seminal" não coincide com a figura do pedro criado inicialmente por joão pimentel ferreira. Ao estilo bronco, fanfarrão e malcriado ( peixeira holandesa?) sucede-se agora o estilo "intelectual, pedante e vaidoso", a repetir o triste fado do mesmo intelectual, pedante a vaidoso, que tinha junto da cebeceira o "Das Kapital".Esse mesmo, o joão pimentel ferreira.

    JPF, criador de uma rede de perfis falsos, em que um deles é precisamente "pedro"

    Distraiu-se o moço de fretes.


    Importa todavia sublinhar outra ( e mais importante) coisa. Num post de uma limpidez cristalina, este tipo, o "pedro", tenta fugir ( como o diabo da cruz, como qualquer rneoliberal de pacotilha) do que João Rodrigues traz a debate.

    E com a cumplicidade ( quiçá involuntária ) de jose, ei-lo que parte a galope a ver se não lhe desmascaram a ideologia e se passa como personagem credível. Mas distraindo-se e assinando de cruz este estilo pedante, vaidoso, penoso e vazio.

    Um émulo do aldrabão do relvas

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  10. E como tal, é importante voltar ao tema do debate:

    À Bonifácio.

    Hipótese intelectual

    "Bonifácio ( e está acompanhada) é uma apologista da história política das elites liberais do século XIX, reconhecidamente anti-democráticas, permanentemente assoladas pelo espectro da plebe urbana democrática e das revoltas anti-coloniais. Ora bem, para lá de classistas, estas elites eram imperialistas e logo racistas. Mergulhando neste, e simpatizando com este, universo, Bonifácio ( e não só) transporta deliberadamente para o século XXI hipóteses hegemónicas do liberalismo do século XIX. Ódio de classe e ódio de raça estavam imbricados, como bem se sublinha na história crítica do liberalismo."

    E de cada vez que o liberalismo é desmascarado quem é que surge incontinente ?

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  11. Pedro
    Convém não alardear com demasiado ímpeto a sua ignorância.
    Senão a humildade, a prudência aconselha a que pelo menos consulte a wikipédia.

    Quem queimavam não eram judeus, mas cristãos judaizantes, ou algo assim; será questão de forma, mas não era pegar em judeus e queimá-los.

    Mas o essencial, se é que tal coisa o interessa, é o tempo e o lugar.
    O tempo e o que vai da árvore à noção do divino, e do divino até hoje.
    E a Europa, por muito importante que seja, não é o mundo.

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  12. Caro Jose.

    Ah.

    Não queimavam judeus, mas pessoas que eventualmente podiam não ser judeus, mas que os carrascos cristãos estavam convencidos que eram judeus.

    É a chamada diferença do caraças.

    Não tem nada mais parvo como argumento ?

    E o senhor é tão ignorante que não sabe que os judeus foram expulsos de Portugal sob pena de MORTE ?

    A partir daí qualquer judeu que permanecesse em Portugal estava sujeito a ser assassinado pelos cristãos.

    O que interessa é que o senhor não pára de armar-se em bom, mas mete os pés pelas mãos e não acerta uma dando mostras de total ignorância sobre estes assuntos.

    Se quer divino, leia o Mito do Séc.XX que aquilo é um verdadeiro tratado de teologia, porque, como você, os nazis também se centravam no "divino". É vendido ao kilo por qualquer um, como banha da cobra.

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  13. Jose e o pedro a discutir banha da cobra, vendida ao kilo como os nicks impingidos pelo João pimentel ferreira, o dono de pedro.

    João pimentel ferreira, o pedro himself, que num post ao lado desautoriza o mesmo pedro, lolol, numa espécie de exercício de máscaras para espantar incautos.

    Pedro, parido pelo joão pimentel ferreira, que aqui se esforça por se mostrar à altura das obras seminais dum cabotino como Relvas.

    E ambos, pedro e jose, ou joão pimentel ferreira e jose, de mãos dadas e irmanados pelo desejo de fuga. Ao tema do post

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  14. Pelo que se volta ao que se debate:

    À Bonifácio

    Hipótese política.

    "Bonifácio ( e não só) está convencida, a partir da sua leitura da experiência internacional, que a mobilização do racismo é eficaz na luta contra as esquerdas, consolidando a variante reaccionária do neoliberalismo, depois do colapso da sua variante cultural pretensamente progressista. Só lhe falta encontrar um Trump ou um Bolsonaro luso. Ela e outros andam à procura"

    Como jose que parece que voltou a ter pesadelos com cucos.
    E como joão pimentel ferreira que entre os seminais e os seminários, se esconde por trás desta conversa de beato tonto para ver se passa

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  15. Em conclusão: não queimavam judeus que sempre se tinham assumido como judeus.(ponto final)
    Espernear não é argumentar, salvo para o Cuco e seus prosélitos.

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  16. (Quem será este cuco que atormenta assim as noites deste jose? Quererá um calmante, uma pastilha para a acidez, umas caças novas como aconteceu em 1974 ou um sedativo para esquecer os terrores nocturnos?)

    Eis a comunhão em espírito e as mãos entrelaçadas, jose e pimentel ferreira. Esperneando ( termo de um deles, já nem sei quem) para justificar o esforço esforçado de esconderem o fedor ( calcula-se que o termo seja do particular agrado de quem gosta dele) saído de Dona Bonifácio e de seus acólitos

    Voltamos ao tema sem estas fitas tontas?

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