Não pode o termo corrupção englobar o apoio político através de apoios financeiros, para que sejam executados certos actos políticos que, por sua vez, se traduzem - para o apoiante - em benefícios financeiros superiores aos concedidos e - para o apoiado - em benefícios políticos e às vezes financeiros?
E isso, ainda que em nome do bem do país, numa sintonia política e num alinhamento de posições políticas evidente na década de 80, que chegou ao paradoxo de utilização do erário público, como o foi o caso da entrega secreta de 10 milhões de contos (cerca de 50 milhões de euros) a António Champalimaud, para que participasse no programa de privatizações - o que ele realmente fez, sem utilização do seu próprio capital -, como forma de reconstrução dos grupos económicos nacionais nacionalizados em 1975 - o que realmente ele não o fez, porque acabou por vender o que conseguiu comprar ao grupo espanhol Santander e por doar a mais valia obtida a uma Fundação com o seu nome?
Para um debate mais sério ainda sobre essas cumplicidades, ler o "Jovem conservador de direita", quando afirma:
O Dr. Cavaco Silva é tão honesto que os familiares do Dr. Salgado, pessoas acima de qualquer suspeita, arriscaram cometer ilegalidades só para poderem garantir que ele era eleito Presidente da República. Isto é um tributo à competência do Dr. Cavaco. Competência essa que foi visível quando o Dr. Cavaco garantiu às pessoas que o BES estava sólido, mesmo sabendo que não era verdade. Naquela altura ele tinha um dever patriótico de mentir e de fingir que estava tudo bem com o BES. Ele sabia que o BES ia colapsar e, mesmo assim, recomendou o investimento em papel comercial como se não soubesse o que ia acontecer no futuro.
O discípulo seguiu o professor. A férrea disciplina financeira, falso brazão de Salazar, o 'salvador' da pátria' que abriu alforges para alimentar os grupos económicos do poder fascista, inspirou Cavaco e muita gente após a Revolução. A Champalimaud, é atribuída a criação da 'Siderurgia Nacional'. De nacional, tem é o dinheiro público que Salazar e o governo fascista colocaram entre participações diretas e indiretas, empréstimos e aval do Estado em mais de 70% do investimento. O controlo para Champalimaud e serviçais do regime. Impuseram preços de venda de ferro/aço ao Estado, 1,5 a 2 vezes superiores ao de mercado. Com as garantias, ganhos e a proteção das lutas sociais pelo estado fascista, Champalimaud e familiares que dominava com os Sommer (protegidos de longa data) os negócios dos cimentos, passou a ser o maior acionsita do Banco Pinto & Sotto Mayor, comprou a Companhia de Seguros Confiança, Mundial, etc. O que faz lembrar este passado, quando nos atiram areia para os olhos de que o mundo mudou muito? A 'engenharia financeira' e a chafurdeira que é a financeirização da economia só vieram potenciar o cancro da corrupção, tal como a alimentação e estilo de vida dos dias de hoje para o aumento dessa doença física. Portanto, os tiques, a proteção, o faz de conta e o condicionamento em favor de grupos de poder económico e financeiro a que se assiste, vêm de longe, com um poder politico albergado no PS (pr ex. Soares que deu a mão ao Ricardo Salgado na reconstituição do poder do BES; de Zenha advogado de Champalimaud que 'recupera' por escandalosos tostões o Totta, Bonança e tantos outros negócios, de Sócrates com o virtuoso triângulo do multimilionário negócio das renováveis EDP/Mota-Engil e Martifer, etc. etc.), no PSD (de que Cavaco e toda a tralha cavaquista é autora - com alguns arrependidos de ultima hora - com a destruição e entrega ao desbarato de industrias e setores estratéticos causadoras do atraso e dependência do país, para não falar do criminoso de guerra Barroso e do Passos Coelho, este mais recentes e com créditos mais presentes) e num CDS de prostitutos, que de ingénuos nada tem: vivem à sombra uns dos outros. Não é de espantar por isso este episódio, sendo apenas necessário nascer uma vez e perceber a rede de interesses que se entrecruzam, desde sempre.
ResponderEliminarMas é público , que a candidatura de Cavaco em 1996 , contra Sampaio, foi preparada em casa de Ricardo Salgado.
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ResponderEliminar"No melhor pano cai a nódoa." No caso em apreço, nem o pano era bom e nódoa tinha o tamanho dum oceano….
«...mesmo assim, recomendou o investimento em papel comercial »
ResponderEliminarO 'jovem conservador de direita' deve ser um comuna armado em parvo; por definição o papel comercial não é BES enquanto banco, e só quanto ao banco a garantia começou por ser co Banco de Portugal, com base em relatórios fraudulentos de revisores corruptos e incompetências próprias.
Lá acima temos o Reis a maldizer a intervenção do Estado nos mercados, como meio de garantir a independência da economia nacional em sectores estratégicos, esse ponto fulcral da coincidência de valores entre 'fascista' e 'comunas democráticos'.
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