Tennis Estoril Open 2009 |
Da primeira vez, achou por bem dizer que, se a nova lei de bases não fosse negociada com o PSD, que nem a leria e que a vetaria de imediato. Ou seja, pouco importava a cor do Governo ou qual a força efectiva da direita, porque a lei teria de ser influenciada pela direita.
Depois, vendo a asneira que cometera, recuou. E até veio dizer que era a favor do Serviço Nacional de Saúde, que o tinha votado na Assembleia Constituinte, o que nem sequer foi verdade, porque faltou a essa sessão... Foi uma pequena fakenew de Marcelo Rebelo de Sousa. Na verdade, Marcelo nunca foi um entusiasta do SNS. Quando o SNS foi criado, Marcelo era subdirector do jornal Expresso, e "esqueceu-se" de abordar essa questão na sua coluna de opinião, ao longo de todo esse ano.
Finalmente, quando se começava a desenhar um acordo à esquerda para "separar as águas" e clarificar o sector da Saúde - impedindo a expansão das suas PPP no futuro - Marcelo voltou a rebelar-se contra os ataques ao sector privado. Agora, já admite que a nova lei de bases da Saúde possa “traduzir o espírito da maioria” política atual — de esquerda —, mas ao mesmo tempo vem impor o seu contrário: que a lei deve “no futuro acautelar a possibilidade de se recorrer [também] à gestão — mais ampla ou menos ampla — por parte do setor social e privado”. Ou seja, mais uma vez pouco importa a cor do Governo ou qual a força efectiva da direita, porque a lei terá de ser influenciada pela direita.
Parece, pois, que quando se fala em Saúde, qualquer coisa de irracional se passa na cabeça de Marcelo Rebelo de Sousa. O sector da Saúde é daqueles que, a seguir à droga e à venda de armas, mais dá dinheiro ao sector privado, desde que seja por intermédio do Estado ou de seguros e fundos de pensões. Como não se consegue - ainda... - privatizar os fundos das contribuições para a Segurança Social, então terá de ser por via Lei de Bases. E Marcelo Rebelo de Sousa sempre se deu bem com os principais agentes privados, nunca se importou de interagir com eles e com os seus interesses.
Claro que a intervenção de Marcelo foi rapidamente usada por um PS com pensamentos contraditórios no seu seio sobre a Lei de Bases da Saúde, permeável ao sector privado, como é o caso de Maria de Belém Roseira, ligada a um dos principais grupos.
Apesar de desunido, o PS une-se num único objectivo: ganhar as duas eleições deste ano. E para isso - no seu entendimento - um discurso de direita e a aparência de não estar colado a uma esquerda radical parecem-lhe ser sempre mais eficazes para roubar votos ao PSD, quando se espera que subam as intenções de voto nesse partido. Veja-se o caso de António Barreto, um homem de direita próximo do PS, que disse hoje na RTP que era "muito perigoso" que o PS perdesse o seu papel social-democrata, de "charneira".
Tudo isso levou o Bloco de Esquerda a protestar, depois de ter feito um anúncio unilateral de um acordo - pelos vistos, extemporâneo, para criar um facto consumado - que, afinal, não se concretizou: "Aquilo a que assistimos é um recuo brutal no que estava a ser construído". Para ver os documentos em causa, consultar este artigo do DN e do Expresso.
O PSD, esse, aproveitou logo para lançar a escada a um bloco central que Rui Rio sempre disse que não queria e que nunca iria acontecer.
O PS é assim. Resta é saber o que aconteceu realmente dentro do PS, por que não faz sentido que tenha sido apenas a pressão de Marcelo que já fora feita antes.
Veremos, no futuro pós-eleitoral, qual a sinceridade do seu discurso na salvaguarda de um SNS sólido, articulado e sustentável.
Não há surpresa nenhuma.
ResponderEliminarO PS sempre foi um partido de direita e o nosso presidente um líder de outro partido de direita.
Embora até aqui os dois tenham funcionado bastante bem com o sistema da geringonça, para o bem do país, temo que este seja o caso mais grave em que a sua ideologia de direita pese contra os interesses nacionais.
O acordo com o bloco era de facto a oportunidade de ouro do país se livrar de grande parte das PPP mais onerosas e de viabilizar o SNS.
Esta revogação do acordo com o bloco é uma das manchas no governo da geringonça, que no resto é até bastante positivo.
É o melhor que se pode ter.
É péssimo mas ainda assim um paraíso em comparação com o governo Passos.
COMENTAR PARA QUÊ? ESTÁ TUDO DITO E BEM.
ResponderEliminarTALVEZ ACRESCENTAR AO: --LADRÕES DE BICICLETAS, E OUTROS TAIS. --
Ahahah. Está inquieto o pobre Pedro
ResponderEliminarO que este rapaz faz para manter uma carta de alforria.
Não dá gozo ver a caricatura de alguém a tentar colar-se na pele de outrem?
Um verdadeiro rebolucionario.
Mas não nos afastemos do debate porque das sandices do pobre Pedro Pimentel Ferreira já estamos fartos
ResponderEliminarE o objectivo dele é este. Desfocar o que se debate. E fazer propaganda aos seus métodos de actuação
Excelente texto sobre o assunto mais sério dos nossos dias.
ResponderEliminarTemos que o PS é de direita que no entanto tem um governo que é bastante positivo
ResponderEliminarO presidente também é de direita. Portanto os dois têm funcionado bastante bem com o sistema da geringonça.
Que é de direita?
Talvez de esquerda?
A favor dos interesses nacionais, claro. O PS de direita, o presidente de direita e o peso dos interesses nacionais
Lolol
Isto é uma mancha na credibilidade de qualquer um.
Pedro diz que é péssimo,mas mesmo assim um paraíso
ResponderEliminarTemos portanto que é péssimo...Mas mesmo assim um paraíso
Paraíso que é péssimo portanto.
Embora seja um paraíso
Ficámos elucidados. Tanto como o bloco central de interesses a retomar e consolidar as PPP.
Trata-se de um presidente de um país massacrado de tanto funcionário público a desbaratar impostos e a revindicar mordomias.
ResponderEliminarAcontece que sendo bastante abrilesco não é comuna.
Que bom relembrar tudo isto para os que não sabem, os que têm outras preocupações ou andam mais esquecidos. Obrigado!
ResponderEliminar"António Barreto, um homem de direita próximo do PS". Próximo? Penso que ao longo dos anos tem demonstrado que as suas proximidades são muitíssimo mais à direita. Basta ler o que esse senhor, uma vez apelidado "senador da República" (um juiz dixit, vem escrevendo ao longo dos anos.
ResponderEliminarJose e o massacre
ResponderEliminarMais os impostos e as mordomias
Tanta desmemoria. As mordomias reivindicava-as para os banqueiros,filhos do ancien regime. E para o António Borges, um conhecido meliante que nem pagava impostos. Ou para o Barroso que tinha perdido o servicinho na UE. E que queria voltar para quem lhe pagou o trabalho
Tanta raiva. Contra o serviço público e contra o SNS
E tanto ódio. Contra Abril
Esta época em torno do 25 de Abril é-lhe difícil
O João Ramos de Almeida desculpe-me, por favor, já que a substância do que escreveu merece concerteza uma apreciação em conformidade, que, reconhecidamente, não vou fazer aqui, pelo menos por agora e por uma razão simples que passo a explicar. Olhei para a foto e houve nela um pormenor que me tocou de forma avassaladora: no olhar de Marcelo para Salgado, não há apenas reverência e atenção, há também uma indisfarçável ternura, um afecto mal contido, um ar de quase transcendência.
ResponderEliminarO respeito e a atenção reverencial (que também ali estão e em abundância) são coisas que observo sem particular exaltação (são coisas comuns, banais, sem poesia nem alma), já a ternura que não se contém é qualquer coisa que tange no meu espírito a corda mais sensível. Afinal, antes de todos os portugueses terem o Presidente dos afectos, já Salgado tinha a seus pés esse particular toque da personalidade Marcelista. Digam lá que o Mundo, pesem embora todas as desgraças, não é de vez em quando um lugar cheio de beleza e poesia?
Francisco:
ResponderEliminarExcelente