Em Paris, a 15 de Dezembro de 2018, três «coletes amarelos» revezam-se, na praça da Ópera, para ler uma alocução dirigida «ao povo francês e ao presidente da República, Emmanuel Macron». O texto anuncia de imediato: «Este movimento não pertence a ninguém nem a toda a gente. Ele é a expressão de um povo que há quarenta anos se vê desapossado de tudo o que lhe permitiria acreditar no seu futuro e na sua grandeza». Em menos de um mês, a cólera inspirada por um imposto sobre os combustíveis conduziu, assim, a um diagnóstico geral, ao mesmo tempo social e democrático: os movimentos que agregam populações pouco organizadas favorecem a sua politização acelerada. A tal ponto que o «povo» se descobre «desapossado do seu futuro» um ano e meio depois de ter colocado à sua cabeça um homem que se orgulha de ter varrido os dois partidos que, justamente desde há quarenta anos, se vinham sucedendo no governo.
E a seguir o que dirigia a caravana tropeçou. Como, antes deles, outros prodígios da sua laia, também eles jovens, sorridentes, modernos: Laurent Fabius, Tony Blair e Matteo Renzi, por exemplo. Para a burguesia liberal, a desilusão é imensa.
Excerto do artigo de Serge Halimi que abre o dossiê do Le Monde diplomatique - edição portuguesa de Janeiro sobre mais uma sublevação francesa. Realmente, o que é desilusão para uns, é esperança para outros.
Nada pode fazer-se em 2 anos que altere o rumo tomado em 40 anos, salvo em regime revolucionário ou no mínimo autoritário.
ResponderEliminarA luta pelo conservadorismo é a luta dos coletes amarelos.
Querem a manutenção de promessa que, na substância, significam tudo na mesma com mais consumo ou faça-se o necessário para haver mais consumo.
Acontece que o mundo mudou: os chineses já não comem só arroz e a diligente Europa que se arrancou das ruínas da guerra, criou Estados burocratizados e trabalhadores acomodados a um esforço que se anuncia decrescente.
Tudo muito democrático agora que, erodidos os valores sobre os quais se poderiam construir fortes lideranças, a política é entendida como compra de votos antes do mais.
A descontrução de valores de que se reclama a esquerdalhada dá os seus frutos, sem que nada de credível e funcional tenham para oferecer em alternativa.
O nervosismo está a dar cabo do Jose.
ResponderEliminarLonge vão os tempos em que ele pulava de blog em blog para malhar na esquerdalhada com toda a confiança, esses tempos acabaram, e ele sabe disso.
O Jose também sabe que a mama que ele tanto aprecia está em risco de desaparecer, e se ela desaparecer, o Jose vai ter que sair da zona de conforto...
Precisamos de mais tempo, para que o povo trabalhador sita na pele o que este governo do PS do Costa e suas muletas estas a fazer ao Povo trabalhador, reformados desempregados e aqueles que recebem salários de miséria.
ResponderEliminarTodos sabemos (a comunicação social em particular) qual foi o acordo com a UGT, Associações Patronais, a UE,EUA e a China fizeram com (chamado por muitos) ex.governo de traição-nacional do PSD/CDS de Coelho, Portas/Cristas, tutelado por Cavaco o pior dos presidentes que alguma vez tivemos em Portugal!
O Povo nunca esquece o que lhe fazem, até pode demorar anos, meses, dias ou horas!!! Onde os ditos partidos de esquerda (PS,PCP/VERDES,BE; partido dos cachorros PAN/IRA) vão ficar mais isolados do que nunca!
Passo por aqui apenas para dar a rabecada da ordem no José que tem o vício mental pouco inteligente de pensar nas questões económicas como jogos de soma zero.
ResponderEliminarÉ sempre um "nós as (pseudo-)elites" contra a ralé que não sabe usar o dinheiro e o esbanja nos produtos de consumo que as "nossas" empresas produzem. Claro que isto é uma posição absolutamente esquizofrénica, querer vender sem querer pagar salários, mas a falácia da composição está para lá das capacidades intelectuais deste cavalheiro.
Mas já que aqui estou deixo um link para um vídeo em que participa o professor Steve Keen e mais três convidados, focado nas previsões feitas no início de 2018 e as previsões para 2019.
Prestem atenção às intervenções do ex-oficial de informações.
Em forma escrita proponho um artigo de Dani Rodrik: "A escolha da esquerda"
No original "The Left’s Choice"
https://www.project-syndicate.org/commentary/reviving-the-left-means-reintegrating-economies-by-dani-rodrik-2019-01
Levezinho, mas dispõe sempre bem. :)
Infelizmente é só material para anglófonos.
S.T.
Ça bouge!
ResponderEliminarQue é como quem diz, o povo de esquerda em França mexe-se e remexe-se para reencontrar instrumentos políticos que os representem de uma forma minimamente decente.
Talvez o momento seja bom, com a crise de um poder que se desmascarou nos seus actos e intenções e com a putrefacção acelerada do PSF.
Acresce que o movimento dos coletes amarelos criou uma enorme massa de eleitorado flutuante que procura formações políticas em que se reconheçam e que representem os seus interesses.
http://www.lefigaro.fr/politique/le-scan/2019/01/11/25001-20190111ARTFIG00293-des-souverainistes-de-gauche-ex-proches-de-melenchon-veulent-lancer-leur-parti.php
Pela nossa parte desejamos-lhes sucesso!
S.T.