segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Crítica da macroeconomia convencional


O vídeo de hoje fala da necessidade de rejeitarmos a visão da economia como um agregado de comportamentos dos agentes económicos. Esta visão é errada porque um sistema é mais que a soma das partes, é uma organização das partes através de inúmeras relações de causalidade não lineares de elevada complexidade. Tem propriedades que lhe são específicas; é um sistema social dinâmico, aberto aos restantes sistemas da sociedade, também ela aberta ao resto do mundo. Por isso, é um sistema com História.

Ver a economia neste termos implica ver mercados institucionalizados e inculturados. Implica também a rejeição dos pressupostos fantasiosos da Economia convencional e a passagem a uma metodologia realista e científica no quadro da Economia Política. A abordagem convencional que explica a macro-economia através de uma micro-economia de agentes, vistos como átomos sociais que se comportam segundo a racionalidade do pensamento neoclássico, é uma abordagem errada. Mas é isto, e só isto, que se ensina nas faculdades de economia.


O vídeo também alude a uma implicação política desta crítica à macroeconomia convencional. O desemprego tem de ser visto como um indicador do funcionamento do sistema económico e as políticas de redução do desemprego devem atacar as causalidades sistémicas que o geram. Keynes viu bem esta dimensão e, por isso, insistia na necessidade de uma política orçamental dirigida à procura efectiva destinada a criar empregos numa conjuntura em que o sector privado tem receio de gastar. O desemprego deve ser visto como um problema macroeconómico e a abordagem através das políticas activas de emprego, não sendo completamente inútil, falha o alvo em questão porque é uma abordagem micro.


A macroeconomia dominante desvaloriza a política orçamental. Dadas as limitações metodológicas dos seus modelos, e os óculos ideológicos que lhe convém usar para que os seus praticantes tenham 'sucesso', não só não fez propostas adequadas para uma recuperação efectiva da crise de 2007-8, como continua a dizer disparates a propósito da crise que está em gestação. Designadamente, que os governos não dispõem de margem de manobra porque já estão muito endividados, ou porque os bancos centrais já têm demasiada dívida no seu balanço. Ao que parece, a macroeconomia convencional já esqueceu o que significa um governo com soberania monetária, e ignora o poder de intervenção de um banco central que, por definição, não é uma empresa que precise de recorrer ao reforço do capital social para evitar a falência.

A macroeconomia convencional é uma construção intelectualmente falida. Ou, como diz Lars Syll, uma perda de tempo.

28 comentários:

  1. "... Designadamente, que os governos não dispõem de margem de manobra porque já estão muito endividados, ou porque os bancos centrais já têm demasiada dívida no seu balanço....". Exacto.

    O absurdo discurso de um poder em auto promoção.
    Gabar-se de equilibrar contas internas "nacionais"(!) -impostos/despesas- se na verdade basta aumentar, a gosto, de uma lado e camuflar, ridiculamente, do outro.
    Gabar-se do equilíbrio da contas externas sendo que vigora uma fiscalização, da União Europeia, entre o cego, o impotente ou mesmo o indiferente....
    Além disso uma submissa AR, com o seu trio de demagogos, uma torre de marfim.
    Vai acabr mal.

    ResponderEliminar
  2. Se neoliberalismo está falido, o que dizer dos partidos que defendem de forma +- encapotada esse mesmo falido neoliberalismo?

    Sim, refiro-me ao Partido Socialista!

    "Centeno. Euro nasceu há 20 anos e é "um dos maiores sucessos europeus""

    https://rr.sapo.pt/noticia/135797/centeno-euro-nasceu-ha-20-anos-e-e-um-dos-maiores-sucessos-europeus

    O "sucesso" do Euro é um delírio partilhado por Centeno, Costa, Marcelo, Cavaco, Passos.
    Este delírio teve e tem nefastas consequências nas vidas das pessoas especialmente nas vidas dos trabalhadores, daqueles com rendimentos médios e baixos, nos desempregados, nos novos, nos menos novos...

    Até quando?

    ResponderEliminar
  3. Ora, há uma boa solução: deixa-se de emitir dívida e cria-se directamente o dinheiro nas contas do investimento. Assim, ficamos todos contentes.
    Um bom ano novo, que neste aspecto será tão velho como a ponte de Génova.

    ResponderEliminar
  4. Seria claro interessante que se vislumbrasse pois a política alternativa ao modelo dominante e que isso viesse acompanhado de detalhes, incluindo claro quais os sacrifícios que é necessário fazer para se alcançarem os objectivos pretendidos, porque ninguém sério imagina que eles não serão necessários.

    E que isto depois fosse proposto às pessoas para que elas pudessem votar em consciência nas diferentes soluções. Ainda me lembro de que quando entramos no Euro, isto ia ser tudo uma maravilha e depois não foi.

    Diga-me, sinceramente, Jorge Bateira, por que devo eu acreditar em si. Dizer simplesmente 'trust me' já não convence ninguém...

    ResponderEliminar
  5. Se o desapontamento de Jaime Santos (por o euro não ter sido a maravilha que a propaganda europeísta apregoava) fosse genuíno devia ser acompanhado de um grau de indignação que mostrasse de facto o quanto se sente defraudado.

    Acontece que o desapontamento de Jaime Santos é só cenário. É só palheta!
    Quem não lhe conhecer as manhas que o compre!

    Mas por via das tosses, aqui ficam mais uns links na esperança de que sejam úteis á compreensão do problema do euro.

    Para os que falam e compreendem bem o francês:

    Coralie Delaume & David Cayla, L’Union européenne est déjà morte !

    https://www.youtube.com/watch?v=kEvEK9v05U4
    (A União Europeia já está morta mas ainda não deu conta disso)

    Para os anglófonos un texto de Alastair CROOKE no Srategic Culture:

    "Italy, the EU, and the Fall of the Roman Empire"

    https://www.strategic-culture.org/news/2018/12/03/italy-eu-and-fall-of-roman-empire.html

    Para o Sr Jaime Santos mais uma pedrinha para o sapatinho, para os marxistas, um docinho (LOL):

    Branko Milanovic no seu blog Global Inequality

    "Marx for me (and hopefully for others too)"

    https://glineq.blogspot.com/2018/12/marx-for-me-and-hopefully-for-others-too.html

    Boas leituras!
    E entrem em 2019 com os olhos bem abertos!
    Gozem muito e gastem pouco :)
    S.T.

    ResponderEliminar
  6. Já agora, em antevisão de uma das grandes batalhas anunciadas de 2019, um artigo do FT:

    "Macron v Salvini: the battle over Europe’s political future"

    https://www.ft.com/content/79d1d422-f3e4-11e8-9623-d7f9881e729f?emailId=5c262c5dec255b0004595397&segmentId=2e4343f6-b08f-9184-785d-0a53b99d57bf

    S.T.

    ResponderEliminar
  7. Bem, e já agora para se começar o ano a pôr as questões do euro em pratos limpos proponho um extnso blogpost de Jacques Sapir, solidamente ancorado em irrefutáveis dados estatisticos do FMI/IMF e da OCDE/OECD.

    O blogpost de Jacques Sapir é uma avaliação dos vinte anos da moeda única e dos efeitos perniciosos no crescimento e no nível de vida dos cidadãos dos países participantes na EMU.

    "La zone Euro a 20 ans"

    https://www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-la-zone-euro-a-20-ans-par-jacques-sapir/

    Comecemos pelo fim, pela conclusão:

    "L’inachèvement de la « zone Euro » n’est donc pas conjoncturel comme on le prétend mais bien structurel. L’Allemagne a voulu cette situation parce que c’est la seule qui lui convenait. Dès lors, le future de l’Union Economique et Monétaire apparaît des plus sombres. Cette « union » devrait connaître ce qui fut le sort des autres « unions », c’est à dire se dissoudre[45]. Mais, ce faisant, elle risque fort d’entraîner avec elle la dissolution de l’Union européenne elle-même."

    "A incompletude da "zona euro" não é, portanto, conjuntural como se quer fazer acreditar, mas sim estrutural. A Alemanha quis esta situação porque era a única que lhe convinha. Logo, o futuro da União Econômica e Monetária afigura-se dos mais sombrios. Essa "união" deveria saber qual foi o destino de outras "uniões", isto é, dissolver-se. [45] Mas, ao fazê-lo, é provável que leve consigo. por arrastamento, à dissolução da própria União Europeia."

    "L’échec de la zone Euro est aujourd’hui évident pour la grande majorité des observateurs. Cet échec entraîne les pays de la zone Euro à leur perte mais, au-delà, pèse de manière importante sur la conjoncture internationale. Le fait que l’Euro condamne un groupe de pays à avoir une faible croissance a des conséquences importantes sur le reste du monde. C’est pourquoi, la dissolution de la zone Euro apparaît aujourd’hui comme une priorité absolue."

    "O fracasso da zona euro é hoje evidente para a grande maioria dos observadores, e essa falha arrasta os países da zona euro para a sua perda, mas, além disso, influencia negativamente a situação internacional. O facto de o euro condenar um grupo de países a ter um baixo crescimento tem consequências significativas para o resto do mundo. É por isso que a dissolução da zona euro se torna hoje uma prioridade absoluta."

    S.T.

    ResponderEliminar
  8. Para o amigo ST:

    Os efeitos do mal amado Euro na competitividade das insdustrias Tugas do vestuário e calçado:

    "Vendas por trabalhador crescem MAIS de 50% em 10 anos. No calçado, cada funcionário faz mais 550 pares do que em 1994"
    ...
    “Desde 2009, a faturação por trabalhador Aumentou 50%”, sublinha Braz Costa, diretor-geral do Citeve — Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário, quando refere o salto dos 36.558 euros (2009) para os 54.744 euros em 2017."
    ...
    "Visto de outro forma, neste período de nove anos, o número de trabalhadores da fileira caiu 6,5%, mas o seu volume de negócios Aumentou 40% e as exportações Cresceram 50%, para um valor recorde de 5,053 mil milhões de euros (...)
    (...) estes números assentam em dois pilares: há mais valor/hora porque há inovação, design, serviço para vender em cada peça, e há, também, mais produtividade física induzida pela tecnologia, modernização de equipamento e ambiente organizacional das empresas."
    "Na verdade, este caminho começou a desenhar-se mais atrás, na viragem da década, com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio, quando a fileira foi assombrada pela deslocalização de investimentos e encomendas, falências, desemprego, e teve de reagir com eficiência e criação de valor.
    Se em 2017 a ITV lusa empregava 137 mil pessoas e faturava 7,5 mil milhões de euros, isto significa que conseguiu recuperar valores de vendas e exportações com METADE dos trabalhadores do início da década, para se apresentar ao mundo como “um case study”, pela sua capacidade de resistência e adaptação."
    ....
    "Na indústria do calçado, a história conta-se da mesma forma, mas com outros números. Aqui, “mais do que a China, a sombra que pesava sobre nós e nos fez agir foi a ameaça da concorrência dos países do Leste, onde sabíamos haver mão de obra qualificada e barata. A competição só podia ser feita por via da excelência e do valor acrescentado"
    ....
    "Em 1994, o sector empregava 59 mil pessoas, produzia 109 milhões de pares de sapatos e registava um volume de negócios de €1,6 mil milhões.
    Em 2017, a força de trabalho está 40% abaixo, os pares produzidos caíram mais de 20%, mas a faturação aumentou 25%, e o preço médio por par de sapatos na exportação triplicou, para atingir os 26,54 dólares (€23,07 ao câmbio atual), o segundo valor mais alto do mundo, atrás de Itália.
    O número de pares por trabalhador cresceu 30% ou 550 pares, para os 2400 (...)

    De: O expresso: "Como os têxteis e o calçado vendem mais com menos"

    ResponderEliminar
  9. Para o amigo ST:

    Efeitos do Euro nas exportaçoes:


    - Peso das Exportações no PIB:
    "De 27% do PIB em 2009, passámos para 45% do PIB em 2017.
    Um aumento de 18 pontos percentuais (p.p.) do PIB, ou seja, em oito anos, um aumento de quase 70%.
    Em volume, passámos de cerca de 56 mil M€ de exportações do PIB em 2009 para cerca de 85 mil M€ em 2017. Um crescimento em volume de 50%".
    ....
    "As exportações de bens aumentaram de 39 mil M€ para 55 mil M€, ou seja, mais 40%. Passaram de 22% para 28% do PIB."


    ResponderEliminar
  10. Pois... Segundo o Unabomber "de lingotes e pimentas ainda vamos ao fundo". :)

    Segundo o Unabomber já deveríamos estar todos ricos com o textil e calçado.

    O problema é que não estamos. Vejamos...

    Se as exportações aumentam em relação ao PIB, como este tem tido crescimentos miseráveis isso significa que a produção destinada ao mercado interno se contraiu.

    O que faz sentido se considerarmos a queda da procura interna. Mas não significa um maior vigor da indústria exportadora

    Além disso vejam o gráficozinho das exportações portuguesas face às exportações da zona euro no seu conjunto e digam-me lá quem é que ficou a ganhar com o negócio do euro.

    Vejamos se funciona o link:



    OECD Chart: Trade in goods, Exports, Million US dollars, Annual, 1995 – 2016

    E quanto ao crescimento da produtividade geral também estamos conversados. Vejam o gráfico:





    OECD Chart: Labour productivity and utilisation, Labour productivity, Annual growth rate (%), Annual, 2000 – 2016

    Por isso, os dados do Sr Unabomber são falaciosos e não correspondem ao ambiente económico geral que verdadeiramente se vive em Portugal.

    https://www.youtube.com/watch?v=zF0sGcNsrso

    "de lingotes e pimentas ainda vamos ao fundo!" LOL

    S.T.

    ResponderEliminar

  11. Unabomber



    Evolução da Dívida Externa desde 96. Isto é que interessa! Nunca teriamos estes níveis de endividamento externo (muito dele associado ao endividamento do sector financeiro) se tivéssemos moeda própria:


    Dívida externa líquida em % do PIB

    https://www.pordata.pt/DB/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela

    Posição de investimento internacional: activos e passivos financeiros face ao estrangeiro

    https://www.pordata.pt/Portugal/Posi%c3%a7%c3%a3o+de+investimento+internacional+activos+e+passivos+financeiros+face+ao+estrangeiro-2373

    ResponderEliminar
  12. Unabomber

    Veja os números sobre o PIB. Desde a década de 70, aquela em que houve uma revolução e houve graves crises económicas e energéticas. Houve recessões? Houve, mas em todos os casos, dois ou três anos depois, a reversão foi total e acentuada. Isto apesar da economia de então ser muito mais atrasada do que é hoje (tem razão, a evolução em algumas indústrias tem sido notável, apesar das contrariedades). Compare isso com a primeira e sengunda décadas do séc. XXI, sobretudo depois da grande recssão de 2007/2008 e a "recuperação" subsequente.

    https://www.pordata.pt/DB/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela

    ResponderEliminar
  13. Não existe nenhuma relação directa entre o Portugal estar na moeda única, o "Euro", e o "peso das exportações".
    Antes do Euro esportava-se (e recebiam-se divisas, pagamentos em outra moeda).
    Depois do Euro vai-se continuar a exportar (e a receber divisas).
    Demagogia não elogia o Euro. Paciência.

    ResponderEliminar
  14. O saber não ocupa lugar. A ignorância basta-se a si própria.

    https://www.zerohedge.com/news/2019-01-01/steve-keen-exposes-delusional-leaders-eurozone

    ResponderEliminar
  15. Vejamos...

    Qualquer um pode criar os gráficos que lhe interessem no site da OECD/OCDE

    Vejam lá se vai dar a um gráfico da % de crescimento da produtividade:

    https://data.oecd.org/chart/5qNu

    Se não der directamente introduzam 2000 a 2016 e nos países escolham PRT e Euro19

    Podem brincar com os controles do gráfico comparando com outros países, escolher o intervalo dos dados apresentados, etc

    De caminho chorem com a queda de crescimento da produtividade de 2010 a 2014.

    É capaz de ter sido por causa de uns trampolineiros que andaram por aí a fazer disparates, digo eu. ;)

    É fácil pegar em dados sectoriais e escolher "os que mais convêm". Difícil é identificar correctamente as causas e prever consequências.

    Para obterem o 2º gráfico vão a:

    https://data.oecd.org/trade/trade-in-goods.htm

    E introduzam 1995 a 2016 nos anos e nos países escolham PRT e Euro19

    Se necessário escolham o indicador "export of goods".

    Observem a enorme divergência entre as exportações portuguesas e as do conjunto da zona euro.

    Também podem comparar com a Alemanha, para verem quem nos rouba competitividade e chorar pela forma como fomos miserávelmente intrujados.

    Passando com o rato sobre as curvas podem obter os valores em cada ano.

    Vejam lá se assim dá:

    https://data.oecd.org/chart/5qNx

    Fico satisfeito por ver que há mais pessoal a ler Steve Keen. No meio de muita porcaria o zerohedge publica umas pérolas. Como em quase tudo na net o segredo está na filtragem dos conteúdos.

    O artigo de Sapir de que coloquei o link acima tem dados recentes provenientes do FMI sobre as taxas de câmbio implícitas ou reais no interior da zona euro, o que é muito instrutivo para se perceber a dinâmica das exportações.
    S.T.

    ResponderEliminar
  16. Já agora, embora fugindo ao tema do post, (mas a tentação é grande!), não resisto a mostrar como um gigante de Sillicon Valley estoirou 9 mil milhões de dólares até ao final do ano de 2018 e desde o início do ano já deve ter estoirado mais 5 mil milhões de dólares.

    Surpreendidos? Passo a explicar.

    A marca da maçã mordida andou a fugir aos impostos parqueando no exterior dos USA muitos milhares de milhões de dólares. Quando Trump "reformou" o sistema fiscal USA com enormes cortes de impostos para as empresas a Apple aproveitou para repatriar muitos desses fundos.

    Era suposto estes tax cuts servirem para investir na economia americana, mas isso, como tantas outras coisas, sempre foi conversa para boi dormir.

    Vai daí a Apple em vez de investir usou esse dinheiro para jogar no casino: Comprou acções próprias a preços descomunais, em pleno auge do mercado. Como entretanto as cotações da Apple caíram significativamente, estima-se que as perdas só no fim do ano passado e relativas a esses "buybacks" tenham atingido os 9 mil milhões de dólares.

    Moral da história: Os cortes de impostos apenas estimulam o casino financeiro e não o verdadeiro investimento.

    Claro que quase todos nós sabemos que assim é, mas há quem tenha como modo de vida intoxicar a opinião pública com balelas de "economia da oferta".

    Chorem portanto, pelos muitos milhões que os contribuintes ou "taxpayers" americanos abonaram a uma corporação que os jogou e perdeu no casino.

    https://www.elitetrader.com/et/threads/the-investment-that-cost-apple-9-billion-in-2018.328357/

    S.T.

    ResponderEliminar
  17. Para o José M. Sousa:

    A divida Externa de Portugal não cresceu apenas depois de 1996:
    - Também cresceu de 1974 a 1986, sendo que tal crescimento nestes anos levou a duas bancarrotas (em 1978 e 1983), e nessa altura não havia Euro nem UE
    - E, note-se que desde 2013, o endividamento externo de Pt praticamente não tem crescido.
    ........
    Não foi apenas na década de 70 que houve graves crises económicas e energéticas:
    - A crise financeira internacional iniciada em 2008 é considerada a maior dos Ultimos 80 anos (Oitenta anos);
    - O preço do barril de petróleo passou de menos de 20USD na década de 90 para valores superiores a 100USD em 2008 - atualmente anda na casa dos 50 a 60 USD.

    ResponderEliminar
  18. Para o amigo ST:

    Utilizando os dados do seu link:
    https://data.oecd.org/

    "Trade in goods and services" (desde 1999-inicio do Euro a 2016):
    1) em % do GDP:
    a) Euro Area: em 1999=31,4% / em 2016=45,6%
    b) Portugal. em 1999=26,5% / em 2016=40,0%

    2) em Million USD dollars:
    a) Euro Area: em 1999=2.981.136 /em 2016=6.033.449 - houve um crescimento de 102%
    b) Portugal: em 1999=58.877 / em 2016=118.033 - houve um crescimento de 100%

    - Perante isto, conclui-se que, contrariamente ao que diz o amigo ST, de 1999 (inicio do Euro) a 2016 não houve "divergência entre as exportações portuguesas e as do conjunto da zona euro".

    ResponderEliminar
  19. Para o amigo ST:

    Utilizando os dados do seu link:
    https://data.oecd.org/

    "Trade in goods and services" (desde 1999-inicio do Euro a 2016):
    1) em % do GDP:
    a) Euro Area: em 1999=31,4% / em 2016=45,6%
    b) Portugal. em 1999=26,5% / em 2016=40,0%

    2) em Million USD dollars:
    a) Euro Area: em 1999=2.981.136 /em 2016=6.033.449 - houve um crescimento de 102%
    b) Portugal: em 1999=58.877 / em 2016=118.033 - houve um crescimento de 100%

    - Perante isto, conclui-se que, contrariamente ao que diz o amigo ST, de 1999 (inicio do Euro) a 2016 não houve "divergência entre as exportações portuguesas e as do conjunto da zona euro".

    ResponderEliminar
  20. Parece-me que o Unabomber não viu com atenção os números (aliás, coloquei por lapso o link errado, mas pode pesquisar no PORDATA) e não quer perceber.

    Os anos 70, o petróleo quadruplicou de preço! E como eu referi não há comparação possível entre o endividamento recente e o daquela altura, o que se pode ver no resultado acumulado até 96, pela simples razão de que na altura havia mecanismos de ajustamento mais rápido pelo facto de termos moeda própria, ao passo que, com o euro, o nosso sistema financeiro pôde endividar-se desmesuradamente uma vez que não havia risco de câmbio.
    Por outro lado, nada se compara ao período e profundidade da estagnação - mesmo tendo em conta a gravidade da crise internacional - que, aliás continuasem fim à vista, porque o crescimento actual ainda não nos fez recuperar o nível do PIB de há muitos anos e não está a ter taxas de investimento que garantam a sustentabilidade futura.

    Já agora, do mesmo problema padecem outros países, nomeadamente a França. https://www.resistir.info/europa/euro_c_amarelos_10dez18.html

    ResponderEliminar
  21. Lá está o Sr Unabomber a tentar virar o bico ao prego.

    O indicador a considerar deve ser "Trade in Goods - Exports" e não "Trade in Goods and Services"

    Porquê? Básicamente porque "Trade in Goods and Services" inclui o turismo que é menos sensível a sobrevalorizações da moeda. Não é por acaso que depois da crise se viu um tão grande desvio de recursos para o Turismo. Simplesmente porque é dos poucos sectores que bem gerido pode gerar receitas em semelhante conjuntura.

    Se tomar o indicador correcto temos:

    em Million USD dollars:
    a) Euro Area: em 1999= 838 322 /em 2016= 2 362 671 - houve um crescimento de 282%
    b) Portugal: em 1999= 24 506 / em 2016= 54 302 - houve um crescimento de 221%
    Diferencial percentual entre Portugal e a zona euro = 61%

    Porque não reconhecer que tal como está desenhada a zona euro gera divergências entre as economias mais ricas e as mais pobres da EMU?

    Porque insiste o Sr Unabomber em tentar intrujar num ponto em que outros muito melhores que eu e ele já estabeleceram o consenso?

    S.T.

    ResponderEliminar
  22. Referia-me a um crescimento do preço do petróleo em termos reais! Em termos reais caiu quase para metade de um ano para o outro na 1ª década do séc. XXI, após ter atingido o máximo.

    Quanto ao endividamento não ter crescido desde 2013. É substancialmente maior do que aquando do início da crise e depois de anos de cortes e recessão profundíssima. Não se esqueça que a austeridade não acabou! O IRS para a maior parte ainda é superior aos níveis pré-crise.

    Aliás, ainda sobre a grande recessão, a maior desde a Grande Depressão dos anos 30, basta comparar a recuperação da economia americana com a recuperação europeia. Parece-me, por outro lado, que o Unabomber não percebeu o sentido da causalidade que tornou a crise ainda mais severa na Europa. Perante o choque inicial, a Europa não tomou as medidas que devia para evitar o agudizar da crise. Pelo contrário, tomou medidas que agravaram a crise, que acentuaram ainda mais a deflação. E isto em boa medida por causa do Euro. Tal como havia ocorrido com o padrão-ouro.

    ResponderEliminar
  23. Somam-se textos sobre as virtudes e os defeitos do actual "Euro".

    https://www.express.co.uk/news/world/1067083/euro-eurozone-pound-to-euro-European-Union-Greece-Italy-dollar-exchange-rate-crisis

    Por cá preste-se homenagem ao saudoso Medina Carreira e ao Prof. João Amaral. Sempre corajosamente tentaram, e este ainda tenta, que o tabu político sobre o Euro, moeda única (e não moeda comum), em Portugal, saia do domínio de uma fábula de políticos em causa própria. A realidade não vai perdoar ?.

    ResponderEliminar
  24. Concorro em tudo com o acima exposto por José M. Sousa.

    Acha confrangedor que passados estes anos ainda tenhamos que lembrar que o endividamento externo português foi em muito agravado pela inexistência do chamado risco cambial. Mais do que isso, a rigidez monetária impediu o funcionamento de um estabilizador automático que é a depreciação da moeda.

    Tivesse Portugal moeda própria e um câmbio flexível, a desvalorização do escudo travaria o endividamento externo pelo encarecimento das importações e pela percepção muito mais clara dos riscos cambiais tanto por parte de credores como dos que procurassem financiamentos.

    Que nesta altura do campeonato tenhamos que andar aqui a repôr conceitos que deveriam ser evidentes de per si mostra o baixo nível geral do conhecimento de economia na sociedade portuguesa.

    S.T.

    ResponderEliminar
  25. Eu queria dizer que "Acho confrangedor que passados estes anos ainda tenhamos que lembrar que o endividamento externo português foi em muito agravado pela inexistência do chamado risco cambial."

    Malditas gralhas!
    S.T.

    ResponderEliminar
  26. Para o amigo ST:

    Fico contente pelo FACTO do crescimento (em USD) das exportações portuguesas (que Obviamente incluem os serviços), no periodo de 1999 (inicio do Euro) a 2016, não ter divergido com o conjunto da zona Euro, ter levado o amigo S.T. a descobrir que o turismo é menos "sensivel" a sobrevalorizações da moeda.

    Aproveitando essa descoberta pergunto ao amigo ST:
    1) Será que os restantes produtos e serviços da economia poruguesa têm todos a mesma "sensibilidade" à sobrevalorização da moeda?
    2) Será que os produtos e serviços produzidos actualmente em Portugal têm a mesma "sensibilidade" à sobrevalorização da moeda dos que eram produzidos nas décadas de 70 e 80 (do séc.XX)em PT?
    3) Será que os automóveis de luxo produzidos na Alemanha têm a mesma "sensibilidade" à sobrevalorização da moeda que os sapatos de baixa gama produzidos na China?

    ResponderEliminar
  27. Para o amigo ST:

    Fico contente pelo FACTO do crescimento (em USD) das exportações portuguesas (que Obviamente incluem os serviços), no periodo de 1999 (inicio do Euro) a 2016, não ter divergido com o conjunto da zona Euro, ter levado o amigo S.T. a descobrir que o turismo é menos "sensivel" a sobrevalorizações da moeda.

    Aproveitando essa descoberta pergunto ao amigo ST:
    1) Será que os restantes produtos e serviços da economia poruguesa têm todos a mesma "sensibilidade" à sobrevalorização da moeda?
    2) Será que os produtos e serviços produzidos actualmente em Portugal têm a mesma "sensibilidade" à sobrevalorização da moeda dos que eram produzidos nas décadas de 70 e 80 (do séc.XX)em PT?
    3) Será que os automóveis de luxo produzidos na Alemanha têm a mesma "sensibilidade" à sobrevalorização da moeda que os sapatos de baixa gama produzidos na China?

    ResponderEliminar
  28. O "contentamento" do Sr Unabomber revela que não percebe que o turismo, apesar de provisóriamente ser gerador de receitas é frágil e um beco sem saída no que toca ao crescimento da produtividade. Como aliás excelentes posts aqui no LdB já analisaram.

    Como deveria ser óbvio, as exportações de bens e serviços podem ser relevantes no imediato para a balança de pagamentos mas o peso das exportações de bens têm um muito maior relevo no que toca a uma estratégia nacional de crescimento de longo prazo e no progresso na cadeia de valor acrescentado.

    Não é de agora que descobri que há sectores menos afectados pela sobrevalorização da moeda. É do início da entrada em vigor do euro em que se começou a desenhar a desindustrialização do país, em que nada se podia fabricar com lucro e em que observei os capitalistas nacionais a abandonarem as empresas industriais e a entrincheirarem-se nos chamados "sectores protegidos".

    Portanto os actuais problemas são apenas a versão exacerbada dos antigos.

    A destrinça entre o que é mais ou menos afectado não é difícil de fazer. Básicamente tudo o que possa ser importado e não tenha uma especificidade local sofre a concorrência externa.

    A terceira pergunta desconsidera tanto a quem se dirige como quem a faz porque:

    a/ Mostra que quem pergunta nem se deu ao trabalho de ler os comentários anteriores e os respectivos links, desprezando o meu esforço em fornecer informação relevante e fidedigna sobre a taxa de câmbio real.
    (Estive eu aqui a gastar o meu latim para isto...)

    b/ Mostra uma profunda ignorância da parte de quem questiona porque além de estarmos num blog de economia, o Sr Unabomber já não é novato nestas andanças. Tinha por isso obrigação de saber um poucochinho mais do assunto.

    c/ Ao misturar carros de luxo alemães com calçado chinês e sobrevalorização (qual? onde?)procura gerar confusão num assunto que já lhe foi explicado múltiplas vezes nestas caixas de comentários.

    Vai daí, olhe Sr Unabomber, puxe pela cabecinha e leia o artigo do Sr Sapir cujo link se encontra aí em cima. Não há cá pão para malucos.
    Para sua comodidade repete-se aqui o link:

    https://www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-la-zone-euro-a-20-ans-par-jacques-sapir/

    S.T.

    ResponderEliminar