Lendo este texto de Brian Winter, fica-se com a sensação de que estamos num mundo cada vez mais parecido com os anos trinta. A causa? O capitalismo selvagem de que foram cúmplices, ou agentes directos, os partidos democratas, trabalhistas, social-democratas, socialistas democráticos, ... enfim, todos os que, mesmo dizendo-se de esquerda e executando políticas sociais, quase sempre desgarradas e epidérmicas, nos conduziram até aqui.
A direita antidemocrática e desumana, a direita que só deseja eliminar quem dela discorda, a direita que se propõe resolver todos os problemas pela força bruta e à margem do direito, essa direita, é a expressão da raiva perante os efeitos da globalização sem freio, a especulação financeira numa espiral de ganância global, a erosão das leis que protegiam o trabalho e garantiam alguma dignidade à vida humana, o financiamento dos partidos pelo mundo dos negócios, as algemas que os Estados se puseram a si mesmos perante uma finança em roda livre, a entrega de boa parte da comunicação social, da saúde, da educação, das pensões a parasitas do Estado, as políticas geradoras do desemprego de massa, a desigualdade escandalosa, o esvaziamento do sentido da vida e a frivolidade promovidos pela moda, a publicidade e o marketing, a precarização e a erosão de tudo o que cria laços de respeito mútuo, e de cuidado pelo outro e pelo bem-comum.
Sim, a esquerda que hoje acumula derrotas acomodou-se a isto e só disputa o poder para gerir isto. Para ultrapassar este refluxo, a esquerda tem de estar disposta a fazer a autocrítica dos erros políticos cometidos e ter a mente aberta para imaginar outra vida e pensar outras políticas.
Em nome de uma alternativa que dê esperança numa vida outra. Em nome dos dias melhores que podemos ter. Se quisermos mesmo.
Mal posso esperar pela bojarda do "social democrata" Jaime Santos...
ResponderEliminarConcordo em absoluto com o Jorge Bateira. Acrescento apenas "em nome da revolução". Só uma revolução, com todas as consequências, poderá alterar este estado de coisas. E mesmo assim vai levar tempo. Desejavelmente, precisaríamos de todos os activistas congregados numa luta internacional, que começasse por destruir os lugares onde os financeiros predadores e parasitas escondem o dinheiro (os offshores...), que utilizasse hackers para destruir as rotas digitais do dinheiro invisível, as bolsas e a banca, de modo a despojar o grande capital daquilo que lhe dá poder: o dinheiro. No fundo é a velha luta de classes, adaptada aos dias de hoje. Depois de destruir, construir. Construir novas políticas produtivas e distributivas, fortemente reguladas de modo a impedir a ganância e a acumulação. Ou seja, uma revolução.
ResponderEliminarMuito obrigado ao autor pelo texto.
Desafio, problema, origens e causas profundas para a emergência da extrema-direita na Europa, que o editorial e artigo de Carlos Carvalhas na revista Seara Nova (outuno de 2018) tocam. Insistir no vazio gerado pelos cavaleiros da "nova economia" e "democratas" do todo poderoso capital financeiro é continuar a afagar o réptil em vez de o matar no ovo.
ResponderEliminarE onde está essa alternativa, Jorge Bateira? Ou está à espera que sejam outros a desenhá-la?
ResponderEliminarEstou farto deste mesmo discurso desde pelo menos 2010, quando todas as culpas eram colocadas à porta da social-democracia sem que houvesse quem explicasse quais os sacrifícios que precisamos de fazer para sairmos desta maldita crise. Porque de certeza que os haverá e quem é honesto deve começar por admitir quais eles são. A dita auto-crítica também começa por aí...
A Extrema-Direita caracteriza-se pela exploração da raiva. Votem em nós e depois logo se vê. Uma Esquerda que se reveja nos valores do Iluminismo não pode adotar tal tática. Claro, nem toda a Esquerda se revê em tais valores. Basta olhar para o que se passa em Cuba ou na Venezuela para percebermos que se trata pura e simplesmente da conquista e da manutenção do poder.
Fico pois à espera do programa de Governo que desatará tal nó górdio. Com as continhas todas, pois claro. Ou não são vocês Economistas?
Portanto a direita é antidemocrático e culpada do estado a que estamos a chegar é a esquerda apenas cometeu erros políticos. Esses erros políticos são no Brasil chamam-se corrupção, em Portugal corrupção Venezuela corrupção mas são só erros políticos...
ResponderEliminarO quê?
ResponderEliminarO Jorge Bateira ainda não entregou o programa de governo que o Jaime Santos pediu? LOL
E com as continhas todas ao cêntimo! LOL
E ainda não fez a sua auto-crítica? Olhe que está a abusar! LOL
Então para que é que eu lhe pago? Está despedido! LOL
E olhe lá a Venezuela! E Cuba, não se esqueça de Cuba! LOL
Desculpem, mas quem é que esta aventesma, que não percebe nada do riscado, julga que é para andar a dar ordens como se fôsse o grande chefe da bandalheira? LOL
S.T.
Está farto Jaime Santos?
ResponderEliminarE nós estamos fartos dos adoradores das grilhetas de Bruxelas
Estraordinário como os colaboracionistas continuam a pedir aos outros o que não pede ao mestre, mas enfim, vá aí ao lado, carregue em Bill Mitchell e aprenda qualquer coisa.
ResponderEliminarIsso ou reflita se vale o risco de ser a nova Grécia - tem muito menos trabalho para chegar ao mesmo lado.
Sabia que Jaime Santos não falhava, e sempre com a dose diária de Venezuela...
ResponderEliminarEntretanto da frente italiana chegam-nos os ecos de uma batalha surda entre Salvini, "le grand méchant loup" (LOL) e o ECB.
ResponderEliminarLembram-se de eu referir um tweet de Alberto Bagnai com uma fotografia de um aviso na cadeira de um avião aconselhando a apertar os cintos de segurança? Eu diria que se aproxima a turbulência.
Isto são só as primeiras sacudidelas. Mas a coisa está a rolar.
https://www.zerohedge.com/news/2018-10-12/italy-declares-war-merkel-and-eu
A beleza do assunto é que o evoluir da situação pode tornar necessários os cálculos do prof Jorge Bateira, porque a soberania monetária pode cair no regaço de Jaime Santos e o homem como é meio patarata fica tão atrapalhado que nem sabe o que há-de fazer com ela.
Quanto à Venezuela, observem as movimentações da China.
S.T.
Com o incontestável selo de qualidade de Jacques Sapir, mais alguns elementos do que este diz ser um braço de ferro entre o governo italiano e a EU.
ResponderEliminarhttps://www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-budget-italien-le-bras-de-fer-avec-lunion-europeenne-est-engage-par-jacques-sapir/
Em suma, o processo de provocação italiana da Eu está em marcha e adivinha-se violento (politica e económicamente). Para já trata-se de desentocar os europeístas e obrigá-los a mostrar o jogo, interna e externamente. A Itália não sairá do euro. Criará uma tal bernarda que será expulsa. E irá lá devagarinho, provocação atrás de provocação... LOL
S.T.
Já que estamos em maré de dados interessantes, levo à vossa apreciação este artiguinho que me parece mesmo, mesmo muito interessante.
ResponderEliminarhttps://institutdeslibertes.org/retour-sur-la-turquie-2/
Trata em primeiro lugar da Turquia, que como se sabe, enfrenta uma situação de pré-falência.
Ora adivinhem quem é que emprestou dinheiro à Turquia? Resposta breve: Os bancos europeus!
Logo, se a Turquia, que recebeu dos bancos europeus financiamentos no valor de 450 mil milhões de dolares, entrar em default, estes bancos europeus podem apanhar presumívelmente um rombo de 50% desse valor. O que significa que todo o esforço feito pelos países europeus para sanear o seu sistema bancário nos últimos anos vai simplesmente pelo cano de esgoto abaixo.
Com um bocadinho de sorte, dadas as relações privilegiadas entre a Turquia e a Alemanha, talvez, e isto é uma especulação minha, os bancos alemães tenham a parte de leão no rombo.
S.T.
Mais uma trabalheira para o povo de esquerda que não fala francês. Um excelente artigo "de esquerda" para desmistificar o "fascismo" de Salvini e da Lega.
ResponderEliminarMais uma vez é inútil fazer citações porque é todo um posicionamento que se advoga para a esquerda francesa sobre a questão europeia. A meu ver é instrutivo.
http://la-sociale.viabloga.com/news/c-est-en-italie-que-se-joue-l-avenir-de-l-europe-2
Em caso de necessidade os resultados de GoogleTranslate costumam ser minimamente compreensíveis.
Boa leitura!
S.T.