Imagens do filme Starwars - The Phantom Menace (1999) |
Na semana passada, fui buscar o carro ao mecânico.
Eu já estava pronto para pagar, mas o mecânico adiava o momento. Conversava sobre tudo e não se resolvia a transacção. Pressenti que alguma coisa se passava e deixei a conversa fluir. Tudo se transformou num longo desabafo de uma hora.
O que segue é o relato resumido, mas que dá, um pouco, a ideia do impasse económico em que nos encontramos, com um semi-regime de austeridade, sem que se encare os problemas de frente.
Dizia o mecânico:
- Desde que me conheço que trabalho. Tenho 67 anos e mais de 50 anos de oficina. Trabalhei muitas horas, fiz muitas directas. Era preciso. Ainda tenho força, mas a cabeça... Já me esqueço de muitas coisas. Eu até ficava mais anos, mas estou aqui, estou a fechar isto.
- Mas o que se passa?
- Estou farto. É tudo muito complicado. As pessoas vêm aqui e todas pedem descontos. E a gente faz o que pode porque sabe que não têm dinheiro. Pedem pagamentos a prestações e aceitamo-los. Eu já disse ao meu filho... Ele andou na faculdade de Educação Fisica, fez mestrado, ainda foi professor secundário, mas eram uns horários aqui, outros ali. Pagava mais de gasóleo do que ganhava como professor. Veio para aqui. Mas já lhe disse: "Arranja alguma coisa que só dependa de ti. Já viste como foi a minha vida, o apoio que te dei e como estamos. Não dá". Dizem que isto está melhor, mas não está.
- Porquê?
- Porque é tudo a jogar contra. É como as grandes superfícies que dão cabo dos lugares e mercearias. As companhias de seguro têm as suas oficinas e oferecem logo ao cliente um carro de substituição. Depois, o cliente acaba por perceber a porcaria de trabalho que lhe fizeram, mas já é tarde. Os carros são cada vez mais complexos e têm de ser tratados pelas marcas. Há oficinas a fechar. E quando vierem os carros eléctricos vai ser geral. E depois não encontro mão-de-obra. Não querem. Vêm para aqui e nem querem aprender. Tive aqui uns estagiários daquelas acções de formação do IEFP. Não deu: não sabem nada e nem querem saber. Disseram-me logo que vinham só por uma semana porque tinham o subsídio de desemprego suspenso e não lhes convinha. Não arranjo mão-de-obra. Antes cada oficina tinha aprendizes que começavam e iam crescendo aqui. Chegávamos a ter uns tantos. Mas agora não dá. Eles não querem. E veja lá: Portugal esteve como esteve, depois o Passos Coelho - nem sei como - lá foi endireitando as coisas, mas agora estão todos a pedir cada vez mais coisas e sabe-se lá o que vai acontecer.
Nem discuti esse suposto papel positivo da política de austeridade, que em parte explica os problemas do mecânico. Pensei como a comunicação social acaba por marcar o que as pessoas pensam e como ainda transmitem essa medo de que tudo vai rebentar de novo. Como se nada tivesse sido aprendido: 1) esqueceu-se já a enorme depressão causada pela austeridade e que acabou interrompida pela própria troica; 2) esqueceu-se o aumento substancial da divida pública após a intervenção da troica e que tornou o país ainda mais fragilizado face aos ditos mercados financeiros, porque a dívida é simplesmente impagável... 3) E pior: esqueceu-se que essa fragilidade não vai lá com pouparmos mais do pouco que se tem, porque nunca será suficiente. Se as taxas de juro subirem vários pontos percentuais, nada será sustentável!
Devo ter feito, pois, algum esgar porque ele reagiu de imediato.
- Eu não sei qual é a sua política. A minha é o trabalho.
- Mas - disse eu - se as coisas estivessem melhor, se pudesse cobrar mais aos clientes, já poderia pagar salários maiores e assim talvez os aprendizes quisessem ficar para trabalhar...
- Ah sim! Isso sim, talvez. Mas não é possível. Ninguém pode pagar mais e percebe-se que não têm dinheiro. E depois é só cairem em cima de nós. Olhe, há umas semanas tive aí uma inspecção. Vieram todos: era a Autoridade Tributária, a ASAE e mais não sei quem. Entraram por aí, sentaram-se nos computadores. Eu pensava que mandava nisto e que isto era meu! Mas afinal não era. E é só exigir coisas. Complicam. É só complicações. É para isto, é para aquilo. Tive de pagar 2 mil euros por causa de um filtro por causa das emissões das pinturas. Ná. Eu fecho portas. Mando tudo à fava. Vou para uma terra que tenho, oito mil metros quadrados ali para Palmela.
- Vai fazer o quê?
- Não vou fazer nada. Planto umas coisas e deixo-me ficar. Já estou cansado. Foram muitos anos. Mas se eu visse que valia a pena ia ficando, mas assim, não! Prefiro ir-me embora.
Um miúdo equipado com uma camisola de jogador dava pontapés numa bola contra a parede da oficina. O mecânico enxutou-o, para que fosse jogar para outro lado. O miúdo tinha o cabelo muito curto e sorria. Ficámos os dois em silêncio.
- Desculpe o desabafo, mas às vezes também precisamos. Se calhar, isto é pensar o pior e depois as coisas não são assim tão más. Mas já não vou saber.
Paguei, despedimo-nos. Um aperto forte, de uma mão forte.
Quando se olha para esta descrição parece que vivemos num carrocel que roda, infindável e sem apelo, para o precipício. A austeridade mantém-se e vai encarquilhando o tecido económico que vai desistindo e que, por isso, acentua o seus efeitos. O Estado parece trabalhar para a construção de um biombo decorativo em que faz de conta que se aplicam as melhores e mais modernas regras - muitas delas positivas, vindas da Europa - sem que a outra parte do Estado, a do Estado visionário, precaveja os seus efeitos perversos ou sem que haja uma política pública de relançamento económico.
Parece que o país está preso à Europa, ela também desequilibrada, desigual e que acentua as dificuldades entre países, mesmo através dos seus sumarentos fundos estruturais cuja distribuição social está para ser estudada. E estes efeitos todos jogam na diminuição dos agentes económicos que, por acaso, jogam a favor de unidades de maior envergadura que passam a ter condições para fixar os preços de mercado, os preços de mão-de-obra e o volume dos lucros, que se transferem para os accionistas ou para fundações de fins louváveis, mas cuja finalidade é – como todos sabemos – outra. E que, sobre as quais, o Estado não tem qualquer coragem de mexer...
“Eles dizem que está tudo bem, mas não está”.
«Os carros são cada vez mais complexos e têm de ser tratados pelas marcas. Há oficinas a fechar. E quando vierem os carros eléctricos vai ser geral.» Só quem não tem dinheiro anda com carros velhos…
ResponderEliminarUma análise lúcida de cessação de actividade por razões tecnológicas.
Vai daí:
1) os males da austeridade 2) que ainda assim teve défices que aumentaram a dívida 3) e que se melhorou os juros não tem importância que a dívida não é para pagar 3) E se as taxas de juro subirem nada é sustentável!
E ainda por cima: Os lucros, os paraísos, as fundações, os cartéis, os oligopólios, os monopólios…
«mas agora estão todos a pedir cada vez mais coisas e sabe-se lá o que vai acontecer»
Vai daí:
«se pudesse cobrar mais aos clientes, já poderia pagar salários maiores e assim talvez…»
…o euro!!!
“Eles dizem que está tudo bem, mas não está”.
ResponderEliminarNão, é mais “Eles dizem que está tudo melhor, e está mesmo”.
O que não quer dizer que esteja melhor para todos...
Caro José,
ResponderEliminarSe não quer articular uma baixa de rendimentos sobretudo nos extractos sociais mais pobres - que foi desde sempre o objectivo da política de austridade, para pagar as dívidas de outros - e que continua a ser (vidé novo acordo na concertação social); se não quer reconhecer que a intervenção da troica redundou numa subida substancial da dívida pública sem resolver o problema de fundo; se não quer discutir o quão insustentável a dívida pública o é, parece-me que o faz ou por esquecimento ou má-fé. Porque todos estas questões estão documentadas e provadas estatisticamente.
Quando ao final do artigo, talvez me tenha deixado ir pelo desabafo do necânico. Mas tão-pouco creio que haja uma real intenção de resolver os problemas nacionais: apenas de os manter em lume brando. Caso contrário, as fundações seriam de facto entidades muito menos opacas e muito menos usadas...
Caro António Rodrigues,
A frase corresponde ao que me foi dito e creia-me que o sentido era o dado por si. O "melhor" que se quer que tudo esteja, é - como diz - muito relativo. Mesmo.
Um bom comentário. Uma muito boa resposta. Do autor do post
ResponderEliminarCaro João
ResponderEliminarA austeridade não foi dirigida aos mais pobres, e se fez mais pobres através do desemprego deveu-se ao quão débil ou desproporcionada era a estrutura económica não dependente das economias externas e quão a crise destas últimas se reflectiram na nossa economia. Menos do que da austeridade a economia ressentiu-se de deixar de ser bombada com dívida num rumo de insustentatibilidade.
O aumento da dívida pública sempre ocorre quando há défice público ou quando se destapa o quanto da dívida estava acobertado em empresas públicas, como foi em boa medida o caso.
Quanto à insustentabilidade da dívida não vou discuti-la, mas gostaria de ver discutidas a sua declaração como insustentável, em quanto, e com que consequências previsíveis.
Definir e propor políticas sobre situações improváveis é já uma irresponsabilidade, mas fazê-lo quando além de improváveis são indefinidas é pura má-fé.
É um dado objetivo que a austeridade diminuiu as desigualdades, por ter sido feita em grande medida através de um Grande aumento de impostos, que não atingiu os mais fracos. A diminuição do IRS vai obviamente aumentar as desigualdades, assim como o aumento de impostos indiretos compensador do atual governo. Também o aumento do vencimento dos funcionários públicos, não parece muito justo, já que estes não sofrem de precaridade no trabalho.
ResponderEliminarA questão da dívida publica é simples. Ela é pagável porque continua a aumentar. Seriam loucos se nos continuassem a emprestar…
É também difícil de entender que tenham sido os mais fracos a pagar a dívida. Na realidade ninguém pagou divida nenhuma ( não foi o autor que afirmou que a troika aumentou a dívida?), já que esta continua a aumentar. O que até é bom para a esquerda que não a quer pagar.
"A austeridade não foi dirigida aos mais pobres"
ResponderEliminarNão, foi apenas aos pobrezinhos no vocabulário em uso pelo que usa os "coitadinhos" como vocabulário
A afirmação parece um daqueles mantras em uso também pela publicidade propagandista da troika e dos seus muchachos
Repare-se como a frase nada diz. É uma frase vazia, sem substância, sem conteúdo. Não confirmada. Não confirmável
Mas cuja falsidade se pode confirmar. Foram emitidos múltiplos avisos à navegação, foram feitos alertas, o historial do FMI já era conhecido, já se sabe onde vão parar estas políticas austeritárias.
Tudo debalde. A canalha governativa não teve freio. Houve até quem tenha berrado por ir mais longe do que a troika.
Por isso esta frase é pura hipocrisia. Uma tentativa de rescrever a história e inocentar a canalha.
Canalha que como se sabe tem cúmplices e apaniguados, sedentos do seu regresso
Curioso. Já não se nega que a austeridade tivesse afectado os mais pobres ( só o faz quem assumidamente anda por aqui a contar aldrabices)
ResponderEliminarAgora opta-se por uma linguagem de politiqueiro manhoso, habitual no bloco central de interesses neoliberais.
Assim lê-se que “ a austeridade não foi dirigida aos mais pobres”. E se fez mais pobres, através do desemprego, foi porque bla-bla-bla
Fica-se sem ter a certeza se esta gente nos toma por parvos ou se o processo é mais dúbio ainda.
Assume-se a incompetência medíocre de quem não sabia como estava a economia nacional? Mas os dados estavam à vista de todos e foram repetidamente sublinhados.
Mais, quando se chamava a atenção para o estrangulamento da periferia da zona euro, o que ouvíamos até à náusea eram as porcarias duma quadrilha a dizer que tínhamos vivido acima das nossas possibilidades, que éramos preguiçosos e todas as tretas associadas
Agora falam na crise das economias externas....
Muda o disco, mas a música é a mesma.
Duas notas mais.
Não foi por incompetência que esta gente falhou completamente nas suas previsões e acçoes. (Um falhanço tão redondo que agora andam atrás destas justificações que mais não são que tretas). O que se suspeita e com fundamentação,é que tudo isto teve o seu quê de propositado. Como dizia o chefe do gangue ( e como repetido pelos seus sicários) o objectivo era mesmo fazer empobrecer o país À custa das classes trabalhadoras, à custa do factor trabalho, com os mais pobres a serem as maiores vítimas. E com o aumento das desigualdades sociais, como os dados demonstram.
A concentração do capital era objectivo. A engorda de uns poucos , outro
Por outro lado, o aumento da pobreza não foi apenas ocasionado pelo aumento do desemprego. As tentativas de escrever a história à posteriori, de acordo com os seus objectivos a curto prazo, está entranhada nesta gente
Quem mexe na função pública é sempre o inimigo principal.
ResponderEliminarQuem diminui a receita do patrão Estado é sempre a ameaça maior.
Esquerdalhada-Estado-Impostos - o triunvirato da opressão.
E os pobrezinhos são a bandeira...e seguramente não são funcionários públicos.
Não vale a pena abordar os disparates do jorge cerqueira, vulgo joão pimentel ferreira.
ResponderEliminarEstes processos em uso pelos neoliberais são tão desprezíveis que não merecem mais do que o desvio higiénico da coisa.
Tanto mais que a colecção de disparates põe em causa a sua sanidade mental. Tanto mais que quase tudo isto já foi desmontado, 1111feito em pó e apresentado em cacos para serem colados naquele seu blog de que não me recordo agora o nome. Tanto mais que a obsessão pela obra do Coelho é tão grande e tão suspeita que se torna tão doentia como cómica
Parece que "menos do que da austeridade a economia ressentiu-se de deixar de ser bombada com dívida num rumo de insustentatibilidade".
ResponderEliminarMais outra demonstração da forma como se manipula e aldraba. Como a direita e a direita-extrema não se cansavam ( e cansam de repetir) e num registo mentiroso, Portugal estava na bancarrota quando a Troika entrou chamada pela troika interna, após as cenas canalhas dos grandes banqueiros. Verificou-se que tudo não passava de encenação para garantir outras coisas. Lembram-se do "Portugal não pode mais" com que Passos Coelho entrou a matar ( e a mentir) nas eleições de 2011.
O que se sabe é que a economia foi "bombada" ( para usar o mesmo termo, um pouco rasca)por 78 mil milhões de euros.
Para onde foi tal dinheiro? Relembra-se que por várias vezes foram solicitados esclarecimentos ao governo. Nada.
Mas umas contas simples fazem-nos perceber que o "empréstimo" não entrou nas nossas contas. Vejamos, o PIB contraiu cerca de 6% entre 2011 e 2014, o que equivale a cerca de 10 mil milhões de euros produzidos a menos em Portugal. Uma quantia semelhante desapareceu dos gastos do Estado com Educação, Saúde, Cultura, Prestações Sociais e investimento público. Ou seja, o orçamento do Estado diminuiu em proporção com a queda do PIB, sem consumir verbas adicionais, ou seja, não entrou dinheiro no sistema. Para onde foram então os 78 mil milhões?
Ao mesmo tempo, entre 2011 e 2015, a dívida pública aumentou 50 mil milhões de euros e as despesas anuais com juros da dívida aumentaram de 4 300 milhões para 8 500 milhões. Nesse mesmo período, a Banca conseguiu eliminar 30 mil milhões de euros de imparidades com recurso a dívida garantida pelo Estado.
A "crise das dívidas soberanas" não passa de uma crise da banca, por ter usado o dinheiro dos depositantes como manancial para os negócios de banqueiros empreendedores e aventureiros. Aquilo a que chamam "austeridade" não é mais do que o Estado a ser chamado a pagar os buracos deixados na banca, porque os bancos se tornaram "demasiado grandes para falir". O problema é que também são "demasiados grandes para resgatar". Como tal, é preciso cortar nas despesas do Estado para assegurar que existem suficientes "almofadas" para a banca. Os 78 mil milhões que o Estado português contraiu de dívida junto da troika ocupante foram para os bancos.
A manipulação e a reescrita dos factos continuam
ResponderEliminarSabe-se que a forma como se tenta deturpar a História vai de par com os objectivos que se pretendem.
"O aumento da dívida pública sempre ocorre quando há défice público ou quando se destapa o quanto da dívida estava acobertado em empresas públicas, como foi em boa medida o caso".
A forma como se empurra com a barriga a responsabilidade para as "empresas públicas" vai de par com o silenciamento inacreditável sobre a realidade económica do país.
Veja-se o silêncio sobre o regabofe das privatizações. (Lembra-se que se gabavam que o processo de privatizações durante a troika era o "mais ambicioso" etc e tal)
Para onde foi o dinheiro, quem lucrou com estas privatizações, como se processou a degradação dos serviços privatizados, como ocorreu o aumento dos custos para os consumidores, como se desviou dinheiro que essas empresas garantiam ao estado para o bolso dos privatizadores, acarinhados pela máfia governamental?
O aumento do défice...e o silêncio sobre o peso dos juros da dívida sempre a crescer. E o silêncio sobre as PPP inauguradas por Cavaco e seguidas pelo bloco central de interesses mais o PP? E o silêncio sobre as fraudes fiscais? E o dinheiro desviado para os offshores? E a bancarrota dos bancos?E as fraudes dos grandes empreendedores? E os Swaps que arruinaram ainda mais as contas públicas, tendo até uma ex-ministra sido apanhada num enredo bem suspeito que a fez ficar conhecida por miss swap?
E o silêncio pimpão sobre a armadilha que constituiu o euro. De como se desviou a riqueza produzida no nosso país para os bolsos dos grandes interesses do centro da Europa. E de como se comprometeu a nossa produção, agrícola, piscícola, industrial , ao som dos hinos do pelotão da frente, das fraudes dos fundos sociais europeus?
O tempo das histórias da carochinha acabou. É tempo de confrontar os responsáveis e de lhes pedir contas.
Uma última nota.
ResponderEliminarÉ sobre a questão da má-fé, invocada por quem replica historietas ouvidas em blogs de extrema-direita, como se factos fossem.
Diz esse sujeito no final da sua dissertação:
"Definir e propor políticas sobre situações improváveis é já uma irresponsabilidade, mas fazê-lo quando além de improváveis são indefinidas é pura má-fé"
Se formos objectivos, quem andou a propor políticas sobre situações improváveis foi a troika e o governo troikista em funções. Como se demonstrou aqui, já neste mesmo post. Foram irresponsáveis no mínimo.Mas suspeita-se que foram mais do que isso e que objectiva e friamente contribuíram para os anos de chumbo deste século XXI.
Mas além de políticas de resultados improváveis( menos para os que ganharam com tais políticas, como bem chama a atenção o autor do post), as políticas tidas por "indefinidas" cabem directamente nas hossanas não concretizadas deste euro predador. Por mais que se peça e se tente esclarecer os caminhos pelos quais o país consegue crescer amarrado à prisão do Euro e aos acordos não referendados, o silêncio é atroador e confirma a indefinição da "coisa".
Com uma agravante. É que a insustentabilidade da dívida tem sido alvo de muito debate. Ela é afirmada há muito. Ela tem servido de acalorados debates, também aqui no LdB.
Vir agora alguém com pezinhos de lã a pedir que se defina o que está definido há tanto tempo ( menos para os tipos que nos tentaram vender o processo austeritário) é no mínimo má-memória, deturpação dos factos, tentativa de esconder as polémicas que têm alimentado o espaço mediático, conivência com os credores, protecção dos agiotas.
E isso sim é que é má-fé
«Só quem não tem dinheiro anda com carros velhos…»
ResponderEliminarQuase toda a gente, portanto.
«1) os males da austeridade 2) que ainda assim teve défices que aumentaram a dívida»
Obviamente, tal como já diz o FMI. (G – T) = (S – I) – (X – M) e tal.
«3) e que se melhorou os juros não tem importância que a dívida não é para pagar»
São factores exogéneos, mas essencialmente o QE à margem do artigo 123º.
«4) E se as taxas de juro subirem nada é sustentável!»
Insistir no disparate de sustentar especuladores da dívida não é sustentável, mas só o Euro (e a idiotice económica) obriga a isso. Quem controla a sua moeda não precisa de o fazer.
«deveu-se ao quão débil ou desproporcionada era a estrutura económica não dependente das economias externas»
É o que dá fomentar a economia o endividamento privado e cobrir a especulação financeira, coisa que está ainda pior do que em 2007.
« a economia ressentiu-se de deixar de ser bombada com dívida num rumo de insustentatibilidade.»
Pelo contrário, a dívida privada não saiu do sítio e até a banca continua falida por toda a Europa. Além disso, os estados aproveitam muito menos capacidade do que antes da crise e destruíram os estabilizadores automáticos, garantindo uma queda muito mais abrupta da próxima.
«Quanto à insustentabilidade da dívida não vou discuti-la, mas gostaria de ver discutidas a sua declaração como insustentável»
Certo, mas isso não altera nada do que diz de errado, já que sabe tão bem como qualquer outro que qualquer espirro na taxa de juro leva à incapacidade de cumprir os compromissos assumidos com as regras da EMU.
O Antonio Rodrigues está enganado, isto está mesmo a piorar, a nossa dependência continua a aumentar, vivemos num país cada vez mais desigual e menos democrático. São pessoas como você que continuam a vender sonhos que nunca se irão realizar. Percebo o seu conforto com a lógica predatória instituída no entanto há quem entenda que o bem estar deva ser generalizado, para todos e sem excepção.
ResponderEliminarTemos assim encontrada a solução para à diminuição das desigualdades. É ir aumentando sempre os impostos segundo a versão do Cerqueira
ResponderEliminarEste tipo só pode ser o mesozóico gralha Pimentel Ferreira
Falta dizer que o processo austeritario foi também uma tentativa de ajustar contas com Abril e de fazer recuar as relações laborais e sociais para o século XIX
ResponderEliminarPara Cuco & Associados, SPL, as proclamações são debates, os mantras são detalhados planos de acção com seus fundamentos e objectivos quantificados!
ResponderEliminarOs mantras são para todos os dias.
Os detalhes, fundamentos e objectivos quantificados, foram divulgados algures num passado indeterminado.
Entretanto o novo governo italiano populista "de extrema direita"...
ResponderEliminar...ataca a precaridade??? :)
https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-07-03/italy-s-government-cracks-down-on-short-term-work-contracts
S.T.
Nota:
Fico satisfeito de ver que as atoardas de um certo Jorge Cerqueira não ficam sem a devida resposta.
Já o nosso governo de esquerda não populista propõe aumentar o tempo de estágio - trabalho realizado com condições laborais diminuidas - para 6 meses e salvaguardando o direito do empregador à rotatividade do estagiário.
ResponderEliminarEste texto de JRA mostra uma coisa que o senhor barbudo já dizia no Século XIX
ResponderEliminarÊ que é a concentração do Capital que expropria os pequenos empresários
Eles comem tudo e não deixam nada
Governo de esquerda?
ResponderEliminarQual governo de esquerda? Esta parece saída do farnel mediático de um pafista ressabiado.
Um governo do PS que foi viabilizado pela sua esquerda, mas que agora na legislação laboral conluia com a direita, a direita-extrema e com o grande patronato. Sob o olhar ternurento da UGT caníche
Sempre disponíveis para demonstrar a incapacidade dos empresários, a esquerdalhada entende que não precisam de seis meses para avaliar um trabalhador.
ResponderEliminarProvavelmente vão também dizer-nos que os trabalhadores são a transparência personificada.
Não dá algum gozo?
ResponderEliminarVer estes estremeções tão sentidos deste nickname jose?
Face aos “ empresários “ entenda-se. Assumindo aqui o que ele está sempre a verberar , ou seja , os coitadinhos bla-bla-bla
Uma delicia ver as lágrimas choradas por este para com um patronato, as mais das vezes com um comportamento abaixo de cão
( agora mude-se de registo e compare-se como ele insulta e pragueja face ao mundo de trabalho)
Tão deliciosamente cristalino. Esta coisa da luta de classes é mesmo incontestável