terça-feira, 29 de maio de 2018

Democracia e pós-democracia


Vítor Constâncio, um guardião em fim de carreira desta prisão monetária supranacional de tantas democracias nacionais, declarou: “A Itália sabe as regras. Talvez tenham de as ler de novo”. E o que dirá Centeno?

Enfim, os guardiães, e o capital financeiro que está por detrás deles, definem as regras, mas também, e sobretudo, as suas excepções, como é inegável. Entretanto, talvez a Itália não seja a Grécia.

Não tenho simpatia política pela variante italiana dos populismos, que floresceram nas ruínas da chamada esquerda europeísta, mas devo dizer que tenho ainda menos por ordens supranacionais pós-democráticas, conformes à expansão das forças de mercado, e pelos seus intérpretes internos. Estas ordens destinam-se a bloquear a manifestação da vontade democrática do povo.

E, em última instância, mais vale um eventual erro do povo de um Estado do que a melhor decisão tomada pelos guardiães em Frankfurt ou em Bruxelas, até porque nós sabemos quais são os interesses e os valores que as suas melhores decisões servem.

22 comentários:

  1. O diretório eurocrata "afia a navalha" enquanto os fascistas e xenófobos esfregam as mãos, para gáudio circense dos prezados cocomentadores ST, Cuco e Cpa., que, do covil cibernético e para júbilo e ledice do tio Sam e da Madre Rússia, observam o colapso do projeto europeu. Dividir para dominar! A UE, pela primeira vez na História contemporânea, colocou em xeque, numa só voz, una e sonante, os interesses das outras grandes potências. Trump e Putin fazem, assim, de forma sublime, o seu trabalho de sapa!

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  2. O desespero é mau conselheiro, Aónio.
    Leva-o a escrever disparates que nem o mais crédulo dos leitores engole.

    Se o objectivo não é a dominação e a expoliação dos povos do Sul Europeu os europeístas têm bom remédio: Libertem os prisioneiros do euro dando vias de saída viáveis e fiquem lá com o euro-fetiche que tanto prezam. Mas como o euro é a arma de dominação do império alemão, não teremos essa sorte.

    A UE nunca pôs em causa coisa nenhuma. Sempre seguiu a potência hegemónica em todas as suas aventuras e o recente episódio do acordo nuclear iraniano é bem a prova dos tontos que são.
    S.T.

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  3. Sou contra o neoliberalismo e desde que a UE se afirmou como neoliberal sou contra a UE.

    Mas não me venham com a treta esquerdista que a UE ou até o neoliberalismo actual não tem legitimidade democrática.

    As políticas da UE são decididas pelos governos eleitos do países membros - pela maioria dos votantes da UE.

    Até a organização fantasma do eurogrupo é constituído pelos ministros das finanças dos governos europeus eleitos democraticamente.

    O que se passa na UE é apenas um reflexo do que se passa nos países, em a maioria da população costuma VOTAR em políticos neoliebrais.

    Se a maioria da população europeia fosse social-democrata a UE seria social-democrata.

    Mas quando vamos a ver os políticos mais populares de sempre nos países ocidentais encontramos figurões como Reagan, Tatcher e Merkel - até o Passos conseguiu ser o político mais votado depois de toda a merdah que fez.

    Eu posso-me queixar, que nunca votei neles, mas a maioria do povo europeu e ocidental tem o que pediu… e o que merece.

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  4. A versão do capitalismo neoliberal tem-se feito passar por uma não-ideologia, de tal forma que muita gente, mesmo muita gente não o consegue identificar, eu próprio se não tivesse o interesse que tenho em perceber a realidade era bem capaz de achar que neoliberalismo é uma invenção da "esquerdalhada".
    Não me lembro de há 10 anos atrás alguma vez ter ouvido ou lido a palavra neoliberalismo.

    Recomendo ao Pedro ler o livro The Shock Doctrine de Naomi Klein, a autora deste livro foi capaz de identificar as tácticas do neoliberalismo, de como crises são utilizadas para avançar a causa neoliberal e como muitas das suas vitimas nem se apercebem de como estão ser exploradas.

    O Pedro também parece ignorar o poder da propaganda, a propaganda neoliberal é alicerçada em inevitabilidades e, como deve imaginar, a inevitabilidade exerce um poder fortíssimo nas mentes das pessoas e a isto temos que juntar a inacreditável iliteracia da população sobre economia.

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  5. «...desde que a UE se afirmou como neoliberal sou contra a UE.»
    Este parece que já conheceu uma outra UE.


    Outros falam de neoliberalismo como se suportassem um qualquer outro capitalismo.


    Tudo treta sem sentido de quem não tem ideia do que quer e muito menos de como lá chegar!

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  6. De como em menos de meia dúzia de parágrafos João Rodrigues consegue sintetizar a arrogância inqualificável do directório europeu e definir de onde vem o maior perigo.

    Notável e clarificador

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  7. Tem graça.

    O pimentel aonio eliphis ferreira com essa treta toda sobre a UE pela primeira vez na história contemporânea, ao colocar em xeque, numa só voz una e sonante e bla-bla-bla, faz lembrar os charlatães de feira a apregoar maravilhas inexistentes, empoladas, inventadas e imaginadas.

    Com o seu quê de Macron naquele número de pantomina servido pelo eixo francês na sua visita a Trump e que se saldou pela humilhação daquele, pesem as manifestas trocas de carinho entre os dois.

    Nem com beijos lá vão. Nem com outras cenas tãooooo pouco dignas

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  8. As políticas da chamada UE e o Euro chegaram ao fim da linha. Falharam, prejudicaram todos, estagnaram as economias todas, o investimento caiu, o empobrecimento fez a vida andar para trás nas famílias. A política belicista da UE contra a Jugoslávia, Líbia, Síria, Rússia, Ucrânia, fabricou guerras, inimigos, má vizinhança e refugiados de guerra. Quem faz tudo muito mal não pode ser bom. Ninguém pode sair do Euro excepto em pé de guerra. Mas o Euro está a matar a vida das economias.

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  9. Nos últimos 18 anos não há nos países presos pelo euro investimento fixo bruto, nem crescimento da produção industrial, mas há em todos os países crescimento da dívida pública e mais ainda da dívida externa. Conclusão: este "projeto europeu" obriga as economias a estagnar e as famílias a viver de crédito, apesar da persistente perda de bem-estar da classe média, do brutal crescimento da pobreza e da ausência de segurança no trabalho e desesperança na vida e na velhice. Isso não serve. Deu provas para ser interrompido esse "projeto europeu"!

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  10. Dando seguimento à política anti-democrática da UE e manifestando de forma grosseira uma intromissão nos assuntos internos de um país, o comissário europeu do Orçamento, o alemão Günther Oettinger, deixou no ar a ideia de que os mercados iriam dizer aos italianos em quem não deveriam votar: leia-se, no Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) e Liga Norte (direita). Declarações que causaram clamor em Itália, com apelos à demissão do comissário, e levaram dirigentes da União Europeia a repreendê-lo.

    "As minhas preocupações e expectativas é que as próximas semanas mostrem que os mercados, as taxas das obrigações e a economia italiana podem ser tão drasticamente atingidas, que isso vai servir para indicar aos eleitores para não votarem nos populistas de direita e esquerda", disse Oettinger numa entrevista à estação de televisão Deutsche Welle. Acrescentando que os efeitos negativos na economia já se começam a sentir, acrescentou: "A formação do governo pode ser responsável por isso. Só posso esperar que isto vá desempenhar um papel na campanha eleitoral, no sentido de enviar um sinal aos eleitores para não entregarem o poder aos populistas à direita e à esquerda."

    Heil Oettinger. Mercados uberalles e quem manda é a Alemanha

    Assim se vê como esta malta não tem qualquer respeito pelo voto dos eleitores e só conhece a linguagem do cacete e da chantagem. Constâncio soma e segue também

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  11. "O que aconteceu na Itália na noite de domingo 27 de Maio pode ser considerado como um golpe de Estado legal. O presidente Mattarella bloqueou o processo democrático e constrangeu o primeiro-ministro designado à demissão, na sequência do veto que fez ao nome de Paolo Savona como ministro das Finanças. Este veto foi provocado pelas posições eurocépticas e anti-euro de Paolo Savona, antigo ministro da Indústria e antigo presidente da Cofindustria, a confederação patronal italiana. Este veto correspondeu portanto às opções ideológicas de Mattarella e pode-se pensar que foi emitido tanto a partir do [palácio] Quirinal como dos edifícios da União Europeia em Bruxelas.

    É portanto um acontecimento de extrema gravidade. O M5S, que era um dos dois partidos da coligação que apoiava o primeiro-ministro decidiu então naquela noite efectuar um acto de acusação do Presidente da República por abuso de poder. Além disso, isso significa novas eleições na Itália, eleições que sem dúvida ocorrerão em Outubro próximo.

    Os comentários, em particular aqueles de Constantino Morati, um dos redactores da Constituição italiana, são muito claros sobre este ponto: A proposta dos ministros feita pelo primeiro-ministro designado deve ser considerada como estritamente obrigatória (contraignante) para o chefe do Estado . A recusa a ratificar uma nomeação não poderia justificar-se senão no caso de condenações criminais ou de conflitos de interesse demasiado evidentes.

    Ao opor o seu veto à nomeação de Paolo Savona, o Presidente Mattarella ultrapassou realmente os poderes que lhe eram conferidos no quadro da Constituição. Deste ponto de vista, pode-se considerar que se trata de um "golpe de Estado", um "golpe de Estado" certamente legal mas ainda assim um "golpe de Estado".

    Pois o Presidente Mattarela não se contentou em provocar a demissão do Sr. Conte. Ele também escolheu o Sr. Carlo Cattarelli, um antigo economista do FMI e partidário da mais brutal austeridade orçamental, como primeiro-ministro. Não seria possível exibir melhor o seu desprezo pelo voto dos eleitores italianos aquando das eleições gerais de 4 de Março último, uma votação significou o colapso dos dois partidos, o PD e a Forza Italia, que haviam dominado a vida política italiana desde há uma quinzena de anos, e o êxito dos dois partidos anti-sistema, opostos justamente a esta austeridade, que são o M5S e a Lega. Deste ponto de vista, quando comentadores italianos, quer sejam da Lega ou pertença à esquerda alternativa como o filósofo Diego Fusaro, falam de "golpe de Estado dos mercados financeiros e da União Europeia", não se pode duvidar que os actos do Presidente Mattarella não dão credibilidade às suas declarações.

    O governo do Sr. Cottarelli não terá maioria no Parlamento. Ele será portanto um governo estritamente "técnico", encarregado de gerir os "assuntos correntes" antes das novas eleições que deveriam ocorrer no Outono. Ora, o PD e a Forza Italia continuam a baixar nas sondagens actuais. Portanto é provável que estas eleições retornem uma maioria ainda mais forte ao M5S e à Lega do que aquela que têm hoje.

    Jacques Sapir

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  12. "O que acaba de se passar na Itália ilustra muito bem o antagonismo mortal que existe entre a ordem liberal e a ordem democrática . O "golpe de Estado" de Mattarella deveria abrir os olhos a todos aqueles que, na Itália e em França, mas também na Espanha e em Portugal, ainda alimentam algumas ilusões quanto às instituições da União Europeia. Mais do que nunca, frente a um inimigo que não hesita em violar as suas próprias leis, será preciso pensar as condições de alianças que permitirão vencê-lo"

    Jacques Sapir

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  13. Onde os tempos em que diziam que os europeus estavam inequivocamente com este projecto, que afinal é do eixo-Franco-alemão, como disse por descuido um dos da casa?

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  14. Hotel Europa

    (segundo o modelo de "Hotel California" dos Eagles)

    “We are programmed to receive
    You can check-out any time you like
    But you can never leave!”

    https://www.theautomaticearth.com/2018/05/hotel-europa/

    S.T.

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  15. Os democratas exaltados, intransigentes, radicais, não se impressionarão com o facto de os votos PSD+PS+CDS serem pró-euro? Treteiros!

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  16. O contrariar esse voto não seria 'golpe de Estado'? Treteiros!

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  17. @Pedro
    Qual a forma de controlo democrático que temos sobre a Comissão Europeia? E qual a forma de controlo democrático que temos sobre o BCE? O único orgão sobre o qual existe controlo democrático é o Parlamento Europeu mas que acaba por ser um orgão de fachada que legitima as propostas da Comissão.
    E porque classifica essa falta de controlo democrático como "treta esquerdista"? A meu ver existem tanto pessoas da direita como da esquerda que criticam o funcionamento da UE. Por exemplo no caso inglês penso que foram partidos tradicionalmente conotados com a "direita" que apoiaram o BREXIT com ferozes críticas à UE. Na Itália a Liga penso que também seja um partido conotado com a "direita". O nosso próprio CDS já se assumiu historicamente como um partido eurocéptico (agora não bem qual a sua posição mas pelo menos já não fazem bandeira desse entendimento). Com isto apenas queria concluir que as críticas à falta de legitimidade da União Europeia não têm necessariamente que ser um exclusivo da "esquerda".

    Um tópico que achei interessante sobre a atualidade europeia foi o facto de Portugal ser prejudicado na atribuição dos fundos europeus, face a outros países como a Itália e a Espanha, com base no facto de termos um desemprego jovem não tão elevado como o desses países. Fiquei um pouco espantado com o facto não se ter contraposto a essa "bonificação" para atribuição dos fundos o facto de o baixo desemprego jovem em Portugal se dever maioritariamente às elevadissimas taxas de emigração dos jovens POrtugueses. Caso essa emigração não tivesse existido as taxas de desemprego jovem em Portugal certamente estariam aos níveis de Espanha e França ou piores. Penso que faria todo o sentido que Portugal negociasse um fator que permitisse aumentar os fundos europeus pelo menos para os mesmos níveis com base na elevadissima emigração jovem dos últimos anos e esses fundos seriam utilizados em programas que permitissem atrair de volta as famílias forçadas a emigrar. Acho INCEITÁVEL que se aceite passivamente uma redução de 7% dos fundos europeus quando outros países com economias mais pujantes e onde o salário médio é bem superior ao nosso têm os seus apoios aumentados. Se houver redução dos fundos europeus está visto que somos sempre prejudicados pela portura do bom aluno. De que nos serve ter um Centeno ppresidente do eurogrupo e um Gaspar vice presidente do BCE se o país é sempre prejudicado nestas negociações? Já na agência europeia do medicamento e na outra agência bancária que também saiu de Londres, que podiam trazer para Portugal milhares de empregos muito bem pagos e qualificados fomo prejudicados (ou seja foram colocar as agências em países com economias muito mais pujantes do que a nossa), quando ao menos podiamos ser minimamente compensados nestas negociações ainda nos querem reduzir o financiamento em 7%. Acho inaceitavel.

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  18. Ah, esse espernear furibundo do jose, agora a choramingar pelos votos do PS

    A que chega um tipo na vida para depois dos insultos soezes aos socialistas estar por aí a pedir-lhes batatinhas para se juntarem todos numa festa? A falta de dignidade desta gente é sempre de estranhar

    Que desespero paira por aí. Mas não me lembro de nenhuma votação em relação ao euro e não me lembro de nenhum preceito constitucional que obrigue a seguir os votos dos votos do jose.

    Pelo que jose tenta desviar as atenções do cerco à Itália e do "golpe de estado" do presidente alemão, perdão, italiano

    Treteiro, como lhe diziam lá em casa e a que ele se afeiçoou tanto

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  19. Sim vitor. Pois vitor. Isso mesmo vitor. Negociar. Inaceitável. Milhares de empregos.

    E depois o Centeno ou o Gaspar estão onde estão para velar pelos interesses dos portugueses e para dar suporte aos milhares etc etc etc

    Uma imagem interessante da UE esta, a mostrar que esta é mesmo uma fraude. A França é a França, dizia o outro. Centeno é Portugal , diz este.

    Um idiota defendia na mesma linha a UE e o eixo franco-alemão. Centeno é do eixo e o resto é uma farsa

    Certo vitor?

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  20. Foquemo-nos na democracia made in UE e não nos faits divers de encher chouriços:


    Democracy in the EU? Only when convenient for Brussels

    "The European Union fancies as a champion of ‘democracy,’ but its action show this doesn’t cover dissenting views, whether from an Eurosceptic party in Italy, austerity-hating Greeks, or any folks voting against its grand plans.
    Concerns about Europe’s disregard for the opinions of normal, non-technocrat, non-banker people have bubbled to the surface of social media after Italy’s recent close-call with the near-formation of a government with a clear democratic mandate. But the EU’s glaring democracy deficit has been an inconvenient characteristic of the bloc since its founding.

    Once upon a time – in 2004, to be exact – there was something called the Constitution for Europe. This proud document was meant to codify all the wonderful things that the European Union stood for: human dignity, free markets, the rule of law and democracy. Although it was enthusiastically agreed upon and signed by EU bigwigs, the constitution still required rubber-stamp ratification from each member state.

    Much to the chagrin of Europe’s visionary leaders, voters in France and the Netherlands rejected this sacred document during a series of referenda held across Europe in 2015. In a refreshingly blunt speech given after the failed Dutch referendum, then-prime minister Jan Peter Balkenende nonchalantly remarked: "The idea of Europe has lived for the politicians, but not the Dutch people. That will have to change."

    And change it did. Sort of.


    After a great deal of soul searching, Europe’s top minds came up with an ingenious way to ensure that there would be no more democratic roadblocks interfering with their grand plans for Europe: The constitution would simply be rebranded as the Treaty of Lisbon – and this time, no referendums. Instead, the treaty would be ratified by parliamentary processes.

    Actually, there was one country which foolishly allowed its citizenry to vote on the Lisbon Treaty – but luckily this error of judgment was quickly rectified. In a 2008 referendum, Irish voters rejected the treaty by a majority of 53 percent. Not to be dissuaded by the will of the people, Ireland held another referendum on the treaty a year later – and this time the plebes voted the 'correct' way.

    The Lisbon Treaty’s ultimate triumph over the annoying will of the European people would be the first among many victories against the EU’s arch nemesis – the democratic referendum.


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  21. In July 2015, the Greek people voted decisively to reject harsh austerity policies sought by the EU and other global institutions in exchange for modest debt relief and a multi-billion-euro bailout.

    But the Greek government, strong-armed by Germany and the European Central Bank, ultimately ignored the referendum results, and swiftly introduced tough austerity measures described as necessary in order to thwart economic collapse.

    Commenting on the brazen affront to basic democratic principles, former speaker of the Greek Parliament Zoe Konstantopoulou said that the rubbished referendum showed how “Europe has steadily departed from its principal founding goals, democracy, human rights and freedoms and the prosperity of its people and its societies.”


    n a 2016 referendum, which has since created incalculable reams of breathless headlines, Britain voted to leave the European Union in clear violation of Brussels’ zero-tolerance policy for anything that it doesn’t like.

    Top EU officials wasted no time in calling the democratic result “stupid” and have even urged British youth to reverse the decision.

    Although the UK is scheduled to depart from the EU in March, 2019, Brussels has shown little enthusiasm for the necessary negotiations and agreements to ensure an orderly transition. True to form, some within Britain’s political elite are openly campaigning to prevent Brexit from taking place. Former British prime minister Tony Blair has called for a second referendum, and has urged Brussels to do all it can to persuade the UK to remain in the bloc.Aside from its bureaucratic foot-dragging and patronizing comments, Brussels has also cynically stoked fears about the economic and social consequences of Brexit. This tactic has been especially visible in the bloc’s dealings with Dublin.

    “What looks like Brussels love is really an expedient exploitation of Irish concerns to try to weaken British democracy,” Brendan O’Neill, editor of Spiked Online, noted last year. “No one in Britain wants the border between the Republic of Ireland and Northern Ireland to ossify. No one’s arguing for that. Rather, this fear of a firmer border has been ramped up by Brussels to paint Brexit as a harbinger of division.”

    Recalling how pro-EU media had accused the Irish of being “treacherous” children who had “spat in the soup” after they voted against the Lisbon Treaty in 2008, O’Neill observed: “EUphiles suddenly love Ireland for one reason only: they see you as a potential truncheon against Brexit.”

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  22. In October 2017, Catalonia held an independence referendum which had been declared illegal by Spain’s constitutional court. Organisers said 90 percent of voters backed independence, but turnout was less than 45 percent. Many voters who did go to the polls were greeted with police batons and arrests. More than 400 Catalans were reportedly injured as police forcibly removed voters from polling stations.

    After Catalonia’s parliament honored the result (a massive EU no-no), Madrid dissolved the region’s parliament, sacked its leaders and called a snap election.

    Usually eager to issue sanctimonious statements, Brussels was tellingly tight-lipped about the troubling human rights situation which unfolded in Catalonia. After all, the referendum was an “internal Spanish matter,” so why would the EU get involved?


    We’ve now reached the present day, and the EU’s complicated relationship with democracy continues to manifest itself in new, even surprising ways. This week, Italy’s new government was essentially blocked from assuming power, after president Sergio Mattarella refused to approve the new minister of economy, arguing that his Eurosceptic views could endanger Italy’s eternal commitment to the euro. The move – described by analysts and blatantly unconstitutional – was followed by Mattarella’s appointment of a former IMF director as interim prime minister, who will now be charged with forming a different, more responsible government.

    “They are with the bankers and the powerful ones. We are with the Italian people," Matteo Salvini, the leader of Lega Nord, tweeted on Monday, shortly after Mattarella announced his decision to make ex-IMF head Carlo Cottarelli interim prime minister. The defiant message was accompanied by a photograph showing Mattarella, Cottarelli, former prime minister Matteo Renzi, and German Chancellor Angela Merkel and President Mattarella. Salvini is pictured below, rallying a crowd.

    There will almost certainly be new elections in the coming months, and the Euroskeptic parties, now more galvanized than ever, will likely turn parliamentary elections into a plebiscite on Italy’s relationship with the EU. Long-overdue karma for Brussels? Perhaps.

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