«Tento saber onde estamos, como é que aqui chegámos, pode onde andámos. O tempo e o espaço contam. O longo prazo também. As economias não são atópicas nem atemporais. E também não assentam em dois ou três mecanismos gerais e esquemáticos nem são teleguiadas. Têm espessura. Para tudo isto, é útil uma perspetiva aberta, sem grandes predefinições nem limites estreitos, porém com a ambição de compreender quais são as grandes questões, sejam elas as determinações mais estruturais, os contextos que vão mudando ou as decisões que tudo modificam. Uma economia nacional não é uma massa facilmente ajustável a um molde, para ganhar forma. Por isso, deve olhar-se por dentro. Cada país tem um retrato singular. Uma economia é um sistema e é esta condição que, nas suas múltiplas expressões, lhe traça o perfil. (...) Adoto, pois, uma perspetiva que transformo em conselho: na vertigem dos dias, perante a ansiedade predominante e a tentação de chegar a uma explicação rápida e total, é capaz de ser uma boa atitude procurar encontrar espaço para um olhar detido, para juntarmos as várias dimensões que são próprias dos problemas complexos e para procurarmos ver debaixo do que anda à superfície.»
Do capítulo inicial do livro A Economia Portuguesa - Formas de economia política numa periferia persistente (1960-2017), de José Reis. Depois dos lançamentos em Lisboa, Coimbra e Faro, segue-se o Porto, com a apresentação a cargo de Manuel Carvalho (jornalista do Público) e Carlos Pimenta (professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto). A sessão realiza-se na Livraria Almedina Arrábida Shopping, a partir das 18h00. Estão todos convidados, apareçam.
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