«Ontem à noite, estava no twitter quando li a notícia da morte de Marielle Franco. Na conta dela, o último tuite tinha duas horas. Estava numa sessão com activistas negras. Foi morta quando saiu: 4 tiros na cabeça, disparados de um carro que se pôs ao lado do dela. O motorista também foi morto. Escapou a assessora, cujo estado desconheço. Terão sido disparados pelo menos 9 tiros.
Nunca ouvira falar de Marielle. Mas o simbolismo terrível da execução impôs-se imediatamente. Uma mulher negra e feminista, política de esquerda, vereadora do Rio nascida numa favela, lutando pelos direitos dos pobres e denunciando a violência de Estado e, soube hoje, gay. Um jackpot do ódio de direita. Nas respostas ao ultimo tuite dela, manifestações de dor, terror, mas também ódio e gozo. E uma pergunta pungente: por que dizem que você está morta?
Por que dizem que você está morta. A pergunta de alguém que não pode acreditar em algo tão terrível, que aquela mulher sorridente que momentos antes nos relatava, vibrante e combativa, uma sessão de resistência, tenha acabado, não seja mais. Noutra thread sobre a morte de Marielle, há mulheres a dizer que não conseguem mais ver "Handmaid’s Tale", porque sentem que é aquilo que vai acontecer no Brasil.
Sim, é terror o que esta execução declara. Foi isso mesmo que eu, que não sou brasileira nem grande conhecedora da realidade do Brasil, senti ontem: que se entrou numa outra dimensão. Um assassinato político como este é uma mensagem clara, sem hipótese de confusão. É um acto de terrorismo. E, no entanto, vejo as aberturas dos telejornais portugueses e nenhuma menção. Se tivesse sido um muçulmano a esfaquear ou atropelar alguém numa rua da Europa ou dos EUA era a primeira notícia; se fosse um político europeu ou americano assassinado desta forma, ou mais um tiroteio numa escola dos EUA, seria das primeiras. Mas uma política brasileira da oposição executada a tiro no tumulto que é o Brasil "nosso irmão" não merece menção. Não é nada de especial, pelos vistos.»
Fernanda Câncio (facebook)
Anda distraída a fernanda.
ResponderEliminarDesde que Temer chegou acabaram-se as manifestações. Mais, as que há, já não se televisionam.
Não se noticiou os militares nas ruas do Rio de Janeiro nem as mortes diárias que têm provocado.
As fernandas acordam agora. Ainda bem. Mas manter-se-ão acordadas? Ou é só como foi até Dilma cair? Só consciências sobressaltadas até Dilma cair
Encontrei seu artigo através de um amigo português... Sou brasileira e posso te dizer que mesmo a nossa mídia não divulgará essa notícia como deveria... Não haverá debates, não haverá acompanhamento das investigações (se é que será investigado)... Esse crime será relatado como algo horrível e chocante, mas só hoje, amanhã todos voltarão a falar da recuperação do Neymar, ou de quem falou mal de quem no Big Brother... Eu, brasileira, jovem, negra por descendência, feminista, trabalhadora honesta, vou continuar andando pelas ruas com medo. O sentimento de todas nós aqui é de profunda tristeza e desespero... É extremamente difícil manter a esperança nesse país... Mas vamos continuar lutando, vamos continuar acreditando que ainda vai chegar o dia em que seremos realmente livres e que polícia nenhuma vai atirar na gente simplesmente porque nossas opiniões os incomodam.
ResponderEliminarObrigada, Elaine
A extrema-direita brasileira é a assumpção do fascismo puro e duro. Ler alguns comentarios que infectam as caixas de comentários de alguns jornais portugueses é a confirmação da natureza de certa canalha, apologista de Bolsonaro e de Hitler.
ResponderEliminarPor cá, no próprio LdB houve até um comentador que se propôs seguir o vocabulário de Bolsonaro e adoptar aquele termo que aquele usa, tal como Hitler usava a pata levantada. O termo era "esquerdopata".
Ficou-se no "esquerdalho".
No Brasil é o rosto do fascismo que está aí. Com os gritos das hordas ululantes que acompanham estes chacais.
Os berros dos "Viva la Muerte" estão de volta.
Cumprida a missão pela Justiça de pôr o Lula na prisão, depressa se deixou de falar dos vastos indícios da corrupção do Temer.
ResponderEliminarÉ a justiça em geometria variável.
Não contentes com esta justiça, agora faz-se a dos canos das espingardas, mas sempre contra os mesmos.
(Quanto ao Lula, eu não discuto se deve ir para a prisão ou não, não tenho elementos nem para o condenar nem para o absolver por se ter, eventualmente, deixado corromper pela elite económica corrupta das grandes empresas «salvadoras» da economia através do investimento na corrupção).
O jornalista Beto Almeida opina que Marielle Franco "foi assassinada por meio de um golpe sob o comando de Michel Temer", lembrando que nos últimos meses foram assassinadas dezenas de pessoas. Nesta semana, por exemplo, foi morto o líder comunitário ecologista no Pará, na Amazônia, que denunciou a contaminação das águas causada por uma empresa norueguesa e assassinato de ativistas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
ResponderEliminarO silêncio cúmplice e criminoso da nossa comunicação social
Munição usada para matar vereadora é de lotes vendidos para a Polícia Federal
ResponderEliminarA munição utilizada para matar a vereadora Marielle Franco, do PSOL, na última quarta-feira (14), é de lotes vendidos para a Policia Federal de Brasília em 2006.
A perícia da Divisão de Homicídios apontou que os tiros de pistola calibre 9mm, do lote UZZ-18, é original, nunca foi recarregada. A informação é do portal G1 e foi confirmada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (15).
Segundo a investigação, os lotes de munições foram vendidos à PF de Brasília pela empresa CBC no dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822.