Senão veja-se as imagens em baixo:
Como pode estar certa esquerda e certa direita de acordo? Bem sei que o céu é azul independentemente das ideias de cada um. Mas a forma de o descrever não tem necessariamente de ser igual. E na verdade, as palavras que usam revela bem mais qualquer coisa, para além daquilo que pode ser o óbvio.
As contas de 2017 trazem duas ideias essenciais. A primeira, é que a estratégia de gestão orçamental teve por missão reduzir rapidamente o défice e que essa meta foi atingida: o défice ficou além do esperado, atingindo-se quase o equilíbrio das contas orçamentais em 2018 (0,9% do PIB). A segunda, é que - nessa lógica - o défice reflectiu negativamente à recapitalização da banca pública e chegaria - por imposição política do Eurostat - quase a 3% do PIB.
Ora, esse resultado ficaria muito bem ao peito de qualquer governo de direita e seria mostrado como a prova de que o único caminho para a redução da dívida pública - na verdade, impossível de pagar enquanto a taxa e crescimento do PIB for inferior à taxa de juro implícita - é o de ter permanentemente superávites orçamentais. Mesmo que seja à custa do aperto dos gastos do Estado Social, "explicadas" com o argumento "não há dinheiro para todos" ou "o Estado tem de ser repensado". A própria Cecília Meireles o foi dizendo de que cada vez que, noutras alturas, ia abordando o Orçamento de Estado. Apenas o défice importava e tudo o resto ficava ao largo. Foi assim em 2015, em 2016, Aliás, Teodora Cardoso concorda com essa ideia.
Por isso, quando abordou hoje as contas de 2017, a deputada quase gaguejou. E a crítica que encontrou foi a única que nunca poderia apresentar: a de que a poupança conseguida se fez à custa da despesa social, como no Serviço Nacional de Saúde, ou do "esforço dos serviços públicos". Eu até concordaria com isso, mas esse nunca será o discurso da direita que terá, por obrigação política alinhar com o Tratado Orçamental, com uma redução mais célere do défice orçamental.
E quanto à segunda questão, Cecília apenas disse que - medindo as palavras - que afinal se comprovou que foi à custos dos contribuintes...
Triste.
Recordemos que quando o Estado emprestava dinheiro à banca a bom juro, a esquerda gritava «dinheiro dos contribuintes para os bancos»; agora que o Estado cobre os prejuízos do banco CGD com esse mesmo dinheiro dos contribuintes, assobia para o lado como se fosse um empréstimo!!!
ResponderEliminarQuanto ao que diz a Meireles, onde o erro?
Bom, acho que essa pode ser sem dúvida uma interpretação: Mário Meireles. A outra interpretação possível é a "Cecilia Centeno". Que o sistema está funcionando melhor é certo. Começamos no entanto a ter algumas dúvidas sobre o "para quem". Para os especuladores de toda a ordem, sem dúvida. Para os precários, os reformados com menos de 300 euros por mês, para os trabalhadores pobres, menos. Esperemos que a "Cecília Centeno" não se deixe seduzir pelo sucesso na reforma do sistema, e esqueça a reforma da sociedade.
ResponderEliminarCurioso
ResponderEliminarHá registos escritos e notáveis em que este José negava que estávamos a dar dinheiro â banca e aos banqueiros
Depois de muitos comentários acabou josé por ser obrigado a retirar-se, sem pedir desculpa pela manipulação patente
Agora acaba por confessar o saque dos seus anteriormente cantados terratenentes.
Quanto â CGD já muito se debateu sobre ela. E se denunciou a sua gestao ao serviço dum patronato caceteiro e dum bloco central de inrteresses onde pontificavam também figuras que bebiam directamente do 24 de Abril
"o Estado emprestava dinheiro à banca a bom juro"
ResponderEliminarOra aqui está a conversa desaustinada e desonesta de quem tenta fazer passar a ideia que o Estado ganhou alguma coisa com os negócios privados de uma banca predadora ou duma publica gerida pelos amigos dessa mesma banca:
O impacto das ajudas à banca na última década na dívida pública foi de 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB), quase um décimo do que o Estado deve actualmente.
Os números constam do boletim estatístico do Banco de Portugal de Fevereiro, divulgado pelo banco central esta manhã. Já o impacto acumulado, entre 2007 e 2017, das ajudas à banca no défice das contas públicas foi de 9,1% do PIB.
Estes dados confirmam que uma fatia considerável da elevada dívida pública portuguesa, cujo volume justificou a política seguida pelo anterior governo, não resultou de o Estado ou de os portugueses em geral «viveram acima das suas possibilidades». Pelos menos um décimo da dívida pública que existem tem responsáveis muito bem identificados: os donos e gestores dos bancos, que os atiraram para avultados prejuízos e, nalguns casos, para a falência.
Na última semana, o Dinheiro Vivo noticiou que, desde 2007, o valor ascende a 17,1 mil milhões de euros. Ou seja, o Estado anda há uma década a pedir emprestado e a pagar juros sobre esses empréstimos para pagar, no essencial, gestões ruinosas de bancos privados, ao mesmo tempo que foram impostos duros cortes nos rendimentos dos trabalhadores e pensionistas, nos apoios sociais e nos serviços públicos.
Apesar da reversão de muitos dos cortes do anterior governo na actual legislatura, a dívida continua a subir em termos nominais. O País continua a pagar, não só pelas falências do BPN, do BPP, do BES e do Banif, entretanto entregues a privados, mas também pelos fundos injectados nos privados BCP e BPI. Resta a Caixa Geral de Depósitos na esfera pública, e o único grande banco nacional, que também custou muitos milhões nos últimos anos, fruto da gestão desastrosa de administradores alinhados com o bloco central.