De acordo com uma sondagem do Expresso, «60% dos portugueses querem mais acordos entre PSD e PS, a começar pela Saúde». Os restantes 40% dividem-se, segundo o estudo, entre os inquiridos que consideram «suficientes» os entendimentos em matéria de descentralização e fundos comunitários (12,0%) e os que têm dúvidas, não sabem ou não respondem (que representam 28,6% do total).
Lendo o título, fica-se com a ideia que os tais 60% que querem mais acordos entre o PS e o PSD, pretendem igualmente que esses acordos e entendimentos comecem pelo setor da saúde. Lendo a notícia, contudo, verifica-se que não é bem assim.
A infografia aqui ao lado, que o Expresso utilizou para ilustrar a notícia, é esclarecedora. Tomando os cerca de 60% (59,4%), favoráveis a mais entendimentos, como universo de partida (ou seja, 100%), conclui-se que: 41,3% dos inquiridos gostariam que houvesse um acordo na Saúde; 18% um acordo na Justiça; 17% um acordo na Segurança Social e, por fim, 12% um acordo na educação. Por sua vez, os inquiridos que gostariam que houvesse entendimentos noutras áreas, ou que têm dúvidas, representam cerca de 13%.
Recorde-se porém que estes valores percentuais dizem respeito a um sub-universo da sondagem. Ou seja, dão conta de como se distribuem - por áreas de governação - os inquiridos que gostariam que socialistas e social-democratas se entendessem num conjunto mais alargado de áreas. Por outras palavras, no universo total de inquiridos (que inclui também os que acham «suficientes» os acordos entre os dois partidos na descentralização e na gestão dos fundos comunitários, ou que «não têm opinião, não sabem ou não respondem», o seu peso relativo torna-se bem menor.
O que se pode dizer, em termos globais, é portanto que apenas 25% dos portugueses (e não 41%) gostavam que PS e PSD chegassem a acordo nas políticas de saúde; 11% (e não 18%) que esse acordo fosse alcançado na área da justiça; 10% (e não 17%) que houvesse entendimento dos partidos do bloco central na Segurança Social; e, por último, apenas 7% dos portugueses (e não 12%) vêem com bons olhos um acordo entre PS e PSD na educação. Ou seja, se em abstrato mais de metade dos portugueses (60%) querem que socialistas e social-democratas cheguem a acordo num maior número de áreas, segundo a sondagem do Expresso, quando se passa para o concreto, em termos setoriais, essa vontade parece dissolver-se, atingindo no máximo os 25%. Curioso, não é?
Bem apanhado!
ResponderEliminarFaz lembrar o eurobarómetro, onde não se pode responder que se discorda.
ResponderEliminarGostar que se entendessem gostávamos todos, mas precisavam de ser o que não são primeiro.
Não fui incluído na amostra, mas ainda assim dou a minha opinião: que se desentendam de uma vez!
ResponderEliminarZero tolerância ao sofisma do consenso com esquerdalhos oportunistas.
E nós temos que ter alguma tolerancis com um ressabiado de Abril,?
ResponderEliminarZero tolerância a quem elogia pides e Salazar. Oportunisra maior dum tempo em que o estado era parasitado por meia dúzia de DDTs. E que quer continuar oportunistamenre a viver das rendas, das benesses e da exploração
Também é um facto que José escreveu uma cartinha a Paulo Portas para por a direita,perdão, a Direita, perdão, a Extrama- Direita na ordem
ResponderEliminarEstava possesso na altura. E prometia votar em Passos.
Passou- lhe o amuo e voltou à velha ordem.
Mt bem visto este post
ResponderEliminarEstranho era se a imprensa mainstream vendida aos interesses europeístas publicasse algo contrário às multinacionais partidárias, PPE e PSE.
ResponderEliminarQue horror se algum jornalista publicava alguma peça que exprimisse opinião favorável a um qualquer "tenebroso populismo".
Quem não os conhecer que os compre!
S.T.
Bom, se calhar as pessoas só tiveram a possibilidade de escolher uma área setorial (ou o Expresso ignorou segundas e terceiras escolhas), porque olhe, eu gostaria que eles se entendessem, por uma questão de princípio, em todas elas. Claro, depois dependeria da natureza do acordo se aprovaria ou não o dito.
ResponderEliminarE, se assim for, a percentagem de pessoas que quer um acordo na saúde, SS ou educação é superior em todos os casos.
É curioso o nervosismo com que a Esquerda olha para a possibilidade de o PS fazer acordos com o PSD. Tenham calma que Costa não vos foge.
Se Portugal continuar a ser uma democracia multipartidária, um dia destes, a Direita regressa mesmo ao Poder (a bem da alternância). E nesse dia, se os acordos existirem, talvez a Direita não comece a reverter tudo o que foi conseguido nestes últimos dois anos... O que é bom para todos...
É impressão minha ou JS por vezes fica parecido com aquele trambolho do Assis?
ResponderEliminarClaro que nao chegou ao ponto de Assis. E claro que o termo “ trambolho” é dedicado apenas ao mesmo Assis, já que JS não merece nem este qualificativo nem foi tão longe como o vira-casacas laranja do PS foi.
Quanto ao esperar da direita algo de bom, com ou sem acordos... Só em acordos para servir a direita, ir para a direita ou governar para a direita. Com a corrupção própria do bloco central de interesses...
O que se tem verificado em todos os países na última década é que o chamado consenso do centro, com alternancia de cavalheiros, deu lugar à chamada "direita zip-tie". Sabem, são aquelas abraçadeiras que só fecham, não abrem. Para abrir é preciso cortar.
ResponderEliminarIsto é, a direita radicalizou-se tanto e afastou-se tanto do centro que sistemáticamente bloqueia as escolhas que os eleitores façam para reverter as suas políticas, por mais falhadas e ignóbeis que tais políticas se revelem.
Precisamente, um dos métodos favoritos para alcançar esse objectovo de irreversíbilidade foi a utilização de vínculos externos sob a forma de tratados comerciais ou cedências de soberania que limitam drásticamente a capacidade de manobra de eventuais governos de esquerda que tentem reverter políticas de direita que se revelaram desastrosas mas que estão "blindadas".
Por isso a chamada "alternância" já não é o que costumava ser. Deixou de funcionar com a deriva extremista dos partidos de direita.
S.T.
O problema é que a situação actual na Saúde em muito se deve ao pacto estabelecido entre o PS e o PSD, o dito pacto para a Saúde. Tanto assim é que durante a recente campanha interna para a nova liderança no PSD nunca se ouviu Rui Rio falar em consensos nesta área. Portanto, o mais que se poderá esperar de um eventual entendimento neste sector entre estes partidos será o aprofundamento das medidas que nos conduziram ao actual estado de coisas.
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