Fonte: AMECO |
Todos a falar de populismos, como é grave a situação italiana, como é mau para as democracias um país tão importante como a Itália ter votado desta forma tão desconforme àquilo que seria bem educado votar, ao nível europeu. A dizer mal dos italianos, que são loucos, que não podem ser bons da cabeça por ter eleito um partido que nem tem ideias fixas sobre nada. Ou que nem se percebe por que razão Berlusconi consegue ainda assim ter aquelas votações. A Europa sempre tão próxima do iluminismo e cair no barbarismo do voto na extrema direita ou da direita sem extremos.
Fonte: AMECO |
Como é possível que a Itália mantenha há quatro anos cerca de três milhões de desempregados oficiais (11,3% de taxa de desemprego oficial em 2017, o mesmo valor sensivelmente desde 2012) sem que esse valor pareça alterar-se substancialmente desde a crise internacional?
Como é possível que ao longo dos anos mais recentes, a Itália tenha perdido o élan face à Alemanha e o seu PIB esteja a estagnar há 20 anos? Repita-se: há 20 anos! Em 1991, o PIB italiano representava 64% do PIB alemão. Chegou a ser 66,7% em 2005. E desde aí é só cair. Já vai em 53,1% ao fim de 13 anos em queda. O PIB italiano estagna, mas o alemão progride sem interrupção.
Fonte AMECO |
Como é possível que nada seja feito na Europa em prol das pessoas? E depois se brame contra os italianos que não querem mais imigrantes? E que votam à direita para que se feche as fronteiras?
E depois voltamos a ler o artigo mais recentemente de Teresa de Sousa, que saiu ontem na edição do Público, a elogiar o fecho das negociações na Alemanha entre a CDU e o SPD: "Boa sorte à grande coligação. Mesmo numa situação de fraqueza que nunca se verificou antes, precisa de provar que o centro consegue aguentar"...
E pensamos: há algo de podre no meio disto tudo.
Não são os italianos que estão doidos. Algo de errado está a funcionar no centro da Europa e está a enquinar as sociedades, a levá-las a uma descentragem à direita que, por sua vez, reforça todos os elementos que conduziram a esse resultado. Fecho das sociedades, acentuação das políticas de segurança e de política externa agressiva, políticas de austeridade, maior aperto laboral, maior controlo sindical e redução de rendimentos, maior desigualdade social e económica. Votação eurocéptica, sem consequências. À direita... E tudo se mantém.
Até quando?
O populismo significa que políticos cobardes e intrujões nada sabem fazer se lhes tirarem a manipulação de câmbios, coisa que fazem à socapa, ao fim-de-semana, sem qualquer escrutínio.
ResponderEliminarMas os reaccionários chamam-lhe soberania!!!
Ainda há dias pareceu subscrever aqui no texto Contra a necessidade de união entre jornalistas, tipo a Teresa de Sousa e a Helena Garrido.
ResponderEliminarEu ainda sou do tempo em que havia Newsgroups com grandes discussoes entre aficionados BMW vs fans Alfa Romeo.
ResponderEliminarZerohedge é um site a seguir com precaução porque está minado por artigos ostensivamente ordoliberais "da pesada" e de tendência "direita libertária". Digamos que não é para quem não tenha o faro apurado e um sentido critico agudo do que está a ler.
ResponderEliminarPelo meio vão aparecendo artigos interessantes, como este:
https://www.zerohedge.com/news/2018-03-05/debt-crisis-dead-ahead-italys-results-are-truly-forza-italia
"So, the only path forward in Italy’s best interest is Salvini and Di Maio coming together and selling a showdown with Germany over the euro and debt relief. Once they move forward with reforms both Brussels and the IMF will not back the true face of the EU will be shown and I expect an already angry Italy will shift very quickly towards Italeave just like what happened in the U.K. with Brexit."
Nota: O José está pior. Será um fungo qualquer que lhe anda a afectar o cérebro? Ou será alguma coisa estragada que comeu que lhe fez mal?
S.T.
Até ao momento em que as Esquerdas se unirem num programa mínimo que permita mudar este estado de coisas, João Ramos de Almeida. Mas, para isso, significa que cada um tem que abdicar de qualquer coisa do seu próprio programa (o que não quer dizer abdicar de princípios, meramente perceber quem é o inimigo principal), em vez de tocarem lira enquanto a Europa arde ou mesmo desejarem que ela arda, como se ouve muito por aqui.
ResponderEliminarQual é a diferença entre esta atitude e a do populismo de Direita? Nenhuma, exceto que este último está a ganhar, enquanto que, tirando talvez na Grécia, em que o Syriza ganhou as eleições prometendo o que não podia (e rapidamente percebeu que não tinha um plano que lhe permitisse fazer outra coisa que não capitular), em mais lado nenhum a tal Esquerda que o João Rodrigues gostaria de chamar populista ganha um voto que seja com a decadência da social-democracia.
O Reino Unido não conta, pelo sistema eleitoral que tem, e Corbyn não reservou um penny para as nacionalizações no seu programa, logo não será capaz de as fazer... Convenhamos que o programa dos reacionários de Direita é mais exequível, não custa muito expulsar os mais fracos de entre os fracos, embora isso não resolva o que quer que seja, para além da desumanidade que representa...
E não diga que essa convergência é impossível, porque é justamente o que está a acontecer em Portugal...
José, manipulação de câmbios entre países da Zona Euro é a existência do projeto político (!) da moeda única, 1EUR=1EUR entre os vários países...
ResponderEliminarJosé, já chega de vires para aqui debitar isso que tu vens aqui debitar. Escreve menos e pensa mais...
Ha coisas que nunca mudam: -O sol nasce e põe-se todos os dias e ... o Jose continuar no seu registo trágico-cómico com as suas tiradas ao estilo "conversas em familia" onde o pobre do facho já é tido como um revolucionário no meio dos reaccionários democratas.
ResponderEliminarTambém sei que o "diabo" agora vai leccionar numa instituição publica mesmo após ter feito de um tudo para que o sistema de ensino universal passasse para as mãos de privados.
Portanto, coerência nos ditames e vergonha nas palavras são escassas as tentativas de uma direita enviesada ao extremo numa espécie de vale tudo em pról de uma nova ordem social assente em velhos pergaminhos de má memoria, cá e ... lá, nessa Itália que viveu demasiado tempo arredada da realidade onde o poder politico nunca passou de uma novela rasca separada do verdadeiro poder, o economico-financeiro.
O populismo europeu aposta numa teoria do choque com uma intenção concreta em pról de um revivalismo que a esquerda acreditou no passado serem apenas espasmos de um passado que morreria junto com o corpo do ultimo nazi e ou fascista enterrado por uma terra que se queria pesada (gracejavam!) ... e, quem fizesse avisos a navegação era também rotulado maníaco da perseguição, alarmista e ostracizado no seu próprio sectarismo dogmático.
Pois é, agora já se questiona - Até quando? mas nunca se questionou - Onde é que eles ainda andam? se tal tivesse sido feito, então, hoje, o quando era apenas uma pagina de pesar na Historia comum dos povos da europa.
A.R.A
Caro JRA, provavelmente tudo se vai manter até outros povos como o italiano ou grego se multiplicarem no abanão dos sistemas políticos nacionais. E mesmo depois disso, tudo se poderá manter mais ou menos na mesma, infelizmente. A não ser que os abanões subam de escala de intensidade a ponto de ameaçar seriamente o projeto da Z.E.
ResponderEliminarA idiotia por vezes passa das marcas
ResponderEliminarManipulação de câmbios? Fins/de/semana? Sucata? Soberania?
O que se passa? Que destrambelho é este?
O Syriza ganhou as eleições.
ResponderEliminarE traiu a vontade popular. Mais uma vez a social-democracia a empurrar as pessoas para o outro lado. E a extrema-direita a crescer
Macron ganhou as eleições.Levado ao colo pelo estendal de uma comunicação social vergonhosa e por muitos dos que não conseguiram perceber que estávamos diante de uma fraude.Quando de forma patente assumiu a traição com o partido socialista, ainda houve tipos que o elogiaram, mostrando que alguns romanos pagam mesmo a traidores.
O que se passa na Alemanha é visível por todos.O SPD quererá mesmo fazer o hara-kiri político. Ninguém quer uma versão pequenina da CDU. Preferem o produto original. Ou a extrema-direita.
Renzi é um dos responsáveis ( mas de todo não o único). Mercadejou tudo, vendeu-se ao directório. Tentou que a Itãlia abocanhasse o projecto político europeu , traiu o seu povo
A longa crise social e económica por que passa a Itália, relacionada com a integração na UE, impulsionou o crescimento de forças políticas, às quais os italianos recorreram para expressar a sua insatisfação com o rumo que o país tem seguido.
Jaime Santos vê o filme ao contrário.
ResponderEliminarVê como se fosse um combate entre a direita e a esquerda,em que, em nome da salvaguarda de um projecto classificado de esquerda, conglomerasse a dita esquerda em torno desse projecto.
O pior é que esse tal projecto é uma trampa. Uma trampa que sacrifica países,povos e trabalhadores a uma lógica trituradora em nome dos interesses económicos do centro europeu e das grandes corporações financeiras.É precisamente pelo facto de não se ter chamado o nome aos bois que a esquerda no seu conjunto foi sacrificada no altar duma UE predadora e anti-democrática
A traição tem um preço terrível. As classes trabalhadoras não se revém em tipos como Renzi ou como Macron. Estes assumiram-se como aquilo que são. Neoliberais dos 4 costados. E carregaram consigo o peso de esmagamento das suas populações
Pode assim JS deixar de fazer estas fitas piedosas sobre a direita e o perigo da direita.Ele foi um dos que assumiu essa preferência pelo neoliberalismo e pelo aparente tom mundano e de classe dos neoliberais. Face a outros projectos, repetiu n vezes a sua preferência por tais compinchas.
Depois JS continua com a rábula do votos ganhos à social-democracia. O que está aqui em causa não são apenas votos. São princípios e é o respeito pelo voto.Em Itália quase todo o espectro político que se dizia de esquerda traiu o seu eleitorado. Para onde quereria JS que as pessoas fossem votar? Para um Macron parido à ultima hora a fim de voltar a convencer os incautos?
Voltemos às palavras de João Rodrigues que ao contrário do que JS diz, iluminam o debate:
"É preciso lembrar a passagem da maioria do Partido Comunista Italiano a Partido Democrático da Esquerda e deste a Partido Democrático, aderindo à social-democracia de terceira via, culminando num partido liderado por esse bufão autoritário, oriundo dos restos da democracia-cristã, chamado Renzi. Recentemente, os artífices de tal involução, incluindo Massimo D'Alema, com os restos de outras experiências, formaram a enésima coligação social-democrata, abandonando um Renzi que chegou a ser a esperança para muitos euro-iludidos.
Em segundo lugar, é preciso não esquecer que a Itália é o país onde o europeísmo mais insano colonizou praticamente toda a esquerda, do apoio à UEM, que condenou o país à estagnação e à crise prolongadas, à luta inconsequente “por uma outra Europa”, entre os que aparentemente não desistiram e que culminou nas últimas eleições europeias na pindérica lista “com Tsipras”, associada à farsa da eleição do Presidente da Comissão Europeia; como se a política nacional pudesse ser feita a partir de fora.
Em terceiro lugar, é preciso relembrar a participação, quase sem condições, num governo sem alternativas, uma aventura que esvaziou a promissora Refundação Comunista.
Em quarto lugar, e isto vale também para a Refundação Comunista, é preciso avaliar criticamente a abertura excessiva à ultrapassada moda movimentista do alter-globalismo, de que alter-europeísmo, foi uma declinação.
Sim, a esquerda pode por vezes acabar. Recomeçará também quando se livrar de muita da tralha ideológica criada nestas últimas décadas.
Aprende-se muito entre ruínas estrangeiras, incluindo sobre nós próprios, sobre os nossos erros e acertos políticos".
A esquerda, uma parte da esquerda, prescindiu de o ser e abriu as portas à direita.
ResponderEliminarQue JS se deixe de lástimas deste tipo:
"Convenhamos que o programa dos reacionários de Direita é mais exequível, não custa muito expulsar os mais fracos de entre os fracos"
Convenhamos que onde a esquerda não tem medo de se mostrar como projecto alternativo, ela tem tido bem mais sucesso. Olhe-se o PS francês, o PS espanhol, o SPD, o Syriza que até ganhou eleições com um projecto que implicava a saída do euro. Mas em que a vontade popular foi traída.
Olhe-se enfim para o RU. Percebe-se o motivo pelo qual JS o quer tirar da sua lista. JS foi dos primeiros a tentar tirar legitimidade política a Corbyn. Insultou-o. Atribuiu-lhe a derrota do Remain. Acusou-o de fazer o jogo da direita ( sempre assim) . Deu-o como morto. Responsabilizou-o pela derrocada previsível do Partido trabalhista e pelo seu afastamento do poder por muitos e bons anos. Repetia por cá o que a comunicação social inglesa dizia por lá. Blair tinha voltado e o discurso era o mesmo
E Corbyn resistiu. E Corbyn aí está. E Corbyn pesem todos os insultos, todas as campanhas, todos os ataques pessoais tem aumentado o seu capital político. Veja-se onde está Macron, esse tipo tão acesamente defendido nas ultimas eleições francesas, ou onde está Renzi.
É por isso que é com um sorriso que vemos a tentativa de JS excluir o RU, RU que lhe deita por terra o discurso que repete há anos. E o sorriso acentua-se quando utiliza argumentos do tipo "Corbyn não reservou um penny para as nacionalizações no seu programa, logo não será capaz de as fazer" ou "O Reino Unido não conta, pelo sistema eleitoral que tem"
É demasiado evidente. Mais palavras de momento são inúteis
A malta pode ir assobiando mas, não há volta a dar.
ResponderEliminarEsse paleio das vanguardas esclarecidas, tentando criar análises ideológicas/pragmáticas/adjectivas cheias de rococós,não resiste á água...das sanitas!
Islândia...Grécia...Reino Unido (as figurinhas daqueles "lords"!vamos ver, se têm a lata de mandar o REFERENDO do Brexit, ás favas!)...França (os presidentes(!),aprendem TODOS na mesma cartilha!)...e agora, Itália...parece que a vanguarda esclarecida, está a ver se arranja para bode expiatório...a lei eleitoral!
A podre democracia representativa, é o problema.
Eu sei que é uma chatice mas...
QUEM DECIDE SOU EU.
De certa forma os alinhamentos políticos em Portugal são muito mais claros porque o eurocepticismo irradia claramente da esquerda, fruto de circunstâncias históricas particulares. A ausência de um eurocepticismo de direita simplifica claramente a paisagem, mas devemos ter outro tipo de cuidados na avaliação das movimentações politicas a nivel europeu e mundial.
ResponderEliminarEm Itália o alinhamento dos soberanistas é mais complexo porque o M5S não demonstrou a necessária maturidade e coerência em torno dos ideais maiores da Republica Italiana.
Embora tenham começado por uma posição anti-euro não mantiveram a coerência necessária e por medo de desagradar ao eleitorado retiraram a exigência de um referendo sobre o euro do seu programa antes das eleições.
Vamos assim encontrar o Prof. Alberto Bagnai, que pelas posições assumidas no passado é claramente um homem de esquerda, estranhamente inserido nas listas de um partido de direita, a Lega.
Sabemos que o convite foi motivado pela amizade pessoal de Claudio Borghi Aquilini, economista de direita mas que teve o mérito de convencer Salvini de que o Euro é o problema fulcral da economia italiana. Desde então a Lega transformou-se de um partido separatista num partido de dimensão nacional em Itália.
A história vem contada aqui
http://sirjoeworks.com/claudio-borghi-aquilini-the-euro-ripper/
e aqui
http://sirjoeworks.com/alberto-bagnai-for-dummies/
Salvini aparece assim como um líder que evolui de separatista a defensor da soberania do Estado Italiano, o que não é isento de ironia. Bagnai explicou há tempos atrás o porquê da pobreza do mezzogiorno italiano á luz da teoria das zonas monetárias óptimas de Mundell. Pergunto a mim mesmo se isso terá tido alguma influência em Salvini.
Espero ter contribuido para esclarecer um pouco do que se passa em Itália.
Para os que leiam francês aqui fica o link para um post de Jacques Sapir sobre as eleições italianas:
https://www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-seisme-politique-en-italie-par-jacques-sapir/
Já agora aproveitava para sugerir que o Les Crises fosse incluído nas listas de links à direita da página dos LdB.
S.T.
Só dá Europa!
ResponderEliminarSó dá vítimas da Europa!
Há lá posição mais cómoda...e venham mais uns Fundos para o carnaval da vitimização.
Vamos aos 20-30 enquanto nos carpimos mais um bocadinho...
Para uma explicação e critica do programa económico do M5S, ver este artigo:
ResponderEliminarhttps://braveneweurope.com/guglielmo-forges-davanzati-italian-elections-the-5-star-movements-policy-prescriptions
S.T.
A 6 de Março de 2018 às 01:04 Jose expressava a sua posição cómoda, assumindo-se como uma perfeita vítima, a carpir-se mais um bocadinho daquele seu jeito característico
ResponderEliminarO resto é a habitual conversa para boi dormir.