A persistência dos baixos salários no pujante sector do turismo não é surpreendente. O que é surpreendente é que alguém possa pensar que tenha ocorrido, graças à troika e à sua política, ainda por superar em muitas áreas, qualquer transformação estrutural positiva na economia portuguesa. Pelo contrário, a ter ocorrido alguma coisa, foi uma regressão estrutural, uma maior especialização em sectores de serviços, como o turismo, com reduzida capacidade de gerar incrementos de produtividade. Não é aliás por acaso que o patronato deste sector é dos mais reaccionários em matéria de relações laborais, nunca estando satisfeito com os direitos que tem conquistado (com correspondentes obrigações acrescidas para os trabalhadores): tende a ver a força de trabalho, aí intensivamente usada, como um mero custo a conter. O destino a que podemos aspirar, e a que as elites do centro querem que aspiremos, neste quadro de constrangimentos europeus - ser uma espécie de Florida da Europa - impede qualquer perspectiva de desenvolvimento inclusivo, mas permite vislumbrar, como na Florida original, um persistente risco de pobreza laboral.
Pelo menos a ser Flórida teríamos bom tempo... ah, espera. Já temos. ;)
ResponderEliminarPeço aqueles que se contentam com esta "recuperação" económica assente em baixos salários e precariedade que dêem um exemplo de um país que se tornou avançado tanto economicamente, socialmente e tecnologicamente com o turismo como grande motor do desenvolvimento?
ResponderEliminarArranjem um único exemplo que seja!
A questão é saber-se que outra situação haveria de esperar-se.
ResponderEliminarHouve investimento?
Houve algum apelo ao rigor, ao empenho, ao desenvolvimento pessoal e profissional?
E onde se vai buscar acréscimo de mais-valia a servir umas cervejas e umas sandes?
Distribuem broas e clama que chegou a felicidade e esperam milagres?
Têm exactamente o que promoveram!
acha que a nossa mao de obra qualificada (na qual o país investiu fortemente anos a fio em educação gratuita)e por conseguinte passivel de ser bem remunerada fica por cá a servir de porteiro de hotel, garçon ou chauffer de tuktuk?
ResponderEliminarPor outro lado se você fosse empresário de turismo e empregasse mão de obra para esse tipo de serviços pagar-lhe-ia o mesmo que a um médico ou engenheiro? Espere, talvez seja! Talvez pague!
como se diz cá no norte "bai-má loja, ó artista"
O Geringonço pede demais...
ResponderEliminarEu não me contento com a ténue recuperação económica que estamos a viver (reconhecendo que, depois de um mergulho no que a PAF fez, todos os centímetros de não-merda parecem uma benção), mas também não iria tão longe, ò Geringonço. Chiça, em Cuba, Costa Rica, Jamaica, blah blah, o Turismo é tipo a benção dos céus. Uma merda, relativamente, mas uma benção dos céus para os desgraçados para quem a alternativa seria cortar cana e arranhar na roça. O mesmo cá. Fds, eu já andei a servir muito gelado e café porque tinha como alternativa passar a tarde a ver a Júlia, o Goucha ou a escrever comentários em blogues. Em compensação, veja que ainda há histórias bó-nitas, ganhei aí a estaleca e o olho vivo para pôr a minha licenciatura em Letras a render qualquer coisinha num non-related field of expertise, imagine-se, e hoje até sou um gajo razoavelmente bem pago, num emprego do privado onde, honi soi qui mal y pense, até tenho tempo para os coçar e, lá está, escrever comentários em blogues. O Goucha e a Júlia são too much, mas lá chegaremos, creio. Tudo a seu tempo. Isto para dizer o quê? Não despreze o turismo. É uma merda, mas antes servir 31 sabores de gelado, que servir bestas como Pedro Ferraz da Costa et al.
ResponderEliminarPenso que seria interessante analisar as alterações recentes que facilitam a imigração (Penso que recentemente foi efetuada uma alteração que permite a imigração apenas com a "promessa" de um contrato de trabalho) e o facto de os salários neste setor não subirem.
ResponderEliminarNão existe atualmente escassez de mão de obra disponível que leve os empresários a subirem os salários e penso que isto deve ser discutido.
De um ponto de vista empírico verifico que existe uma certa predominância de os novos empregos nesta área serem ocupados por trabalhadores estrangeiros e não por portugueses. Certamente trará benefícios, mas por outro lado alivia a pressão para a melhoria das condições de trabalho caso existisse escassez de mão de obra e inibe o trabalhador português de beneficiar da retoma económica na justa medida.
Acredito que a grande motivação por trás do Brexit foi esta excessiva desproteção do trabalhador nacional e penso que Portugal faria bem em analisar esta situação
Um comentário aí pelas 18 e 47 a mostrar que esta malta está desesperada.
ResponderEliminarAgora finge-se de parvo?
Ó homem , mas porquê fingir-se e não assumir directamente aquilo que é?
"bai-má loja, ó artista"
ResponderEliminarOlha se não é outro que não o pimentel ferreira. Confirmado e carimbado. A fazer pela vida e pelo patronato rasca. Agora até fala em ordenados de médicos e de engenheiros em estilo de comparação com os trabalhadores do turismo que são esmifrados
Pobre Pimentel fereirra. Mas ao menos serve como exemplo do que é esta tralha neoliberal
Ao Anónimo das 22:20,
ResponderEliminarComo eu gosto deste nome bem português, embora, para os casos como o deste Anónimo?, prefira o outro nome que lhe assenta melhor: Cobarde.
Ainda gostava de saber o que disse o outro Anónimo, o das 18:47 que mereça censura.
Para mim, censuro-o apenas por se apresentar como mais um dos inúmeros cobardes que se escondem no anonimato.
Na maioria das vezes, isso é para poderem ofender ou outros ou dizer tontices sem o mínimo interesse e para que não haja o mínimo de identificação com alguém: fica tudo no anonimato.
Mas no caso deste comentário nem isso, pois tudo o que diz é sensato e faz sentido.
Anónimo Geringonço disse...
ResponderEliminarPeço aqueles que se contentam com esta "recuperação" económica assente em baixos salários e precariedade que dêem um exemplo de um país que se tornou avançado tanto economicamente, socialmente e tecnologicamente com o turismo como grande motor do desenvolvimento?
Arranjem um único exemplo que seja!
Posso nao me contentar com esta recuperacao, mas aponto um exemplo de como o turismo e um ponto de partida util para a internacionalizacao e desenvolvimento.
https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Costa_Rica#Republic
Como o Vitor diz: "Acredito que a grande motivação por trás do Brexit foi esta excessiva desproteção do trabalhador nacional e penso que Portugal faria bem em analisar esta situação"
ResponderEliminarEu vivo no Reino Unido ha 10 anos e tambem acho que esta "desproteccao" e sentida por muitos. Quando eu era miudo dizia-se muito que Portugal estava 10 ou 20 anos atrasado em relacao aos vizinhos europeus. Hoje a diferenca quase desapareceu, mas se calhar esta historia britanica pode ser-nos util como aviso ou exemplo:
O britanico tem um dilema muito grande em relacao ao mercado imobiliario. Por um lado, a mais valia na venda de uma casa e a maior oportunidade para "subir na vida"; por outro lado, quando a propriedade sobe de preco constantemente, e evidente que o custo de vida e o custo para se gerir um negocio so podem aumentar tambem.
Os polacos e outros endemonizados emigrantes nao sao hiperqualificados nem superhumanos, mas por trabalharem no Reino Unido e a receber em libras tinham (note-se o preterito) vantagem imediata mesmo com um aumento de salario modesto em relacao ao que se pratica no pais de origem. Habitualmente tambem, trata-se de pessoas jovens, capazes e dispostas a partilhar casa de uma forma que nao e viavel a quem quer ter uma familia.
Logo, o assalariado que pague £500, £800 ou £1000 por mes para pagar renda (ou ao banco pelo emprestimo hipotecario) esta em desvantagem em relacao ao inquilino que pague £300 com mais 4 parceiros a contribuir para a renda e contas. A qualidade de vida esta a espera quando o emigrante regressa a sua terra, com poupancas razoaveis para comprar ou construir uma casa (quase) a pronto. No Reino Unido, terrenos para construir voce mesmo... so existem para a aristocracia.
Evidentemente, quando alguem pede um aumento e o patrao diz "nao, porque consigo arranjar 5 polacos amanha que fazem o mesmo sem aumento", pode estar a fazer bluff ou nao, mas deflecte para o emigrante-expiatorio sem dar grande atencao a questao da formacao (=substituicao facil do trabalhador) nem a questao que mesmo sem polacos a perna, o gajo que tem uma hipoteca enorme para pagar continua a ter menos possibilidades para mudar de vida. Mais do que "desproteccao" do trabalhador nacional, temos um risco proveniente da forma como a oferta de habitacao e muito menos flexivel do que a creatividade e desenvolvimento na oferta de produtos financeiros.
[Exemplos: equity release, interest-only mortgages, buy-to-let mortgages, retoma de casas antigas por troca por apartamentos de assisted living]
Ha muito quem saiba que os problemas essenciais do pais nao vem de Bruxelas, mas 52% votou em "quero outra coisa qualquer". Logo veremos.
Anónimo nmlima e anónimo das 18:47, não há qualquer nação que se baseie no turismo que seja avançada!
ResponderEliminarHá nações que podem ser até nº1 no turismo e serem avançadas, como é o caso da França, mas não foi o turismo o responsável pelo seu avanço, foram as fortes políticas de industrialização e sim, algum proteccionismo...
Infelizmente, os caros anónimos andaram anos a fio a ver e ouvir tipos como Medina Carreira que sempre que têm oportunidade incutem o fatalismo e exploram o sentimento de inferioridade dos portugueses, tudo pelo bem dos Donos disto tudo.
É este fatalismo que impede que Portugal se desenvolva.
Em vez de apresentarem a Costa Rica como exemplo a seguir apresentem a Finlândia, país periférico (tal como Portugal) que não se desenvolveu dando ouvidos a risíveis como Medina Carreira, António Barreto e outros privilegiados da corte...
A servir umas sandes e uns bolos mais as broas distribuídas.
ResponderEliminarÉ a isto que se reduz o papaguear pafista ressabiado. A sonhar com as balls de salazar.
Parece que tem o que merece
Vitor pensa que.
ResponderEliminarE acha que se devia avaliar a situação.
"bai-má loja, ó artista". Certo?
E quem são os caros anónimos?
ResponderEliminarUm doce a quem o adivinhar, mesmo que se chamem vitor ou jorge araújo