terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Queremos mesmo ser a Florida da Europa?

A persistência dos baixos salários no pujante sector do turismo não é surpreendente. O que é surpreendente é que alguém possa pensar que tenha ocorrido, graças à troika e à sua política, ainda por superar em muitas áreas, qualquer transformação estrutural positiva na economia portuguesa. Pelo contrário, a ter ocorrido alguma coisa, foi uma regressão estrutural, uma maior especialização em sectores de serviços, como o turismo, com reduzida capacidade de gerar incrementos de produtividade. Não é aliás por acaso que o patronato deste sector é dos mais reaccionários em matéria de relações laborais, nunca estando satisfeito com os direitos que tem conquistado (com correspondentes obrigações acrescidas para os trabalhadores): tende a ver a força de trabalho, aí intensivamente usada, como um mero custo a conter. O destino a que podemos aspirar, e a que as elites do centro querem que aspiremos, neste quadro de constrangimentos europeus - ser uma espécie de Florida da Europa - impede qualquer perspectiva de desenvolvimento inclusivo, mas permite vislumbrar, como na Florida original, um persistente risco de pobreza laboral.

16 comentários:

  1. Pelo menos a ser Flórida teríamos bom tempo... ah, espera. Já temos. ;)

    ResponderEliminar
  2. Peço aqueles que se contentam com esta "recuperação" económica assente em baixos salários e precariedade que dêem um exemplo de um país que se tornou avançado tanto economicamente, socialmente e tecnologicamente com o turismo como grande motor do desenvolvimento?

    Arranjem um único exemplo que seja!

    ResponderEliminar
  3. A questão é saber-se que outra situação haveria de esperar-se.

    Houve investimento?
    Houve algum apelo ao rigor, ao empenho, ao desenvolvimento pessoal e profissional?
    E onde se vai buscar acréscimo de mais-valia a servir umas cervejas e umas sandes?

    Distribuem broas e clama que chegou a felicidade e esperam milagres?

    Têm exactamente o que promoveram!

    ResponderEliminar
  4. acha que a nossa mao de obra qualificada (na qual o país investiu fortemente anos a fio em educação gratuita)e por conseguinte passivel de ser bem remunerada fica por cá a servir de porteiro de hotel, garçon ou chauffer de tuktuk?

    Por outro lado se você fosse empresário de turismo e empregasse mão de obra para esse tipo de serviços pagar-lhe-ia o mesmo que a um médico ou engenheiro? Espere, talvez seja! Talvez pague!

    como se diz cá no norte "bai-má loja, ó artista"

    ResponderEliminar
  5. O Geringonço pede demais...

    ResponderEliminar
  6. Eu não me contento com a ténue recuperação económica que estamos a viver (reconhecendo que, depois de um mergulho no que a PAF fez, todos os centímetros de não-merda parecem uma benção), mas também não iria tão longe, ò Geringonço. Chiça, em Cuba, Costa Rica, Jamaica, blah blah, o Turismo é tipo a benção dos céus. Uma merda, relativamente, mas uma benção dos céus para os desgraçados para quem a alternativa seria cortar cana e arranhar na roça. O mesmo cá. Fds, eu já andei a servir muito gelado e café porque tinha como alternativa passar a tarde a ver a Júlia, o Goucha ou a escrever comentários em blogues. Em compensação, veja que ainda há histórias bó-nitas, ganhei aí a estaleca e o olho vivo para pôr a minha licenciatura em Letras a render qualquer coisinha num non-related field of expertise, imagine-se, e hoje até sou um gajo razoavelmente bem pago, num emprego do privado onde, honi soi qui mal y pense, até tenho tempo para os coçar e, lá está, escrever comentários em blogues. O Goucha e a Júlia são too much, mas lá chegaremos, creio. Tudo a seu tempo. Isto para dizer o quê? Não despreze o turismo. É uma merda, mas antes servir 31 sabores de gelado, que servir bestas como Pedro Ferraz da Costa et al.





    ResponderEliminar
  7. Penso que seria interessante analisar as alterações recentes que facilitam a imigração (Penso que recentemente foi efetuada uma alteração que permite a imigração apenas com a "promessa" de um contrato de trabalho) e o facto de os salários neste setor não subirem.
    Não existe atualmente escassez de mão de obra disponível que leve os empresários a subirem os salários e penso que isto deve ser discutido.

    De um ponto de vista empírico verifico que existe uma certa predominância de os novos empregos nesta área serem ocupados por trabalhadores estrangeiros e não por portugueses. Certamente trará benefícios, mas por outro lado alivia a pressão para a melhoria das condições de trabalho caso existisse escassez de mão de obra e inibe o trabalhador português de beneficiar da retoma económica na justa medida.

    Acredito que a grande motivação por trás do Brexit foi esta excessiva desproteção do trabalhador nacional e penso que Portugal faria bem em analisar esta situação



    ResponderEliminar
  8. Um comentário aí pelas 18 e 47 a mostrar que esta malta está desesperada.

    Agora finge-se de parvo?

    Ó homem , mas porquê fingir-se e não assumir directamente aquilo que é?

    ResponderEliminar
  9. "bai-má loja, ó artista"

    Olha se não é outro que não o pimentel ferreira. Confirmado e carimbado. A fazer pela vida e pelo patronato rasca. Agora até fala em ordenados de médicos e de engenheiros em estilo de comparação com os trabalhadores do turismo que são esmifrados

    Pobre Pimentel fereirra. Mas ao menos serve como exemplo do que é esta tralha neoliberal

    ResponderEliminar
  10. Ao Anónimo das 22:20,
    Como eu gosto deste nome bem português, embora, para os casos como o deste Anónimo?, prefira o outro nome que lhe assenta melhor: Cobarde.
    Ainda gostava de saber o que disse o outro Anónimo, o das 18:47 que mereça censura.
    Para mim, censuro-o apenas por se apresentar como mais um dos inúmeros cobardes que se escondem no anonimato.
    Na maioria das vezes, isso é para poderem ofender ou outros ou dizer tontices sem o mínimo interesse e para que não haja o mínimo de identificação com alguém: fica tudo no anonimato.
    Mas no caso deste comentário nem isso, pois tudo o que diz é sensato e faz sentido.

    ResponderEliminar
  11. Anónimo Geringonço disse...

    Peço aqueles que se contentam com esta "recuperação" económica assente em baixos salários e precariedade que dêem um exemplo de um país que se tornou avançado tanto economicamente, socialmente e tecnologicamente com o turismo como grande motor do desenvolvimento?

    Arranjem um único exemplo que seja!


    Posso nao me contentar com esta recuperacao, mas aponto um exemplo de como o turismo e um ponto de partida util para a internacionalizacao e desenvolvimento.

    https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Costa_Rica#Republic

    ResponderEliminar
  12. Como o Vitor diz: "Acredito que a grande motivação por trás do Brexit foi esta excessiva desproteção do trabalhador nacional e penso que Portugal faria bem em analisar esta situação"

    Eu vivo no Reino Unido ha 10 anos e tambem acho que esta "desproteccao" e sentida por muitos. Quando eu era miudo dizia-se muito que Portugal estava 10 ou 20 anos atrasado em relacao aos vizinhos europeus. Hoje a diferenca quase desapareceu, mas se calhar esta historia britanica pode ser-nos util como aviso ou exemplo:

    O britanico tem um dilema muito grande em relacao ao mercado imobiliario. Por um lado, a mais valia na venda de uma casa e a maior oportunidade para "subir na vida"; por outro lado, quando a propriedade sobe de preco constantemente, e evidente que o custo de vida e o custo para se gerir um negocio so podem aumentar tambem.

    Os polacos e outros endemonizados emigrantes nao sao hiperqualificados nem superhumanos, mas por trabalharem no Reino Unido e a receber em libras tinham (note-se o preterito) vantagem imediata mesmo com um aumento de salario modesto em relacao ao que se pratica no pais de origem. Habitualmente tambem, trata-se de pessoas jovens, capazes e dispostas a partilhar casa de uma forma que nao e viavel a quem quer ter uma familia.

    Logo, o assalariado que pague £500, £800 ou £1000 por mes para pagar renda (ou ao banco pelo emprestimo hipotecario) esta em desvantagem em relacao ao inquilino que pague £300 com mais 4 parceiros a contribuir para a renda e contas. A qualidade de vida esta a espera quando o emigrante regressa a sua terra, com poupancas razoaveis para comprar ou construir uma casa (quase) a pronto. No Reino Unido, terrenos para construir voce mesmo... so existem para a aristocracia.

    Evidentemente, quando alguem pede um aumento e o patrao diz "nao, porque consigo arranjar 5 polacos amanha que fazem o mesmo sem aumento", pode estar a fazer bluff ou nao, mas deflecte para o emigrante-expiatorio sem dar grande atencao a questao da formacao (=substituicao facil do trabalhador) nem a questao que mesmo sem polacos a perna, o gajo que tem uma hipoteca enorme para pagar continua a ter menos possibilidades para mudar de vida. Mais do que "desproteccao" do trabalhador nacional, temos um risco proveniente da forma como a oferta de habitacao e muito menos flexivel do que a creatividade e desenvolvimento na oferta de produtos financeiros.

    [Exemplos: equity release, interest-only mortgages, buy-to-let mortgages, retoma de casas antigas por troca por apartamentos de assisted living]

    Ha muito quem saiba que os problemas essenciais do pais nao vem de Bruxelas, mas 52% votou em "quero outra coisa qualquer". Logo veremos.

    ResponderEliminar
  13. Anónimo nmlima e anónimo das 18:47, não há qualquer nação que se baseie no turismo que seja avançada!

    Há nações que podem ser até nº1 no turismo e serem avançadas, como é o caso da França, mas não foi o turismo o responsável pelo seu avanço, foram as fortes políticas de industrialização e sim, algum proteccionismo...

    Infelizmente, os caros anónimos andaram anos a fio a ver e ouvir tipos como Medina Carreira que sempre que têm oportunidade incutem o fatalismo e exploram o sentimento de inferioridade dos portugueses, tudo pelo bem dos Donos disto tudo.
    É este fatalismo que impede que Portugal se desenvolva.
    Em vez de apresentarem a Costa Rica como exemplo a seguir apresentem a Finlândia, país periférico (tal como Portugal) que não se desenvolveu dando ouvidos a risíveis como Medina Carreira, António Barreto e outros privilegiados da corte...

    ResponderEliminar
  14. A servir umas sandes e uns bolos mais as broas distribuídas.

    É a isto que se reduz o papaguear pafista ressabiado. A sonhar com as balls de salazar.

    Parece que tem o que merece

    ResponderEliminar
  15. Vitor pensa que.

    E acha que se devia avaliar a situação.

    "bai-má loja, ó artista". Certo?

    ResponderEliminar
  16. E quem são os caros anónimos?

    Um doce a quem o adivinhar, mesmo que se chamem vitor ou jorge araújo

    ResponderEliminar