segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
A irreverência muito conveniente dos Verdes Europeus
Para os Verdes Europeus, o grande problema do BCE é nunca ter tido uma presidente mulher. A ausência de escrutínio democrático do seu funcionamento ou a omissão do emprego como variável objetiva na condução da política monetária parecem ser problemas secundários.
Alguns argumentarão que não são problemas mutuamente exclusivos. Isto é, é possível reconhecer na falta de igualdade de género um problema e criticar de igual modo as questões que mencionei acima. Ainda que seja formalmente válido, assumir este argumento tem contornos, no mínimo, bizarros. Apontar a falta de igualdade de género a uma instituição cuja ação fundamental repudiamos não faz sentido. É como se alguém num regime ditatorial declarasse: “isto da comissão de censura é um escândalo, vejam lá que nunca teve uma presidente mulher!”
A menos que, tal como a experiência me leva a suspeitar, os Verdes Europeus não vejam nas atuais características do BCE um problema assim tão grande e optem por dar ares de grande arrojo e irreverência alertando para a falta de igualdade de género na sua administração, enquanto convenientemente esquecem tudo o resto.
Não há uma pinga de progresso. Só um jogo de luzes político que faz as delícias da burocracia ordoliberal de Bruxelas e Frankfurt.
Ou então isso é apenas uma estratégia por parte do partido para angariar mais votos, porque pode ser um tema mais apelativo a uma grande parte da população.
ResponderEliminarTem toda a razão é de um cinismo absoluto esse posicionamento.
ResponderEliminarAs desgraçadas das mulheres não tarda são levadas a tomar umas doses de testosterona para estímulo dos seus dotes de liderança!
ResponderEliminarA palhaçada progressisto-igualitária em luta aberta contra o trabalho de uns centos de milhões de anos de evolução.
É a LUTA!
Se calhar os verdes reconhecem que, tão cedo, não vão conseguir mudar o BCE e decidiram miná-lo por dentro, na mesma lógica que indica que empresas dirigidas por mulheres são melhores e mais lucrativas em média porque menos temerárias (neste caso em contrariar a boa teoria macroeconómica).
ResponderEliminarE se todos os homens na fotografia forem homossexuais, duas mulheres e uma minoria, assim já é aceitável para os Verdes?
ResponderEliminarEnquanto isso, nunca, mas nunca se debrucem sobre cerne dos problemas que afectam a vasta maioria dos homens, mulheres, heterossexuais, homossexuais, brancos, pretos, etc.
Até parece que para os "europeístas" a economia, e para onde a riqueza vai, são apenas um afterthought, algo distante e sem urgência qualquer...
Neoliberalismo convive muito bem com o aborto, casamento entre o mesmo sexo e com a maior presença feminina no topo da hierarquia, claro, desde que essa presença feminina partilhe os ideais neoliberais...
Porque é que certa esquerda acha que precisa de alienar a economia e o trabalho para defender as causas ditas fracturantes? Não podem ter em conta a economia, o trabalho, o ambiente, as causas fracturantes, etc?
Depois não se admirem que simpatizantes neonazis cheguem a presidente, como foi o caso de Trump.
Um texto lúcido e oportuno
ResponderEliminarHouve quem se regozijasse com a ida de Margaret Hilda Thatcher para chefiar o governo só pelo facto se ser mulher. Os resultados foram o que se viram e ela é hoje uma das responsáveis pelo estado em que nos encontramos. Não é pelo facto de ser mulher que se devem perdoar as suas responsabilidades históricas nem os crimes que perpetrou.
Não é a condição do género que define a posição nos lados da barricada ou a condição ideológica.
Diogo Martins põe o dedo na ferida quando aponta que isto são faits divers. O que está em causa é mesmo o funcionamento do BCE e a sua acção e não se quem ocupa o cargo de presidente é homem, mulher, branco, negro ou o que quer que seja.
É desta forma que se vai ocultando o que é essencial e desviando o debate para o que é acessório.
O directório europeu agradece e segue em frente
A "promoção" de líderes obedece a dinâmicas que são tudo menos inocentes.
ResponderEliminarDevemos sempre interrogar-nos o que querem que pensemos quando tentam vender-nos um certo "peixe".
As movimentações no seio dos SPDs alemães são fascinantes.
Primeiro Schulz era para ser ministro dos negócios estrangeiros. Agora até cede o lugar de chefe de fila do partido "à juventude".
Para ficarmos só pelo Guardian, ficamos a saber que a jovem que está na rampa de lançamento do aparelho é Andrea Nahles, de 47 anos.
Dizem-nos além do óbvio de ser uma mulher que seria a primeira mulher em 155 anos a chefiar o partido de centro-esquerda. E que é uma ex-líder dos Jusos.
https://www.theguardian.com/world/2018/feb/12/new-spd-leader-first-sign-of-younger-talent-in-german-government
E depois lembro-me de que há no SPD um cavalheiro, por coincidência o presente líder dos Jusos que se opõe com unhas e dentes à coligação com a CDU de Merkel que tem custado os olhos da cara (em votos) ao SPD.
https://www.theguardian.com/world/2018/feb/10/germany-politics-kevin-kuhnert-student-angela-merkel-spd-grand-coalition
Certamente que os mais argutos dentre vós já perceberam a jogada.
Os militantes do SPD vão ter direito a show de violinos feministas para fazerem a "escolha certa" do ponto de vista do aparelho.
Por mim divirto-me e gozo que nem um cabinda com o espectáculo.
S.T.
O crepúsculo dos deuses?
ResponderEliminar"Où va la crise politique allemande ? Elle s’amplifie au sein du SPD et se creuse à la CDU. Les sondages d’opinion en rendent compte : le SPD continue à descendre à 16,5%, désormais à 1,5% de l’AfD, un écart à l’intérieur de la marge d’erreur. Le score de la CDU passe pour la première fois en dessous de la barre des 30%, à 29,5%."
https://www.pauljorion.com/blog/2018/02/13/allemagne-le-crepuscule-des-dieux-par-francois-leclerc/