quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Pragmatismo

A Direita sempre foi muito mais pragmática do que a Esquerda. Traça de forma clara os seus objectivos e actua em conformidade. De cada vez, encontra um valor moral para justificar o seu objectivo, mesmo que, no tempo, esses valores mudem para preservar o mesmo objectivo.

Um caso exemplar foi a posição do CDS em torno daquilo que apelidou de Geringonça. Ou melhor, um governo baseado num apoio parlamentar em que nenhum dos partidos apoiantes ganhara as eleições.

Paulo Portas foi o difusor dessa palavra, logo após as eleições de 2015, que pretendia ridicularizar a "manobra" feita através da criação de uma "frente dos perdedores", com partidos... de esquerda, aliás, das"esquerdas radicais". E fazendo-se esquecido que governos assim são prática corrente na Europa. 

Em finais de 2015, o discurso do CDS insistiu e repetiu que o governo do Partido Socialista era um governo com "um primeiro-ministro não eleito". Ver aqui, ao minuto 22. Telmo Correia, em nome do grupo parlamentar do CDS, encerra a 3/12/2015, o debate do programa do Governo, gerando um burburinho imenso. Disse ele, reagindo ao barulho: "Não é?". Mais burburinho. "Eu digo não eleito, porque o contrário de não eleito é eleito. É quem ganhou as eleições para primeiro-ministro. E esse chama-se Pedro Passos Coelho e está ali sentado. Pensei que não havia dúvidas sobre isso". Palmas do PSD e CDS.

Nuno Magalhães, na sua missão de assegurar a ponte entre o dirigente demissionário Paulo Portas e o seu substituto, não caiu nessa ideia. Mas Assunção Cristas, na sua primeira grande intervenção à frente do CDS, desde 14/1/2016, no encerramento na especialidade do OE para 2016, a 23/2/2016, frisou precisamente o facto do governo ser "minoritário, apoiado na união das esquerdas que não se sabe quem está com quem e em que momento. (...) Quem apoia e quem defende este Orçamento?" (ver aqui, aos 2h43m).

Verdade seja dita que o CDS, rapidamente, não alimentou o tema. E deixou o PSD a fazer o discurso amargo, ressabiado.

Mas espantosamente, passados dois anos de manutenção de um governo supostamente instável, o CDS parece ter ficado convencido e passou a apoiar a possibilidade de um acordo parlamentar de partidos que não ganharam as eleições que viabilize um governo... de Direita. Disse-o Assunção Cristas hoje: Como demonstraram as eleições de 2015,

“mais importante do que saber quem fica em primeiro lugar nas eleições, o que é importante é saber que partidos é que é que conseguem ter uma maioria parlamentar de, no mínimo, 116 deputados”.
É sempre salutar mudar de opinião. E passar a apoiar a importância de uma Geringonça de direita...

8 comentários:

  1. "A Direita sempre foi muito mais pragmática do que a Esquerda."


    O pragmatismo da direita advém da sua mentalidade primitiva e reaccionária, não é virtude é defeito!
    Pilhar, destruir, escravizar e matar é mais fácil que fazer o contrário.

    Construir uma sociedade que valha a pena para todos é uma tarefa árdua e tantas vezes pouco clara, a direita é piegas e preguiçosa não gosta de trabalhar, gosta que os outros façam o trabalho por ela para que depois possa pilhar, destruir, escravizar e matar...

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  2. Fica por dizer que o que é normal na Europa é que haja acordos de governo e não a palhaçada de acordos coxos e limitados à distribuição de benesses.
    Acresce que não foi anunciado nas eleições que a norma seria alterada.

    Detalhes inconvenientes para uma geringonçada desonesta e apalhaçada.

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  3. Geringonço,
    A «mentalidade primitiva e reacionária» é que tirou os teus parentes das árvores e te acompanhou até que um cretino qualquer inventou uma igualdade que haveria de deixar um qualquer paraíso para descer à terra pela mão de pastores/predadores.

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  4. Não é um mimo ver o esforço esforçado do jose no processo da venda ao diabo?

    E essa invocação "cretina" sobre cretinos com que anda sistematicamente na boca e que traduzem a sua frustração de não ter sido tão pronto e eficaz como Geringonço?

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  5. Percebe-se a frustração e a ira de jose.

    João Ramos de Almeida posta uma excelente posta em que duma assentada esvazia o argumentário duma direita trauliteira e rançosa.

    Também Geringonço faz um excelente resumo do que é a direita predadora e vampiresca.

    Isso deixa tão incomodado Jose que, sem se aperceber, confirma a idiotice da lengalenga persistente e senil dos inconsolados de Passos.

    É assim que, com a geringonça atravessada na garganta, fala em acordos coxos.

    Tudo o que não lhe obedeça ao seu posicionamento ideológico será coxo.

    E fala no "não anúncio" do acordo antes das eleições.

    Tudo o que não tenha o seu acordo, não pode ser acordado.

    O que o coitado esconde é que os ditos acordos coxos aí estão demonstrando que isto de profecias idiotas e coxas só mesmo com esses idiotas e com Jose que garantiam não durar nem 6 meses

    O que o coitado esconde é que o acordo entre o Passos e o Portas em 2011 (para a formação do governo) também não mereceu qualquer anúncio ou acordo pré-parto.


    (O que o coitado esconde é que não foi só João Ramos de Almeida a desmontar os argumentos desta direita pesporrenta e torpe. É que é a própria Cristas a contribuir para lhe pedir para se portar como um homenzinho e se deixar destas choraminguices desonestas e apalhaçadas)

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  6. Mais não restará então a Jose do que este confabular malcriado e grotesco.

    Porque a Geringonça ainda lhe está atravessada na garganta. Porque, filho dilecto do 24 de Abril, ainda não está familiarizado com os processos democráticos e as escolhas democráticas.

    E assim desta forma tosca e coxa mostra que a sua concepção de democracia se aproxima da de antanho.

    Como quando defendia o voto sob a batuta daquele pervertido do Salazar:

    A 08.05.2013 pelas 11:30:
    "O voto limitado aos/às chefes de família para as autarquias ainda hoje faria todo o sentido para acabar com os carnavais autárquicos!"

    "quem manda, quem manda, quem manda"? Era o pregão para o anúncio das benesses aos donos de Portugal

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  7. Disse José: (...) e não a palhaçada de acordos coxos e limitados à distribuição de benesses.»
    Será que percebi bem? Mas não se está a tentar recuperar (alguns e muito lentamente) rendimentos e direitos? Este governo não está a estragar parte do que o anterior vinha fazendo? Já não falo no que se preparava para fazer, caso continuasse no poleiro. Então, é que trabalhadores e reformados ficariam completamente lixados. Por exemplo: o corte de 600 milhões/ano nas pensões a pagamento; os cortes provisórios que seriam definitivos; o plafonamento das pensões; para já não falar naquele deputado cretino pela Guarda, do PSD, que dizia que a 'peste grisalha' estava a 'contaminar', a fazer 'apodrecer' a Pátria. Será que o homem tem pais e avós? E quanto à pilhagem das empresas públicas, muitas delas imprescindíveis ao desenvolvimento do país, foi um fartote. Tudo o que dava lucro, passou aos amigos do privado.

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  8. Distribuição de Benesses:

    Fundo de Resolução dá como perdidos os €4,9 mil milhões injectados no Novo Banco em 2014

    Como vai o fundo pagar o empréstimo do estado?

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