«A ver se nos entendendemos: toda a gente que conhecia a Raríssimas tinha a melhor opinião sobre o seu trabalho. As empresas que generosamente a patrocinavam (mais do que o Estado) e que estão a retirar os seus apoios, a anterior primeira-dama que lá levou a rainha de Espanha, Marcelo Rebelo de Sousa que lá foi, Vieira da Silva que aceitou o lugar de vice-presidente da Assembleia Geral, o deputado do PSD que tinha aceite integrar a vice-presidência da próxima direção, os serviços que decidiriam o financiamento (que corresponde a 25% dos recursos da Raríssimas, abaixo da média das IPSS, que andará pelos 50%). A não ser que se prove má-fé na ajuda que deram, a caça a quem ajudou uma IPSS que trabalha numa área tão difícil é absurda. Até porque a boa opinião que todos tinham do trabalho junto dos utentes dos serviços da Raríssimas não era injustificada. A instituição foi premiada em Portugal e no estrangeiro porque, ao que parece, faz mesmo um bom trabalho naquela área. Preocupa-me, aliás, a situação em que se encontra agora, pondo em risco as pessoas que dependem dela. Isso, por mais estranho que pareça, não é incompatível com uma presidente arrivista, abusadora e que maltrata o dinheiro que não é seu. As coisas na vida são mais contraditórias do que este tipo de polémicas faz pensar. O que revela muito sobre a fragilidade da nossa sociedade civil é sermos incapazes de fazer qualquer debate - incluíndo o do funcionamento do terceiro sector - sem que ele se transforme, mesmo quando isso é manifestamente forçado, num mero confronto partidário. Mas é natural. A maioria dos portugueses sabe o que são os partidos mas nunca meteu os pés numa associação. E essa anemia da nossa sociedade civil ajuda a explicar muito do que deveríamos estar discutir com este caso.»
Daniel Oliveira (facebook)
Enfim uma apreciação que atende ao essencial.
ResponderEliminarQuanto à hipótese de «uma presidente arrivista, abusadora e que maltrata o dinheiro» ela pressupõe um sistema permissivo que aceita o princípio que é preciso broas e aparato para sacar o 'guito' e recompensa generosa a quem orquestra o saque.
Nos partidos já conhecíamos o modelo, nas IPSS é a novidade.
Ora bem, uma voz com senso depois dos habituais preconceitos ideológicos e do apelo ao 'regresso do Estado' que, por acaso, neste matéria como em outras, nunca existiu. E o que essa tentativa revela é, além de preconceito ideológico, uma falta de sensibilidade à nossa cultura em que a prestação de serviços de carácter social sempre se apoiou em instituições do terceiro setor, a começar pelas Misericórdias. Para quem gosta tanto de puxar pelos pergaminhos nacionalistas, este 'one size fits all' é revelador. A identidade nacional só é boa se servir para promover um dado modelo ideológico. Estamos conversados...
ResponderEliminarA providência de serviços sociais tanto pode ser privada como pública, desde que a relação do Estado com os privados não seja de dependência total destes em relação ao primeiro e seja também transparente (coisa para a qual a anterior governação certamente não contribuiu). Como bem disse um dia José Miguel Júdice, é preciso libertar a sociedade civil do Estado e o Estado da sociedade civil...
Agora, a existência de instituições fortes da sociedade civil é absolutamente essencial para a Democracia, tal como o é um capitalismo independente do Estado e o são sindicatos fortes e ao serviço dos interesses dos seus associados e não de agendas ideológicas a cheirar a bafio...
Agenda ideológica a cheirar a bafio...
ResponderEliminarUma excelente definição da agenda de Jaime Santos?
O problema que envolve as "raríssimas" é um problema que toca questões éticas, sociais,políticas, ideológicas ( para além do incoerente "bafio". invocado por um desaustinado comentador) e legais.
ResponderEliminarE que, independentemente de outras abordagens, mereceu um post muito bom de João Rodrigues
Mas as pessoas que aí trabalham não podem ser alvo de todo um labéu que ofende a sua integridade ética e laboral.
Mas esclareçamos dois pontos prévios:
Não deixa de ser curioso ( para além do bafio ideológico citado) verificar o ódio sempre patente, sempre invocado a essa coisa de "partidos" por parte dum tal jose.
Esta excrescência anti-democrática da parte do dito sujeito coincide com o que se sabe dele. Saudades dum tempo em que Salazar só tolerava a UN. Ou do partido nazi que proibia os restantes. Mesmo de Franco que, como se sabe, veio de Marrocos para dar cabo da República espanhola e depois de quase um milhão de mortos, impôs a sua concepção de verdadeiro partido franquista.Um fulano , acho que era este mesmo jose, chegou a cantar odes ao"romantismo" dos gritos dos "viva la muerte" entoados pelos fdp dos fascistas abjectos
Ora é natural que jose tenha saudades desses tempos, que chore por eles, que se se lastime pela existência dessas coisas de partidos, fazendo aquela encenação própria dos fascismos da época, que negavam a existência de lutas de classes e que conclamavam o estado corporativo, acima de partidos e de classes.
Para este jose a Legião Portuguesa seria nalguma uma IPSS avant la garde já que promovia almoços de solidariedade para com os pobrezinhos lá da terra, terminando os repastos nos hinos apreciados, com a mão estendida e com a organização das tarefas mafiosas ao cair da noite. Lá o comandante das bestas ia ficando cada vez mais gordo e as pessoas interrogavam-se se aquilo era só gordura ou se por baixo da farda não estava o produto do saque tido como de direito próprio para os chefes de brigada.
Mas isso é um tema que jose sabe muito bem, olá se sabe.
Mas o conhecimento de jose finda-se com o 25 de Abril.
ResponderEliminarA sua particular irritação conta os partidos ( não se inibirá contudo de fazer propaganda pela direita e até confessar o seu voto nesse modelo de génio que é passos coelho) não lhe permite estar informado sobre algumas das verdadeiras virtudes dos seus modelos sociais.
As broas, as suas broas ( ah, esta linguagem tão característica nestes meios em que incensa o corruptor) parece que não eram conhecidas nas IPSS.
"é a novidade" dirá fazendo cara de admiração e de espanto
Coitado do jose. O 25 de Abril sonegou-lhe o direito às farsas da tropa fandanga dos legionários lá da terra. Mas não lhe permitiu estar a par das"novidades" de outras tropas mais actuais:
-O Ministério Público do Tribunal de Vagos juntou as peças e concluiu que havia matéria para acusar o presidente da Associação Boa-Hora, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS)...
-MP acusa dirigentes de IPSS de Famalicão de peculato e branqueamento...
-Em comunicado, a PJ adianta que, entre 2012 e 2016, no exercício de cargos dirigentes de uma IPSS na zona de Pêra desviaram 95 mil euros...
Três exemplos de rajada. Mas há uma infinidade deles. Que, realce-se, não permite generalizar de forma nenhuma a todas as IPSS
Um artigo recentíssimo da Sábado lembra alguns caos verdadeiramente escandalosos ( sim, já sabemos que são "novidade" para o jose):
ResponderEliminarO caso da Caritas em que, depois dum processo nebuloso com os bens testamentários de Cândida Rodrigues Dias, se detectaram indícios de irregularidades e consideraram que a Cáritas de Lisboa enganava o público por receber donativos que não canalizava, na totalidade, para a ajuda aos pobres. Esse parecer foi enviado a bispos e outras autoridades eclesiásticas.
O risco de um escândalo mediático e dos prejuízos que traria à Igreja foi usado nas trocas de argumentos com a hierarquia da Igreja. Numa carta em que apelavam a uma intervenção directa do cardeal patriarca neste caso, os representantes da testamenteira descreveram o que, na prática, está a acontecer agora: "Caso venha a ser necessária a intervenção judicial (com a inerente publicidade) para se apurar a verdade, (…) então este caso Cândida Rodrigues Dias redundará em grave escândalo, concernente a dinheiros da caridade, à guarda da Igreja, sentindo-se a comunidade ludibriada pela Igreja. Escândalo que, per se, causaria grande dano à Igreja-hierarquia e a muitos outros (em especial os pobres, vítimas do natural retraimento da generosidade alheia). Tudo aliás agravado por, caso a verdade seja a do parecer, ser patente o escondimento da verdade por parte da Igreja-hierarquia; e ainda tudo potenciado pelo ambiente de descrédito já gerado pelos escândalos da pedofilia."
Vários elementos sobre as finanças da Cáritas foram desvendados pela primeira vez na passada quinta-feira, dia 9, por José António Cerejo no jornal Público. A instituição tem 2,091 milhões de euros disponíveis em depósitos bancários, mais 321 mil euros investidos em obrigações; recebeu 325 mil euros de donativos particulares em 2014 (incluindo-se aqui 63.205 euros do peditório nacional, 45 mil euros do ofertório das missas, e 52.384 euros dos contribuintes que lhe doaram 0,5% do IRS); desses 325 mil euros de donativos apenas 147 mil euros terão sido gastos em ajuda aos pobres nesse ano; recebeu ainda 407.331 euros do Estado; e teve um resultado líquido de 119.360 euros.
Este lucro torna-se polémico, quando a própria instituição reconheceu, no seu relatório de actividades de 2013, com o País ainda sob o programa da troika, que as ajudas na área da medicação deveriam ser prestadas mensalmente ao longo do tempo "o que não é possível face ao número e valor dos pedidos apresentados". A resposta dada pela Cáritas de Lisboa a essa questão foi a necessidade de se precaver de um eventual agravamento da crise, face ao esperado aumento de pedidos dos pobres e a uma diminuição das doações."
As Instituições Particulares de Solidariedade Social, ou IPSS, formam um universo de milhares de entidades, a maioria de pequena dimensão. O número não tem parado de crescer: de menos de 1.500 em 1987, Portugal passou a ter mais de 4.000 no início da década. Esta expansão, incentivada pela política pública, manteve o domínio histórico destas instituições na acção social, que o sociólogo Pedro Adão e Silva classifica de "singularidade única" portuguesa no livro Cuidar do Futuro. São das IPSS muitas das creches do País, estabelecimentos do pré-escolar, lares de terceira idade e programas de assistência ao domicílio, utilizados por 535.035 pessoas em 2014, segundo números oficiais citados numa tese de mestrado no ISCTE, defendida por Cláudia Joaquim, pouco antes de integrar o actual Governo como secretária de Estado da Segurança Social.
ResponderEliminarO crescimento motivou um aumento contínuo do financiamento do Estado e dos particulares. Em 2015, entre verbas para acção social e doações de IRS a transferência foi recorde: perto de 1.500 milhões de euros. A fatia de leão diz respeito aos acordos de cooperação, que fixam os termos da parceria pública com estes privados. Nos últimos 10 anos, as verbas da Segurança Social transferidas ao abrigo destes acordos aumentaram 24%: de 1.090 milhões de euros, em 2006, para 1.350 milhões, em 2015, mostram as Contas da Segurança Social. Cerca de 90% deste valor é financiado pelo Orçamento do Estado.
A fiscalização do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social tem apenas 49 pessoas, que ainda assim encontram centenas de irregularidades todos os anos. O ministro Vieira da Silva admite à SÁBADO que gostaria de ter mais meios, mas considera que os que tem "não compromete[m] a actuação eficaz da fiscalização"
O então presidente da ADIB,Associação para o Desenvolvimento Integral de Barrosas, Augusto Faria, foi condenado pelo Tribunal Judicial da Comarca do Porto a um ano e oito meses de prisão, com pena suspensa. O tribunal deu como provado que o réu "subscreveu através de uma sociedade de mediação de seguros de que ele próprio era gerente, um seguro PPR, com um prémio no valor de 12.000 euros, em que ficou como tomador a IPSS, como pessoa segura ele próprio e como beneficiário ele próprio ou os seus herdeiros"; que retirou "50.000 euros de uma conta pertença da IPSS", constituindo um depósito a prazo em seu nome que usou como garantia de um empréstimo pessoal; e que retirou dinheiro do cofre da IPSS, doado por um benemérito, para pagar quotas de associados que lhe eram próximos, de forma a assegurar a sua própria reeleição.
ResponderEliminarFernando Vaz, seu substituto fala que "quem fiscaliza nem sempre tem formação para perceber se o que lhe surge como irregularidade pode ser crime"; "Há muito voluntarismo - eu também sou voluntário - e as pessoas foram criando a noção de que tinham determinados direitos. Com pouca fiscalização criou-se um sentimento de impunidade."
As tipologias de ilegalidades variam e há casos mais exóticos. Um deles, que abalou a imagem da Igreja há um ano, foi o do padre Arsénio Isidoro, que geria cinco Instituições Particulares de Solidariedade Social ao mesmo tempo que se deslocava em carros de luxo. Comprou um BMW em nome de uma IPSS e foi visto várias vezes num Porsche, que negou que fosse seu. Foi constituído arguido na Operação Veritas, executada pela PJ, pela "presumível prática de actos de gestão fraudulenta de entidades privadas com utilidade pública consubstanciados em apropriações indevidas para aquisição de bens de luxo". "Era uma coisa muito ostensiva. Comprava carros de luxo de alta gama, que depois vendeu porque terá sido avisado", disse na altura uma fonte da PJ
O padre Arsénio presidia à Casa do Gaiato em Loures, ao Centro Comunitário Paroquial da Ramada, ao Instituto da Sãozinha, em Alenquer, à Florinhas de Rua e à ONG Ligar à Vida, na Ilha do Príncipe, onde tinha um barco de recreio e tentou construir uma moradia num negócio ilegal, segundo denunciou a RTP. As cinco IPSS ficaram numa grave situação financeira, tendo acumulado dívidas em tribunal de pelo menos 800 mil euros, segundo uma contabilização feita na altura pelo Público
Pediu para deixar de ter cargos públicos e está num caminho penitencial", diz fonte do patriarcado, que tem acompanhado o caso.
Quem já foi abordado por pessoas a pedir dinheiro na rua para ajudar instituições de solidariedade poderá achar que são todos voluntários, certo? Errado. Há empresas de brindes que em tempos fizeram fortunas com o negócio da solidariedade. Uma antiga colaboradora de uma dessas empresas contou à SÁBADO que quando respondeu a um anúncio de emprego percebeu que ia trabalhar numa banca solidária a vender brindes, supostamente para ajudar causas sociais.
ResponderEliminarExemplo: uma casa de borracha por 5 euros para ajudar a Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas, instituída na sequência do desaparecimento de Rui Pedro em Março de 1998. Quem compra presume que é tudo para ajudar mas, na verdade, quem vendia um boneco recebia uma comissão de 1 euro e, nesse caso, a associação recebia também apenas 1 euro por cada boneco vendido. O resto era para a empresa que promovia o negócio. "As empresas usavam a imagem do desgraçado. Quanto mais desgraçadinha fosse a situação, melhor: mais ênfase dávamos para pedir dinheiro." Um dia quase andou aos empurrões com outra promotora no Centro Colombo, em Lisboa, para ver quem vendia mais - e estavam ambas a trabalhar na mesma banca."
O Cuco e a sua iliteracia...uma constante enjoativa.
ResponderEliminarApanhado nas malhas da sua ignorância jose reage desta forma pueril
ResponderEliminarInvocará novidades?
Ou só lhe sobra esta impotência tramada ,escondida agora atrás da sua iliteracia e do seu cuco familiar?
Ah, estas constantes enjoativas pelos tempos das botas cardadas e pelo silêncio das amadas censuras
Iliteracia? A que propósito no caso concreto? Não será um lapsus linguae pela própria iliteracia típica dum patronato medíocre e ignorante?
ResponderEliminarEnjoativo? A que propósito? Não serão os enjoos do Padre Arsénio a cumprir o caminho penitencial?
Anónimo, não podia estar mais de acordo. Esta gente gosta muito dos "pobrezinhos" para ter um entretém para as esposas terem alguma coisa para fazer na vida...como a faneca dá cavaca! Querem lá saber dde dar dignidade á vida das pessoas, quem é coitadinha para elas de vez em quando mandarem umas moedinhas para o ar e dizerem que se preocupam com eles. Como o outro e os seus colegas que chegam a ter uma igreja privada para rezarem e não serem incomodados pelos pobrezinhos e depois roubam aos milhões...pena tenho que eles não façam os que o um dos piores PM de Portugal disse...emitirem!
ResponderEliminarO Cuco atrai todo o imbecil a julgar-se capaz de formular uma opinião.
ResponderEliminarUm mau serviço ao LdB.
É mais uma apreciação do Daniel Oliveira ao caso da IPSS Raríssimas, que aprofunda as conclusões que expressara em artigo de opinião,publicado no Expresso,durante a semana e que,em resumo,exprimiam que a corrupção,o nepotismo e o abuso de posição dominante,não são exclusivos da classe política,ou do sistema partidário.Os últimos desenvolvimentos acabam de o provar e acrescentam o suporte para a conclusão que aqui aponta:a debilidade da sociedade civil,a dependência excessiva de eminencias de mérito duvidoso,de quem nunca suspeitou,a ausência do papel de controlo e fiscalização de toda a sociedade,com o Estado à cabeça,são a realidade triste de uma sociedade civil apática,permissiva e que se mantém em estado de negação, mesmo perante a evidência de despotismo e abuso.
ResponderEliminarPobre Jose
ResponderEliminarA que corda sensível ele se vai agarrar para mostrar o "bom serviço" que ele presta?
A que iliteracia se vai agarrar para esconder a ignorância cabotina sobre a realidade das IPSS?
Que "broas" vai citar para ocultar os verdadeiros repastos de que alguns se servem?
De que enjoozinhos se vai queixar para esconder o desatino bolorento dos seus pesadelos com cucos?
Esta classificação adjectiva de "imbecil", como o faz um tipo aí em cima, é uma marca qualquer do seu "processo educativo ". Processo esse também responsável pela iliteracia dum patronato as mais das vezes pesporrento.
ResponderEliminarMas confessemos que é feio.