sexta-feira, 10 de novembro de 2017
Atirar barro à muralha
Deixo-vos o meu artigo no Público de hoje, aproveitando para fazer ligações aos trabalhos aí referidos:
A propósito do recente congresso da organização partidária do sistema mundial com mais membros, o Partido Comunista Chinês (PCC), Jorge Almeida Fernandes garantiu-nos, no Público, que o pensamento de Confúcio “ocupou o vazio deixado pelo marxismo”, mas na página seguinte deste jornal Carlos Gaspar asseverava que “Xi Xiping não tem dúvidas em defender a identidade marxista do PCC” (Público, 24/10/2017). Não é só a sabedoria convencional ocidental a atirar barro à muralha que é a China. No próprio marxismo ocidental, com muito investimento intelectual e político na análise das dinâmicas das formações sociais, as divergências são igualmente significativas.
Por exemplo, o geógrafo David Harvey, um dos mais influentes historiadores do neoliberalismo, considera que as reformas iniciadas por Deng Xiaoping no final dos anos setenta originaram um “neoliberalismo com características chinesas”, ou seja, um Estado autoritário ao serviço de um processo de acumulação capitalista, inserindo firmemente os trabalhadores chineses nos circuitos globais de exploração. Harvey coloca este dirigente chinês ao lado de Thatcher ou de Reagan, todos de alguma forma politicamente responsáveis pelo desencadear da grande e perversa transformação do nosso tempo numa economia política internacional de onde desaparecia o socialismo.
Pelo contrário, Domenico Losurdo leva a sério o socialismo com características chinesas propagado pelo regime. Sem deixar de assinalar a questões do crescimento significativo das desigualdades sociais, as múltiplas questões ambientais ou o problema da corrupção, Losurdo faz o paralelismo entre Deng e Lenine no momento da Nova Política Económica (NEP) dos anos vinte, ambos reconhecendo o papel instrumental dos mercados no processo de desenvolvimento de uma base material mínima para o socialismo, num quadro que não pode deixar de ter elementos de capitalismo de Estado. Retomando algumas das pistas de economista mista da experiência comunista antes e imediatamente depois da fundação da República Popular, Deng teria sido o iniciador de reformas económicas pragmáticas, em contraste com as prescrições neoliberais do Consenso de Washington. Recusando romper simbolicamente com uma experiência maoista, que de resto não pode ser reduzida aos desastres do Grande Salto em Frente e da Revolução Cultural, Deng beneficiou do seu legado positivo, em termos de uma população relativamente saudável e educada, quando comparada com países como a Índia. Mantendo o controlo político nas mãos do PCC, a China pós-maoista teria também assim evitado a “katastroika” russa do final dos anos oitenta em diante, tornando-se um exemplo de desenvolvimento das forças produtivas, num contexto de satisfação das necessidades básicas da grande massa, de redução da pobreza material sem precedentes históricos e de convergência: a China é de longe a principal responsável pela redução recente das desigualdades internacionais, considerada a prazo o mais consequente freio e contrapeso ao imperialismo ocidental num mundo desta forma a caminho de ser genuinamente multipolar.
Em artigo recente, publicado no convencional Journal of Economic Perspectives, o economista sinólogo Barry Naughton, longe do quadro marxista, coloca ainda assim a pergunta: “É a China socialista?”. Por alguns critérios sim, por outros nem por isso. Naughton não deixa de notar como desde as reformas de Deng se deu um crescimento económico extraordinário, acompanhado por um controlo crescente por parte do Estado chinês dos fluxos de rendimentos gerados na economia pública e sobretudo na privada, parte de uma estratégia desenvolvimentista que não prescinde de instrumentos de planificação, beneficiando do controlo público dos activos estratégicos da economia.
Seja como for, e eu obviamente não sei como é, quando Xi Xiping vai a Davos defender a globalização, é possível assinalar que a China se insere estrategicamente neste processo. Assim, escolhe os fluxos a que se abre e a forma como o faz, de resto como qualquer país em ascensão ao longo da história contemporânea. Basta pensar que a China controla os fluxos de capital financeiro, molda os fluxos de investimento produtivo, no quadro de uma estratégia de convergência tecnológica, que de resto foi até há pouco relaxada em relação a direitos de propriedade intelectual, e maximiza os fluxos comerciais em função de vantagens competitivas que vai construindo, graças à mobilização de todos os instrumentos de política de desenvolvimento, incluindo cambial. Num tempo marcado pela financeirização do capitalismo global e pelas suas crises recorrentes, não deixa de ser sintomático que um dos polos de crescimento do sistema mundial tenha evitado até agora estas crises precisamente porque recusou essa forma de globalização, mantendo no essencial um sistema assente naquilo que os economistas neoliberais designam por repressão financeira.
E quem um dia haveria de dizer que por cá uma parte nada irrelevante dos sectores estratégicos nacionais e das elites nacionais que os gerem teriam de responder perante o Partido Comunista Chinês? Por exemplo, é este que, em última instância, controla a electricidade no nosso país, no contexto de uma estratégia de investimento internacional que não está desligada de considerações políticas. Entretanto, é preciso não esquecer que na China a eletricidade e a sua rede são propriedade pública, bem como a ultramoderna ferrovia sempre em expansão (uma rede de alta velocidade superior à do resto do mundo combinada), mais de três quartos da banca ou, já agora, a totalidade da terra, entregue por muito tempo a quem a trabalha ou a quem nela constrói.
No meio de tanta complexidade, será que poderá emergir, como já alguns anunciaram, um Consenso de Pequim? Se este assentar no respeito pela soberania de Estados apostados num desenvolvimento nos seus termos e participando num sistema internacional capaz de acomodar os interesses de sociedades que querem ser “moderadamente prósperas”, seria caso para dizer que se pode e deve aprender com alguns eixos da experiência chinesa. Para os que, como eu, acham que a democracia e as liberdades políticas são também meios e fins do desenvolvimento, é caso para dizer que esta aprendizagem tem limites. Nem papão, nem modelo, portanto.
China’s Economy Now, Its Growth and Global Impact [November 2017]
ResponderEliminarRichard D. Wolff
https://youtu.be/zPv8gpZSpqI
Esqueçamos os gloriosos ano da paranoia maoísta.
ResponderEliminarEm que é que um regime como o chinês se diferencia substancialmente na acção - ignorando o décor linguístico e algum colorido oriental - de um qualquer outro regime autoritário assim como o Estado Novo?
O Estado Fascista, vulgo estado novo de acordo com o décor linguístico e algum colorido do sujeito das 17 e 59 não tem mesmo nada a ver com o Estado Chinês, vulgo regime chinês, no mesmo registo do mesmo sujeito
ResponderEliminarA prova é que se assim fosse estaria ele com um pin da bandeira chinesa e a tentar fazer os mesmos trejeitos que faz em mandarin , tal como o faz em relação àquele canalha do Salazar.
Os exercícios às vezes dão nisto. Atira-se barro à muralha para ver se nos esquecemos quer do canalha referido quer dos engulhos atravessados
A única razão pela qual o José não anda com a bandeira chinesa é porque o vermelho lhe faz comichão. Tirando esse folclore a China é exatamente igual a qualquer ditadura neoliberal. O que faz impressão é certa esquerda enaltecer certas medidas chinesas que se fossem aplicadas cá por um Passos seriam imediatamente consideradas fascistas.
EliminarCusta ver um dos principais bastiões do neoliberalismo continuar a ser apresentado como um exemplo de "socialismo". O regime chinês não implodiu repentinamente o comunismo, como fez a Rússia com resultados dramáticos, manteve a ditadura do partido, mas agora comunista só no nome e procedeu ao desmantelamento gradual do socialismo.
EliminarMas o controlo do estado e a defesa dos interesses nacionais não provam nada de socialista, são apenas uma forma de neoliberalismo nacionalista, estatal e ditatorial. Vimos formas dessas na conversão ao liberalismo das economias japonesa e alemã no Séc.XIX e na conversão do Chile ao neoliberalismo com Pinochet.
Grosso modo é até o que Trump tenta fazer com o seu liberalismo nacionalista depois de o capitalismo americano ter sacrificado a própria América no açougue da globalização.
A economia chinesa pode enganar no sentido em que mantém sectores importantes nas mãos do estado - mas só se esquecermos que partiu de uma base totalmente estatizada e que a tendência de décadas é no sentido de privatizar cada vez mais e não o contrário.
Se o Salazar exigisse aos funcionários públicos e a participantes de organismos públicos a filiação na União Nacional também tinha produzido números de filiação interessantes.
ResponderEliminarE seguramente que entre o fascismo e o regime chinês há mais similitudes funcionais do que o que aquele teve com o regime do Estado Novo.
Jose está confuso.
ResponderEliminarO coitado que andou para aí a defender o romantismo dos viva la muerte, agora dá nisto
Dá em escamotear a natureza do seu estado novo e do canalha Salazar. Salazar seu amigo funcional e dos que grasnavam os seus românticos Viva la muerte.
Salazar tido com sério e impoluto, mas que afinal patrocinava chás de caridade para os fascistas e falangistas espanhóis. Para os armar e alimentar. Para que varressem as praças espanholas da saraivada de balas a soldo dos crápulas dos fascistas.
Colectava fundos para o crime. Colectava fundos aos DDT , servindo-os depois das prebendas por todos conhecidos. Eles eram afinal os Donos de Portugal
Quanto aos participantes de organismos públicos mais a sua filiação na União Nacional não se sabe o que admirar mais:
ResponderEliminar-Se esta linguagem manhosa de alguém que não se assume, e que diz estas coisas: "participantes em organismos públicos"
-Se a lástima armado em coitadinho por Salazar não ter tido tal ideia, fazendo crescer a banditagem infecta
-Se o desnorte causado pela inveja da organização partidária do sistema mundial com mais membros que o leva a dizer barbaridades sobre a obrigatoriedade na participação do Partido comunista chinês
Se as saudades pelos tempos heróicos da canalha infecta em que:
"Para a admissão a concurso, nomeação efectiva ou interina, assalariamento, recondução, promoção ou acesso, comissão de serviço, concessão de diuturnidades e transferência voluntária, em relação aos lugares do Estado e serviços autónomos, bem como dos corpos e corporações administrativos, escolas que preparam exclusivamente para o funcionalismo, ao estágio pedagógico de qualquer espécie ou grau de ensino, a Exames de Estado e a alvará ou diploma de ensino particular, bem como dos leitores de português no estrangeiro, bolseiros e equiparados, e dos representantes oficiais de Portugal em quaisquer missões, congressos ou competições internacionais, os governadores, vice-governadores e membros dos conselhos de administração e fiscal dos bancos emissores, bem como das empresas concessionárias dos serviços públicos é exigido o seguinte documento, com assinatura reconhecida:
'Declaro por minha honra que estou integrado na ordem social estabelecida pela Constituição Política de 1933 com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas.'"
À atenção do das 15:23.
ResponderEliminarTalvez não lhe tenha ocorrido pensar de que Salazar, tal como o PC chinês, não acreditava na Democracia.
Todavia, diferentemente do Governo chinês que faz passar os seus quadros e colaboradores pelo crivo do PCC, Salazar só requeria que 'por sua honra' lhe garantissem que acatavam a Constituição, não agindo como esquerdalhos ou agentes soviéticos, não os obrigando a declararem-se militantes da sua ideologia.
Fique pois claro que Salazar era bem mais democrático que o poder chinês.
Não sei o bastante para dar plena garantia, mas julgo ser seguro afirmar que também seria menos neoliberal, essa coisa que ouço referida como uma maldição.
Mas que aldrabão saiu o pobre coitado que anda por aqui a defender aquele perverso e abjecto Salazar
ResponderEliminarTalvez não lhe tenha ocorrido pensar?
Mas os dislates dum saudosista do canalha dão que pensar?
Este sujeito começa por dizer que um regime como o chinês não se diferencia substancialmente de um qualquer outro regime autoritário assim como o Estado Novo.
Desmascarado mais as suas tentativas de absolver a canalha infecta, recua, tenta corrigir o tiro e diz que afinal não é com o Estado Novo as parecenças.
Volta agora a citar o facínora para tentar dar a bênção ao fdp do ditador, tentando esconder o nojo da praxis e da teoria fascista.
E veja-se lá, num desespero tão idiota como significativo, tenta argumentar que bastava jurar fidelidade à constituição fascista ( mas este tipo pensa que somos parvos?)
Curiosa essa defesa aí em cima de Salazar.
ResponderEliminarCuriosa porque revela muito mais do que se quer mostrar. Para lá dum desconcertante ( ou talvez não ) desdizer o que se disse, atente-se que para o viúvo de salazar o documento, com assinatura reconhecida para aquele ror de situações é apenas um pequeno pormenor.
Assim se olvidam os muito milhares de funcionários públicos despedidos com base naquele "por sua honra". Despedidos e muitos deles condenados à miséria, à emigração ( o tal Passos Coelho teve bons professores), à ignomínia e à perseguição. Salazar era assim. O sofrimento alheio cabia numa missa rezada a sós com Cerejeira e era sistematizado nas reuniões semanais com a Pide.
Salazar sabia bem o que fazia. Quando convocava os grandes banqueiros para lhes fazer peditórios para alimentar a máquina de guerra fascista em Espanha, vendia-se como um prostituto ao poder económico para assegurar a sobrevivência do seu regime. Não se importava com os efeitos colaterais nem com as vítimas da barbárie franquista.
O documento, com assinatura reconhecida, rezava assim:
ResponderEliminar'Declaro por minha honra que estou integrado na ordem social estabelecida pela Constituição Política de 1933 com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas.'"
Vejamos o que o sujeito das 00:07 diz e o que não diz sobre tal documento. É isto também que revela pulsares desconhecidos ( ou talvez não ) e conivências adivinhadas.
O que diz o fulano das 00:07? "Salazar só requeria que 'por sua honra' lhe garantissem que acatavam a Constituição.
Tão simples não é? Mas qual constituição? A de 1933 ( "esqueceu-se") . A fascista. Saída e parida por.
Mas o juramento ia mais longe: "com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas."
Como se sabe salazar delimitava bem o inimigo. Mas para salazar o comunismo também servia de capa a muito mais coisas.Cumpria a preceito o "quem não é por mim é contra mim" . Tudo o que lhe assombrasse os planos era "comunista". Ou tinha "ideias subversivas".
Estava aberto o estendal para caber tudo o que a canalha infecta quisesse.
Curiosamente , muito curiosamente veja-se como o das 00: 07 interpreta e adere ao preceito salazarista do juramento "por sua honra". Para o dito sujeito ( jose, ou JgMenos) era necessário assegurar que não agissem "como esquerdalhos ou agentes soviéticos".
Repare-se na adesão ( por descuido?) a tão nobres princípios. Quase que se adivinha o sujeito em causa a aplaudir histericamente a medida fascista e a justificá-la como medida profiláctica contra "esquerdalhos ou agentes soviéticos"
Hoje a palavra "esquerdalho " pertence ao seu léxico. Vem do tempo em que admirava salazar e as suas pulhices? Ou apenas é a pequena mágoa de tal palavra não merecer o devido lugar no infame juramento?
E adivinha-se mais uma coisa. Adivinha-se uma carreira perdida,uma frustração patente. Pela perda de um lugarzito como acusador nos tribunais plenários em que, também irado e raivoso consideraria que o réu era comunista ou tinha ideias subversivas. Encorajado pela presença de juízes vendidos e de pides torturadores, diria depois duma forma taxativa que afinal se tratava de impedir a acção de um "esquerdalho ou agente soviético"
Por essas e por outras é que o 25 de Abril o deixou num estado lastimável
Só um idiota não vê que só «com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas»
ResponderEliminarse respeitava a Constituição.
Perfeitamente comparável com o repúdio do fascismo pela actual Constituição.
Os falsos democratas sempre se equiparam.
"Só um idiota" dirá jose, perfeitamente esbaforido e irritado por ter sido apanhado com as calças na mão.
ResponderEliminarAinda para mais tendo na mesma onda sido identificada a verdadeira natureza do eufemisticamente designado Estado Novo. Bem como o perfil daquele facínora promotor de fundos para a canalha assassina das bestas franquistas a quem chamavam de Botas.
Não se percebe (ou talvez sim , talvez sim) entretanto o seu silêncio sobre o desdizer-se de um comentário para outro, o seu mutismo sobre os muitos milhares de sacrificados gerados pelo juramento fascista e a sua cumplicidade quase que justificativa perante um tipo como salazar em que "o sofrimento alheio cabia numa missa rezada a sós com Cerejeira e era sistematizado nas reuniões semanais com a Pide".
Há coisas que no entanto mostram que isso do "só um idiota" reflete um estado mental correspondente a alguém que ainda não se apercebeu do seu estado. A vontade (inconsciente?) de projectar em outrém o que se nega a reconhecer em si.
ResponderEliminarOra vejamos:
O que diz este tipo?
- "não vê que "só «com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas» se respeitava a Constituição."
Não. A questão está mal colocada. O juramento da vergonha começava assim: "'Declaro por minha honra que estou integrado na ordem social estabelecida pela Constituição Política de 1933"
Estar integrado na ordem social do "estado novo", governado por fascistas e afins. Este era o primeiro passo para.
Mas não contente com tal, Salazar foi mais especifico, mais acertivo, mais canalha, evidenciando qual era o seu principal inimigo. Mas não só.
O juramento ia de facto mais longe: "com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas."
Pelo que se repete para ver se é desta:
"Como se sabe salazar delimitava bem o inimigo. Mas para salazar o comunismo também servia de capa a muito mais coisas.Cumpria a preceito o "quem não é por mim é contra mim" . Tudo o que lhe assombrasse os planos era "comunista". Ou tinha "ideias subversivas.
Estava aberto o estendal para caber tudo o que a canalha infecta quisesse".
O que diz agora o mesmo tipo, numa tentativa de esconder o denunciado e de fazer papel de "tolinho" para chutar a bola para canto?
"Só um idiota não vê que só «com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas» se respeitava a Constituição".
Ora bem. Não eram só com estas boçalidades fascistas que se respeitava a constituição. Também se respeitava a constituição se se dissesse que se tinha que preservar a Nação Portuguesa "do Minho a Timor". Ou que se respeitava a Câmara Corporativa.Ou outra qualquer idiotia particular da dita constituição.
Foi claramente propositado, provavelmente saído da própria cabeça de salazar, que as palavras citadas entraram especificamente no juramento em causa.
É também esta tentativa de deturpar o que foi dito e de esconder a qualidade do vómito salazarista que também não passa.
Mas há outra coisa que não passa.
ResponderEliminarÉ este choro hipócrita e comprometido a lastimar-se pelo "repúdio do fascismo pela actual Constituição".
Percebe-se que isto perturbe Jose. Percebe-se que também seja por isso que o 25 de Abril o tenha deixado num estado lastimável.
Mas infelizmente para jose, o mundo aberto pela Revolução de Abril expressou na sua Constituição o repúdio pela barbárie fascista e racista. "Não são consentidas associações nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista".
Tentou-se fechar a porta à serpente.Proibiu-se quem durante 48 anos foi responsável pela miséria, decadência, opróbrio, roubo, perda da democracia, censura, prisão, tortura, assassínio como formas de política de Estado.
Proibiram-se organizações racistas, esse escarro da humanidade.
Proibiram-se organizações de quem esteve na génese do mandar para África matar e morrer, responsáveis por tanto sofrimento e sangue de inocentes.
Percebe-se que jose tenha pena.
Mas era mesmo o que faltava que o monstro derrotado ao fim de 48 anos e que aguilhoava, oprimia e violentava o povo português, voltasse a levantar a cabeça para recomeçar o seu macabro festim.
Lembram-se do que aconteceu quando os franquistas resolveram tomar de assalto a República Espanhola (com o apoio de Salazar) e de pata erguida, de metralhadora em punho, pela calada da noite e ao sol cru das terras de Espanha espalharam a morte e o terror, com execuções sumárias e continuadas que persistiram quase 30 anos após o final da guerra civil?