sábado, 14 de outubro de 2017

Soberania, democracia e internacionalismo


A luta da região da Catalunha pelo direito à expressão da sua vontade política, quanto à integração no Estado espanhol, suscitou debates que estiveram ausentes aquando do referendo na Escócia. Tornou-se evidente que muita gente da esquerda tem ideias pouco fundamentadas sobre os conceitos de soberania, democracia, legitimidade e legalidade. Ainda por cima, os medos intrometem-se na análise, sendo frequente a conotação (às vezes vagamente implícita) entre soberanismo e nacionalismo xenófobo e belicoso.

Sobre isto, aqui deixo um breve excerto da minha intervenção no 1º Encontro Nacional da DS - Democracia Solidária, realizado no passado fim-de-semana. O título da intervenção era 'O Euro e a UE - táctica e estratégia da esquerda'.

26 comentários:

  1. Estou totalmente de acordo na dicotomia criada (com que propósitos?)sub-liminarmente entre soberania e nacionalismo alimentando erroneamente essa ideia estapafúrdia de confundir ambos conceitos numa esquerda que nunca entendeu, por ex., a convergência de acção do PCP entre os seus princípios de defesa da soberania nacional quando o próprio é um partido internacionalista.

    Ora bem, pegando exactamente no exemplo do PCP, vislumbro esta Espanha de sub-nações ataviada por uma monarquia constituinte "simbólica" como algo contranatura pois, como disse e bem, a democracia é condicionada pelos ditames do povo em que nela vive e se o povo de uma sub-nação de um estado acredita que não se reconhece perante as directivas constituintes (monarquia vs republica) do mesmo deva ter opção de escolha nos moldes democráticos de que dispõem e ou deverá dispor por força da aplicação soberana limitada pelo estado que a sua condição autónoma oferece.


    Tem-me feito alguma espécie até como a esquerda nacional se tem arredado e ou sendo conivente, como se com medo de "supostas" represálias a posteriori com um cobarde encolher de ombros ao estilo de - não é nada connosco!, perante a luta de uma sub-nação Espanhola em aspirar seguir um caminho republicano por não se rever nos moldes monárquicos do estado dominante.

    A celebração do nosso 5 de Outubro também é isso, celebrar o dia em que em Portugal a democracia passou a pertencer ao povo sobre o qual passou a cair a responsabilidade de ESCOLHA dos seus «inter pares» mais bem preparados para os representar passando de um regime dinástico e ou hereditário para um outro eleitoralista e ou democrático.

    Com esta ausência de solidariedade, a Esquerda nacional e Europeia acabou de fazer prova provada do grande porquê do avanço viral das extremas direitas na Europa que viram neste emburguesamento das esquerdas como o nicho perfeito para germinar os seus intentos e com isso aprofundar essa crise de valores ideológicos que tão bem questionou no inicio da sua intervenção.

    Há muito que afirmo que temos uma Esquerda Dextra e o tempo tem me feito a vontade, infelizmente.

    A.R.A

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  2. Pela parte que me toca, e por mim falando exclusivamente, não há nenhuma "conotação entre soberanismo e nacionalismo xenófobo e belicoso" e muito menos a faço de forma "vagamente implícita"
    O que eu explicitamente denuncio e aqui explicitamente sempre denunciei, alto e bom som, é o caráter racista, xenófobo, exclusivista, manipulador e profundamente desonesto do hodierno secessionismo catalão.
    Por outro lado, não deixa de ser extraordinário ver alguém de esquerda fazer reparos a uma certa esquerda que não embarca no geral aplauso ao "Procés" secessionista catalão que junta, numa colorida e ideologicamente coerente turbamulta, o Governo de direita da Generalitat e as esquerdas altamente pró-sistema da ERC e da CUP mais esses baluartes da luta de classes que são a Omnium e a ANC.
    Quem, sendo de esquerda, critica certos iludidos comportamentos de gente de esquerda, não é de esquerda; quem, aqui ou na Catalunha, sendo (ou dizendo-se) de esquerda, se alia à direita mais reacionária no levar por diante de um projeto que - e insisto - tem uma matriz racista e xenófoba, é verdadeira e lucidamente de esquerda. Pois... Será a novel "pós-verdade" a fazer das suas?
    O mais triste disto tudo é que o debate que ora aqui se faz leva anos a ser feito em Espanha. Não faltam exemplos gravados e filmados de gente ligada, direta ou indiretamente, à ERC, à CUP e a esses génios que são os senhores Carlos Pujol, Artur Mas e Carles Puigdemont a mostrar as suas verdadeiras cores nada racistas, nada xenófobas e muito inclusivas, pelo que me pergunto qual ser a razão de gente de esquerda continuar a ombrear com tal conjunto de trastes racistas e xenófobos.
    Mistério... ou, certamente, a cegueira de quem, como eu, ainda não foi iniciado nos segredos das afinidades eletivas da hodierna esquerda a valer....

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  3. E não tendo eu sido iniciado nos mistérios das afinidades eletivas dessa hodierna esquerda a valer, não deixo de maravilhar-me com a evolução da marcha desse mui marxista (na vertente "Irmãos" e não na vertente "Karl", precisemos) secessionismo catalão.
    O último coelho a sair da cartola dos cantores do "Els Segadors" foi uma bem achada aproximação à "independência"... do Kosovo.
    De justiça será afirmar que, mentindo com quantos dentes têm na boca (tenho-me estarrecido com as imagens da Barcelona em ruínas e pasto das chamas, após intenso bombardeamento das Forças Armadas Espanholas, e empolgado com os atos de heroica resistência às hordas invasoras por parte dos "Mossos de Esquadra"...), involuntariamente alguma verdade dizem os secessionistas catalães, embora essa verdade lhes não seja propriamente beneficiosa. Concretizemos.
    O Kosovo tornou-se "independente" dez anos após a cessação das hostilidades entre o Estado Sérvio e a boa rapaziada do UÇK e o fim dos humanitários bombardeamentos a rádios, televisões, pontes, estações de distribuição de água e de eletricidade e à Embaixada Chinesa de Belgrado. No seguimento dessa "independência", toda ela cavada de um inexistente - mas muitíssimo difundido e sólido como o bronze - genocídio, os EUA instalaram no Kosovo a maior base que têm no continente europeu, a de "Bondsteel". Estávamos nós nos primeiros passos da hoje robustíssima e generalizada "pós-verdade" e no dealbar das afinidades eletivas de certa esquerda pelo ressuscitado fervor nacionalista europeu.
    Mas há algo que, realmente, aproxima os Albaneses do Kosovo dos inflamados secessionistas catalães: o enquistamento identitário - supremacista, xenófobo e exclusivista, não me canso de dizer - sabiamente semeado e mimosamente criado por um sistema de ensino deixado exclusivamente nas mãos de uma clique separatista que teve a vontade e o engenho para criar uma paródia de História nacional - cheia de omissões, falseamentos, mistificações e puras invenções - onde não cabia o outro.
    Escusado será lembrar aos meus caríssimos correligionários da esquerda à séria o final resultado da "independência kosovar": uma real limpeza étnica com Sérvios, Ciganos e outras minorias (ou seja, de todos os que Albaneses não fossem e Albanês não falassem) a serem expulsos das suas casas e das suas terras e a incineração dos mosteiros ortodoxos, bem como a transformação do "Kosovo Independente" numa república mafiosa, eixo giratório de todos os tráficos e terra refém de medievais e bárbaros costumes.
    Aprender algo com a História? Quem precisa hoje de História quando nos podemos aninhar no elástico e muito plástico regaço da "pós-verdade"?

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  4. É curiosa a linguagem do Jorge Bateira sobre as supostas 'ideias pouco fundamentadas' de muita gente de Esquerda. Presumo que são, naturalmente, aqueles que discordam de si. Eu, por acaso, também defendo a possibilidade de os catalães (e os bascos, e os galegos) se exprimirem sobre o seu futuro dentro da Espanha ou fora dela. Mas, enquanto não compreender o facto básico de que aqueles que discordam de si não estão necessariamente enganados ou são intelectualmente desonestos, ou pior, são de Direita, não me parece que as suas iniciativas estejam votadas a grande sucesso. Não é com vinagre (leia-se pesporrência) que se apanham moscas. Sucede, muito simplesmente, Jorge Bateira, que pessoas diferentes têm preferências distintas relativamente ao que é mais importante e que isso é determinado por muitas coisas, situação social, crenças religiosas, educação, etc. E não há nada de errado nisto. Os seres humanos não pensam todos da mesma maneira... Não há nenhuma receita única para a felicidade. Felizmente...

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  5. A História sendo uma ciência subjectiva dá-nos muitos e variados exemplos, basta escolher o melhor que nos aprouver para assentar arreais e dissertar a partir desse ponto a ideia que queremos explorar exemplificando-a pois se alguns se justificam com um Kosovo é porque lhes seria impossível explanar o seu coerente discurso com o caso recente da Escócia.

    Mas todas essas "nuances" congeminadas pelo legitimo receio de muitos (que as defendem o melhor que sabem e podem) são para mim (e sublinho o pronome pessoal) elementos acessórios que perdem perante um quadro geral que se pensa democrático: Referendar a monarquia Espanhola versus uma republica.

    Este é o grande busílis da questão que tudo muda e tudo altera sendo plausível registar a renitência do conservadorismo vigente fazendo uso (fruto) de todos os meios de que dispõem para travar a mudança, no inverso, é no mínimo estranho tal apego à conformidade por parte das forças progressistas que se escusam em ser solidárias perante tais anseios republicanos.

    Portanto, não creio que haja alguém que é mais ou menos de esquerda por alinhar com o pensamento de que "A ambição cerra o coração" abarcando em si todos os porquês de criar instabilidade em tempos de recuperação assim tal como o de achar um contra censo o apoio a normativa vigente de uma monarquia constituinte perante o cenário de um possível nado republicano em terras D´El Rei quando falamos apenas e só de uma possibilidade posta a referendo em que seria o povo a ter a ultima palavra que, ao que parece, preferiria a manter tudo na mesma. Mas sem duvida alguma que se não forem as forças de esquerda que, mais não seja pelo seu ideal histórico, a abraçar em si a ideia republicana não será de certeza a direita actual populista a defender tal referendo e é este o ponto sobre o qual o autor incide o seu artigo de opinião, creio eu ?

    Mas a postura da tal monarquia ao vetar tal entendimento (o que não é surpresa alguma senão não se tinha precavido com o Art. 155) demonstra que retirando todos os floreados de Beethoven e o seu hino há, sem duvida, algo podre no reino de ... Espanha.

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  6. "Progressismo" de mão dada com a direita corrupta, supremacista, racista e xenófoba secessionista catalã? Não, obrigado.
    E nada de confundir as coisas levando-as para o campo do titânico embate entre Monarquia Espanhola/República Catalã, pois esse argumento cai, automaticamente, pela base: acaso fosse Espanha uma República, o comportamento ilegal e antidemocrático dos independentistas catalães seria diferente daquele que tem sido até agora? Não me parece... E, se dúvidas houvesse, é bom que recorramos à História (a real e não aquela coleção de dislates ensinada nas escolas da Catalunha)e olhemos o fidelíssimo e legalíssimo golpe de estado de 1934 feito por Lluís Companys à... República Espanhola.
    Uma pergunta eu faço: ainda se não aperceberam os meus caros correligionários de esquerda do monumental erro que foi ombrearem com o incrível lixo supremacista que constitui hoje o secessionismo catalão? Não? Pois parece-me que precisam de mais umas enérgicas indecisões entre o "foi" e o "não foi" do Sr. Puidgmont e respetiva pandilha xenófoba para começarem a abrir os olhos. Oxalá os não abram tarde de mais, esse é o meu sincero desejo.

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  7. Acresce que "o exemplo do Kosovo" foi trazido à colação pelos... independentistas catalães (é só compulsar a imprensa nacional espanhola para o confirmar).Por que razão não brandiram os secessionistas catalães o exemplo escocês (erradamente brandido, diga-se)em prol da sua causa, isso há que a eles perguntar.
    Kosovo ou Escócia podem ser, ao gosto de cada um (se for ferrenho adepto da independência catalã), exemplos a invocar, mas - para mim que o não sou e na minha humilde opinião - ele há um terceiro exemplo que, a continuar a sandice independentista no rumo que toma, se aplicará com mais propriedade à futura (veremos...) República Independente Catalã: o Sudão do Sul.
    É certo que faltam ao Sr. Puigdmont patronos de peso (os incontornáveis EUA) e um padrinho a condizer (George Clooney, onde estás tu?), mas não lhe faltará, num futuro próximo (que eu, sinceramente, espero nunca vir a acontecer), quem se não reveja no seu feudo independente e, contente não estando com tanto e tão assanhado catalanismo, exija, por sua vez, a independência... da independente Catalunha.
    Aí chegados (e espero que os nossos irmãos espanhóis aí não cheguem), rebolar-me-ei a rir ao ver e ouvir o Sr. Carles mais a sua descerebrada pandilha verdadeiramente de esquerda da ERC e da CUP a clamarem pelo cumprimento da "legalidade" da republicana Constituição Catalã e a implorarem aos "Mossos de esquadra" que tratem, à base de carinhosos beijinhos e abraços, dos "secessionistas dentro da secessão".
    Será toda esta minha visão fruto de um atávico "conservadorismo" meu? É provável. Eu invariavelmente tendo para um atávico conservadorismo quando desconfio que se destruirá algo para no seu lugar pôr algo bastante pior.
    Mais uma vez pergunto: quem precisa hoje da História quando nos podemos aninhar no elástico e muito plástico regaço da "pós-verdade"?

    PS- Mais uma achega para a compreensão do "progressismo" catalão: corre nos "mentideiros" de "nuestros hermanos" que o Sr. Carles Puigdemont colocou a sua mulher e filha a bom recato, bem longe da Catalunha e da própria Espanha. Ah, valente!!! Para dar o corpo ao 155 estão lá as mulheres, os maridos e os filhos e filhas dos outros... De esquerda a valer...

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  8. "E nada de confundir as coisas levando-as para o campo do titânico embate entre Monarquia Espanhola/República Catalã,"

    Mas foi sempre exactamente esse O cerne da questão!

    A Catalunha é apenas a face mediática da falência da monarquia constituinte espanhola pois pensarmos a Catalunha como sendo um problema endémico é e sempre foi um erro crasso ou não fosse a insistência do PP espanhol na pessoa do Rajoy em ver esclarecida a tal declaração "simbólica" afim de se justificar publicamente dos meios que irá utilizar para levar a cabo a vindoura (ainda mais) firme iniciativa repressiva para que tal afronta ao "establishment" real espanhol não se torne viral e, ao que tudo indica, vai mesmo ser levada a cabo o fim da autonomia catalã como exemplo a futuros anseios republicanos e assim extremando a questão do lado do governo que nunca teve outra intenção e que, se calhar, irá alargar o seu raio de acção com a "remodelação" das restantes autonomias... para bem da nação ... deles, claro está!
    ou por lá não andassem já os "joviais" cabeças rapadas a "relembrar" ao mais distraído dos catalães que o chão que pisa é espanha.

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  9. Foi, foi sempre esse "o cerne da questão". Foi até esse o "cerne da questão" quando Lluís Companys deu um traiçoeiro golpe de estado à... República Espanhola, em 1934.
    Se Espanha fosse uma república, a inacreditável pandilha independentista catalã - supremacista, racista e xenófoba - reclamar-se-ia monárquica. O problema dessa gente não é a monarquia; o problema dessa gente é a sua incapacidade de viverem com o Outro, incapacidade essa arduamente construída à base de falsidades, mentiras, distorções da História e, acima de tudo, muito ódio.
    Não deixa de ser estranhamente temerário dizer que meia dúzia de mentecaptos "skin heads" falam por toda a Espanha. Assim sendo, teremos que chegar à conclusão que a Espanha que lutou contra a agressão fascista, a Espanha da República democrática defendida por espanhóis socialistas, comunistas e democratas de todos os matizes, todos eles republicanos, nunca existiu. O que existiu foi, na peculiar visão da História que se ensina na Catalunha, uma agressão da Espanha fascista à garbosa e mui guerreira República catalã. Todos os Espanhóis foram e são fascistas; todos os Catalães foram, são e para sempre serão democratas... Racismo? Supremacismo? Não, meus amigos, é só o velho nacionalismo bafiento de raiz carlista cavalgando a pós-verdade vestido com as suas brilhantes roupagens "de esquerda" da ERC, da CUP e com um chapeuzinho catalão gentilmente cedido por essa nulidade que dá pelo nome de Pablo Iglésias.
    Para cúmulo, afirma-se hoje (é necessário apontar quem afirma, para que, em próximas eleições, os nossos amigos espanhóis possam premiar tanta falta de vergonha) que "libertem os presos políticos". Embora estando há muito mortos, todos os "passeados" do Franquismo, todos os fuzilados de Badajoz, todas as vítimas da Coluna da Morte, todas as jovens mães retiradas da prisão para serem fuziladas, todos os torturados e todos os desaparecidos da ditadura espanhola gritam do fundo das suas tumbas o seu imenso nojo por quem, assim, faz tábua rasa do seu sacrifício pela Liberdade e pela República. Que tristeza.

    PS- Palavras para quê? Vejam os meus caros correligionários de esquerda o vídeo "Help Catalonia.Save Europe" que corre no Youtube. Um mimo todo ele desenhado num pretérito vídeo do "EuroMaidan" por essa progressista organização que é a Òmnium Cultural de um dos Jordis. Depois da analogia "kosovar", tomem lá com o símile ucraniano do golpe de estado dos netinhos de Stepan Bandera. E esse, o libertário golpe de estado ucraniano, como sabemos, nada teve a ver com neonazis ou com neofascistas... "Fascismo" é na Espanha de hoje, pois claro...

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  10. Então perante tudo o que tem acontecido, que acontece e que está para acontecer é melhor deixar tudo na mesma para que, na paz do Sr. Popular proto-fascista e da realeza proto-absolutista, toda e qualquer manobra de mudança que vise uma espanha republicana e ou dividida por estados federais seja silenciada a qualquer custo.

    E quanto a nós, Portugueses, deve-mo-nos abster do assunto pois aos espanhois o que é dos espanhois e se alguma justiça se poderia fazer com a História, aquando do colaboracionismo salazarento com a prisão dos republicanos em campos de concentração criados em Portugal (ex. Barrancos) para oferecerem "guarita" aos que fugiam dos "afectos" de Franco para depois de se servirem da nossa mui conhecida "hospitalidade" serem recambiados via comboio para receberem o "perdão" de Franco na testa mal pisavam solo espanhol, o que fez a opinião publica nacional? Absteve-se e ou seguiu pela via mais fácil do lava mãos ao estilo da outra Sra. que escreve livros a começarem com um "E foi assim".

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  11. Não, melhor seria arejar os espíritos e não fazer tremer os alicerces da realidade com atribuições tremendistas de "proto-fascista" (a Mariano Rajoy) e de "proto-absolutista (a Filipe VI). "Proto-libertários" serão, sem dúvida alguma, aqueles que apontam a dedo e ostracizam os filhos dos guardas civis que frequentam colégios na Catalunha, que chamam "puta" a uma criancinha que teve a desdita de os pais lhe vestirem uma t-shirt da seleção espanhola e a levarem a passear pelas ruas de Barcelona e que apodam de "facha" todo aquele que - sendo catalão e espanhol de esquerda, do centro ou de direita - não comunga do seu fanatismo sectário e primarismo tribal. Assim sendo, essa novíssima esquerda cevada no ódio supremacista e no racismo identitário consegue fazer de todo o espectro político espanhol - de Mariano Rajoy a Júlio Anguita, do PP ao "Ciudadanos" e passando pelo muitíssimo falangista PSOE - um homogéneo conjunto de "fachas" e, logo, nele vê um sólido bloco de saudosistas do Franquismo. Só um detalhe se lhes escapa: o único "Generalíssimo" que está hoje preso no seu labirinto é o Sr. Carles Puigdemont que tem a acompanhá-lo o seu ajudante-de-campo Oriol Junqueras e a sua tropa fandanga do PDCAT, da ANC, da Òmnium, da ERC e os facho-ecologistas-LGBT+C-anti-patriarcais das PUC.
    Se para alguma coisa serviu este debate à volta do secessionismo catalão, foi para separar as águas: a minha esquerda luta pela liberdade de todos, sejam eles de esquerda, do centro ou de direita; a sua, caro ARA, ombreia - pelo que podemos depreender das suas palavras - com supremacistas, racistas, xenófobos e, acima de tudo, acamarada com gente que faz letra morta da liberdade de quem como ela não pensa. Acontece que essa liberdade de pensamento é o alicerce da democracia e acontece igualmente que a minha esquerda se não concebe sem democracia.
    Fiquemos, pois, com as companhias que cada um de nós livremente escolheu.

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  12. Leia-se, no final do primeiro parágrafo, "das CUP" e não, como erradamente grafei, "das PUC". As minhas desculpas.

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  13. Sinceramente, o resvalar constante para a "suposta" xenofobia e racismos catalães tem sido o toque de caixa para não se mexer na trampa onde num universo 7.5 milhões de pessoas, a sua maioria são como descritos pelos adjectivos acima mencionados. São opções de uma esquerda que se afirma plural e que purga por uma liberdade abrangente e sem cor mas onde , sem duvida, me não me revejo pela sua incoerência entre a teoria idealista e a teoria pratica.

    Não vou discutir rótulos nem tão pouco personificações adjectivadas que, se nalguns casos individuais justas, perdem no seu sentido lato dado pois pecam por injustiça perante a generalização que é feita e se embora a resposta dada pelo governo espanhol demonstrou e demonstra em si os mecanismos que alguns julgam ser a democracia em acção, para outros que há não passa de um ultraje de um Estado a exceder-se na força repressiva sobre o "seu" povo, alimentando o extremismo sem sequer ponderar dar primazia ao dialogo, acicatando uma "luta fratricida" e, também como exemplo do extremismo que não escolhe lados, também eu lembro a face de um homem vulgar a olhar para o céu a vislumbrar o voo dos caças, durante as comemorações de espanha, partilhando ao jornalista o seu agrado pela "segurança" que sente por ter um país bem preparado militarmente. Para quê? Contra quem quer ele estar preparado?

    É este o sentimento de ruptura pelo que eu acima apelidei de proto-fascismo governamental pois o ditame de «se não és a meu favor és seguramente contra mim», é algo que é sobejamente sabido não ser o garante de uma democracia que se pensa saudável mas que em países com um passado (recente) de ideologia fascista tende a reavivar-se em momentos de crise (incluo Portugal neste paragrafo) e a pôr a nu a imberbe democracia perante os anos de vivência com o fascismo.

    Olvidar tal facto não é apenas ingenuidade mas um desrespeito pelo passado resistente dos apelidados de "rebeldes" de então.

    Esta fractura nos tais "alicerces da realidade" terá uma factura que agora pende para o lado dos "rebeldes" (nota para o cambio da idiossincrasia no tratamento aos independentistas, personificada) mas que terá sempre o outro lado da moeda e lá voltará espanha a viver o nefasto sobressalto do passado.

    Espanha e os seus estadistas sabem (ou deviam saber) que governam um país muito frágil no cerne dos seus valores nacionais agregadores da sua unificação (que a monarquia muito tem feito para deteriorar) e lidar com todos os "puigedmenonts" da sua historia como se de um elefante numa loja de cristais se tratasse, é meio caminho para um caminho sem saída.

    Para que não haja duvidas, o problema será sempre a renitência da monarquia espanhola ao ver o seu mundo ruir e, na próxima, teremos os galegos (se calhar também eles xenofobos) ou a comunidade valenciana (sem duvida racistas) ou de novo os Euskadis (estes são só terroristas) ou ... uma panóplia de vontades dispersas que desaguam num só propósito, uma Republica Federal Espanhola.

    Portanto uma Esquerda com o seu manancial progressista poderia contribuir para o debate agregador de vontades e referendar a própria monarquia sem se perder no labirinto de agendas pessoais e acusações estéreis e ou pueris entre povos que sempre viveram à "força" sob uma só bandeira.

    É esta a democracia que vai a votos que prezo e esta é a companhia que escolhi sem mal menores ou com a ridícula manutenção do injusto para ... o bem da nação ou dos "alicerces da realidade", como preferir.

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  14. Pois. E eis que a realidade, na sua manifesta indiferença, se impõe: gente que, extremamente convicta do seu acerto histórico, valentemente vota a sua almejada independência por... voto secreto. Ele há ridículo maior?
    O que está a ruir, pelos vistos, não é a Monarquia espanhola; isso sim, o que já ruiu foi a própria Catalunha: foram-se as empresas e o trabalho, foi-se a paz social e (haja neste "procès" algo de bom) ir-se-á a pandilha racista, xenófoba e supremacista dessa coligação miserável de PDeCAT, ERC e PUC.
    No futuro registar-se-á quem esteve do lado de quem: quem acompanhou com racistas e xenófobos, quem arvorou em valor de esquerda o querer furtar ao bem comum a sua contribuição económica para o todo da nação espanhola, quem achou que o vergonhoso golpismo criminoso de uma minoria fala pelo coletivo de 7,5 milhões de catalães, quem -chamando à colação a vergonhosa analogia com a Palestina - se colocou ao lado de quem defende com unhas e dentes o criminoso Estado Sionista e abre "embaixadas" junto de comunidades judaicas na América do Sul, quem acha ser o nacionalismo exclusivista um valor de "esquerda", e, por outro lado, quem apodou tudo isso como aquilo que verdadeiramente é - a tentativa de uma pandilha reacionária criar o seu próprio cantão identitário onde só a sua opinião contasse e a sua vontade se impusesse a todos os demais.

    PS- A referência à Comunidade Valenciana e à Galiza só tem um problema neste problema que se debate: vá o caríssimo ARA perguntar a Galegos e Valencianos o que acham eles do que sobre eles pensam os assanhados independentistas catalães e logo conversamos acerca de racismo e xenofobia, está bem?
    Quanto à referência ao País Basco, acho que o entendimento entre o ilegalizado HB e a ERC é total: o bom do Tardà queixava-se, há uns tempos, de não poder abraçar, devido às grades da cela onde estava, um etarra preso, etarra esse - não o esqueçamos - membro de uma organização terrorista que pôs bombas em Barcelona, matando crianças, mulheres e homens. Pelos vistos, para o Sr. Tardà é mais opressiva a pertença a Espanha do que abjeto e imperdoável é o assassinato dos seus estimados conterrâneos por nacionalistas etarras. Companhias de "esquerda" destas? Não, obrigado.

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  15. E não confundamos as coisas: eu, quando critico o nacionalismo separatista catalão atual (racista, xenófobo, supremacista, visceralmente antidemocrático, manipulador, oportunista e mentiroso, insisto), não o faço com recurso à singular opinião de um qualquer "zé dos anzóis de Barcelona" que, depois de uns copos de "cava", resolve regurgitar umas quantas ininteligíveis javardices. Faço-o, isso sim, com base nas biografias, nos ditos, nos escritos e nos feitos de gente como Artur Mas (o corrupto que viu na DUI a panaceia para os seus problemas com a justiça espanhola), Carles Puigdemont (o corrupto e cobarde títere do Mas e do Junqueras que pôs a família a milhas da Catalunha), Oriol Junqueras (o bispo da ERC que é a demencial iminência parda do "Procès"), Jordi Sànchez e Jordi Cuixart (os "presos políticos" da Òmnium e da ANC, figuras políticas eleitas sabe-se lá por quem), a senhora Carme Forcadell (a sediciosa e golpista por antonomásia), essa inenarrável figura de freira às avessas que é Anna Gabriel ( a trotskista animadora "cupiana" da democrática manifestação que é a "calle borroka" catalã) e os inimagináveis Joan Tardà (o consolador de etarras e perpétuo zelador da atemorizadora luz de presença de um sempiterno Franquismo que só continua a existir na sua cabeça) e Gabriel Rufián (o puto malcriado e independentista profissional filho de andaluzes que acha os andaluzes geneticamente inferiores aos catalães) da ERC. Uns de "esquerda", outros de direita, mas todos o mesmo monte de bosta racista e xenófoba. E todos (infelizmente, mas eles tudo fizeram para que assim fosse) com uma independente cela à sua espera em Soto del Real, onde os esperam os Jordis. É a DUI a rapidamente metamorfosear-se em DÓI... que se farta.

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  16. Leia-se "eminência" e não "iminência" como erradamente grafei.

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  17. E outra reflexão deixo aqui à consideração dos circunstantes: o que fará uma comunicação social como a nossa - invariavelmente colada aos interesses mais reacionários da nossa sociedade e voluntária e sempre submissa caixa de ressonância das teorias neoliberais mais radicais das nossas indígenas "elites" político-económicas - ter para com o chauvinista secessionismo catalão um indisfarçável carinho? Estará essa comunicação social a defender esse altíssimo valor de esquerda que é um anacrónico, reacionário e descerebrado anti-espanholismo todo ele escorado num visceral... nacionalismo luso? Ou serão mal disfarçadas esperanças na futura criação da República Independente de Olivença?

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  18. E a comédia - de "esquerda", certamente - continua: Joan Tardà e Gabriel Rufián, sumos pontífices da ERC e novíssimos cidadãos da não menos nova República Catalã Independente, anunciaram que (como todos os deputados da ERC e do PDeCAT da coligação Junts per Sí) continuam a exercer as suas funções de deputados no... Parlamento Espanhol.
    Como eu os compreendo... Isto de ser "independente" sempre é mais fácil se se continuar a contar com os 4.700 euros pagos por essa Espanha que tanto os rouba.
    O amealhar de um pé de meia vai ser de suma importância para esses dois valentes e inquebrantáveis independentistas num futuro muito próximo: consta que em Soto del Real se podem gastar uns magníficos 80 euros semanais em luxos asiáticos adquiridos a preços muito modestos na cantina prisional...
    Compreendo agora, finalmente, o embevecimento de certa esquerda pelo assanhado secessionismo catalão: do que essa esquerda gosta é de comediantes de - literalmente - mão cheia.

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  19. Caro Anonimo

    São tantas as certezas que tem que fico completamente "siderado" perante tal manancial opinativo onde apenas destaco o incómodo que partilhou com o meu "cada um com a sua verdade" pois perante tamanha clarividência a "sua" verdade é Una, Absoluta e Inquestionável.

    Ou será que essa sua apologia da paz podre é o melhor caminho para a estabilidade?

    Dito isto, resta-me apenas discordar com o fervor da manutenção do regular funcionamento das instituições espanholas por si demonstrado pela forma "apaixonada" e seguidista dos usos "democráticos" da monarquia constitucional que os seus "hermanos" têm vindo a impor secularmente sobre as províncias autónomas ao ponto de acusar os media portugueses ( http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/estudo/quase-metade-de-portugal-quer-uniao-com-espanha) que mais não podem fazer em termos de incentivo manipulador ao integracionismo luso em terras se D'El Rey, de estarem imbuídos num qualquer espírito nacionalista que nunca existiu.

    O sentimento que alguns galegos têm dos catalães é sem duvida idêntico ao de alguns portuenses em relação aos lisboetas, portanto de "inquéritos" ad hoc acredito estarmos conversados.

    Enquanto existe uma esquerda que aponta para propostas de alternativas perante o turbilhão da realidade extremada entre 2 facções distintas (uma que anseia dialogar em pé de igualdade e outra que não reconhece a existência da outra portanto nada tem a dialogar) outra esquerda subsiste no conforto maldizente e disruptor mas quando confrontada com propostas faz-se de morta optando por um dialogo enviesado e difuso.

    Bem sei que ao melhor estilo luso (talvez o deva afirmar ibérico) esta situação toda começou pelo "telhado" quando o que urge a espanha é exactamente questionar o seu povo se se revê neste modelo de governação monárquico e, aí sim, se faz sentido uma espanha de estados federados mas o carro já está em andamento e só restam 2 opções para refrear a velocidade dos acontecimentos visto que a opção de declaração de independência foi formalmente proclamada de forma ilegal e então ou são chamados ao dialogo os "moderados" ou o freio será forçado por acidente.

    Espero do mesmo modo que o futuro demonstre que bandeiras foram empunhadas e quem as empunhou mas de uma coisa fico certo, independentemente da insistência do concurso do mais ou menos canhoto, apenas destaco que da parte do caríssimo Anónimo apenas ficamos a saber que é liminarmente contra a independência catalã mas que sempre recusou debater uma hipotética solução sabendo de antemão que seria impossível manter o status quo do passado.

    É por esta "esquerda" que se demite do seu lugar no mundo que chegámos ao ponto de um ressurgimento das direitas extremadas que, curiosamente, necessitam desta "esquerda" como de pão para a boca.

    ps- O mui caro Anónimo pelo belo serviço que tem feito em prol de nada se fazer de certo terá direito a um qualquer titulo de barão ... vermelho com as devidas alvissaras a terem lugar em Olivença onde, "tecnicamente" ainda é Portugal, não se sentirá propriamente expatriado, portanto, caríssimo Anónimo, quando a poeira assentar à que reclamá-lo pois a si o que é devido.

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  20. E a realidade, essa malvada, continua a trocar-lhe as voltas, não é, meu caro ARA?
    Eu muito gostaria que o senhor desse a sua opinião sobre as posturas (de esquerda a valer) e os últimos lances políticos (de um progressismo "sui generis") das personagens que anteriormente lhe referi, mas o meu caríssimo interlocutor insiste em desviar a conversa para a espuma da questão...
    E o cerne da questão é este: o senhor longamente aqui subscreveu o alucinado programa independentista de uma inenarrável pandilha de corruptos de direita aliada a uma pseudo-esquerda que fez da pós-verdade sharpiana o seu substituto de algo que vagamente se parecesse com uma ideologia de esquerda. Ao fazê-lo, pôs-se o senhor do lado - lamento muitíssimo dizê-lo - de quem faz do evangelho racista, supremacista, xenófobo e arcaicamente anti-espanhol o alfa e o ómega do caminho de destruição em que colocou aquilo que dizia tanto amar: a própria Catalunha e o seu povo.
    Fala-me num problema de base? Pois eu digo-lhe qual foi o problema que lançou Espanha e a Catalunha nesta crise: foi a corrupção inaudita dos Pujol e dos Mas que, numa fuga em frente (com a Justiça espanhola no seu encalço) em direção ao abismo, resolveram jogar a cartada do independentismo fazendo da ERC e das CUP as suas tropas de choque.
    O caro ARA perde-se por dicotomias e a realidade raramente é tão nítida como essa sua defunta oposição Espanha franquista/Catalunha libertária. Acontece que eu não tenho verdades; o que tenho são leituras da realidade a que assisto. Quem nega a realidade de um milhão de catalães/espanhóis nas ruas de Barcelona e habita o mundo paralelo do monólogo do Carles Harry Puigdemont Potter no seu labirinto com Alice Anna Gabriel ao fundo mais as intermitências das divertidas cabriolas do Feiticeiro Oriol de Oz Junqueras não sou eu, mas sim, pelos vistos, o caríssimo ARA.
    Vêm aí as eleições na Catalunha e veremos, caro ARA, o que têm a dizer da questão aqueles catalães que jamais se reviram no projeto demencial que tanta esquerda do lado de cá da fronteira jurava a pés juntos ser aquilo que todos os catalães desejavam desde o berço. E já sabemos, caro ARA, contra votos maioritários (dos verdadeiros, em urnas verdadeiras e em verdadeiras eleições democráticas) não há argumentos minoritários nem pós-verdades que valham.

    PS- Ele há peixinhos que se julgam tubarões: depois da muito trotskista "revolução permanente" (mais o seu denodado e atualíssimo camartelo destrutivo do "heteropatriarcado" e de tudo o que cheire a instituição ou a tradição) fazer o seu trabalho de redução de um país - qualquer país - a uma diminuta, incoerente e violenta manta de retalhos, aparecerão os verdadeiros tubarões de águas profundas do neofascismo e do neonazismo a pôr ordem no galinheiro e a entregá-lo, devidamente ordenado e esterilizado, ao grande capital supranacional que do alto vigia. Só aí certa esquerda compreenderá - se ainda não tiver a boca cheia de terra, claro está - o verdadeiro significado da ação de uns quantos grupelhos que navegam nas águas do "marxismo social" e na permanente revolução do tio Trotsky.

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  21. E a si, caríssimo ARA, será certamente atribuída a Grande Estrela Vermelha da Luta Pela Agricultura Biológica e Brava Destruição do Heteropatriarcado de Raiz Castelhana, a segunda maior condecoração da novel República Popular Catalã (a suprema, A Grande Ordem do Umbigo Catalão, estará reservada a catalães que provem a sua pureza de sangue até ao terceiro par de avós, o que, atrevo-me a aventar, não será o seu caso, condecoradíssimo ARA), pela sua inquebrantável luta pela autodeterminação do oprimidíssimo (qual Faixa de Gaza, qual carapuça!) povo catalão. Condecoração imposta em cerimónia solene pela garbosa Ministra Para a Educação Em Comum dos Filhos de Todos os da Tribo, a camaradíssima madre superiora às avessas Anna Gabriel (a Senhora Vice-Ministra, Marta "Dedos Rotos", levará a almofadinha de suporte à condecoração). Posteriormente, haverá... mambo.

    PS- E olhe, prezado ARA, "nada fazer" sempre é muitíssimo melhor do que desfazer o que feito está para o substituir por um pesadelo racista e exclusivista de ódio e de sangue.

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  22. Caro Anónimo

    Nunca foi intenção caracterizar espanha um país como uma "manta de retalhos" visto que a constatação do óbvio não implica qualquer querer individual. Espanha sempre o foi e assim será até que alguém vislumbre algo para além dos anseios da sua região pondo em causa o que realmente é o garante opressor dos seus desígnios como povo de cultura distinta dos demais que com eles partilha o mesmo espaço geográfico.

    Poderia chamar a liça o "tio " Trotsky do mesmo modo que os seus irmãos Lenine ou Rosa Luxemburgo ou até mesmo os pais Marx ou Engels que teriam sem duvida algo a acrescentar mas chamarei o "insuspeito" Orwell que afirmava:
    "Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado”.

    Assim, o caro Anónimo é conivente com o capital manipulador que controla o presente deslocando as suas empresas para fora da Catalunha como forma de controlo do futuro; assim, o caríssimo Anónimo é conivente com um estado que com o seu passado opressor (monarca, fascista, monarca) controla o presente da mesma forma ... basta forçar um pouco e a postura democrática "esbardalha-se" por completo ao toque do bastão.

    Meu caro, tivesse o próprio optado pela frase de José Régio e talvez mostrasse alguma clarividência na inteligente humildade própria da "tal verdadeira" esquerda que tem vindo a apregoar e eu não teria gasto 1/3 dos caracteres para lhe demonstrar o meu ponto de vista.

    Aquilo a que apelida de espuma da questão para mim é a onda onde essa espuma encima pois uma solução politica assente na vontade dos povos foi o que sempre lhe tentei partilhar, defendendo que tivesse a esquerda espanhola, ao arrepio da contestação independentista catalã, tido a ousadia de questionar a própria monarquia e hoje não estávamos centrados numa conversa de "pescadinha de rabo na boca", mas a realidade dos factos já não contempla qualquer postura de "nada fazer", ou melhor, talvez tivesse sido a melhor jogada politica do governo aquando do inicio de todo este processo mas tal era demasiado auspicioso para um governo alicerçado numa velha espanha de velhos "costumes" unionistas, a tal "inenarrável pandilha de corruptos de direita" promovendo a "lei da mordaça" numa região de estatuto autonómico.

    O caro Anónimo segue ombro a ombro o raciocínio de Manuela F. Leite que afirma exactamente o mesmo que o próprio olvidando que "nada fazer" perante o ataque ás liberdades políticas e democráticas fundamentais não são de modo algum o garante de uma democracia saudável.

    Pois continuem ambos os "2" a fazerem-se de mortos e que apreciem a companhia unionista de "nada fazer" que seja qual for o desfecho deste processo, a porta da Republica ficou entreaberta e ouros de certo virão para a abrir novamente ... com ou sem a alusão (ou será melhor ilusão) de cravos vermelhos que adornavam os catalães.

    ps- O Anónimo abriu espaço ao lexico politico onde antes havia quem se abstivesse com violência o agora Fazer de Morto passou também a constar.

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  23. Olhe, meu caro ARA, as suas reviravoltas retóricas têm um gravíssimo problema de base, a saber: elas ignoram olimpicamente a realidade que qualquer vivente com olhinhos na cara e um cérebro funcional consegue constatar dia após dia.
    E mais uma vez lhe digo que prefiro mil vezes a companhia da Legalidade e da Democracia que enformam a vida num Estado solidário e em paz às companhias - racistas, xenófobas, supremacistas, totalitárias e incrivelmente corruptas, insisto e insistirei sempre - que o senhor escolheu para seus "compagnons de route".
    Gostei muitíssimo da sua muito literária referência ao bufo Blair, o escritor "de esquerda" mais adorado pela direita mais reacionária, bem como assaz apreciei o seu piscar de olho ao bom do eremita de Portalegre, o tal que manteve uma longa polémica - toda ela escorada numa sólida postura de esquerda de absentismo político-estético em tempos de ditadura salazarista - nas páginas de "O Diabo" com esse homem de direita que foi Álvaro Barreirinhas Cunhal.
    Essas suas referências, meu caro ARA, explicam à saciedade as suas lúcidas ideias acerca do assunto Catalão.

    PS- Visto que as minhas reflexões sobre o "problema catalão" lhe parecem, meu caro ARA, um indesculpável "fazer de morto" (tão morto, pelo menos, quanto o milhão de catalães/espanhóis que ontem pacificamente se manifestaram nas ruas de Barcelona), depreendo eu que as suas cogitações sobre o mesmo assunto sejam a prova de vida de alguém consequentemente ativo no dar o corpo ao manifesto do secessionismo catalão. Espero, ativíssimo ARA, que brevemente dê o lógico e corajoso próximo passo: o "maquis" independentista no sopé dos Pirenéus, ombro com ombro com o Junqueras e a Gabriel. Boa sorte.

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  24. O caro Anónimo sentiu o toque do Régio não foi? Bom, mesmo não atingindo o propósito do citado, parece-me que nem tudo está perdido.
    Ao caminho que eu lhe proponho afirma taxativamente "que não vai por aí", tal como Régio, mas também não sabe que caminho deve trilhar porquanto é melhor ficar sentado à espera que o caminho passe por si com as suas mui vincadas razões.

    Reviravoltas retóricas? Isto realmente já começa a ser conversa de surdos! Então perante o meu situar Histórico dos anseios catalães que fazem desta uma região autónoma; perante a iminente oportunidade de alternância no sistema politico; perante o constatar de como o governo espanhol faz funcionar a sua "democracia; perante a importância que a esquerda progressista poderia contribuir para todo este processo ... depois de tanto escrever vêm-me com a conversa da reviravolta? Mas afinal escrevemos em Português ou o Anónimo tem dificuldade em traduzir para castelhano? Ou isso, ou anda a ler o que escrevo debaixo de água ... qual foi a reviravolta na minha retórica?

    Oiça, se optar em virar a agulha (que só pode estar encravada) da repetitiva "racistas, xenófobas, supremacistas, totalitárias e incrivelmente corruptas" talvez, repito, talvez o seu tremendismo possa vislumbrar algo que o faça trazer algo de construtivo para o debate ao invés das inócuas farpas bem ao estilo dos Velhos do Restelo.

    Tirando da sua retórica os contras ao independentismo, o Anónimo torna-se vazio pois ainda não conseguiu compreender que de 2006 para cá esta "coisa Abjecta" pejada de "racistas, xenófobas, supremacistas, totalitárias e incrivelmente corruptas" de ideias de independência catalã foram acicatadas, desde então, por 7 recursos de inconstitucionalidade contra o Estatuto catalão por parte do senado e congresso de deputados espanhol com a explicita intenção de asfixiar a autonomia e re-centralizar o território e que mesmo perante de todo o processo legal ter entrado em vigor na data supracitada foi sempre feita tábua rasa aos 73,9% de votos a favor do sim por uma parte votante (creio de 45%) do povo catalão, referendado para que o novo estatuto autonómico ratificado fosse respeitado.

    Portanto caro Anónimo, a sua sim, tem sido uma conversa desviante (que nem me atrevo a apelidar de retórica) pois apenas se presta a uma elaboração fantasiosa interpretativa do que escrevo (veja só, por ex., para onde lhe levou o regio?) sem nunca se atrever a partilhar uma solução para o que tão carinhosamente gosta de apelidar de "procés".

    Pois Fazer de Morto já não é solução que valha e mesmo com o puigemont e restante matilha (a quem eu sempre tive o cuidado de concordar com os seus epítetos) a dar corda aos sapatos e a sair de fininho para a Belgica, a situação mudará sem duvida, mas para pior, com o extremismo a ganhar terreno onde urgia bastante moderação e diplomacia para se chegar a um consenso.

    O Grande Capital Catalão concorda consigo; O Governo PPopular concorda consigo; A extrema Direita Espanhola concorda consigo; A generalidade da Espanha Unionista (a que deu maioria relativa ao governo)concorda consigo ... e o Anónimo vêm-me com a conversa dos "meus" compagnons de route? Os "meus"? Os "meus" vivem cá como republicanos livres e em democracia ganha a custa de muitos que viveram na "ilegalidade" para combater a legalidade da lei da mordaça de então, já os "seus" .......

    ps- Diz-me com quem andas que dir-te-ei quem és!

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  25. O toque do Régio? Olhe, meu caro ARA, eu do Régio nem as letras quanto mais o toque. E essas suas reviravoltas regianas iniciais pareceram-me um bocado frouxas e um tanto incoerentes. Saberá o caro ARA do que eu estava a falar ao falar do Régio?
    Mudar de agulha? Assim como o virar o bico ao prego que agora o caro ARA ensaia? Não, obrigado. Eu continuo exatamente onde comecei: sobre os meus pés, pensando livremente pela minha cabeça e reafirmando exatamente o que até agora afirmei. O caríssimo ARA é que, infelizmente, tem vindo a ser arrastado por aquela malvada realidade que, aqui e longamente, a pés juntos jurou não existir.
    Até sempre, caríssimo ARA.

    PS- E não fale dos "meus", pois o caro ARA nada sabe daquilo que os "meus" fizeram e passaram para que gente como o senhor tivesse, até, a liberdade de preconizar como preconiza a ditadura da minoria sobre a maioria, está bem?

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  26. Caro Anónimo

    Antes que também saia também de "fininho" deixe-me só perguntar-lhe o seguinte:
    - Qual, na sua opinião, a solução para uma catalunha fraccionada entre monárquicos e republicanos? Deve a espanha respeitar a vontade do povo catalão caso o sim ganhe as eleições?
    - Concorda ou não com uma possível espanha republicana de estados federados?
    - Concorda ou não que haja uma vontade concertada (entre republicanos ibéricos) para uma península ibérica republicana?
    - Concorda ou não que deve ser a esquerda tomar a frente dos desígnios daqueles que têm aspirações republicanas?

    Simples. Sem qualquer "truques" desviantes e ou semânticas elaboradas com propósitos explícitos de escrever sem nada dizer.

    Respondendo ou não (pela postura que tem tomado acredito, infelizmente, que não o vá fazer) escusa de voltar a entrar pelo caminho da personalização como uma bacoca fuga para a frente pois daqui já não leva para tabaco.

    Disse.

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