quinta-feira, 6 de julho de 2017

Dois pesos e duas medidas

Desde a desgraça de Pedrogão e, mais recentemente, com o assalto a Tancos, a oposição tem insistido no corte de cabeças.

Mais recentemente a presidente do CDS decidiu a cabeça de dois ministros. A comunicação social tem insistido nessa tecla. Na entrevista de hoje o secretário de Estado Pedro Nuno Santos, o actual director do jornal Público, insiste e insiste nesse ponto.

Ora, quando a gestão pública é mal feita, tudo deve ser invertido para que corra melhor. Neste caso, toda a gestão orçamental e política deveria ser avaliada e seguida pelos cidadãos, caso houvesse meios transparentes de o fazer. Mas não há. O mal não é deste governo: todos os governos usam uma margem de opacidade que impede o cidadão de ter os mesmos meios de prova de um governante. Vai-se sabendo, mas não se pode saber tudo ao mesmo tempo. Fica sempre a sensação de a informação ser um instrumento de arremesso, de haver manipulação de informação. Isso impede uma discussão mais aprofundada das questões, as quais tendem a redundar sobre que cabeças devem rolar.

E como também a comunicação social não tem essa informação, insiste apenas no mais fácil: a guilhotina.

Mas essa opacidade é a mesma quando se passa na gestão privada ou partidária. Com uma agravante: não há meios de princípio nem legais que obriguem um accionista ou um gestor privado ou um dirigente partidário a mostrar a informação/prova da sua má gestão.

Por exemplo, o CDS e Assunção Cristas que é presidente do partido desde 13/3/2016. O partido continua nos piores valores de sempre nas sondagens políticas. E não consegue absorver a queda a pique do PSD. Porquê? Não se deveria demitir a sua presidente? Não se deveriam divulgar as actas das suas reuniões para ver o que tem feito a presidente? Não, não devia, mas seria interessante.

Por exemplo, no caso do jornal Público, durante muitos anos os representantes dos trabalhadores exigiram informação para poder julgar a gestão do jornal e poder aferir da razoabilidade das afirmações de que não era possível actualizar os salários ou de que eram imprescindíveis despedimentos. E ainda hoje isso se passa, quando o jornal não consegue evitar a utilização da velha técnica de gestão para endireitar prejuízos: reduzir custos de trabalho, com despedimentos e afastamento de pessoas, para manter o mesmo nível de prejuízos do passado. E a culpa não é dos trabalhadores. Não deveria o seu director - em funções desde há um ano - demitir-se?

Um dirigente partidário ou um director de jornal deveriam ter mais cuidado ao julgar a gestão pública, quando não usam na sua pessoa os mesmos critérios de responsabilização que pretendem que o Estado use. Se não o fazem, arriscam-se a que pareça que tudo se trata apenas de uma jogada política. E isso irá, a prazo, jogar contra si.

10 comentários:

  1. A decapitação é um espetáculo emocionante... desde que sejam as cabeças dos outros a rolar.

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  2. Bem sei que ser geringonço é no momento um tanto difícil, mas disparatar não é uma boa solução.

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  3. "Nunca interrompas um inimigo enquanto estiver a cometer um erro", frase atribuída a Napoleão que a enunciou, provavelmente, depois de ler Maquiavel.
    Conclusão: É deixar o suicidário Passos e a desastrada Cristas cavarem a cova e irem-se enterrando, prestando sempre o necessário apoio no aprofundamento da dita.

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  4. Mais uma vez um post oportuno do João.

    A direita tem uma narrativa que lhe é própria. Só que tem outra coisa sinistra. Quer torná-la universal, única, verdadeira, inquestionável e não hesita nos meios para o fazer.

    E a comunicação social é um dos seus principais veículos

    É preciso sistematicamente apanhar-lhe as contradições, a hipocrisia, a manha, a mentira, a manipulação, o esterco

    Tal como era denunciado no outro post do João Ramos de Almeida, encontrar na "nova" linguagem dos Rui Ramos e das Helenas Garridos a "reformatação do discurso das franjas da direita, para que continue a ser direita sem o parecer".

    E confrontá-los sistematicamente com o que já disseram e a forma como o disseram.

    Mostrar-lhes a sua verdadeira carantonha face ao espelho.

    Porque não nos iludamos. Eles só estão à espera duma oportunidade. Para voltarem a assumir-se como o que de facto são, mas ainda com mais pesporrência e ganas de.

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  5. O Publico desliza a cada dia que passa para o abjecto. A formatação do noticiário nacional parece o Observador com tiques de coisa séria.
    E o noticiário internacional parece o guião emitido pela sede da Nato ao serviço do crime organizado.

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  6. “Nunca esqueço que o fascismo pode voltar”
    Vanessa Redgrave, citada na visão

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  7. Dois pesos, duas medidas:

    "FURTO EM TANCOS
    Rovisco Duarte sente-se "humilhado" e fala de "erros inadmissíveis" na base"
    Público


    "Chefe do Exército iliba políticos do que se passou em Tancos"
    DN

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  8. Bem sei que os tempos são outros mas herr jose expressa aqui exactamente o quê?

    A sua agitação e concordância prazenteiras face às idiotices daquela idiota que pedia a Deus para chover como medida a implementar pelo seu ministério?

    A sua agitação submissa aquele idiota do director do público, saído directamente do pasquim do Observador para servir outro pasquim, o do Belmiro?

    Que tremuras e que momentos difíceis estará a passar herr jose para nos brindar com tais proclamações da treta?

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  9. Bem sei que ser viúvo ou viúva troikista é no momento um tanto difícil, mas disparatar não é uma boa solução.

    Por exemplo Teresa Leal Coelho e o primeiro cartaz da campanha da candidata do PSD à Câmara Municipal de Lisboa. Aquela surge apenas num retrato a preto e branco com o seu rosto, o seu nome - e nada mais. Todo o conjunto tem um fundo branco que realça o vazio.

    Teresa leal Coelho não ficou por aqui. Como prova maior da sua condição, a primeira entrevista que deu, ao Observador, a deputada e vice-presidente do PSD prometeu um IMI zero para os munícipes de Lisboa.

    Ora tal está impedido por lei.

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  10. "Deves ser novato ou esquecido. A esquerda está no poder há 38 anos!
    Jose, 12/10/12 às 23:49

    Bem sei que em 2012 estavam no poder tipos sinistros. Na altura este jose espalhava pelos variadíssimos blogs o seu peculiar entendimento da coisa política, não ocultando as saudades pelo regime ditatorial. E mostrando à evidência a idiotia sem sentido das suas proclamações.

    Agora está num momento um tanto difícil,pelo que há que suavizar os berros troikistas.

    Mas disparatar não é uma boa solução.

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