sexta-feira, 19 de maio de 2017
O fim do movimento
Em 1994, o historiador britânico Perry Anderson sintetizava a evolução da social-democracia europeia: “Outrora, nos anos fundadores da Segunda Internacional, tinha por objectivo o derrube do capitalismo. Depois tentou realizar reformas parciais concebidas como passos graduais para o socialismo. Finalmente, passou a ser favorável ao Estado-Providência e ao pleno emprego no quadro do capitalismo. Se agora aceita a destruição do primeiro e o abandono do segundo, em que tipo de movimento se irá tornar?”
Quase um quarto de século depois, temos agora uma resposta definitiva, em França, pela boca de Manuel Valls, um antigo Primeiro-Ministro no desgraçado quinquénio de François Hollande, feito de austeridade, de redução de direitos laborais por decreto, de desemprego de massas: o movimento de que falava Anderson, neste caso o Partido Socialista francês, está “morto”. De forma oportunista, Valls foi um dos que abandonou o partido para cuja morte contribuiu, tentando agarrar-se ao plástico político que flutua no meio do naufrágio, o por agora triunfante e bem financiado Macron. A verdade é que se a contestação social do movimento popular não for bem-sucedida na resistência ao choque que se avizinha, a fórmula “Macron 2017 = Le Pen 2022” corre o risco de se confirmar.
Entretanto, é preciso dizer que o espectáculo dado por certa elite do PS francês não é caso único por essa Europa fora. Não é necessário chegar a abandonar os partidos sociais-democratas, socialistas ou trabalhistas para se ter desistido do pleno emprego e do Estado-Providência. Pensemos, por exemplo, no agente da finança europeia que dá pelo nome de Jeroen Dijsselbloem, reduzindo o Partido Trabalhista nas legislativas holandesas a um resultado residual. De resto, este foi um resultado semelhante ao obtido nas presidenciais pelo inapto socialista francês Benoît Hamon. Este último confirmou que a americanização da política por via de primárias e modismos intelectuais sem ancoragem nem futuro popular, como o Rendimento Básico Incondicional ou um europeísmo dito progressista, não são a resposta para o declínio.
O resto da crónica pode ser lido no Público.
Um artigo de uma grande clareza que merecia ser aqui transcrito na sua íntegra
ResponderEliminarHá mais de 25 anos atrás o Rendimento Básico Incondicional (ou algo para o mesmo efeito)já existia na Dinamarca, no final de um processo de 7 anos de reinserção e formação profissional. Os sindicatos mobilizados para que, quem assim mamava, não concorria no mercado de trabalho. O princípio aceite era de que não havia emprego para todos.
ResponderEliminarTalvez seja futuro se a par disso o dever de adquirir uma qualificação for algo aceite pelos ideólogos da doutrina dos coitadinhos.
O estado providência na Europa surgiu numa altura em que havia crescimentos económicos de dois dígitos, muito natalidade e quase ou nenhuma dívida. Hoje crescemos pouco mais que 1% ao ano, a natalidade é um problema, e estamos super endividados exatamente para pagar o referido estado providência. A solução, dentro de um quadro de esquerda ambientalista e responsável, passa apenas pela austeridade. Pelo planeta, pelos recursos naturais que são finitos, pelo pleno emprego, pela felicidade do Povo!
ResponderEliminarApenas tolos acreditam que a Europa volta ao caminho do progresso e democracia com Macron, Valls e outros clones neoliberais.
ResponderEliminarCom estes fantoches da banca nós estamos condenados à miséria!
A Europa só volta a ser um sítio de progresso e democracia quando fizer o funeral ao Neoliberalismo, até lá, vai ser a mesmice que tem sido há quase 2 décadas.
A Holanda e a Suécia têm governos bem liberais. Saúde, educação ou transportes são geridos por privados. Mas ninguém deixa de ter acesso aos serviços por ser pobre. E estão no topo em nível de desenvolvimento humano. Que preconceitos primários contra o liberalismo! Há liberalismo-socialista. A Holanda é um caso típico.
EliminarDevis haver mínimos devia.
EliminarQue conhecimentos primários e tao idiotas.
A Holanda é o quê????
Tretas sobre o estarmos endividados pelo referido estado providência.
ResponderEliminarJá reparou que as desigualdades estão cada vez mais acentuadas?
E este agravamento tremendo das desigualdades será por causa do estado providência?
Mamava?
ResponderEliminarA linguagem deste tipo faz lembrar alguns becos sórdidos.
Que tipo de qualificação arranjou este tipo que anda aqui aos coitadinhos?
Não se percebem as lágrimas de crocodilo de quem sempre combateu a social-democracia. Ou melhor, percebem-se, trata-se de tentar meter a foice em seara alheia. Olhando para os resultados eleitorais dos partidos de Esquerda mais tradicional, o que se verifica é que não parecem capitalizar do declínio social-democrata. E a resposta é bem simples, a coligação entre a classe média e o operariado que sustentava a social-democracia quebrou-se. Por isso, João Rodrigues, pode sonhar alto, mas nós não vamos votar em socialismos requentados e anti-liberais que piscam o olho a sociedades fechadas. E como o operariado também não parece estar para aí virado, o resultado será provavelmente o do costume...
ResponderEliminarPerdoe-se a expressão mas a propósito de um comentário de Jaime Santos
EliminarMas que idiotice tentar acantonar aos da casa( ou aos pretensos da casa) o debate e a troca de ideias?
Como se fosse interdita a crítica. Como se só os pafistas pudessem debruçar-se sobre o PAF ou um professor de literatura sobre um livro qualquer.
Que medo é este que agora também invade alguns dos que deviam ter o saber e a humildade de debater ideias em vez de reagirem desta forma de seita acossada?
Isto era impensável aqui ha anos.
Quanto ao " nós"
EliminarMas quem são estes " nós"?
Esta mania de se assumir a parte pelo todo, o individual pelo colectivo está na massa de todos os ditadorzecos.
Mas ha um pormenor sombrio. Isto já é uma confissão desajeitada do abandono de qualquer veleidade socialista e o assumir-se como um facto consumado?
À Macron?
Esclarecimento para treteiros de rara sensibilidade.
ResponderEliminarO estado da mama é um estado sócio-económico que corresponde a viver sem a obrigatoriedade de qualquer contrapartida proporcional, por antecipação ou contemporânea, a esse viver (comer, dormir e brincar).
A imagem é óbvia, e se desperta a ternura devida à pequenas criaturas, inevitavelmente não prestigia os mamões crescidos, o que é pelo menos razoável senão justo.
Ó das 01:07!
ResponderEliminarE os camaradas dirigentes? Ficavam a ter que pedalar liberalmente?
Que insensibilidade!!!
O estado da mama segundo a definição dum tipo que anda com ela perpetuamente na boca.
ResponderEliminarSe está agarrado a mama materna ou à mama paterna ou à pata esquerda de Salazar isso é um problema dele.
Manifesto exemplo da limitação linguistica do pobre coitado.
Também exemplo gritante duma boçalidade manhosa de um manhoso patrão?
O que se passa com esse coitado do Jose?
ResponderEliminarEntre as mamas que o confortam e o agastamento apatetado que manifesta, o que sobra sao estas " bocas" que se escutam nos blogs manhosos e rascas?
Este tipo de comentários mais do que a senilidade que alguém já o acusou ou do estado de provável embriaguez de que também foi acusado, revela uma moldura educativa e uma pesporrência ideológica cavernícola.
Mas revela sobretudo uma coisa.
Uma esmagadora impotência.
Argumentativa claro, porque o resto , pese o discurso da mama, não é para aqui chamado
Ao senhor Anónimo das 01:07,
ResponderEliminarÉ conveniente falar-se do que se conhece.
De contrário, corre-se o risco de se fazer figuras tristes.
Na Holanda as coisas não são bem como diz, a CP de lá (chamada NS - Nederlandse Spoorwegen) é formalmente privada mas o dono é o Estado, que detém todas as acções, pelo que tanto tem os lucros como suporta os prejuízos, conforme os casos.
E a empresa de infraestruturas ferroviárias (ProRail) é 100% estatal.
Em Portugal, na Margem Sul, temos um operador privado, a Fertagus, apresentado como o salvador da Pátria, isto é, o secador do trânsito na Ponte 25 de Abril pelo seu mentor, o então Ministro Betoneira do Amaral (o tal que foi depois presidir a outra empresa com a qual negociou todas estas manigâncias das travessias, Fertagus, portagensa na Ponte 25 de Abril e Ponte Vasco da Gama, etc.)
O que temos passados 18 anos?
O serviço tem vindo sempre a piorar.
A frequência mantém-se, apesar de os comboios, nas horas de ponta, circularem abarrotados de passageiros.
A higiene piorou a olhos vistos.
Os comboios avariam frequentemente, já nem os painéis digitais das carruagens funcionam a 100%.
A Ponte 25 de Abril e a Ponte Vasco da Gama cada vez têm mais carros.
O Estado paga cerca de 450 mil euros/ano de indemnizações compensatórias e agora vai suportar 1,2 milhões de euros de manutenção de meia-vida dos comboios.
A CP, no percurso equivalente - Praias do Sado / Barreiro + Lisboa (de barco) tem vindo a melhorar o serviço (antes o comboio demorava 1 hora, agora demora 30 minutos, antes era a diesel, agora é eléctrico, antes as carruagens não tinham qualidade, agora são decentes, embora sem luxos).
Os comboios da Fertagus, entre Coina e Setúbal, circulam sempre de hora a hora, excepto nas horas de ponta, em que é de 30 em 30 minitos, os da CP circulam sempre de 30 em 30 minutos (excepto aos fins de semana).
Eu, embora viva em Alcobaça, tenho aí um familiar muito próximo, que vive em Setúbal e trabalha em Lisboa.
Visito-o todos os meses e conheço bem essa realidade.
Esse meu familiar fez há poucos anos o Erasmus na Holanda, na Universidade de Delft, onde esteve durante 1 ano, embora vivesse em Haia (a 7 km).
Andava de comboio para todo o lado, quem nos dera ter o sistema de transportes holandês.
Fui lá visitá-lo e também fiquei a conhecer um pouco a Holanda nesse e noutros aspectos.
Não falo de cor, como parece ser o seu caso.
Classe média, Jaime Santos? Há-de brindar-nos um dia com uma explicação sobre o conceito, talvez com desenhos para ser mais impressiva.
ResponderEliminarCom que então, classe média.
Quanto mais vejo os seus comentários mais percebo que o seu problema não é de boa ou má vontade, é de ter a barriguinha cheia de comida pré-confeccionada.