Ontem Macron ganhou a segunda volta das eleições francesas. Foi uma vitória com uma percentagem expressiva e, se pudesse votar, teria - nesta segunda volta - contribuído para ela. Muitos respiraram de alívio, mas, na verdade, a probabilidade de Marine Le Pen ser eleita presidente sempre foi muito próxima de zero - e não seria muito mais elevada com outro candidato (Fillon, Melénchon ou Hamon) na segunda volta.
Mas não foi apenas a derrota de Le Pen que muitos festejaram. Foi também a vitória de alguém que, tendo sido "inventado" por François Hollande, rompeu com o Partido Socialista Francês (PSF) e contribuiu para o seu péssimo resultado. A par da passagem à segunda volta de Marine Le Pen, a quase implosão do PSF ficará como uma marca profunda na história política francesa.
As questões mais difíceis surgem agora: a primeira, claro, é saber se Macron terá uma maioria no parlamento para governar com estabilidade. Daqui a umas semanas vamos saber, mas a possibilidade de as suas listas não obterem maioria é real.
A segunda é o que vai resultar do seu europeísmo. Recordo-me que em 2012 muitos consideravam François Hollande um lírico porque queria renegociar o Tratado Orçamental - na verdade, tratava-se de lhe acrescentar qualquer coisa sobre 'crescimento' -, mas aparentemente Macron já é um europeísta credível na sua defesa da existência de um governo (como se isto do gouvernement économique não fosse um velho projeto francês), um orçamento (uma "união de transferências", portanto) e um parlamento para a Zona Euro (um mecanismo híbrido de controlo político das não menos híbridas e opacas formas de governança da Zona Euro), bem como pela mutualização de dívidas futuras dos Estados-Membros. Como vai convencer a Alemanha de tudo isto? E a troco de quê? Isto é importante tanto para a França (imagina-se que a Alemanha aceite ceder aqui e ali se em troca Macron liberalizar isto e aquilo, num negócio que cairá, como se imagina, extraordinariamente bem junto do eleitorado francês) como para o resto da Zona Euro, sobretudo em termos de soberania dos parlamentos nacionais - assumindo que esta questão ainda é relevante para quem defende um novo grande salto em frente na integração europeia.
A questão europeia é também central para perceber o que vai acontecer ao apoio à Frente Nacional (FN) nos próximos 5 anos. Talvez a esperança seja que a "agenda reformista" - para citar, não por acaso, o líder da nossa direita liberal - de Macron resolva os problemas que levam uma parte significativa do eleitorado a votar na FN (assumindo, claro, que há explicações socioeconómicas para que estas pessoas votem neste partido, e não sejam movidas apenas por inexplicáveis emoções como o racismo, a xenofobia, ou o ódio à democracia - mas já lá vamos). Talvez o tão esperado choque liberalizador de Macron eleve o crescimento francês, aumente a confiança, incentive o investimento privado, reduza o desemprego, etc. Cada um acredita no que quiser.
Na minha opinião, o problema é mais profundo e de mais difícil solução - em particular dentro das atuais regras orçamentais e do mercado interno - e não se resolve com mais 3 ou 4 décimas de crescimento. O crescimento da FN, obviamente, tem 30 anos, mas dois eventos recentes permitem perceber melhor um conjunto de dinâmicas que para ele contribuíram e vão continuar a contribuir: falo da eleição de Donald Trump e do Brexit. Na sociologia e geografia destes dois eventos, como também acontece com a progressiva ascensão da FN, está um conflito silencioso entre a prosperidade das grandes metrópoles e a periferia dos outros territórios, nas zonas periurbanas e rurais. As primeiras, naturalmente, são as grandes vencedoras do processo de globalização da economia: são cada vez mais "cidades globais", atravessadas por poderosos fluxos de capital financeiro e humano, que por sua vez geram oportunidades de emprego mesmo para os menos qualificados que vivem nas suas periferias. Em quase todas as grandes cidades - Nova Iorque, Londres, Paris - Clinton, o Remain e Macron esmagaram o voto “populista”. Estes espaços económicos, marcados pela abertura e pela diversidade e impecavelmente cosmopolitas e liberais, tendem, não por acaso, a ser governados por forças de centro-esquerda.
Nos territórios distantes das cidades globais, a história é muito diferente. Uma longa história de desindustrialização e de fuga de capital humano para onde há oportunidades de emprego - as tais cidades globais, claro - leva a que as suas populações se sintam abandonadas pelos governos e pelas elites (as políticas e as económicas) que os acham provincianos, retrógrados ou, simplesmente, racistas. Se a opinião destas pessoas sobre os governos e as elites é correta ou justificada é uma outra (importante) discussão; todos sabemos as respostas que qualquer pessoa daria para rebater estes “preconceitos”: que esses territórios periféricos recebem mais dinheiro do centro do que pagam, e que são portanto beneficiários líquidos das transferências orçamentais domésticas (e/ou europeias); que a percentagem de imigrantes na população é mais baixa do que nas grandes cidades, e que portanto não têm nada que se queixar; que o índice de Gini está estável, e que por isso não há mais desigualdades do que no passado; que a desindustrialização é impossível de evitar, que o Estado não pode fazer nada excetuando pagar subsídios de desemprego ou financiar estágios e, the
last but not the least, que "em todas as crises há oportunidades". No fim da discussão, estas pessoas não podem deixar de passar por ignorantes, racistas e mal-agradecidas, porque não conhecem as estatísticas sobre transferências orçamentais e da imigração e não valorizam o esforço que os outros contribuintes fazem para financiar os subsídios que os mantêm à tona de água.
Mas voltemos à questão central: se o que explica o crescimento da FN (e outros movimentos/partidos/candidatos populistas noutros países) são movimentos tectónicos deste tipo – exclusão de grande parte da população menos qualificada dos fluxos da economia global; fluxos migratórios de países com níveis de vida bastante mais baixos, como acontece com muitos migrantes de países da Europa do Leste, num espaço económico europeu que é bem mais desigual do que o norte-americano -, é realmente de esperar que o liberalismo e o europeísmo de Macron seja capaz de estancar este processo?
Muito provavelmente, estas dinâmicas só poderiam ser contrariadas com uma intervenção pública mais profunda do que aquela que as regras europeias - tanto as orçamentais como as da concorrência - permitem. Implicariam mais músculo do Estado na economia local, uma política industrial (em sentido lato) mais agressiva, menos liberalismo doméstico e menos respeito pelo "mercado interno" europeu - tudo ingredientes que fariam dela, junto de muitos, uma perigosa e irresponsável agenda populista e anti-europeia. Como ninguém espera que Macron vá defender coisas semelhantes junto de Berlim e de Bruxelas - e mesmo que defendesse, voltaria de mãos vazias -, não vejo o que o próximo presidente francês possa fazer para reduzir a força eleitoral da FN, e talvez mesmo não consiga sequer estancar o seu lento crescimento até 2022.
Uma nota final: referi, no início, que percebo que muitos, do centro à direita, regozijem com o que a eleição de Macron representa para o PSF e para a social-democracia francesa, e que até alguns no centro-esquerda europeu vejam esta como uma oportunidade histórica para acabar de vez com esse dinossauro dos tempos de Mitterrand. Tenho, porém, mais dificuldade em compreender como é que, em particular à esquerda, se perde tanto tempo a castigar os eleitores da FN sem gastar um minuto a perceber quem são estes eleitores e o que este apoio significa. Há muito que todos os estudos mostram quem são os eleitores da FN: operários e trabalhadores de serviços com baixas qualificações e baixos rendimentos, e experiência de, e/ou elevada vulnerabilidade ao desemprego e/ou à precariedade endémica. Se estas pessoas votam de forma consistente e crescente num certo partido, é porque, de alguma forma, se sentem representadas por ele (o que não significa que concordem com, ou sequer conheçam, tudo o que esse partido propõe, como se fossem ávidos leitores de programas eleitorais) e, em particular, não se sentem representadas por nenhuma das forças políticas que, histórica e ideologicamente, sempre se propuseram representar / defender / falar em nome dos económica, cultural e socialmente mais fracos. Não devia a esquerda confrontar-se com estas questões antes de, direta ou indiretamente, chamar estes eleitores de "racistas" ou "fascistas"? Esta tentação não só nos desobriga de compreender o que as leva a votar como votam (e não aceito o terrorismo intelectual inscrito na ideia de que "tentar compreender é começar a justificar") como, infelizmente, não traz nenhum voto de volta; só impede a construção de uma estratégia viável de compreensão e (posterior) convencimento dessas pessoas, ao mesmo tempo que reforça junto delas a ideia de que as "elites", lá de cima do seu mundo cosmopolita, não os compreendem (perguntem aos deplorables de Hillary Clinton).
Talvez o que está em causa seja mais sério: talvez não haja sequer a vontade de "trazer votos de volta", ou de construir uma qualquer
"estratégia viável de convencimento". Talvez a social-democracia tenha mesmo desistido de representar os perdedores das dinâmicas do capitalismo e da globalização - sobretudo se isso possa parecer "anti-europeu". Nesse caso, a melhor estratégia a que ela pode aspirar no futuro é esperar que esses eleitores fiquem em casa.
Se assim for, ter-se-á então fechado o círculo e a vitória do europeísmo coincidirá com a irrelevância (que não é bem sinónimo de "derrota", porque algumas das suas conquistas perdurarão) da social-democracia: num mundo em que as desigualdades geram nos perdedores do mercado atitudes anti-europeias que as elites políticas não podem ou conseguem dar resposta e a social-democracia deixou (e, nalguns casos, incentivou) que a clivagem política fundamental se cristalizasse entre "sociedades abertas" e
"fechadas" (eclipsando a entre "esquerda" e "direita"), para quê votar em partidos social-democratas se um liberalismo centrista, defensor de todas as liberdades e de todos empreendedorismos contra todos os protecionismos, e com credenciais impecavelmente europeístas serve perfeitamente?
O Ricardo Paes Mamede há muito tempo desmontou neste mesmo espaço o 'mito da reindustrilização'. Melhor seria admitir que nem a Social-Democracia nem a Esquerda à Esquerda dela dispõem de soluções para estas questões e que é preciso um esforço conjunto de análise e alguma modéstia e pessimismo da razão. O contributo de um Pikketty para a campanha de Hamon pareceu-me interessante. Dê as voltas que quiser, não vamos voltar nem à repressão financeira dos anos 50 nem à política industrial falhada dos anos 70. E se a rendição da social-democracia ao social-liberalismo (de Macron, em França) parece uma perspetiva pouco agradável, menos agradável ainda parece ser a ideia de um retrocesso a modelos económicos que falharam. Lembram-se ainda porque Reagan e Thatcher foram bem sucedidos e Mitterrand embarcou na sua 'Tournante da la Rigeur'? Porque aquilo que existia antes deixou de funcionar...
ResponderEliminarNeoliberalismo não é centrismo, Neoliberalismo é uma ideologia que surgiu para destruir o “New Deal” e as conquistas dos trabalhadores.
ResponderEliminarOs neoliberais não são moderados, são radicais e o seu radicalismo é servido de várias formas dependendo do local e das circunstâncias. No Chile e outros países sul americanos os neoliberais apoiaram o fascismo e a barbárie. Mais recentemente, destruíram a economia grega, sabendo perfeitamente que a “austeridade” não iria fazer renascer a economia das cinzas criadas pelo fogo que eles próprios atearam.
Era bom que parássemos com os eufemismos quando nos referimos ao Neoliberalismo, Neoliberalismo é uma ideologia virulenta que provoca resultados miseráveis sobejamente conhecidos por quem está razoavelmente informado.
Provavelmente o melhor trabalho de análise e de síntese que eu li neste blog. Este post devia ser a base de reflexão obrigatória para a esquerda não dogmática, sobre a situação política na Europa.
ResponderEliminarSuspeito que o autor - como quase sempre acontece na caixa de comentários deste blog - vá ser bombardeado com insultos pelos zelotas de serviço para matar o debate que deveria ter lugar.
Análise muito interessante.
ResponderEliminarCurioso ver como os recém-ex sociais-democratas arrumam as botas e se assumem já de corpo e de alma como (in)confessos adeptos daquele ser viscoso Macron, nem de direita nem de esquerda.
ResponderEliminarEis a mola da traição de quem abandonou já os que deviam defender. Um fim triste para quem trai e que aos olhos de cada vez mais pessoas não passam de zelotas cumpridores duma agenda ao serviço de outros interesses.
Um texto interessante . Que se lê com agrado. Apesar das discordâncias pontuais.
Entretanto José Neves, outro verdadeiro zelota de serviço, tenta marcar o debate, arruinando a discussão sobre o texto para partir já para o insulto e para o fait divers.
Será isso que pretende? Que se olhe para os seus dogmas dum tipo que se assume como não dogmático?
Para termos depois que aturar os seus queixumes sobre os dogmáticos e outras patetices do género?
Curioso também ver como a histeria pro-Macron não passava mesmo de histeria.
ResponderEliminarComo é que Miguel Esteves Cardoso arrumou recém ex-sociais democratas com uma categoria ímpar é algo que deve merecer a reflexão dos caminhos trilhados por quem andou do brexit para os jogos de água a tentar esconder no meio duma histeria viscosa o caminho que conduz à extrema-direita?
Entretanto Jaime Santos fala sobre algo que deixou de funcionar para justificar o que é patente aos olhos de todos nós. Jaime Santos parece que adere ao neoliberalismo porque este é a melhor alternativa. Foi com base nesta ideia que andou a propagandear Macron, não foi por medo de le Pen ou do que quer que seja. Descai-se e revela o que lhe vai na alma. "menos agradável ainda parece ser a ideia de um retrocesso a modelos económicos que falharam".
Ouvem aqui algum queixume pelo perigo da extrema-direita? Ouve-se sim dar quase que razão a Reagan e Thatcher, acantonando os seus adversários destes para o canto dos meninos mal comportados
« Talvez a social-democracia tenha mesmo desistido de representar os perdedores das dinâmicas do capitalismo e da globalização ...»
ResponderEliminarO que a social-democracia não desistiu por demasiado tempo foi de fazer crer que viver facilmente era um irremediável e seguro caminho para os privilegiados que primeiro beneficiaram do capitalismo.
Enganou-se, enganou, e os extremismos populistas só pensam em tomar-lhe a missão e reconstruir as condições de dominação que os leve ao poder!
Para memória futura é bom que se saiba que foram os próprios dirigentes do PS Francês que o arruinaram.
ResponderEliminarHollande à cabeça. Ele próprio o disse. Era preciso acabar com o PS e foi o que ele fez.
Este afastar de águas pode ser todavia benéfico. Não se pense que o gigolo Macron irá ter vida fácil. É que como Jaime Santos disse a ideia de um retrocesso a modelos económicos que falharam não terá qualquer viabilidade. Só que ao contrário do canto neoliberal que nos tenta impingir é precisamente este modelo que não tem futuro.
Como a realidade todos os dias o demonstra.
A vitória roubada do pirralho da corte de Rothschild
ResponderEliminarUm texto excelente de Bruno Guigue, in Le Grand Soir de 24/04/2017, (Tradução Estátua de Sal) expõe com uma precisão cirúrgica o que se passou nesta campanha eleitoral.
A expressão que usa para qualificar Macron ( "gigolo") é um achado, mau grado o ranger de dentes de pseudo-virgens indignadas dos que o servem
"Vendido como um sabonete, o bebé Cadum da finança irá instalar-se no Eliseu em 7 de maio. Certamente Macron irá ganhar, mas alcançará a vitória à custa de uma campanha que bateu todos os recordes de mediocridade e de parcialidade. Armado em cavaleiro pelo capital transnacional, o pirralho de Rothschild ganhou um jogo manipulado e fraudulento. Se Macron ganhou no domingo é porque nove bilionários controlam a imprensa francesa, porque Macron é o seu candidato e porque estas aves de rapina decidem por nós.
Durante a campanha, a fabricação do consenso por Macron operou a todo o vapor, ocupando as 24 horas do dia! Desde as baboseiras de Bourdin, até às mentiras do Le Monde, passando pelo servilismo dos cortesãos sobre o regresso de BFM/TV, a casta jornalística fez jus às suas mordomias, passando obedientemente o esfregão pelo funcionário da oligarquia. Projectado pelo marketing para o firmamento dos écrans, o jovem ex-banqueiro vendeu sonhos de pacotilha, oferecendo aos otários, por exemplo, fazer da França uma “nação start-up”, podendo todos os franceses montar sua “start-up”.
Este prestidigitador finge ser um candidato “progressista”, enquanto se prepara para aprovar 85 mil milhões de evasão fiscal, ao mesmo tempo que quer cortar no sistema de seguro-desemprego para poupar dinheiro. Este ilusionista de primeira água conseguiu mesmo fazer crer aos funcionários que, com a sua poção mágica, se vão tornar executivos e aos executivos que se vão tornar patrões. Macron sabe viver. Quando se é um jovem pretensioso que nasceu com uma colher de prata na boca, não se morde a mão que nos alimenta.
Este apóstolo da uberização da economia e da abolição do Código do Trabalho, este apologista do mercado sem fronteiras e da globalização capitalista ganhou à justa em 23 de abril um lugar na segunda volta. Mas se derrotou os outros competidores, é porque houve uma grande promoção aos ventiladores! Macron é uma corrente de ar. Seguidor do pensamento mágico, discursa como um tele-evangelista, esbraceja e promete amanhãs que cantam.
Macron é um sintoma, o sintoma da despolitização e desculturação de uma sociedade esmagada pelo rolo compressor liberal, esvaziada pela calamidade que é o euro, e desconstruída pelo individualismo importado dos EUA.
Com o seu rosto bonito, o gigolô da casta irrompeu pelo espaço mediático para aí derramar a sua papa para gatos. Reciclou as velhas luas liberais, e os meios de comunicação serviram-lhe a sopa, a ele e a uma Frente Nacional feliz por jogar aos espantalhos. Não se esqueça. O florete LePenista, é o que faz valer Macron. A segunda volta das eleições presidenciais em 7 de maio, será uma coprodução Macron/Le Pen destinada a entronizar o primeiro no Eliseu, de forma a sufocar qualquer alternativa séria. E o pior é que esta hábil trapaça foi orquestrada e executada à vista de toda a gente, como se estivesse na ordem natural das coisas.
Contudo, o Don Juan das classes médias aburguesadas, não terá vida fácil. Porque todos o esperam ao virar da esquina! Assumindo que irá ter uma maioria relativa nas eleições legislativas, ele vai enfrentar uma oposição com três cabeças que não lhe vai dar tréguas. A FN, é claro, que com tal presidente terá uma rentável tribuna garantida. A direita, que irá recuperar sua força após o afastamento de Fillon. Mas também, e sobretudo, uma esquerda que mudou de rosto. Quando o rímel tiver escorrido, o vazio do programa de Macron acabará por vir ao de cima. O casamento da carpa com o coelho vai rapidamente enfastiar os mais gulosos. Sedutor assexuado, este garoto, que grita para se julgar que joga duro, pode em breve sofrer um acidente fatal."
Só me faltava este!
ResponderEliminarMacron salvou a França e a Europa dizem os beatos do europeísmo e os "comentrocratas "de serviço
Mas agora face às dificuldades em obter a maioria absoluta nas legislativas o conselheiro de Macron , o anti comunista encartado e herói do Maio de 68 e de grupos do radicalismo pequeno burguês de fachada socialista, Daniel Conhn Bendi - -afirmou à radio que o novo presidente não exclui dissolver a "Assembleia Nacional "durante o seu mandato.
A coisa promete
(Pena Preta)
Prováveis transferências de votos:
ResponderEliminarhttps://4.bp.blogspot.com/-6hSjBdZTDMo/WQ-YMOfNa1I/AAAAAAAArAo/WLy-Z_WyCTMtO0hyzQ2omEecS0qs3wabACLcB/s1600/atranferencias.jpg
Eis alguns elementos do texto que merecem reflexão:
ResponderEliminar-"na verdade, a probabilidade de Marine Le Pen ser eleita presidente sempre foi muito próxima de zero"
-"Mas não foi apenas a derrota de Le Pen que muitos festejaram. Foi também a vitória de alguém que, tendo sido "inventado" por François Hollande, rompeu com o Partido Socialista Francês (PSF) e contribuiu para o seu péssimo resultado. A par da passagem à segunda volta de Marine Le Pen, a quase implosão do PSF ficará como uma marca profunda na história política francesa."
-" as questões mais difíceis surgem agora: a primeira, claro, é saber se Macron terá uma maioria no parlamento para governar com estabilidade. Daqui a umas semanas vamos saber, mas a possibilidade de as suas listas não obterem maioria é real."
-"se o que explica o crescimento da FN (e outros movimentos/partidos/candidatos populistas noutros países) são movimentos tectónicos deste tipo – exclusão de grande parte da população menos qualificada dos fluxos da economia global; fluxos migratórios de países com níveis de vida bastante mais baixos, como acontece com muitos migrantes de países da Europa do Leste, num espaço económico europeu que é bem mais desigual do que o norte-americano -, é realmente de esperar que o liberalismo e o europeísmo de Macron seja capaz de estancar este processo?"
-"Muito provavelmente, estas dinâmicas só poderiam ser contrariadas com uma intervenção pública mais profunda do que aquela que as regras europeias - tanto as orçamentais como as da concorrência - permitem. Implicariam mais músculo do Estado na economia local, uma política industrial (em sentido lato) mais agressiva, menos liberalismo doméstico e menos respeito pelo "mercado interno" europeu - tudo ingredientes que fariam dela, junto de muitos, uma perigosa e irresponsável agenda populista e anti-europeia. Como ninguém espera que Macron vá defender coisas semelhantes junto de Berlim e de Bruxelas - e mesmo que defendesse, voltaria de mãos vazias -, não vejo o que o próximo presidente francês possa fazer para reduzir a força eleitoral da FN, e talvez mesmo não consiga sequer estancar o seu lento crescimento até 2022."
Excelente reflexão. Um óptimo exemplo das sementes para os debates que a malta precisa.
ResponderEliminarEu, sendo da velha guarda, produto de 77, tendo a pensar que quem vota em fascista fascista é, e que quem vota é racista racista é.
Pode sustentar-se que as pessoas são manipuladas, ou não conhecem bem o programa, mas parece-me que tal ainda está por demonstrar. Mas, sim, conhecer. Não para desculpar mas para combater.
O sistema saiu vitorioso em toda a linha e não vale apoucar o eleitor pelos resultados viciados, pois já se sabia a´ partida quem iria assumir o facho.
ResponderEliminarAquilo a que intitulamos União Europeia já há muito mostrou o seu antidemocratismo e a França baseada na sua história cantada e decantada a´ esquerda tem funcionado como seu motor de arranque.
Para além dos três gigantes da banca, Soros, Rothschild e Goldman Sachs que terão contribuído com mais de 5,5 milhões de euros, há ainda um rol de governantes onde constam os nomes de Merkel, Schauble, Obama, François Hollande, Justine Trudeau, Jean Claude Junker e Alexis Tsipras. Bernard Arnault, o empresário mais rico da França, contribuiu com uma choruda quantia. Entre as dezenas de políticos e de jornalistas da lista divulgada figuram Matteo Renzi, Bernard Henry Levy, Cohn Bendit , Varoufakis, Robert Hue e François Bayrou. Tecer loas para que? Esta´ tudo dito e feito! de Adelino Silva
O que dá algum gozo ver é comparar o que este tipo que se assina como jose dizia da social-democracia e o que diz hoje.
ResponderEliminar"Viver facilmente era um irremediável e seguro caminho para os privilegiados que primeiro beneficiaram do capitalismo"
Sério?
Então os primeiros beneficiados não foram os grandes barões que concentram a sua riqueza? Os magnatas da finança e da especulação? Os ventrudos e néscios grandes patrões que vegetam entre a ignorância e a pesporrência, enquanto frequentam os bordeíes dos offshores?
Então não era este tipo que se gabava dos impostos não pagos do Soares dos Santos e do Borges?
E não era ele que numa tarde recebia tanto como o SMN? SMN que a propósito o põe num estado de histeria duvidoso?
"Condições de dominação que os leve ao poder" dirá o tipo de nickname jose
ResponderEliminarEis o medo que orla de suor a testa dos que têm o poder nas mãos.
Episodicamente foram apanhados com as calças na mão a 25 de Abril de 1974. A expressão não é minha mas do próprio jose.
Rapidamente reconstruíram a sua dominação sobre o aparelho económico do país. Depois através dos cavacos e dos Passos menores ( e doutras figuras associadas) têm-se governado enquanto governam.
Eis de como um viúvo de Salazar se associa aos crepes da social-democracia, enquanto numa sala ao lado se assume como viúvo do Passos, vertendo uma lágrima por ele e insultando de fdp os "rosa e vermelhos".
Entretanto Valls cumpre o destino dos traidores.
ResponderEliminarMacron vai ao beija-mão de Merkel.
Cabe aos franceses e a todos nós darmos a resposta adequada a esta canalha.
(...)"Muitos acham que só recauchutando algumas das bandeiras da extrema-direita e da extrema-esquerda podem vencer eleições ou ter resultados satisfatórios.
ResponderEliminarJulgam por conseguinte que é preciso pescar nas águas do nacionalismo, do proteccionismo, do “soberanismo” e, às vezes, da xenofobia para poder ganhar eleições.
Pensam pois que quem assumir a defesa da União Europeia está condenado a perder votos, senão mesmo a perder eleições.
Ora, o eixo programático e discursivo de Macron prova exactamente o contrário.
E, por isso mesmo, e essencialmente por isso, a sua eleição merece uma celebração especial.
De resto, este não é um caso único. Num país a que damos pouca atenção, a Croácia – o mais jovem dos membros da União Europeia –, o actual Primeiro-Ministro Andrej Plenkovic ganhou eleições contra todas as sondagens justamente com a mesma estratégia.
Contra um eurocepticismo crescente com grande receptividade mediática antepôs – de modo honesto e sem romantismos – as vantagens da integração europeia. Venceu."(...)
O passado da esquerdalhada não os ajuda a serem populares.
ResponderEliminarPoderão ser tomados por úteis na instituição das mamas distributivas de rendas e dívida, mas populares - ninguém compra essa.
Guias dos povos, grandes educadores, mandantes anatematizantes de toda a oposição, é esse o seu património cultural e histórico.
O europeísmo é sede de valores que sempre lhes serão estranhos.
Um idiota de nome Paulo Rangel , com coluna paga num dos media tidos como de referência, saúda de forma tosca e pungente a vitória de Macron.
ResponderEliminarUm aldrabão de primeira água que de forma dúbia tem a suprema lata de referir a "grande receptividade mediática" do eurocepticismo crescente.
Distraído ou em processo de emagrecimento intelectual? Ou simplesmente desonesto?
Quanto à celebração especial que merece a vitória do pupilo de Merkel...Rangel confunde a celebração entre a cambada da direita e dos neoliberais de turno com a realidade.
Mas esta área ideológica sempre foi assim. Toma a nuvem por Juno e deixa que a comunicação social fidelizada faça o seu trabalho de amplificação e de cristalização daquilo que quer fazer passar como real
Macron foi dos seis candidatos o que menos entusiasmo reunia entre os seus próprios eleitores da 1ª volta, 45% dos quais declararam ter votado nele, não por ser o seu candidato preferido, mas por estar em melhores condições para ganhar.
ResponderEliminarO resto é patetice dum candidato à chefia dum partido de direita baixa
Afiam-se as facas!
ResponderEliminarA esquerdalhada está em choque quando se apercebe que na presidência da França está representado tudo o que a ameaça.
A direita tradicional costuma embrulhar em pias palavras o seu liberalismo económico; ora nem isso pode ser dito de Macron.
Foi claro e disse ao que vinha.
Adivinham-se saudáveis passeatas, repousantes greves, sonoras proclamações!
Nós sabemos
ResponderEliminarO passado não ajuda a ser popular.
Popular mesmo é a le Pen. Ou o Macron. Isto em França. Por cá parece que foi o Salazar. Ou o Passos. Ou a Lolita que partilhava com o patrão da fábrica a frequência de alguns bordéis. Com sacrifício para a primeira mas com a protecção dos lucros vampirescos para o segundo.
E ambos falavam em mamas.
Ambos os três?
Quanto ao europeísmo com sede de valores...isso já nós percebemos. Com sede e com fome a julgar pelo que fazem aos países periféricos...
O importante são mesmo os valores. Quer sob a tutela dum regime podre e criminoso quer sob a tutela dos agiotas dos mercados
Afiem-se as facas?
ResponderEliminarA esquerdalhada está em choque?
Ahahahah!
Pobre herr jose. Tudo isto para mostrar a satisfação dum viúvo de Salazar,convertido agora em viúvo de Passos Coelho, pelas perspectivas de arranjar um novo amante de nome Macron?
Ahahaha.
Foi claro e disse ao que vem.
Ó olharapo José,
ResponderEliminarÓ imbecil:
Quando largas as tuas alarvidades lês alguma coisa sobre o que vais dizer?
Ou limitas-te a debitar a cassete que o teu patrão te entregou?
Ora lê (abaixo) as principais 25 medidas do Programa do Macron.
Nelas encontras coisas que agradam à Direita (7, 8, 11, 12, 15, 16, 18, 19) e outras que agradam à Esquerda (4, 5, 9, 13, 14, 17, 21, 23) .
É por isso que é redutor classificá-lo, simplisticamente, num ou no outro lado da barricada.
E quanto aos prognósticos sobre o que ele fará, como nos prognósticos, em geral, o melhor é fazê-los depois do jogo.
É mais seguro para não se errar.
Tanto mais que, sendo na França, com a sociedade tão fracturada sobre todos os pontos de vista, a tarefa ainda é bem mais difícil de executar.
Vê lá se desapareces ou se escreves alguma coisa que interesse a alguém.
Como isso não deve ser possível, pois és analfabruto completamente imbecil, eu no teu lugar ia chatear o Camões, que é cego de um olho.
Olha lá, ó olharapo, não queres vir para aqui para Alcobaça trabalhar nos pomares?
Agora é a desinfecção, depois a apanha da fruta, sempre fazias algo de útil à sociedade que te alimenta.
E deixavas de viver à custa do Estado Social enquanto debitas alarvidades nas redes sociais a criticá-lo.
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AS PRINCIPAIS 25 MEDIDAS DO PROGRAMA DO Emmanuel Macron
1. Redução de um terço do número actual de deputados e senadores.
2. Supressão do regime especial de aposentação dos deputados.
3. Generalização do voto electrónico até 2022.
4. Paridade absoluta de género nas listas eleitorais.
5. Cumprimento intransigente do direito à igualdade de género no espaço público francês.
6. Alteração do mapa administrativo, com a supressão de um quarto das entidades territoriais hoje existentes.
7. Criação de um estado-maior permanente de operações de segurança interna como peça fundamental na luta contra o terrorismo.
8. Encerramento de templos e associações religiosas onde se faz a apologia da violência e do terrorismo.
9. Anulação de novas missões militares francesas no estrangeiro, salvo em casos de legítima defesa.
10. Prioridade absoluta à cibersegurança e à ciberdefesa.
11. Reforço do orçamento da defesa até atingir 2% do orçamento anual francês.
12. Fixação de um tecto máximo de 0,5% do défice estrutural das finanças públicas até 2022.
13. Grande plano de investimentos públicos, orçado em 50 mil milhões de euros, destinados à qualificação dos recursos humanos, à modernização dos serviços públicos, à transição ecológica e à reabilitação urbana.
14. Introdução de mecanismos de controlo do investimento estrangeiro para preservar os sectores estratégicos.
15. Redução do imposto sobre as sociedades, de 33,3% para 25%.
16. Primado aos acordos de empresa no estabelecimento de novos contratos laborais.
17. Redução para 7% do desemprego nos próximos cinco anos.
18. Supressão de 120 mil postos de trabalho na administração pública.
19. Flexibilizar os horários de funcionamento dos serviços públicos.
20. Acelerar a convergência dos sistemas de pensões e reformas.
21. Criação de 30 mil apartamentos sociais para os jovens.
22. Redução do número de canais públicos audiovisuais.
23. Oposição ao alargamento das actuais fronteiras da NATO.
24. Manutenção das sanções à Rússia.
25. Alargamento a mais cinco países do número actual de membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (com inclusão da Alemanha, do Brasil, da Índia, do Japão e de um país africano a designar).
Ontem, mesmo ontem, herr jose afirmava esta coisa:
ResponderEliminar"A esquerdalhada empenha-se em destruir emprego e em evitar a sua criação para manter a bandeira dos direitos e das conquistas. É a Luta..."
Hoje fala aparentemente de forma desconexa em "Adivinham-se saudáveis passeatas, repousantes greves, sonoras proclamações!"
O que há de comum entre estas duas proclamações tão desencontradas?
Herr jose tenta esconjurar o espectro de luta que possa contrariar o status quo dos donos disto tudo. Que serve e de que se serve.
Que diabo. Ele próprio o confessou. Ele e o patronato mais grosseiro e caceteiro foram apanhados com as calças na mão a 25 de Abril. Houve uns tipos que decidiram lutar contra a trampa do fascismo. E foi o que se viu
Herr jose nunca esqueceu a humidade que o acompanhou nesse dia histórico.