domingo, 19 de março de 2017

Aprender com quem ainda vence

“Só se Portugal enlouquecesse é que saía da zona do euro” e “como é que políticos experientes convocam um referendo sobre a UE?”. Estes dois destaques são um justo resumo da segunda parte da entrevista de Cavaco Silva ao Público.

Vale a pena ler, porque nos relembra que o cavaquismo foi e continua a ser a forma mais consequente de europeísmo por cá: usou o vínculo externo, nunca referendado, para trancar a sua agenda de neoliberalização. Os outros europeísmos, alardeados por sectores anti-cavaquistas, revelaram ser uma espécie de idiotice útil, como se vê pela trajectória da economia política nacional. Neste aspecto, Cavaco Silva compreende melhor a natureza da UE do que a grande maioria dos intelectuais de esquerda que sempre o subestimaram intelectual e politicamente.

É claro que Cavaco, como dogmático que é, jamais reconhecerá os resultados da aposta no pelotão da frente: duas décadas de estagnação, uma dívida externa recorde, taxas de desemprego sem precedentes antes do euro, o esvaziamento da energia vital do país, uma combinação nunca vista. O que Cavaco vê como enlouquecimento será, na realidade, o cúmulo da sensatez. A sua aposta na estratégia do medo para defender a sua principal vitória é a confissão de uma derrota a prazo e os argumentos, digamos assim, sobre inflação, juros, dívida ou salários já foram, creio, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui ou aqui respondidos.

Quero só sublinhar a importância de uma confissão: a Alemanha jamais sairá do euro, porque a sua moeda sofreria uma valorização que minaria a sua economia política. Aprende-se mais com o inimigo do que com muitos aliados. E, sim, o euro e a UE são desgraçadamente mais sólidos, na sua presente compleição, do que muitos julgam. Questão geopolítica e de classe. É a política, enquanto acção deliberada, que tem de os superar pelos elos mais fracos da cadeia.

13 comentários:

  1. Nada como manter a luta por salários e a seguir roubá-los pela desvalorização da moeda.
    Sem esse processo permanentemente activo a economia política corre o risco de ser só Economia e não Política, o que torna a vida uma sensaboria sem sentido para quem detesta a cena dos mercados.
    Quando se atinge o limite da dívida e se fica reduzido a fazer da Política uma geringonça que nem faz economia nem política, a única solução é multiplicar as bandejas e anunciar ao mundo que temos sol e somos simpáticos.

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  2. Não concordo com o João quando diz que subestimaram a inteligência de Cavaco.
    O intelecto de Cavaco é vulgar, o que é invulgar em Cavaco é a sua mesquinhez e sua vontade de subir na vida a qualquer custo.

    Cavaco, como um dos maiores alpinistas sociais da história recente deste país, sabia bem que tinha que servir “Os Donos Disto Tudo” para subir de escalão social, e foi exatamente isso que ele fez.

    Cavaco Silva é também um produto de marketing, a “catch phrase” “nunca me engano e raramente tenho dúvidas” é um bom exemplo de empolamento da personalidade do sr. Silva, e terá os seus crentes, mas hoje em dia estas expressões cavaquistas são usadas de forma a relembrar o embuste que Cavaco sempre foi...

    “Os Donos Disto Tudo” (mais os media) tentaram recriar um Cavaco 2.0, refiro-me a Passos Coelho.
    Passos Coelho também apareceu para aí com uma aura de sério, austero e competente mas os tempos são muito diferentes do tempo de quando Cavaco apareceu.
    Nós estamos a enfrentar a pior crise desde a grande depressão dos anos 30 do século passado.
    Governar num período de relativa acalmia e com os subsídios da CEE como Cavaco governou é um cenário que propícia a criação de mitos, a seriedade e competência de Cavaco são os mitos que a dada altura pegaram de estaca.

    Passos Coelho é hoje uma figura que provoca náuseas a parte muito significativa da população, inclusive a quem votou nele...
    A imagem de Cavaco não está muito melhor, a presidência da república muito terá contribuído para a descredibilização de Cavaco, tivesse ficado quieto e não tivesse sido P.R. as memórias do que foi o Cavaquistão não seriam frequentemente relembradas...

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  3. “Ou e´ da minha vista ou do rabo do Baptista”
    Me parece que os alicerces da democracia que se quer progressista devem acentar numa edu¬cação po¬lí¬tica e de trabalho produtivo. ora acontece que o Governo e seus apoiantes institucionalizaram o acesso a bens pes¬soais quando se devia implementar o acesso a bens so¬ciais.
    hoje, em qualquer casa humilde, pode-se en¬con¬trar toda a linha branca (fogão, ge¬la¬deira, micro-ondas) - pro¬dutos ad¬qui¬ridos a preços mais baixos, talvez em con¬sequência da de¬so¬ne¬ração tri¬bu¬tária aos vendilhoes do Templo - e, ainda, com¬pu¬tador, ce¬lular e, o carro com¬prado a pres¬ta-ções - o endividamento estimulado. E todavia e conjuntamente, la´ estao as familias sem acesso à mo-radia, se¬gu¬rança, saúde, edu¬cação, sa¬ne¬a¬mento e ao trans¬porte co¬le¬tivo de qua¬li¬dade.
    A pri¬o¬ri¬dade de¬veria e deve ser o acesso aos bens so¬ciais produtivos de democracia de verdade. Pelo contrario, esta atitude conciliatoria de classes, parecendo meritoria, não deixa de criar, por¬tanto, uma nação de con¬su¬mistas, não de plena ci¬da¬dania. de Adelino Silva

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  4. "Nada como manter a luta por salários e a seguir roubá-los pela desvalorização da moeda."

    Como?
    É a "isto" que está reduzido um tipo que andou para aí de mão na ilharga a berrar o seu gozo pelo roubo de salários e de pensões?
    E agora anda a vender a rábula da desvalorização da moeda para ver se nos esquecemos do papel de varina histérica a aplaudir Passos, Portas e Cavaco e mais os troikistas que estimava?

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  5. Há mais:

    A "economia política corre o risco de ser só Economia e não Política". Então mas este tipo saberá o que é economia política?

    Mas vamos pelo absurdo. Se seguirmos a idiotice (infelizmente é mesmo isso ) desta espécie de raciocínio tínhamos que a economia política corria o risco de não deixar de o ser, mas passar a ser só economia, não se percebendo então o motivo pelo qual se manteria como economia política.

    Confuso? Pois. Confuso para todos. Mas infelizmente é esta a conclusão que se chega pelo risco aí em cima debitado

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  6. Quanto à "cena dos mercados":

    O que quererá este dizer com isto?

    Muito sinteticamente, mesmo correndo o risco do tipo da "cena dos mercados" ter um ataque de náuseas ou duma birra pueril, pergunta-se ao sujeito se a cena que se refere é à cena descrita e desmascarada pelo João Ramos de Almeida nesta posta:

    http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2017/03/a-realidade-fragmentada.html

    Uma cena dos mercados maravilhosamente desmontada pelo JRA.

    Pelo que se percebe que o sujeito da "cena dos mercados" ama mesmo os mercados.

    Já o sabíamos. Porque ama também aqueles lugares de má fama, conhecidos como bordéis tributários e através dos quais alguma da "cena dos mercados" se desenrola de forma fraudulenta e criminalmente

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  7. Mas a frase que espelha melhor a mediocridade e o desvario do tipo das 19 e 47 é todavia esta:

    "Quando se atinge o limite da dívida e se fica reduzido a fazer da Política uma geringonça que nem faz economia nem política, a única solução é multiplicar as bandejas e anunciar ao mundo que temos sol e somos simpáticos"

    - Quando se atinge o limite da dívida? Mas qual é este? Foi atingido? Quando? Este não vai ser ultrapassado?
    Mas este tipo junta palavras e debita-as como versalhada rasca a ver se passa?

    - Reduzido a fazer da política uma geringonça? O que aparece aqui ainda é a pesporrência e a azia anti-democrática pela derrota,clara, legal, constitucional, democrática, auspiciosa da governança de Passos /Portas?
    E a política é uma geringonça porquê? Porque um idiota resolveu crismar o governo do PS assim viabilizado como geringonça? E a política é apenas a governação? Passos e Cavaco agora fazem política designada como de "geringonça? Este tipo, jose , faz política geringonçosa?
    - E a geringonça não faz política nem economia? Vejamos, um mínimo de bom-senso. Por não fazer a política da governança de má memória esta deixa de ser "política"? Tal como a "economia"?
    E quem define o que é política e economia?O Caetano? O proxeneta do offshore? O Cavaco? O cadáver do Borges? A alma penada do Passos Coelho?

    -"Bandejas multiplicadas"? É melhor passar por cima disto, porque cheira a rato de sacristia

    -"Temos sol e somos simpáticos." A vacuidade desta afirmação mostra no entanto uma coisa. Que o tipo das 19 e 47 ao tentar fazer política desta forma manhosa é manifestamente impotente para fazer mais do que "isto".

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  8. Uma excelente posta de João Rodrigues

    Sublinhe-se que quando se diz que subestimaram intelectual e politicamente Cavaco está-se a remeter concretamente para isto:" Foi e continua a ser a forma mais consequente de europeísmo porque usou o vínculo externo" como alavanca essencial duma praxis política. Afastando claramente qualquer agenda referendária ou de auscultação das populações.
    Fechou assim a sete chaves os mecanismos que pudessem contestar a sua agenda.

    Mais. Cavaco é duma clareza lapidar quando se questiona “como é que políticos experientes convocam um referendo sobre a UE?”

    Ou seja, o importante para Cavaco não é o juízo popular, a vontade das populações. O importante é que o rumo seja mantido a qualquer custo, conduzido pelas elites pós-democráticas de Bruxelas e sob os auspícios das troikas que vão governando esta UE.
    O que se censura é a pouca experiência de políticos para terem a veleidade de perguntarem aos povos qual a sua vontade. Isto não são perguntas que se façam.

    Isto é sinal inequívoco dum modo de actuar frio, voluntário, que menospeza quem é governado e que adopta o neoliberalismo mais desbragado como objectivo último a alcançar, indiferente aos meios a utilizar.

    Isto também é uma prova evidente do conceito de demcracia de tal coisa.
    Não é por nada que todo o seu comportamento antes de Abril de 74 face aos registos da Pide e as denúncias sobre o comportamento de familiares o remetem para patamares muito pouco dignos.

    Ou seja, teria assumido com a mesma convição qualquer posto ao serviço de Salazar. Mas com a agressividade acrescida de não ter quaisquer entraves democráticos nem mediáticos ao exercício do seu consulado. Ainda por cima com o rancor que o acompanha qual doença venérea a consumi-lo

    Uma figura perigosa. E completamente desprezível.

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  9. Ignorando os textos demostrativos de uma perene incompatibilidade com a lógica e ao serviço da treta, releva a azia em relação ao Cavaco.

    Cavaco é o vizinho que toda a gente tem; o exemplo que pode encontrar-se em toda a família; o rumo que em algum momento foi sugerido a toda a criança.
    Haverá algo nesta vulgaridade que possa não enervar a esquerdalhada?
    Seguramente não, a azia é inevitável; é a demonstração viva e falante de que o país não lhes pertence!

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  10. “como é que políticos experientes convocam um referendo sobre a UE?”


    A "coisa" ...

    da democracia representativa!

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  11. "Perene incompatibilidade com a lógica"

    E quem o diz?

    O "fiel" depositário da lógica ( da treta, diria um conhecido treteiro)

    Ah! esta perene veia de censor, adquirida noutros tempos e mantida pela fidelidade ideológica ao obscurantismo da ordem nova

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  12. "A azia em relação a Cavaco".

    e esta tão mimosa como comovente solidariedade com o "vizinho"

    Vejam lá se não é piegas:
    " vizinho que toda a gente tem; o exemplo que pode encontrar-se em toda a família; o rumo que em algum momento foi sugerido a toda a criança"

    As lágrimas afluem-lhe aos olhos. As náuseas assaltam-no como da outra vez.

    Diz tudo da mediocridade vulgar da nossa extrema-direita. Estão bem uns para os outros de facto

    A demonstração viva e falante (?) que o 25 de Abril apanhou estes tipos com as calças na mão?

    Também isso os une.

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  13. A cavacal figura é também isto que foi aqui revelado.
    E muito mais, porque o rol das suas ignomínias no seu formato de indivíduo mesquinho rancoroso são múltiplas e conhecidas.

    Há qem tentasse desviar as atenções sobre o cavacal personagem falando em sensaborias , economia sem política (!) e bandejas.

    Depois, perante o desmascarar da figura cavacal, tenha sentido uma pulsão para o defender. Que diabo, têm tanto em comum.

    Mas nunca vi ninguém vir falar desta forma laudatória e enjoativa, apregoando sobre o vizinho que toda a gente tem, o exemplo famíliar, o rumo a indicar a TODA a criança.

    Que vizinhos!
    Que família!
    Pobres crianças que caiam nas mãos destes fundamentalistas neoliberais com tiques de inquisitoriais "educadores".

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