sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Ruas estreitas

Se a discussão na generalidade do Orçamento de Estado (OE) para 2017 mostrou alguma coisa foi um PSD e um CDS completamente perdidos.

Ontem João Almeida (CDS) e Montenegro (PSD), hoje Maria Luís Albuquerque (PSD) e Telmo Correia (CDS), vieram defender uma tese obstrusa. Este orçamento, tal como o de 2010, é de austeridade. E como tal, o Governo arrisca-se a levar o país à bancarrota. Bancarrota essa que teve de ser salva com uma austeridade ainda mais profunda, a que PSD e CDS se viram obrigados a aplicar, mas que deixou o país a crescer quando largaram o Governo para a esquerda, esquerda essa que agora se arrisca a dar tudo a perder com mais austeridade e com mais reposições de rendimentos... 

Faz algum sentido? Não faz, à luz de quem defende a austeridade. Aí, é a verdadeira barafunda mental.

Mas há uma lógica. A austeridade de 2010 (socialista, imposta pela UE) piorou as contas públicas e foi recessiva, o que levou os mercados - sem a rede comunitária - a rebentar com as taxas de juro, algo que colocaria qualquer país em bancarrota. A austeridade de 2011-2013 (PSD/CDS e troika) afundou ainda mais o país, a ponto de ter de ser aliviada desde 2013 até 2015, até pela intervenção do TC. E essa interrupção da austeridade teve frutos. E a atenuação da austeridade, agora acentuada pela esquerda, terá melhores resultados ainda.

O exercício orçamental tem, contudo, um pecado original. A sua vantagem é - e bem! - que o BE e do PCP estejam apostados em fazer o caminho com o PS - até como forma de o convencer - até ao limite da possível aplicação do Tratado Orçamental (TO), antes que os serviços públicos se degradem inevitavelmente. Só por isso, não é possível ir mais depressa na desarticulação da austeridade.

Essa é, porém, uma rua estreita. Se a UE não evoluir, chegará um momento em que os três partidos terão de pensar – de preferência em conjunto, sob pena de a direita se ficar a rir – o que se fará a seguir. E não vai ser fácil. 

16 comentários:

  1. A austeridade que se justifica sempre tem um sentido de saída.
    A austeridade que não sabe para onde vai, é tão só estupidez ou mais provavelmente puro oportunismo.
    O plano da Geringonça para 2017 é pagar as promessas que os puseram no poder e ganhar as autárquicas.
    Daí para a frente entregam-se ao destino...Mistérios da Fé!

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  2. Não vai ser fácil fazerem o exercício juntos e não vai ser fácil o que se seguirá, convém que se assuma. Porque a escolha entre o que existe e o que se seguirá será sempre entre Cila e Caríbdis. E só ouço críticas ao presente, sem que se pense no futuro e como podem ser mitigadas as consequências de uma decisão portentosa, que poderá destruir a Economia Portuguesa. E se isso acontecer, o risco não será apenas o regresso em força da Direita, mas também o fim da própria Democracia.

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  3. Eis um comentário extremamente revelador por parte do das 21 e 14.
    Sem o querer, confirma aquilo que tem vindo sempre a negar. E o que o confirma é tão só uma coisa maldita para quem tem toda a fé e quer toda a concentração de Capital no grande patronato:

    A existência de facto da luta de classes.

    Até há pouco tempo ouvíamos a todo o momento (e com a amplificação própria da manipulação desavergonhada), que não havia alternativa ao processo austeritário desencadeado pela besta negra neoliberal.

    Agora parece que há "duas" austeridades: uma boa e outra má. Uma que sabe por onde vai e a outra que não sabe. E a que não sabe por onde vai é "tão só estupidez" ou mais "provavelmente puro oportunismo" .

    Estamos no reino da miséria intelectual e da degradação argumentativa. Adivinhe-se quem aponta o lado para onde se deve ir. Ou quem define o que é estupidez ou puro oportunismo?

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  4. Poderemos dizer que o caminho que o mesmo sujeito considera que sabe por onde vai, ( "o bom") é o caminho que defende os da sua classe.

    O governo que fez recuar o PIB mais de 5,5 pontos percentuais, que levou a um recuo brutal do investimento público e privado, que concretizou uma imemorável destruição de emprego e que procedeu a uma gigantesca política de concentração da riqueza, a que se chamou política de austeridade. Que foi precisamente um governo que usou o défice como desculpa para impor as medidas mais negativas, sem sequer cumprir os seus próprios objectivos. Uma governação durante a qual as dívidas, pública e externa, se situavam entre as maiores do mundo.

    Isto enquanto foram disponibilizados à banca privada milhões de euros de recursos públicos, desviados 7 a 9 mil milhões de euros por ano para pagamento dos juros da dívida pública, concedidos largos milhares de euros de apoios e benefícios fiscais ao grande capital e se desenvolviam os negócios dos contratos SWAP e das Parcerias Público Privadas. Aliás, foi precisamente o pretexto da falta de dinheiro que justificou a venda ao desbarato de empresas públicas, a degradação dos serviços públicos e o corte nos rendimentos"

    Numa modesta contribuição para o reforço de tal "caminho bom" o sujeito das 21 e 14 não teve pruridos em gritar até à exaustão pelo direito de meia-dúzia de patrões de colégios privados continuarem a viver de rendas, sangrando o erário público. Tal como outrora fez o mesmo pelo "direito" ao não pagamento de impostos por parte dum mafioso de nome António Borges.
    Políticas de classe, com marcas de classe

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  5. Hoje soubemos mais uma herança do processo austeritário então em curso:

    Portugueses “perderam” três anos de vida saudável. Mulheres estão pior
    "É um dado que está a intrigar e a preocupar os especialistas: os portugueses “perderam” cerca de três anos de esperança de vida saudável em 2014 face ao ano anterior, fenómeno que os responsáveis da Direcção-Geral da Saúde (DGS) vão investigar para tentar perceber o que aconteceu.

    As mulheres foram as mais afectadas por esta espécie de hecatombe estatística: aos 65 anos (e estamos a falar de médias, claro), podiam esperar viver apenas mais 5,6 anos sem incapacidades, enquanto aos homens aguardava-os um cenário mais desafogado - 6,9 anos sem doença ou limitações de longa duração. São os dados mais recentes do Eurostat (gabinete de estatísticas da União Europeia) que encheram de surpresa e de consternação os responsáveis da DGS".

    Nada que preocupe quem invoca os mistérios da fé e os caminhos do destino. A piscina que tem no seu quintal é o garante duma actividade física saudável e o que ganha por uma tarde de "trabalho", correspondente ao salário mínimo nas suas suas palavras, permite o pecúlio a salvaguardar num offshore dum colega amigo

    Há que lutar para a perpetuação desta qualidade de vida: da dele e da dos que vêm reduzida assim a sua.

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  6. "Como a direita pensa" e como quer que nós pensemos.

    A questão das promessas e do seu cumprimento é uma questão fulcral. A direita e a extrema-direita sabem que são minoritárias. Se todos os que são explorados tomassem consciência dos mecanismos que condicionam a sua condição de vida, quantas vezes infra-humana, seria o princípio do fim desta sociedade iníqua.

    O respeito pelas promessas é algo que preocupa de per si. Tem sempre que se arranjar justificações para a sua violação posterior. Exemplo concreto e detalhado deste gesto é o de Passos Coelho em 2011 e anos seguintes.

    Mas o medo da opinião dos povos passa também por aqui. Como os povos podem ir atrás das"promessas eleitorais dos outros" e podem não saber por onde devem ir, que se coloque em causa os processos de auscultação a massas tão ígnaras. E para manter os caminhos da fé e do destino de tão indisciplinadas massas há que garantir quando necessário o ultrapassar de tão perigosos escolhos.
    Foi o que aconteceu no Chile, com Pinochet e com o boys de chicago.

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  7. Pormenor delicioso.
    Da "reversão dos resultados eleitorais" em 2015, dos "palhaços", do "golpe desonesto" da "batota" proclamados com ódio, desatino e raiva, passámos agora para " as promessas que os puseram no poder".

    O reconhecimento que a histeria era fundada no medo de perda do poder da governança e da perda do comboio de alta velocidade, em direcção ao abismo austeritário, apenas para benefício de uns poucos.
    Mas também o desvendar da farsa e que todo o discurso da direita e da direita-extrema no período pós-eleitoral se baseava na fraude e na pesporrência anti-democrática.

    Que caiem como um castelo de cartas podre à medida que se dá mais corda para o enforcado se enforcar

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  8. Por que no te callas e me dizes para onde vai a geringonça?

    A nenhures....

    Sempre a reza do que foi e do que seria se não fosse.
    A geringonça vai cumprir as promessas à clientela, e depois?
    Onde o crescimento? Onde a confiança? Onde o crédito?
    Mais uns discursos trinados e relinchados, mais uns insultos à Direita que herdou a última bancarrota, e depois? Qual é o plano?

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  9. " as promessas que os puseram no poder"

    Houve quem lhe chamasse 'acordos' mas mais não foi que promessas a troco de votos.
    Lá se vão havendo com alguns atrasos e desvios...

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  10. Cuco, que enfadonho modo de dize as mesmas asneiras em tão extensa prosa.

    A geringonça não faz mais que distribuir e diminuir a pouca riqueza existente.

    O Costa diz que vai passar um dia por semana a dizer a todo o potencial investidor que vale muito a pena ser patrão neste país.

    Uma porra de um governo da esquerda pode andar por aí a dizer tais coisas?
    E aos indigentes que o apoiam, a rosnar baixinho e a mandar umas baforadas progressistas de vez em quando, tanto basta para contentar imbecis esquerdalhos?
    Onde já se viu semelhante pouca vergonha?

    Uma imagem: a puta sai do lupanar em busca de clientes enquanto nele mantém uns chulos dispostos a depenar os clientes que apareçam.

    Abstenho-me, por momentâneo recato democrático, de associar personalidades ao sentido desta imagem.

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  11. Herr jose tresloucou.

    E ei-lo a investir naquela linguagem de prostíbulo aprendido sabe-se lá em que reminiscência pessoal ou familiar.

    Daí quem sabe, a tecla nos cucos

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  12. Mas porquê esta linguagem género e vou citar:"a puta sai do lupanar em busca de clientes enquanto nele mantém uns chulos dispostos a depenar os clientes que apareçam"?.

    Porquê esta inquietação prenhe de raiva descabelada?

    Pelo incómodo de ser confrontado com a sua própria admissão da existência de luta de classes?


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  13. Veja-se o patético que é vir um sujeito com uma linguagem patibular, aprendida sabe-se lá onde, tentar contrapor a realidade da governação trauliteira que foi enterrada nas últimas eleições legislativas com a realidade actual.
    Sem haver motivos para festa, a comparação entre o governo de Passos e o actual é enorme.

    E mais uma vez (involuntariamente?) o sujeito malcriado, armado em jagunço do meio, só tem a dizer que "Costa diz que vai passar um dia por semana" e "umas baforadas progressistas"

    O mais do resto é asneiredo, concreto e metafórico, cheio de "porras, imbecis, indigentes, puta, lupanar, clientes, chulos"

    E agora, serenamente, é comparar com os "feitos" apresentados aí em cima pela governança neoliberal.


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  14. O desmascarar dum "servidor" tem estes feitos. Faz perder a cabeça a alguns dos alvos.

    Particularmente bem apanhada é a contradição aí em cima exposta entre o anteriormente dito sobre os resultados eleitorais e o que hoje se diz sobre os mesmos.

    Exige-se ao menos um mínimo de coerência. Mas quem sabe, fazendo justiça ao palavreado usado pelo sujeito em causa, parece que também aqui não há a menor dose de dignidade.

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  15. Parece que desta vez o barco de herr Jose foi ao fundo, não é mesmo herr jose?

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  16. Para onde vai a geringonça?

    Para qq sitio bem longe da governaçao sinistra de Passos e Portas.
    O resto é apenas a democracia a funcionar para estupor das cabeças ocas da aristocracia decadente, a cair da tripeça e das páginas da História

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