Uma das formas que a direita encontrou para lidar com a recuperação inequívoca do emprego, ao arrepio dos seus próprios prognósticos, consiste em afirmar que essa recuperação começou em 2013 e resulta das «reformas laborais» aplicadas pelo anterior governo. Entre o wishful thinking e a obsessão doentia com o «ajustamento» do mercado de trabalho, é por exemplo essa a leitura do ex-ministro Álvaro Santos Pereira ou do ex-secretário de Estado Pedro Martins. E os dados, aparentemente, dão-lhes razão: a destruição de emprego iniciada em 2008, na sequência da crise financeira internacional, estanca em 2013, começando desde então a inverter-se a trajetória de queda seguida até aí.
Sucede porém que esta «narrativa» sobre o papel das «reformas laborais» na recuperação do emprego choca de frente com a realidade dos factos. Desde logo, porque foi em 2013 que o Tribunal Constitucional esvaziou a vontade da maioria de direita em aplicar uma nova dose de austeridade (ao abrigo da qual pretendia aprofundar os cortes em salários e pensões) e anulou parte das alterações à legislação laboral aprovadas pelo PSD e pelo CDS/PP em 2012, no âmbito da revisão do Código do Trabalho.
Deixando a economia respirar, o travão do TC é essencial para compreender a melhoria relativa da situação do país desde 2013 e que seria mais tarde reforçada com um segundo travão à austeridade, desta vez accionado pelo próprio governo, para começar a preparar as legislativas de 2015. Como? Relaxando a agenda ideológica do «ajustamento» e os exercícios orçamentais, por forma a alimentar a ilusão da «saída limpa» e bem sucedida (sendo o lixo devidamente colocado debaixo do tapete). Nessa distensão - como quem dá um passo atrás para poder depois dar dois passos em frente - aposta-se por exemplo de forma intensiva na criação artificial de emprego, multiplicando o número de desempregados ocupados, que contam estatisticamente como emprego (ver gráfico acima).
Para perceber melhor o impacto real do uso e abuso desta estratégia (que de resto perverte sem escrúpulo os objetivos matriciais das políticas ativas de emprego), basta assinalar o peso que os desempregados ocupados assumem na criação de emprego total: em 2013, explicam mais de 90% dos 67 mil postos de trabalho criados, sucedendo praticamente o mesmo em 2014, quando a criação efetiva de emprego não vai além de 7 mil postos de trabalho, que representam apenas 25% do total de emprego criado (28 mil). No ano seguinte, 2015, os efeitos do travão do TC e do travão eleitoralista da maioria PAF encontram-se já em velocidade de cruzeiro, facilitando a vida à economia, mesmo quando sobre ela pairava a ameaça de um novo mergulho na austeridade, caso a direita vencesse as legislativas de outubro.
Tudo planeado ao milímetro, com o ministro Mota Soares a anunciar, em janeiro de 2015, dois programas de estágio e formação dirigidos a desempregados, para implementar nos meses seguintes. Com um envelope financeiro a rondar os 70M€, este «investimento» eleitoralista contribuiria para uma concentração excessiva, em 2014 e 2015, dos fundos do Portugal 2020 dedicados ao emprego e formação profissional (antecipando portanto a execução de recursos que deveriam estar afetos aos anos seguintes). E é de facto em agosto que ocorre a redução mais expressiva no número de desempregados ocupados registado nesse ano (cerca de -11 mil).
É portanto à luz deste quadro que deve ser interpretada a recomposição do mercado de trabalho ao longo de 2016. A economia tem não só sido capaz de criar emprego a um ritmo muito superior ao verificado nos anos anteriores, como essa criação de emprego se encontra cada vez menos dependente do efeito das políticas ativas de emprego, correspondendo assim a uma criação efetiva e mais sustentável de postos de trabalho.
Mais uma machadada no discurso inenarrável e desonesto do PAF.
ResponderEliminarQue fazer perante estes dados?
Há aí alguém que esteja em serviço?
Porque não me falam das acções da geringonça que sejam causa de qualquer efeito útil na criação de emprego em vez de me falarem das supostas falsidades ou erros do PAF?
ResponderEliminarPorque não falam abertamente dos benefícios para o emprego que adviriam da reversão das poucas reformas que nessa área fez o PAF?
Porque não dizem que os programas ocupacionais de desempregados são um malefício para os desempregados? Ou para o emprego? Ou para o que quer que seja que não abandalhar estatísticas?
Coragem esquerdalhada!
Só ouço conversa sobre o mau que foi e o mau que teria sido.
Falem-me do bem que é e do bem que será!
Não há como comparar este governo de Costa que não presta, com o governo de Coelho que ainda prestou menos. A diferença esta nos seus apoiantes….
ResponderEliminarO povo, esse, vai sofrendo as intempéries narcisistas de dirigentes que procuram voltar ao principio da “Coisa” sem se dar conta disso, indo direitinhos ao Caos da Pulhice Humana.
Dizerem que estão a viver anos de restauro e´ serôdio, mas dizer que esta´ tudo na mesma, e´ pior, visto que dentro do sub-imperio (U.E.), gravita a Superesploraçao de nações inteiras.
DE Adelino Silva
Ah estes jeitos ou trejeitos de prima dona a tentar varrer para debaixo do tapete a trampa colada às garras da governança de Passos e de Portas.
ResponderEliminarFalem-me do bem falem-me do bem falem-me do bem mas não desmantelem a propaganda néscia, manipuladora e falsa dos pafistas a sslivarem pelo retomar do saque desenfreado
Ou de como continua o silêncio a cobardia a mise em scene dum personagem conhecido pelo seu serviço de perito ao lado de quem explora.
E que perante factos e dados foge assim desta forma, salivando sempre contra os esquerdalhos enquanto papagueia de olhos em alvo os "falem-me do bem" dos verdugos encapotados
Para além das broas à clientela - mérito por inteiro - tortura-os o facto de nada poderem demonstrar que não seja manterem mediocremente alguns dos progressos iniciados pelo PAF.
ResponderEliminarFalem-me do bem falem-me do bem falem-me do bem...
ResponderEliminarE eis que, depois de desmomtada a pregaçao evangélicoa, cai a máscara do perito e ei-lo em todo o seu esplendor ao serviço do seu serviço.
Não podia ser mais claro
Parece que a demonstração está feita sobre a propaganda vil pafista
ResponderEliminarFalta agora a demonstração do evangelho pregado por herr José.
Mantêm mediocremente alguns dos progressos iniciados pelo PAF....PUF!
ResponderEliminarHerr Jose faz Puf.
ResponderEliminarPobre e medíocre legionário pafista, esquecido já daquele seu cantar de servidor civico em jeito de reza piegas e viscosa.
Falem-me do bem, falem-me do bem, falem - me do bem.
Mas não demonstrem por favor a ruins da governança dos pafistas nem da sua propaganda sebenta
Esgotado o rosário de justificações da imbecilidade militante pela herança do fascismo, vem agora a herança do pafismo prosseguir a missão.
ResponderEliminarBálsamos indispensáveis ao mais consistente e persistente negacionism; só a dívida resiste, na sua evidência, como conspícuo atestado de tanta imbecilidade.
Negacionismo?
ResponderEliminarEssa não era a doutrina de herr jose quando lhe apresentavam as facturas do colonialismo? E a de Salazar e a do seu Estado da trampa? Como o confirma o próprio herr jose com a sua "imbecilidade militante"?
A realidade dói assim tanto?
Temos assim que o "falem-me do bem falem-me do bem falem-me do bem" está transformado agora nesta "imbecilidade militante"?.
Mais claro do que isto no que diz respeito às reais intenções do vigário é difícil.
Tão claro como a fuga e o desnorte perante o que é denunciado aqui no post. Nem uma ideia, nem um contra-argumento, nem um resquício de debate.
Apenas isto.
Porque por favor, dirá nas entrelinhas, não demonstrem a ruina da governança dos Meus Pafistas, nem da sua propaganda sebenta