Martin Wolf, colunista do Financial Times, dia 14/11/2016 na Fundação Gulbenkian:
* Em 2020 o PIB das economias avançadas será 20% inferior ao que teria sido caso se mantivesse a tendência anterior à da crise internacional de 2008.
* Apesar de nunca se ter assistido a um período tão longo de taxas de juro tão baixas nos países mais ricos, a recuperação das economias nunca foi tão lenta em anteriores recessões.
* Mesmo nos EUA, que recuperaram muito melhor do que a UE, a taxa de desemprego ainda é superior ao período anterior à crise.
* Nos EUA a retoma foi conseguida por via do crescimento da procura interna; por contraste, graças à estratégia da austeridade, a procura interna na UE caiu de forma acentuada a partir de 2011, tornando ainda mais difícil a recuperação.
* A crise na UE agravou os desequilíbrios das contas externas entre países deficitários e excedentários em 20%, tornando ainda mais graves os problemas que estiveram na origem da crise da zona euro (quanto maiores estas diferenças mais os investidores fogem das economias periféricas para as do centro).
* O esforço de ajustamento dos défices externos dos países da UE recaiu exclusivamente sobre os países com maiores problemas económicos, condenando-os a uma crise prolongada.
* As regras da UE retiraram espaço de manobra aos Estados nacionais, sem serem compensados pela criação de mecanismos de ajustamento económico à escala europeia; a probabilidade destes virem a ser criados no futuro próximo é nula.
* Mais cedo ou mais tarde será eleito como líder de um governo de um Estado Membro da UE com uma relevância decisiva alguém que desafiará a falta de liberdade de decisão política à escala nacional. Esse será o início da desagregação da UE.
Digamos que para alguém que é conhecido pela sua ponderação e razoabilidade, bem como pelo seu europeísmo convicto, este não é um diagnóstico optimista sobre a situação da UE.
A UE precisa de um debate sobre a sua resposta a esta crise, corrigir o que foi mal feito para que no futuro não tenhamos que passar pelos mesmos erros.
ResponderEliminarSó não vê quem não quer mesmo ver.
ResponderEliminarPois, se a minha avo´ não morresse ainda hoje estaria viva (?) provavelmente já lhe teriam cortado a pensão por ter ultrapassado o limite da idade de reforma, 134 anos.
ResponderEliminarCom todo este arrazoado de intervenções inteligentes na área da economia em crise (ate parece que não e´ o capitalismo em crise) ou (a humanidade em declínio) os “sabedores” desta ciência também ela em crise de credibilidade, tentam passar a msg de autismo político e social que ultrapassa perigosamente e em muito, a tal crise das bolhas.
Em uma sociedade que tem como culto primeiro a não produtividade, nem Karl Marx a salvaria.
Segundo tudo indica já temos um Bode expiatório – Ronald Trump. Agora só falta descarregar para cima do pagode. De Adelino Silva
Tudo muito racional, mas nunca a resposta que interessa:
ResponderEliminar- A situação descrita para os periféricos difere em quê da que teriam sem UE e com moeda própria?
A austeridade seria menor?
Ou só os políticos teriam a comodidade de poder vigarizar o Zé Pagode manobrando a inflação/desvalorização, trocando papel por bens e serviços?
"Nos EUA a retoma foi conseguida por via do crescimento da procura interna; por contraste, graças à estratégia da austeridade, a procura interna na UE caiu de forma acentuada a partir de 2011, tornando ainda mais difícil a recuperação."
ResponderEliminarpronto, lá vai o wolf ser apelidado de comunista...
é tão óbvio. mas os direitolas e alinhados preferem assobiar para o lado e ver tudo rebentar, em vez de admitir que não tinham razão.
Ricardo, antes de mais grande entrevista ao i.
ResponderEliminarEm segundo, não percebo de que forma o diagnóstico de Martin Wolff colide com o o facto de ele ser um europeísta convicto. Uma larga fatia dos europeístas convictos concorda com o que ele diz. Uma grande, enorme fatia dos europeístas convictos também concordam que é necessária uma profunda remodelação das regras e das instituições, ao mesmo tempo que reconhecem que a probabilidade de estas virem a a acontecer nos tempos mais próximos serem nulas.
Aquilo com que regularmente me debato no vosso site é: não há nenhum modelo que contemple uma "governação europeia" (uso o termo entre aspas para distinguir de um Governo Europeu) e que seja viável?
Outra questão: por ser de uma área de formação menos dada ao exotérico do que a economia, eu compreendo e aceito muito facilmente situações de estagnação. Sendo os recursos de um sistema limitados não pode haver crescimento infinito e, quanto mais rápido for esse crescimento, mais depressa atingirá a estagnação. Há na comunicação social um respeitável silêncio sobre teorias económicas que pensem dessa forma. É desconhecimento, inexistência ou inconveniência?
Que grande chapelada que este “conservador, ponderado e pessimista” e por isso insuspeito dá nos tina-europeístas e nos europeístas-tina. As soluções “made in UE” para a asfixia, que os periféricos sofrem causada pela Alemanha, os seus satélites e os centro liberais sociais, no futuro próximo são igual a zero. De que é que estão à espera? De um Le trump?
ResponderEliminarBrilhante esta postagem de Ricardo Paes Mamede.
ResponderEliminarE um comentário muito bom do anónimo das 16 e 59
De forma inconsciente eis aqui espelhada a impotência argumentativa da direita neoliberal pela boca dum que se assina "Jose".
ResponderEliminarAo fundamental do aqui relatado diz nada (!) e refugia-se numa expressiva "resposta que interessa". Sem já capacidade para defender este estado de coisas, constrói castelos no ar fazendo a velha rábula da reescrita da história como se fosse um jogo à moda dos "...e se "
Esvaído e impotente para defender a trampa do Capitalismo, já só pode tentar vender a caquética meretriz inventando cenários que a tornem como menos repulsiva. Vai mais longe. Pergunta se a austeridade seria menor, dando de barato que a defesa deste estado de coisas já não convence ninguém e está reduzido a um exercício académico de idiotas a contar estórias do género "onde estaríamos se".
Já chegámos aqui. A versão histórica agora já não serve. Servem-se sim ficções "alternativas" que só o são na cabeça de quem tenta fazer o seu serviço desta forma pitorescamente tão impotente.
Mas a manipulação continua.
ResponderEliminarJá tiveram melhores dias estas manhas de fazer política, estigmatizando os "políticos em geral", metendo todos no mesmo saco e misturando-os como se fossem todos iguais.
Cavaco Silva, um dos políticos que mais tempo esteve no poder, usou tal estratégia até à náusea.Os demagogos da treta também tocam a mesma tecla.Como se o político "jose", que faz política disfarçado de serviço cívico. ou o Barroso fossem iguais a quem lhes combate a ideologia e os crimes.
Porque já todos percebemos que é o poder económico que domina esta sociedade que vivemos. E já percebemos que os "políticos" que servem este mesmo poder económico estão tão intimamente ligados a tal poder que assumem directamente esse papel quando necessário.
Quem não se lembra do "político" Barroso transformar-se no "banqueiro" Barroso? Ou o Dono Disto Tudo mandar nos seus "políticos" como se serviçais fossem?
Ou seja , este mesmo sujeito , que se assina como "Jose" tenta vigarizar o Zé pagode, escondendo duas coisas essenciais. A dança promiscua dos "seus" políticos com o grande poder económico e a podridão que corrói esta sociedade em que vivemos.