Aqui fica o artigo que escrevi para o Le Monde diplomatique - edição portuguesa: As preferências mudam.
Na sua crítica ao utilitarismo, essa filosofia espontânea da economia convencional, Amartya Sen, Prémio «em memória de Alfred Nobel» de Economia, chamou a atenção para o fenómeno das preferências adaptativas, ignorado por uma abordagem de avaliação social, centrada no somatório das preferências individuais: «As pessoas carenciadas tendem a acomodar-se às suas privações por causa da mera necessidade de sobrevivência e podem, como resultado, não ter a coragem de exigir qualquer mudança radical e ajustar mesmo os seus desejos e expectativas ao que, sem ambições, vêem como alcançável» [1].
As preferências adaptativas, indissociáveis das relações de poder, estão presentes nas áreas e escalas que constituem a economia política. Por exemplo, no campo da economia política internacional, a acomodação desta periferia às privações geradas pelas estruturas da integração europeia, o ajustamento das expectativas e dos desejos políticos há muito tempo em curso no nosso país, seriam uma expressão colectiva do fenómeno das preferências adaptativas.
Com todas as contradições e desigualdades, um dos países que nas últimas décadas do século XX mais convergiu com o centro transformou-se na primeira década e meia do novo século num indicador avançado do fenómeno da estagnação secular, hoje o espectro que paira sobre o centro capitalista. O investimento produtivo, em percentagem de um produto interno bruto (PIB) estagnado, caiu para metade nestes anos, ao mesmo tempo que o país acumulava uma dívida externa recorde, uma combinação sem precedentes históricos; emergiu um capitalismo financeirizado, agora em crise, sem capacidade de acumular capital, incapaz de gerar aumentos de produtividade e cada vez mais dependente de relações laborais que acentuam a exploração, alimentadas pela precariedade e pelo desemprego de massas. Este processo de divergência foi consolidado pela perda de instrumentos de política económica, a base material de uma soberania democrática. Foi o preço a pagar pela adesão a uma cada vez mais disfuncional e condicionadora moeda, o euro. Usando outro termo de Amartya Sen, que resume uma avaliação social mais ampla, o povo tem visto as suas potencialidades (capabilities) postas em causa.
Neste contexto material regressivo, tudo conspira para que se perca a tal coragem de exigir as necessárias mudanças radicais (que vão à raiz do problema), em suma, tudo conspira para uma adaptação das preferências políticas. A solução governativa apoiada pelas esquerdas pode acelerar, travar ou mesmo reverter este processo. Muito depende dos freios e contrapesos ideológicos, organizados e intransigentes, ao discurso neoliberal dominante, sobretudo nas suas declinações pretensamente europeístas, que consigamos manter e criar.
Não se trata de criar um contraponto absolutamente simétrico ao discurso do «vem aí o diabo» de Pedro Passos Coelho, que fosse construído a golpes de boas notícias conjunturais seleccionadas, muitas vezes com duvidosos mecanismos causais em termos de política pública, e de um discurso europeísta em modo de psicologia positiva, esquecendo que o eixo Bruxelas-Frankfurt é o grande obstáculo a políticas de desenvolvimento. Sem perder o optimismo da vontade, a tal ambição da mudança radical, evitando sempre adaptações nas preferências políticas que são, na realidade, outras tantas formas de alienação, passa por um apoio crítico e uma crítica apoiante a esta solução governativa.
Trata-se de responder certeiramente à pergunta política: o que é que esta solução política já fez por nós? Convocando Walter Benjamim, ela fez o que tem de ser feito em tempos trágicos: usou o travão de emergência, parando temporariamente o comboio da história nacional que se dirigia ao abismo. Não é pouco, mas o comboio nunca pára muito tempo: ou construímos outra linha, sem destino traçado, e para isso os instrumentos de política escasseiam e têm de ser forjados contra a integração europeia que nos condena, ou a marcha anterior prosseguirá com destino certo.
Basta pensar que o investimento público, de que um país estagnado carece, vai atingir este ano a percentagem do PIB mais baixa na história democrática. No fundo, as direitas sabem que a integração realmente existente está com as suas políticas.
Hoje, neste país transformado numa semicolónia e num contexto social pulverizado, as esquerdas têm de insistir politicamente na importância da nacionalidade, sabendo nós que se trata de um dispositivo cultural e institucional flexível, que em mãos certas, articulado com a questão social, foi e é um poderoso convocador da primeira pessoa do plural, de que depende a coragem para exigir a mudança e de que depende uma mutação das preferências em rebelião contra as estruturas que as condicionam – mas não aprisionam para sempre.
De forma talvez não totalmente intencional, um recente cartaz do Partido Socialista (PS) prenuncia um corte político com uma tradição de adaptação: «Defender Portugal na Europa». A «Europa» já não está connosco. E não está connosco da União Bancária ao Tratado Orçamental, passando pelo euro. Tal como o estará cada vez menos com os povos de outros países periféricos e até do centro. Em tudo o que importa na economia política, a «Europa» está mesmo contra o tal nós que deseja desenvolver o país e que sabe que a recuperação de instrumentos de política nacional contra o neoliberalismo é uma condição necessária para isso, para mudar as preferências num sentido progressista, incrementando as liberdades que temos boas razões para valorizar. Como mostram as inúmeras barreiras com que se deparam as políticas de igualdade e desenvolvimento, das metas orçamentais à dívida, essa recuperação é uma condição necessária para construir e manter instituições inclusivas, do Serviço Nacional de Saúde a prestações sociais decentes, que dão densidade material a uma primeira pessoa da plural desta forma reforçada. Esta primeira pessoa do plural também se alimenta de uma sociedade com emprego para todos, do desenvolvimento das capacidades produtivas e criativas do país.
Entretanto, esta solução governativa pode e deve servir para realimentar o hábito intelectual de pensar no interesse nacional, criando a partir dele uma nova hegemonia que reoriente as expectativas e as concretizações políticas da democracia. Aqui está uma adaptação necessária para confrontar as estruturas.
[1] Amartya Sen, O Desenvolvimento como Liberdade, Gradiva, Lisboa, 2003, p. 77.
Um prazer ler textos como este.
ResponderEliminarA matilha vai lançar alguns dos seus lobos em modo de fúria contra esta posta.
Por exemplo contra este "bocado":
"Trata-se de responder certeiramente à pergunta política: o que é que esta solução política já fez por nós? Convocando Walter Benjamim, ela fez o que tem de ser feito em tempos trágicos: usou o travão de emergência, parando temporariamente o comboio da história nacional que se dirigia ao abismo"
Mas há mais
Um excelente artigo de opinião, devo dizer, mesmo discordando. Como dizia o insuspeito Seixas da Costa, sou a favor da Europa, mas não de qualquer Europa. Se o caminho presentemente trilhado corresponder ao empobrecimento permanente do País, então haverá que o rejeitar e procurar outro. Sucede que para isso é preciso que a cada momento se julgue adequadamente a capacidade de 'projeção de força' do País. E ela não é de momento nada famosa. A preocupação de Costa com a situação da banca é central neste caso, porque ele percebeu bem que ela foi (e é ainda) o principal calcanhar de Aquiles da Grécia em 2015. Depois, há uma outra questão, que é ter a coragem de enunciar as dificuldades claras que esperam o País numa via que leve à saída do Euro ou mesmo da UE. Ninguém de senso acredita que o País, se renegociar a dívida e sair do Euro, não terá que continuar a aplicar alguma forma de austeridade internamente, porque os credores não deixarão de exigir contrapartidas para continuar a emprestar dinheiro à República (as bancarrotas anteriores foram todas processos demorados). E, se se quiser declarar um default unilateral, então teremos que esperar que o País seja sujeito a litigância nos tribunais internacionais, como aconteceu recentemente com a Argentina, e o mais provável é que as reservas de ouro que estão no estrangeiro sejam apresadas, assim como eventualmente outros bens (caso da reserva estratégica de petróleo). É igualmente necessário que sejam concebidas medidas de contingência para lidar com as possíveis dificuldades. Ou seja, há sempre alternativas, não há é almoços grátis. Finalmente, já que a questão central é a da soberania popular, é necessário envolver as pessoas nesta discussão e usar de absoluta transparência. E, se elas não quiserem esta via, saber aceitar isso (e não tentar justificar escolhas de que não se gosta com base em racionalizações espúrias). Passos e Portas podem ter sido eleitos com base em falsas promessas, mas a legitimidade do seu Governo radicava exatamente da mesma fonte da presente solução governativa, o voto popular. Porque não existe soberania para além dele...
ResponderEliminarCaro João Rodrigues, que confusão!!!
ResponderEliminar«o comboio da história nacional que se dirigia ao abismo» Desde 2013 uma negação estatística!!
«Basta pensar que o investimento público, de que um país estagnado carece, vai atingir este ano a percentagem do PIB mais baixa na história democrática» Afinal dirigia-se ou dirige-se para o abismo?
«A «Europa» já não está connosco.» O Portugal 20/20 são amendoins? O respaldo à mobilização de crédito e dívida é coisa nenhuma?
«importância da nacionalidade, sabendo nós que se trata de um dispositivo cultural e institucional flexível, que em mãos certas,…» Se eu fosse esquerdalho diria tratar-se de um pensamento salazarento!
«esta solução governativa pode e deve servir para realimentar o hábito intelectual de pensar no interesse nacional, criando a partir dele uma nova hegemonia…» Estamos a caminho de um Estado Novo?!
Se em vez de destinar o Portugal 20x20 a ser pasto de iniciativas autárquicas e um modesto investimento produtivo estivesse-mos a atrair investimento de capital e tecnologia vindos de onde existem em abundância; se em vez de promover emoções estivéssemos a planear acções; se em vez de alardear direitos e garantias estivéssemos a criar empregos; se ambicionássemos aproximarmo-nos dos mais desenvolvidos em vez de contemplar-mos a estagnação secular que ainda ‘há pouco’ foi interrompida; se desenvolvêssemos ‘preferências adaptativas’ pela realidade…
Parece-me mais uma religião do que teoria. Principalmente porque os factos (progresso dos povos) nas sociedades que poderiam ser semelhantes ao que estes "pastorinhos dos amanhãs que cantam" defendem, têm ficado sempre para trás no desenvolvimento. Quando podem as pessoas deslocam-se para as "terriveis" sociedades capitalistas. A "religião" dos pastorinhos chamam-lhe ignorancia ?
ResponderEliminarCaro Jose , a confusão é esta:
ResponderEliminar"E faz todo o sentido que a Constituição diga tais inanidades da igualdade porque a Igualdade, sendo inexistente em si, limita-se a ser definida em cada lei, e não merece mais que se lhe diga."
Isto é a sério ou é uma relvice?
António Cristóvão:
ResponderEliminarPara quando algo substantivo, algo que traduza uma reflexão, mesmo que ténue, sobre os tempos que correm?
António Cristóvão. Por estar impedido de cantar os seus amanhãs que cantam ainda fala em deslocações para o seu mundo maravilhoso? Jura mesmo? Não sente o cheiro do seu mundo? Não sente a podridão dum mundo fétido e corrupto que está a rebentar por tudo o que é sítio?
Não vê ou não pode ver e agarra-se aos fantasmas da sua religião?
Olhe aí para o assalto às fronteiras da UE por parte das vítimas das guerras provocadas pelo petróleo e pense
E pense por exemplo nisto:
http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2016/09/mortalidade-materna.html#links
O paraíso na terra. Ou a religião do pastorzinho a tentar chamar os outros de ignorantes
Caro das 13:29,
ResponderEliminarSendo a Constituição um documento de política, falando de Política é tal e qual como transcreve, sem qualquer confusão.
Se fosse uma Encíclica ou um Tratado de algum outro tipo (Fiósófico, Biológico, de Moral, ...) muito mais haveria a dizer sobre a Igualdade.
Sobre relvices não sei muito o que dizer, mas sobre saladas esquerdalhas sempre lhe digo que abomino.
Ontem era o "Cretina presunçoso e cobarde"
ResponderEliminarHoje é isto? Este amansar do trato e do verbo. Porque não tem, ou os tempos ainda obrigam a um politicamente correcto transitório mas viscoso? E acobardado atrás duma invocação ao seu Estado novo e a Salazar, sinais claros de que tudo vale neste desnorte da direita e da extrema-direita.
Há antecedentes próximos no tempo
"Sendo preciso muito mais, não deixam de ser curiosas as vozes que se levantam da direita e as afirmações que proferem.
Luís Montenegro recuperou a frase de Jorge Sampaio, no tempo de Manuela Ferreira Leite como ministra das Finanças: «Há mais vida para além do défice». Afirmou, ainda, que «a redução do défice deve ser feita pelo crescimento da economia, pela redução da dívida, pelo corte das despesas supérfluas da administração» e não «à custa do aumento de impostos, do protelar dos pagamentos ou de cortes cegos». Passos Coelho fala da falta de investimento público, lamentando que o argumento seja ... a falta de dinheiro e critica também a decisão do Governo de fazer a reposição dos rendimentos toda num ano, em linha com a tese do "aguentam, aguentam"!
Também Assunção Cristas veio falar de crescimento anémico, diminuição de investimento e crescimento débil, defendendo que o país não vive o contexto ideal para «políticas mais generosas».
Parece que vale tudo para o PSD e o CDS-PP, agora que se perspectiva a reposição de alguns direitos, ainda que não falemos de grandes avanços... até vale fingir que nunca se governou como governou, insultando assim a memória dos portugueses e as consequências negras que sofreram".
"Desde 2013 uma negação estatística!!" (dois pontos de exclamação a mostrar que é afirmação séria)
ResponderEliminar"Até parece mentira ouvi-los hoje, quando nos lembramos que eles formavam o governo que fez recuar o PIB mais de 5,5 pontos percentuais, que levou a um recuo brutal do investimento público e privado, que concretizou uma imemorável destruição de emprego e que procedeu a uma gigantesca política de concentração da riqueza, a que se chamou política de austeridade. Que foi precisamente um governo que usou o défice como desculpa para impor as medidas mais negativas, sem sequer cumprir os seus próprios objectivos. Uma governação durante a qual as dívidas, pública e externa, se situavam entre as maiores do mundo.
Isto enquanto foram disponibilizados à banca privada milhões de euros de recursos públicos, desviados 7 a 9 mil milhões de euros por ano para pagamento dos juros da dívida pública, concedidos largos milhares de euros de apoios e benefícios fiscais ao grande capital e se desenvolviam os negócios dos contratos SWAP e das Parcerias Público Privadas. Aliás, foi precisamente o pretexto da falta de dinheiro que justificou a venda ao desbarato de empresas públicas, a degradação dos serviços públicos e o corte nos rendimentos".
Daqui:
http://abrilabril.pt/e-se-esquecermos-tudo-o-que-aconteceu
Caro Jose , a confusão é esta:
ResponderEliminarQuem anda a dizer isto num dia "Ao cretina presunçoso e cobarde" e depois anda a pedir batatinhas do género "Caro João Rodrigues, que confusão!!! anda a tentar o quê?
Fazer-nos a todos de parvos ou a mostrar que tem que se fazer de parvo para fazer o seu tarbalhinho a ver se passa?
Claro que só mostra também a ausència de.
"E faz todo o sentido que a Constituição diga tais inanidades da igualdade porque a Igualdade, sendo inexistente em si, limita-se a ser definida em cada lei, e não merece mais que se lhe diga."
ResponderEliminarIsto é o quê? Uma relvice era o que poderia ser de mais suave
Ora aí ouve-se falar em esquerdalha e em salada. A salada de Relvas que como se sabe prima pelo primarismo, pela ignorância e pela aldrabice. Uam antítese do esquerdalho. Um parente primata de quem é oposto ao esquerdalho.
Um parente de Jose?
Muito haveria que dizer sobre a igualdade. Mas claro que sim. Não vale a pena fugir para as fraldas do padre cura nem para o tratado biologico (sic). Essa é de cabo de esquadra. Falar em tratado biológico faz lembrar um conhecido e acanalhado defensor do eugenia, a fazer tirocínio para a pseudo-sustentação científica do racismo
A "igualdade" foi inscrita na matriz histórica das constituições desde a Revolução Francesa.A pouco e pouco este termo foi ganhando uma cidadania tal, que só os esclavagistas, a impotente aristocracia podre e os simpatizantes nazi-fascistas o negam.
ResponderEliminarPercebe-se que haja negacionistas que façam afirmações tão deliciosamente patetas e senis como esta:
"à igualdade perante a lei já lá vão uns séculos"
Ou esta:
"A igualdade perante a lei só quer dizer que se aplica a lei a quem a lei diz que se aplica"
Mas isto são casos anedóticos e desesperados.
Saia aí agora uma lei a dizer que a lei se aplica igualitariamente mesmo a esses desesperados casos. Senão temos o caldo entornado e ainda vêm dizer que as tolices anedóticas e desesperadas têm paternidade exclusiva para um segmento rácico ou de género ou de credo, específicas de quem diz tais barbaridades
Na Revolução Francesa a Igualdade, para além do voto dos deputados, pouco mais é que licença de destruição.
ResponderEliminarO trabalho aturado da guilhotina foi indício claro do primado da Fraternidade.
A Vandeia e a acção de Napoleão na Europa deu a verdadeira grandeza do respeito pela Liberdade.
Mas para os esquerdalhos ela sempre será o símbolo maior da sua maior ambição: o povo na rua transformado em canalha, o saque de quem tenha algo de seu.
Coitada da aflautada nobreza, caduca e irremediavelmente no caixote do lixo.
ResponderEliminarAinda treme com a igualdade e com a RF.
E ainda asnamente fala de Napoleão a propósito da RF. Nem se lembram que Beethoven rasgou a dedicatória da 3a quando Napoleão assumiu o perfil de imperialista.
A canalha mente s aldraba. E esconde o ódio à igualdade com estas patetices beatas e ronceiras
Ora temos então que a " igualdade perante a lei já lá vão uns séculos" e depois temos que a Revolução Francesa são uns maus e o povo transformado em canalha ao saque de quem tem algo de seu
ResponderEliminarParece-nos estar a ler um daqueles manuais para iletrados paridos numa das oficinas dos monárquicos e do clero secular em busca da recuperação dos seus privilégios.
Ora em termos sociais como vivia a população antes da Revolução Francesa?
"Na área social predominavam as relações de servidão uma vez que a maioria da população francesa era camponesa. Em torno de 250 milhões de pessoas viviam em condições miseráveis nos campos franceses, pagando altíssimos impostos a uma elite aristocrática que usufruía do luxo e da riqueza gerados pelo trabalho dos campesinos em propriedades latifundiárias, ou feudos, dos nobres. Nas áreas urbanas a situação não era muito diferente de quem vivia nas áreas rurais. A população urbana, composta em sua maioria por assalariados de baixa renda, desempregados (excluídos) e pequenos burgueses (profissionais liberais), também arcava com pesadíssimos impostos e com um custo de vida cada vez mais elevado. Os preços em geral dos produtos sofriam reajustes constantemente e isso pesava na renda dos trabalhadores em geral – urbanos e rurais. Já as elites, compostas por um alto clero, uma alta nobreza e, claro, a Família Real – a realeza francesa: Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes – vivam em palácios luxuosos – como o monumental Palácio de Versalhes, localizado nos arredores de Paris e que era a residência de veraneio da Família Real e da elite – não pagavam impostos, promoviam banquetes – às custas do dinheiro público – em suma: viviam nababescamente (do requinte, da opulência, do luxo, das mordomias,...) face a situação de miséria e pobreza da maioria da população"
O "algo de seu" refere-se provavelmente a um destes nababos que, tal como o António Borges nos nossos dias, não pagava impostos e que vivia à custa dos demais
Percebe-se assim que isto de classes sociais é mesmo verdade.
E que as massas populares são sempre odiadas por quem defende a miséria e a exploração dos demais.
A palhaçada acaba sempre nas mesmas asnices.
ResponderEliminarQuero pouco saber de como se vivia antes da RF para a qualificar como uma selvajaria de terror e morte.
Quero pouco saber se um cão está raivoso porque o maltrataram - se vem para me morder é raivoso e é tudo quanto cuido de saber.
Basta andar pelo província em França para ver as cicatrizes em tudo que é monumental.
O Daesh é a mais recente edição de uma bestialidade comparável.
Herr jose:
ResponderEliminarVeja se percebe:
Ninguém quer "pouco saber" o que vossemecê afirma querer pouco saber.
Ninguém quer "pouco saber" as asnices mesmas que vossemecê replica a fio
Ninguém quer mesmo saber donde veio o seu ódio à RF e se o seu cão é raivoso e se o quer morder.
O que se quer saber é denunciar quem anda a falar no "roubo do que é seu" quando o que é seu é produto de privilégios e de roubos. Resultado de saques.Pieguices já são más.Agora falsas virgens a fazerem-se passar por tal que não passa.
Não basta olhar pela província em França para ver as cicatrizes de que fala. Cicatrizes vêem-se em França feitas pelas balas dos nazis e dos colaboracionistas quando assassinaram membros da resistência.
Mas há aqui material bem mais grave que as idiotices senis das referidas cicatrizes monumentais
ResponderEliminarFalar no Daesh quando se fala na RF é um vómito. Um nojo. Um insulto à inteligência, mas sobretudo um insulto à memória dos homens de ontem e de hoje.
Nem a possível ligação umbilical à nobreza caduca,rasca decadente, pervertida, ou a um clérigo ranhoso habituado a comer na mesa e na cama dos grandes senhores justifica tal.
Só um extremista pode estigmatizar a RF como herr jose o faz.
Sejamos mais claros ainda.
ResponderEliminarQuando herr jose elogiou Pétain, um traidor amante e colaboracionista do nazismo e o chegou a comparar a Charles de Gaulle, assinou a sua assinatura ao lado dos torcionários da Humanidade. Como o Daesh o é.
Quando herr jose chora largas amargas pelos traidores liquidados pela resistência pode usar o mesmo argumento. Também os resistentes vieram morder a boca do ocupante ou do traidor mais próximo.
(Quando herr jose elogia desta forma a tortura e cita-se ipsis verbis
ResponderEliminar"a tortura que visa obter a verdade sobre acções que ameaçam quem o torturador tem o dever de defender"
está a defender os verdugos do daesh e o seu dever)
Parece que a duquesa de Mântua também reagiu do mesmo modo. Do alto da aristocracia idiota intimou os revoltosos de 1640 a obedecer ao rei de Espanha.
ResponderEliminarTerá dito:
"Sois uns selvagens, espalhais o terror e a morte e comportais-vos como animais raivosos que vem morder a minha mão e a do meu querido Miguel de Vasconcelos. E como cães raivosos o meu senhor, rei de Espanha vai saber e vai tratar-vos como cães raivosos ..."
E quando a duquesa ( que seria nos primeiros dias de Dezembro de 1640 conduzida a Espanha) tentou inverter o processo a favor da coroa espanhola, D. Carlos de Noronha, um dos líderes, terá dito a seguinte frase "Se Vossa Alteza não quiser sair por aquela porta, terá que sair pela janela...".
A de Mântua bem tentou que Filipe IV tratasse dos portugueses de acordo com a "selvajaria dos cães raivosos"
Tentaram. Não o conseguiram
Mas há mais um pormenor que se torna perfeitamente picaresco:
ResponderEliminarDurante a ocupação alemã na França durante a II Guerra Mundial o lema "Liberdade, Igualdade, Fraternidade foi substituído na área do governo de Vichy/ Pétain com a frase Travail, famille, patrie (trabalho, família e pátria) para evitar possíveis interpretações subversivas e desordenadas.
Uma delícia.Veja-se a semelhança com o
"não discutimos a Pátria e a sua História; não discutimos e autoridade […]; não discutimos a família […]"
O lema de herr jose. Por isso também sua simpatia por Pétain? E pelos colaboracionistas que se queixaram depois dos tais cães raivosos
Por mais de uma hora e meia refocilou Cuco nos abismos dos seus arquivos da História Contorcida ao Gosto Esquerdalho; elaborou a mistela costumeira de citação/interpretação de tudo que um tal Herr José possa ter dito/pensado.
ResponderEliminarDa História só quer saber o que seja útil à sustentação do indigente pensamento que se limita a reproduzir os mantras que justificam o injustificável de políticas de reconhecido insucesso.
O essencial resume-se em saber se os ricos foram roubados para concluir que houve contributo para o BEM.
Importa pouco que a sociedade seja do século I ou XXI.
Tudo é visto pelo mesmo fundo de copo ideológico, e a sua verdade de hoje é a verdade de sempre, de Cro-Magnon até ao fim dos tempos.
Que o teu espírito repouse na paz dos Simples!
Por mais de uma hora e meia refociloudi diz herr jose
ResponderEliminarHerr jose como o saberá? Pediu a um dos seus amados pides informações sobre o caso?
Ou acha que tal constitui argumento?
Esta é a parte mundana da intervenção de herr jose. Passemos a partes mais sérias, valeu herr jose?
Herr jose tenta emendar a mão. Tenta eliminar, apagar, conter, mistificar o que disse,a gravidade do que disse.
ResponderEliminarNão os tem no sítio e ou sabe que a enormidade das suas afirmações o desqualifica como "comentador" em terras de gente boa.
Já o sabíamos. Quando se descuida assume-se como o que é. E o que é é no mínimo sinistro. Agora apenas mostra a sua cobardia
"Falar no Daesh quando se fala na RF é um vómito. Um nojo. Um insulto à inteligência, mas sobretudo um insulto à memória dos homens de ontem e de hoje."
A coisa torna-se mais grave ainda quando este jose por várias vezes manifestou simpatias claras pelo fascismo islâmico. E pelo apoio que estes tiveram dos EUA.
ResponderEliminarDaesh a que agora tenta colar a RF.
Desaparece o "cão raivoso e a mão e outras tretas do género". Permanece em fundo a mesma raiva. Agora mitigada e cobarde.
Tem a lata de dizer isto: "Importa pouco que a sociedade seja do século I ou XXI".Ele logo ele, que foi o primeiro a comparar a RF com o daesh. Ele, logo ele, que de forma desonesta tentou crismar Maomé de pedófilo(algo que não provou) esquecendo a história dos seus antepassados directos que, pela sua medida das coisas, também o eram.
Herr jose finge que não leu ou que não percebeu o que se disse ou escreveu.
ResponderEliminarDirá: "O essencial resume-se em saber se os ricos foram roubados" . Estará esquecido aquele seu discurso tonto e troglodita sobre "Quero pouco saber de como se vivia antes da RF"?
Jose sabe que há ricos e muito ricos. Não quer saber de como se acumulou a riqueza ou de como esta nasceu.
Por isso quer esquecer as condições de vida de antes da RF. Porque taxativamente se disse que tanto a nobreza como o clero não pagavam impostos Que eram detentores de todos os privilégios. Por isso a sua riqueza repousava num roubo e numa sociedade por demais injusta e desigual. Mas jose não quer saber de tal. Quer saber apenas da riqueza da sua classe. Quer defender os privilégios da sua classe. Não quer saber de como se chegou a tal situação.
Jose sem o querer confirma que há classes sociais e que estas lutam entre si. Que há mesmo luta de classes. Na França da RF em que a Burguesia derrotou a nobreza e o alto clero e em que se abriu uma nova época para a Humanidade
E aqui nos nossos dias.
Não é por nada que António Borges, que numa determinada altura não pagava impostos, tinha os privilégios da escumalha defendida pelo mesmo Jose. E que tal situação de favorecimento foi defendida de forma histérica pelo jose.
Neste 'dia do engenho', deste mês de Frutidor, Cuco, igual a si mesmo, engenha as falcatruas do costume!
ResponderEliminarSerá que jose quer que lhe esfregue na cara a forma histérica como defendeu António Borges na questão dos impostos? Ou a forma como defendeu Petain? Ou a forma como se mostrou condoído com a forma como foram tratados os colaboracionistas? Ou como defendeu a Pide? Ou a forma como faz a apologia dos ricos e dos muito ricos? ou a forma como defende a concentração do capital? Ou a forma como ataca as pequenas empresas?
ResponderEliminarMas o que jose não perdoa mesmo é esta conclusão:
"Jose sem o querer confirma que há classes sociais e que estas lutam entre si. Que há mesmo luta de classes. Na França da RF em que a Burguesia derrotou a nobreza e o alto clero e em que se abriu uma nova época para a Humanidade"
( e a já referida: "Não os tem no sítio e / ou sabe que a enormidade das suas afirmações o desqualifica como "comentador" em terras de gente boa).