quarta-feira, 29 de junho de 2016
Uma modesta proposta euro-liberal
Agora que se confirma que um número significativo de intelectuais ditos de esquerda é euro-liberal, olhando de cima para a populaça ignara, acho que é altura de fazer uma proposta para os próximos referendos, incluindo o britânico, se o tal projecto medo vencer, garantindo resultados racionais e minimizando as emoções dúbias a que os de baixo são atreitos.
Antes, porém, devo notar que o liberalismo dominante só se conciliou com a democracia tardiamente, ao longo do século XX, sendo essa conciliação altamente forçada pelos de baixo e relutante, procurando muitos, desde cedo, pensar em entraves institucionais à perigosa expressão da soberania popular e dos direitos socioeconómicos que lhe estiveram associados. A UE é um desses eficientes entraves no continente.
No espírito da sua conservação, e em linha parcial com propostas e práticas liberais do passado, proponho a reinstituição do voto plural para os próximos referendos. Qualquer coisa deste género: todos têm direito a um voto, claro, estamos no século XXI, mas à medida que se sobe nos rendimentos, nos últimos três decis, tem-se direito a mais um voto por decil e o último percentil, lá bem cima, a mais um; os jovens, entre os 18 e os 40, a mais um; os que vivem em cidades a mais um; os que têm a licenciatura ou mais graus a mais um (um por grau adicional); os que recebem ou receberam dinheiros da UE a mais um (aqui há uma distorção ao espírito da tradição, mas é de euro-liberalismo que se trata).
Por exemplo, um jovem professor da London Business School, com consultorias na banca da City londrina, doutorado em finanças, teria direito a 11 votos. Um velho operário reformado de uma vila pós-industrial, perdida lá no norte de Inglaterra, teria direito a um e já seria bem bom. Isto poder ser adaptado e simplificado, claro. É fazer os estudos por país, parece que ainda há realidades nacionais distintas, garantindo que o resultado seja sempre o racional. Por exemplo, no sul da Europa, os jovens não são de confiar.
Em alternativa, é sempre possível promover golpes de estado, dos financeiros, como na Grécia do oxi, ou dos outros. Esta opção é tendencialmente só para o sul da Europa, claro.
Excelente.
ResponderEliminarTODA E QUALQUER FORMA DE EXPRESSAR OPINIÃO DOS REPRESENTADOS,
ResponderEliminarQUE VINCULE A DECISÃO,
É OSTRACIZADA POR ESTE PODRE sistema representativo.
NESTA "COISA", A esquerda AINDA FICA PIOR NA FOTOGRAFIA.
ELES BEM DIZEM QUE ISTO É DELES MAS...
É PÁ,NÃO ME CONVENÇO.
ACHO QUE ISTO, TAMBÉM É MEU!
Amigo João Rodrigues não é necessário a reintrodução do voto plural, nem o recurso a golpes de Estado, pode-se resolver a situação de forma democrática e soberana, a saber:
ResponderEliminar- A Escócia sai de UK e permanece na UE;
- Londres e as grandes cidades que votaram contra o Brexit, saem também de UK, ficando a ser cidades Estado independentes (tipo Hong Kong), e permanecendo na UE
- Para garantir que os imigrantes não saltam de Londres e das outras cidades independentes para o que restar do UK, podem ser construídos "muros de Berlim" à volta daquelas cidades.
...
Quanto mais eu leio as postas que escreve, assim como a de outros membros deste blogue, mais me parece que elas revelam acima de tudo a impotência que sente perante o atual estado de coisas. Não tinha que ser assim. Sendo os 'ladrões' economistas, poderiam apresentar aqui estudos sobre a resiliência da nossa economia à saída do euro, sobre o comportamento da inflação, sobre uma UE a geometria variável que permitisse a Portugal manter acesso ao Mercado Único, etc. Mas, talvez devido a Doença Infantil, o que aqui se arenga é contra a eurocracia, contra o centrismo político e last but not least, contra o Liberalismo, linha de pensamento político pela qual eu, que me considero de Esquerda (já sei que outros discordarão, mas paciência), tenho especial apreço. Tenho plena consciência que o legado desta corrente política não é o melhor, afinal todos os grupos oprimidos, trabalhadores, mulheres, negros, pessoas LGBT, tiveram que lutar arduamente pelos seus direitos. Nas colónias, a Liberdade ganhou-se pela força das armas e depois de milhões de mortos já durante o período liberal (escravatura, genocídio nas Américas, no Congo Belga, etc). Mas pelo menos foi possível conquistar esses direitos, reformando o dito regime político, tanto que ele subsiste até hoje. Como o Nazismo nem merece ser considerado, vejamos quais as alternativas ao Liberalismo. Bem, uma possível alternativa era (e sublinho o era) o Comunismo e basta olharmos (só para começar) para a reação de Lenine às diferentes revoltas levadas a cabo por Esquerdistas nos primeiros anos da URSS (ver 'O Livro Negro do Comunismo') para percebermos que Thatcher durante a greve dos mineiros foi bastante moderada em comparação, talvez porque apesar de ser uma pessoa detestável que acreditava numa ideologia horrível, era uma democrata e respeitava o Estado de Direito, essa dádiva do pensamento liberal. Claro, há ainda a Social-Democracia mas ela é efetivamente uma variante do Liberalismo (com a qual mais me identifico) e depois havia o Socialismo Democrático que morreu duas vezes, primeiro durante o 'Winter of Discontent', quando que os sindicatos britânicos decidiram esticar a corda e a população lhes deu Thatcher como resposta e depois em França, quando Mitterrand não teve outro remédio senão chamar o FMI (e o Pureza ainda quer concorrer com o PS para ver qual dos dois partidos, PS ou BE, se parece mais com um cadáver). Assim sendo, fico à espera da alternativa impoluta ao Liberalismo que o João Rodrigues me vai apresentar... Quer-me parecer que vou esperar sentado...
ResponderEliminarMais uma vez um excelente texto, com um humor ácido e corrosivo.
ResponderEliminarUma autêntica bofetada na hipocrisia das classes possidentes, que remeteram o b-a-ba das sociedades democráticas para sítios bem escuros e sinistros.
Mas sinceramente estes pedantes insuportáveis já não têm vergonha de nem sequer disfarçar a corrupção de princípios democráticos básicos?
Luta de classes? Quem disse que isso não existia?
A Escócia sai do Reino Unido para entrarem no Titanic U.E, se calhar, antes de entrarem já a coisa se afundou...
ResponderEliminarOs escoceses podem fazer um referendo para saírem do Reino Unido claro! A Inglaterra, ao contrário da U.E., ainda tem alguma coisa de democrático.
Aos escoceses aconselho que aproveitem bem o referendo da saída do Reino Unido pois é bem provável que nunca mais lhes será permitido fazer outro depois de entrarem nesse magnifico regime democrático chamado União Sovi.. União Europeia!
Os islandeses é que foram espertos, estavam para entrarem na U.E. mas não levou muito tempo até perceberem a natureza ditatorial da mesma.
ResponderEliminarUma correcção importante porque o pseudo-humor de Unabomber resvalou para factos que não são bem os que se tentam apresentar. Falamos na afirmação " Londres e as grandes cidades que votaram contra o Brexit"
Das 12 regiões no RU, 9 votaram no Brexit. Só a Escócia, Londres eIirlanda do Norte optaram pelo Remain.Citando a BBC "Londres votou pela permanência, enquanto a maioria das outras cidades votou pela saída."
http://www.clicrbs.com.br/sites/swf/zh-reino-desunido/images/resultado-final.png
http://ichef.bbci.co.uk/news/304/cpsprodpb/156C4/production/_90084778_mapa.png
É o que dá ler a informação em jornais educados pelos opinion makers e "políticos" .
Algum despeito do Jaime santos.
ResponderEliminarReduzido a "isto"?
Abandonando a discussão e refugiando-se em livros negros?
Elogiando a moderação de Thatcher?
É o que dá quando a imagem ao espelho se torna demasiado insuportável.Há que procurar pontos de fuga para amenizar a questão
Bastava que, para quem se assumisse como político, lhe punissem as mentiras óbvias e as promessas absurdas com penas de redução ao silêncio publico por períodos que garantissem a sanidade do discurso público.
ResponderEliminarVeja-se o contente Costa:
- nada corre como esperado, mas para este ano não tem qualquer importância!
- só ele se apercebeu de que a UE, a partir da avaliação do Brexit, ficou convencida que desilude os seus cidadãos e vai tomar emenda. Nada como um ouvido geringonçoso para manter a música a tocar a gosto!
Quanto post, seguramente o autor quer introduzir a reflexão de que sairá o modelo de 'democracia orgânica' da qual tem seguramente informação bastante.
O comentário de Unabomber esconde coisas muito simples:
ResponderEliminar-É que quem menoriza o resultado eleitoral e quem o ameaça não o respeitar é precisamente quem foi derrotado pelo Brexit.
-Quem insulta a decisão dos eleitores e quem lhe atribui qualificativos miseráveis é quem foi derrotado pelo Brexit.
-Quem acha que os opinion makers e os bens pensantes, instruídos e educados, valem mais do que os outros são os que foram derrotados pelo Brexit
Há votos, mas o clássico padrão de um cidadão-um voto está a ser torpedeado pelas classes possidentes.
E o post de João Rodrigues é um tiro de canhão na hipocrisia dos liberais ditos de esquerda, dos de direita, dos de extrema-direita.
Pelo que as cidades-estado ou os muros ou a Escócia não servem mais do que testemunhar o desejo do não respeito pela vontade dos eleitores.
Parece que agora as opiniões dos autores deste blog são o que são porque estes são "impotentes" perante o actual estado de coisas.
ResponderEliminarDesespera também Jaime Santos pelo facto de não se debruçarem sobre os assuntos que o referido senhor quer.
Saberá bem o que o referido senhor escreveu? O insulto directo e a veleidade de querer condicionar a liberdade de escrita e de publicação?
O resto do "comentário " do senhor Jaime Santos é uma declaração de princípios,confusa, contraditória, demagógica e sobretudo, na minha opinião pessoal, medíocre.Para além de outras coisas que a civilidade obriga a calar. Mas uma declaração legítima.
ResponderEliminarE sem qualquer interesse para o tema do Post. Um exercício em fuga auto-justificativo com os devidos agradecimentos a Thatcher e ao FMI. Um exercício penoso a tentar justificar desta forma atamancada uma dada opção ideológica
Quanto ao desgraçado comentário do coitado do José:
ResponderEliminar"Bastava que, para quem se assumisse como político, lhe punissem as mentiras óbvias e as promessas absurdas com penas de redução ao silêncio publico por períodos que garantissem a sanidade do discurso público."
não terá reparado que, se se cumprisse o seu desiderato, ficaria reduzido ao tal silêncio público por muitos e bons anos. Para sanidade pública...
"Seguramente o autor,seguramente informação"
Ámen.
So venho dizer que a ideia de JR aqui proposta ainda é "democrática" comparada com uma proposta que vi e ouvi feita no canal português "Económico" há cerca de um ano.
ResponderEliminarEstavam 2 ou 3 (estou contando de memória)empresários a trocar ideias eleitorais quando um deles sai com esta:
Se somos nós os empresários que criam riqueza.
Se somos nós os empresários que criam postos de trabalho.
Se somos nós que fazemos o país andar prá-frente
então quem devia votar eram apenas os empresários,os empregadores, os investidores,os criadores de postos de trabalho e não qualquer pessoa que não contribui para o enriquecimento do país.
Como vêem os nossos "empresários" já tinham pensado como deviam votar em "democracia" os portugueses e, claro, na UE.
jose neves
A atencao do Anonimo de 30 de junho de 2016 às 00:14:
ResponderEliminarAs regioes que votaram a favor da permanencia na EU, para alem de Londres e Escocia (cerca de 14 milhoes de habitantes num total de 65M) sao efectivamente excepcionais:
Bristol
Cambridge
Oxford
Reading
Brighton - a unica cidade que elegeu um deputado do Green Party.
Manchester
Liverpool
Assim a olho, fico com a impressao que so Birmingham, York e Durham sao cidades com universidades grandes e que nao votaram maioritariamente Remain. Contrariamente ao voto 'menos urbano' que foi de cerca de 60% Brexit, estas 3 cidades votaram 51, 52, 53% para a saida.
Uma correlacao interessante de ver tambem e que os sitios com menos emigrantes sao aqueles onde ha mais oposicao a UE. Ressabiados :)
Rectificação da rectificação do anónimo das 00:46
ResponderEliminarNo meu comentário NÃO se refere a REGIÕES, mas sim a CIDADES.
....
"Os islandeses é que foram espertos, estavam para entrarem na U.E. mas não levou muito tempo até perceberem a natureza ditatorial da mesma"
Tem razão o anónimo das 00:14, só faltando acrescentar que, ao contrário dos Islandeses, os Croatas foram parvos: escolheram por referendo realizado em 2012 aderir à UE.
“Tem razão o anónimo das 00:14, só faltando acrescentar que, ao contrário dos Islandeses, os Croatas foram parvos: escolheram por referendo realizado em 2012 aderir à UE.” - Unabomber
ResponderEliminarOs islandeses não estão nem nunca estiveram desesperados para entrar para a U.E. e, possivelmente, isto deve-se ao facto dos islandeses serem um povo, apesar da crise, com uma qualidade de vida consideravelmente superior a países do leste europeu, logo, encontram-se numa melhor posição para questionar os prós e contras da adesão à U.E..
E como não se têm deixado levar por europeísmo acéfalos, neste sentido, sim, têm sido espertos!
Eu não posso falar grande coisa dos croatas mas, acredito, que estejam mais na posição que se encontram os (muitos) portugueses (boa parte da população sofre de um complexo de inferioridade) que pensam (ou pensaram) que se entrarem para o “clube dos ricos” vão ficar melhor servidos.
Mas não pense o Unabomber que sou contra os referendos para adesão à U.E., pelo menos os croatas tiveram direito ao referendo ao contrário de outros…
Lamentavelmente o meu conselho para os escoceses já não se aplica aos croatas. Querem fazer parte do clube? Muito bem, mas fiquem a saber que a democracia fica à porta...
Caro anónimo da 3:06, Não vejo onde está a confusão. Eu sou um Social-Democrata que aprecia o Liberalismo político em tradição britânica (e cosmopolita). Já que o João Rodrigues decidiu puxar da História para criticar o Liberalismo, eu também tenho o direito de recorrer a ela. E, se podemos bem criticar o Liberalismo político pelo seu registo bem mitigado (e como me considero uma pessoa honesta, faço-o), as alternativas políticas a ele estão mortas e enterradas e não são nada recomendáveis em comparação. Mais, não gosto mesmo nada de estados etnicamente homogéneos, ao estilo da antiga RDA, em que os jovens estavam impedidos de viajar, estudar, amarem pessoas de outras etnias e culturas, dedicando-se ao serviço à Pátria nas Forças Armadas (mas só os homens, claro), contidos por arame farpado e cortinas de ferro (aí era fácil dizer-se que não se era racista). E sei bem que o Fascismo, longe de ser um mero logro das massas subjugadas pelo Capitalismo é mesmo um movimento popular que se alimenta da xenofobia e do Nacionalismo (doutrina que na sua origem era progressista, mas que já excluía outras identidades). Contrariamente a outras pessoas, eu acredito que a História é dominada pela contingência e não por um qualquer determinismo que leva à revolução proletária com a subsequente libertação das massas. Por isso é que tenho um medo profundo do que pode acontecer se a UE se desintegrar. Finalmente, não agradeço nada a Thatcher ou ao FMI. Limito-me a constatar que quando a Esquerda estica a corda e se esquece de aspetos elementares da Economia ou da mera paciência do cidadão comum, como no 'Winter of Discontent', esse cidadão comum normalmente vai votar na Direita e todas as conquistas do Welfare State ficam postas em causa. Como diz o Ricardo Alves, cuidado com o que se deseja: http://esquerda-republicana.blogspot.pt/2016/06/a-pulsao-de-morte.html. Espero que tenha ficado claro aquilo que defendo.
ResponderEliminar"Eu não posso falar grande coisa dos croatas mas, acredito, que estejam mais na posição que se encontram os (muitos) portugueses (boa parte da população sofre de um complexo de inferioridade) que pensam (ou pensaram) que se entrarem para o “clube dos ricos” vão ficar melhor servidos".
ResponderEliminar- Amigo anónimo: ninguém pode assegurar, com absoluta certeza que, se Portugal estivesse fora da UE a nossa situação económico-financeira seria muito melhor (talvez fosse, ou talvez não fosse)- lembro, mais uma vez que, em 1978 e 1983, a soberania monetária de Portugal foi insuficiente para evitar o recurso ao FMI.
- Se comparar-mos a Finlândia com a vizinha Suécia, verifica-se que o país fora do Euro (Suécia) tem tido um desempenho económico melhor que o do Euro (Filândia).
Mas tal, já não sucede se comparar-mos a Eslovénia (dentro do euro e da UE) com a vizinha Croácia (fora da UE até 2012): neste caso o vizinho dentro do euro e (Eslovénia) tem tido um desempenho económico melhor.
"Há votos, mas o clássico padrão de um cidadão-um voto está a ser torpedeado pelas classes possidentes"
ResponderEliminar- O problema não está no padrão de um cidadão um voto, está sim na demagogia e no populismo utilizado para conquistar esse voto: "todos" conhecemos as grandes mentiras que Passos Coelho utilizou para ganhar as eleições de 2011, e "todos" sabemos que os nazis foram eleitos democraticamente.
Continuo sem perceber como e´ que para se defender de um mal se acena com outro mal, e´ que se torna chato…Vamos supor que nas terras dos USA metiam os americanos genuínos em “reservas”, fariam mal.
ResponderEliminarNas terras da Rússia enviavam não comunistas para os “gulags”, fariam mal.
A Inglaterra imperialista sacrificava povos inteiros, fariam mal.
Portugal colonialista enviava comunistas e outros democratas pro Tarrafal, fariam mal.
E por ai fora.
Parece que alguém leu mal a Historia.
Ainda que não levam em linha de conta as épocas em que esses crimes teriam sido cometidos.
Sabem quanto tempo levou a humanidade ate´ chegar ao actual estágio, e quem tem a certeza de que não será o Socialismo o próximo…?! Bem, por aqui me fico. De Adelino Silva
A Croácia votou pela entrada na UE?
ResponderEliminarA Croácia que ergueu um "muro de separação" de metal na fronteira com a Sérvia em Bezdan-Batina e bloqueou a circulação na ponte sobre o Danúbio que une os dois Estados balcânicos?
O governo croata atualmente no poder que tem um cariz nacionalista e que se tem alimentado de uma retórica anti-sérvia?
Mas então estes já não são "nacionalistas" e xenófobos?
E ainda falam no voto no Brexit?
"Há votos, mas o clássico padrão de um cidadão-um voto está a ser torpedeado pelas classes possidentes"
ResponderEliminarVerdade insofismável ,reforçado pelo comentário de 30 de junho de 2016 às 04:00.
Ninguém está autorizado em nome de ninguém a menorizar o voto de quem quer que seja. Muito menos as classes possidentes considerarem os demais como sub-gente. E o que tem ressaltado de todo este debate é precisamente isso.Alguns chegam ao extremo de falarem em extrema-direita como correspondente ao Brexit, numa tentativa desonesta de defesa desta UE sem princípios nem verticalidade.
Quanto à demagogia e ao populismo utilizado para se conseguir os votos é apenas observar o que se passa aqui. Todos os meios de comunicação social a fazer campanha pelo Remain. Todas as demagogias a propagandear a permanência. Todos os partidos de direita e de extrema-direita a gritar ao lado de Cameron e de Blair.
Mais palavras para quê?
O cosmopolita do Jaime Santos tem direito a sê-lo
ResponderEliminarTem graça que Caneron conseguiu reduzir tal cosmopolitismo. E chegar a um acordo com a UE que é o espelho da UE e da direita inglesa
As críticas ao liberalismo são fundadas e têm pés para andar.
ResponderEliminarTantos pés como parece que o dito Jaime Santos não tem olhos para ver. Ou melhor só tem olhos para a sua realidade particular, seja na RDA, seja com a Thatcher, seja na sua visão do que é o fascismo ( essa de, na sua origem, ter sido "progressista é de cabo de esquadra). Seja ainda por juízos de opinião do género "assim tmabém é fácil".
O rei de França poderia dormir descansado, e com ele os párias dos nobres e do alto clero, com pessoas assim como o Jaime Santos. Com eles nunca teria havido a Revolução Francesa.
Mas um dia vão descobrir que, com o apertar da pressão por parte do tal 1%, a panela vai explodir.Que o aumento das desigualdades sociais vai levar inevitavelmente a revoltas sociais. Preferem enterrar a cabeça na areia e fazer profissões de fé legítimas mas confusas e fúteis. Como sobre o Brexit e a "vitória" do fascismo. E outros disparates semelhantes.
Depois queixem-se.
O referendo britânico constitui um acontecimento de grande importância política para os povos do Reino Unido e da Europa. A ideia da irreversibilidade da União Europeia sofre um profundo abalo. O debate sobre o futuro do continente europeu e das relações entre os seus povos e estados está na ordem do dia.
ResponderEliminarÉ por isso que o referendo britânico adquire uma tão grande magnitude. Se ele fosse o resultado de uma mera conjuntura política interna britânica, ou mesmo de uma curva apertada da relação entre potências no continente europeu, não teria o impacto que está a ter. Mas não é só isso. É preciso enquadrar o referendo britânico para o entender na sua plenitude.
Ele acontece precisamente quando o mundo e a Europa estão às portas de um novo pico de crise económica e financeira do capitalismo;
-quando a crise social no continente europeu faz desta região uma das zonas do globo de maior regressão social da última década;
-quando se sucedem escândalos financeiros uns atrás de outros e se torna visível que a corrupção faz parte do status quo;
-quando países como a Grécia continuam a ser esquartejados económica e socialmente e humilhados politicamente;
-quando os discursos delicodoces da «construção europeia» dão lugar à despudorada arrogância da Alemanha imperialista;
-quando o sistema político burguês no continente mergulha numa profunda crise e o fascismo se alimenta da exploração social e da opressão nacional;
-quando as rivalidades inter-imperialistas extravasam os corredores de Bruxelas e fazem estalar o verniz da hipocrisia eurocrática;
-quando o Mediterrâneo se transforma na maior vala comum da história recente da Europa e a União Europeia diz explicitamente aos povos do mundo «não venham para a Europa»;
-quando a União Europeia militarista faz a guerra em várias partes do mundo, alimenta e financia terroristas, faz acordos de «cooperação» com governos fascistas e empurra o continente europeu para um embate com a Federação Russa de incalculáveis consequências.
Caro anónimo das 19:05, Ou não leu o que eu escrevi, ou leu e não percebeu. Eu disse que o Nacionalismo teve uma origem progressista (no sec. XIX). Não o confundo com o Fascismo, só disse que o Fascismo se alimenta dele. Eu sei que custa a algumas pessoas que frequentam este blogue ouvir alguém dizer que as alternativas de Esquerda ao Liberalismo Político não têm grande moral para acusar esta linha de ação e pensamento político de ser pouco democrática. Ela é, como a Democracia Parlamentar, o pior de todos os sistemas com a exceção de todos os outros. E olhe, tem toda a razão, por mim não teria havido Revolução Francesa nos termos em que aconteceu, certamente não teria existido o Terror. Dizia Pierre Gilles de Gennes que enquanto a França fazia a Revolução Francesa, a Inglaterra fazia a Revolução Industrial. O modelo em que vivemos é, felizmente, o modelo gradualista britânico e não o modelo revolucionário francês que afogou uma bela ideia em sangue (note-se que Lenine e Trotsky discorreram longamente e com aprovação sobre o terror revolucionário e claro, aplicaram-no). E é isso que custa a essas pessoas aceitar. A constatação de que é possível fazer bem mais pelos mais desfavorecidos e discriminados optando por uma via gradualista e reformista do que por uma via de rutura revolucionária. E sem sujar as mãos de sangue...
ResponderEliminarNesta "coisa" da democracia representativa,
ResponderEliminartambém os DONOS DISTO,
dão a "coisa" como não havendo alternativa:
...e porque assim...porque assado...porque cozido...
Elevando a "coisa" para o patamar dos "catedráticos":
"...a Democracia Parlamentar, o pior de todos os sistemas com a exceção de todos os outros."
...o populismo e a sua manipulação pelos perigosos inconformados...
No patamar de responsável pelo "bem estar destes indigentes de mente":
...ninguém gosta de aumentar impostos...
...eles não sabem!...coitados...temos de ver o que é melhor para eles...
No patamar de "consciente com responsabilidades altruístas":
...seria o caos...uma catástrofe...um banho de sangue...
Não se preocupem.
São nossas, as vossas preocupações.
Estamos aqui, para zelar pelo vosso bem estar!
Ainda bem que houve mesmo a Revolução Francesa. Porque sem ela estaríamos ainda no século XVIII e a viver sustentando parasitas. Como ainda acontece um pouco no RU
ResponderEliminarA questão do sangue é muito curiosa. Porque a memória e o registo da história serve os que estão no poder.
Deixe-se assim de asneirar sobre o dito terror revlucionário. Pela mesma altura em que gabava a "democracia gradualista inglesa", a França respirava aquilo que lhe causa impressão - a liberdade dos povos e o derrube duma sociedade qusa que esclavagista. A Inglaterra após a Revolução Francesa tingiu as mãos de sangue a um grau muito superior ao acontecido na Revolução Francesa. O Império Britânico foi o que foi e o seu reinado de terror expandiu-se pelo meio do século XX.
Claro que, para alguns, a contabilidade das cabeças cortadas tem a ver com a posição social que ocupam."Esquecem-se" assim de todos os outros , massacrados e eliminados em número infinitamente superior.
Vamos a alguns exemplos que evidenciam a suprema tolice de frases como esta:
"A constatação de que é possível fazer bem mais pelos mais desfavorecidos e discriminados optando por uma via gradualista e reformista do que por uma via de rutura revolucionária. E sem sujar as mãos de sangue...".
Lewmbram-se de Churchill?
ResponderEliminar" Churchill não tinha em grande conta a vida humana quando, apenas a três meses do fim da II Guerra Mundial, estava a Alemanha já militarmente exangue, ordenou, com o auxílio norte-americano, o criminoso massacre aéreo de Dresden, no qual pereceram 250 mil civis sob o efeito devastador das bombas de fósforo.
Em 1943, o primeiro-ministro inglês provocou deliberadamente a morte, pela fome, de 3 milhões de indianos que viviam, então, sob domínio britânico. Num recente livro, intitulado “Churchill’s Secret War”, Madhusree Mukerjee, estudiosa que já pertenceu ao conselho de editores da Scientific American, denuncia o desvio de alimentos que Churchill fez de Bengala, região propositadamente empobrecida pelas políticas segregacionistas da administração britânica, recusando mesmo a ajuda alimentar oferecida por americanos e canadianos, que teria permitido evitar aquele autêntico holocausto indiano.
Enquanto se amontoavam os mortos nas ruas, Winston dizia para o secretário de Estado para a Índia, Leopold Amery, que “Odeio indianos” e que a fome é culpa deles porque “se reproduzem como coelhos”. Quando o Governo de Deli apelou a Londres para que o desvio de alimentos de Bengala fosse revogado, Churchill limitou-se a perguntar por que razão Gandhi ainda não tinha morrido…
A catástrofe humanitária atingiu uma tal proporção que o próprio vice-rei da Índia, Lord Wavell, se viu obrigado a considerar a atitude de Churchill como “negligente, hostil e desdenhosa”.
Factos como este obrigam a uma verdadeira revisão da historiografia oficial, que tem preservado alguns dos abomináveis crimes.É bom lembrar que não há vítimas de primeira e de segunda, conforme sejam brancas ou de outras raças. Ou conforme sejam das classes possiddentes ou que sejam considerados como de segunda por parte desses miseráveis que se intitulavam senhores do mundo e senhores do Império.
Muita falta fez a Revolução Francesa de facto nas terras de sua majestade.
Mas há mais
No Quénia, alguns historiadores chamados como peritos descobriram um grande arquivo de 8 mil documentos da era colonial, que o Foreign Office tinha conservado escondido por décadas.
ResponderEliminarOs papéis secretos mostraram que altas autoridades coloniais autorizaram normalmente torturas e espancamentos de suspeitos nos campos de concentração e que ministros do governo de Londres estavam a par de tudo.
Em 1954, num dos poucos processos movidos contra os torturadores, um juiz de Nairobi, Arthur Cram, comparou os métodos dos interrogadores aos da Gestapo.
Na correspondência entre as autoridades do Quênia e o Foreign Office, foram reportados numerosos assassinatos e estupros por militares ingleses e alguns casos particularmente dramáticos como uma criança africana “queimada até a morte”e o defloramento de uma menina.
O governador Baring estava consciente da extrema brutalidade das torturas que incluíam espancamentos por vezes até a morte, prisão solitária, privação de alimentos, castração, sovas de chicote, queimaduras, estupros, sodomia e introdução forçada de objetos no anus.
Tudo foi mantido cuidadosamente em segredo.
O Procurador-Geral no Quênia, Eric Griffith-Jones, depois de alterar as leis para permitir violências, avisou o governador Baring: “Se nós vamos pecar, vamos pecar silenciosamente.”
Os documentos descobertos testemunham de maneira incontestável a crueldade de um império colonial, que se apresentava como vanguarda da civilização.
É que o modelo gradualista inglês considerava que os senhores só muito gradualmente podiam deixar de ser senhores. Então e o seu sangue azul? E eles não eram mesmo os "Senhores" do mundo?
Willian Hague, o ministro do Exterior, admitiu as culpas inglesas, perante a Câmara dos Comuns: ‘O governo inglês reconhece que os quenianos foram sujeitos a torturas e outras formas de maus tratos nas mãos da administração colonial."
E concluiu: “Torturas e maus tratos são violações abomináveis da dignidade humana que nós publicamente condenamos"
Isto foi reconhecido há pouco mais duma dezena de anos
Cada um tem direito à sua opinião e cada um tem direito a exprimi-la livremente.
ResponderEliminarMas infelizmente, para além das opiniões, há que registar que há realidades factuais históricas que, independentemente de leituras várias, constituem marcos dos quais não se pode fugir.
Alguém vir colocar em causa a Revolução Francesa ("O modelo revolucionário francês")
chamando ao debate Lenine e Trotsky é, no mínimo, desonesto.
O que impressiona é como se tenta analisar a História de acordo com o que outros "discorreram" sobre a Revolução Francesa mais de uma centena de anos depois. Para além dum anti comunismo serôdio e datado ( mas ninguém obriga JS a seguir o que quer que seja), o que choca é esta leviandade com que se tenta arrumar as grandes questões históricas recorrendo a tais subterfúgios. Pode-se até ser contra a Revolução Francesa mas o que não se pode é usar esta mediocridade argumentativa utilizando tal tipo de muletas.
Recorrendo a uma fonte insuspeita:
ResponderEliminar"Revolução Francesa (em francês: Révolution Française, 1789-1799) foi um período de intensa agitação política e social na França, que teve um impacto duradouro na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. A monarquia absolutista que tinha governado a nação durante séculos entrou em colapso em apenas três anos. A sociedade francesa passou por uma transformação épica, quando privilégios feudais, aristocráticos e religiosos evaporaram-se sobre um ataque sustentado de grupos políticos radicais, das massas nas ruas e de camponeses na região rural do país. Antigos ideais da tradição e da hierarquia de monarcas, aristocratas e da Igreja Católica foram abruptamente derrubados pelos novos princípios de Liberté, Égalité, Fraternité (em português: liberdade, igualdade e fraternidade). As casas reais da Europa ficaram aterrorizadas com a revolução e iniciaram um movimento contrário que até 1814 tinha restaurado a antiga monarquia, mas muitas reformas importantes tornaram-se permanentes. O mesmo aconteceu com os antagonismos entre os partidários e inimigos da revolução, que lutaram politicamente ao longo dos próximos dois séculos"
Vir questionar a importância da RF na história contemporânea pertence a um outro capítulo do debate ideológico. Que não cabe aqui. Mas regista-se com espanto ver como os inimigos deste virar de página da História ainda se permitem estes ódios contra um belo marco mundial e civilizacional.
E mais uma vez socorrendo-se do medo. O medo pelo papão de Lenine ou do Trotsky.
Bem vistas as coisas, tal como a campanha contra o Brexit. Moldada pelo medo e pela chantagem
E o que se viu é que a vitória do Brexit foi também a vitória contra o medo