quinta-feira, 19 de maio de 2016

Um jornal de consensos e dissensos


Em França, os manifestantes reunidos no movimento Nuit debout (Noite a pé) esperam que uma «convergência das lutas» permita alargar o seu âmbito a participantes menos jovens, menos diplomados, e inserir-se numa dinâmica internacional. Um dos eixos que escolheram para a acção pode favorecer este duplo objectivo: a recusa dos tratados de comércio livre. Os meandros dos acordos comerciais desencorajam muitas vezes as mobilizações, por ser tão difícil compreender que etapa vigiar de perto, que disposição aparentemente técnica esconde uma bomba social. No entanto, apesar do matraquear dos meios dirigentes, do patronato e da comunicação social, a hostilidade em relação a estes tratados está a aumentar.

Serge Halimi, A recusa do comércio livre.

Marcelo não é apenas um produto de um consenso fabricado por si próprio, pelos media e por parte significativa da sua família política. Ele é, agora como presidente, uma fabricação diária dos próximos «consensos», da futura opinião dominante a mobilizar quando passar a acalmia possibilitada pelo alívio do garrote austeritário. Derrotada a ideia de que havia apenas um caminho realista e sério para o país, que em anos mais fáceis permitiu o sucesso tecnocrático de alguém como Cavaco Silva mas já não serviria depois do fracasso económico e do sofrimento social da austeridade, o presidente estará a preparar o país para o fim da acalmia.


Sandra Monteiro, A fabricação de Marcelo.

10 comentários:

  1. Marcelo Rebelo de Sousa disse "País não é grande e rico o suficiente para dispensar consensos"

    Mas pelos vistos Portugal é suficientemente rico para pagar 12 mil € a um tipo que diz umas coisas durante uns minutos todas as semanas.
    Portugal é obviamente um país riquíssimo para garantir ricos "trabalhos" a fala-baratos.

    O cata-vento não é a intelectualidade superior que os media querem fazer crer mas que ele tem consciência de classe isso tem, e é pior que Cavaco pois o Silva é um fulano mais rudimentar e o seu reacionarismo fazia-se notar, é por isso que ele se mantinha calado muitas das vezes, já o cata-vento é mais astuto e mais bem falante e por isso potencialmente perigoso.

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  2. Muito bom. Excelentes as chamadas de atenção a ter.

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  3. Anos de bem estar e protecção social criaram uma noção de 'adquirido' que leva as massas a não se interrogarem como se alcançou, como se manteve e como assegurar esse bem estar.
    A partir daí toda a cretinice tem oportunidade de se manifestar.
    A informação dedica-se ao imediato, ou mais precisamente ao visível que se renova a cada a hora num jogo de imagens que interpretam como se houvesse algum sistema de ideias coerentes que as suportem.
    Por outras palavras, uma enorme relutância em dar a estupidez como base de muitos dessas acções; até para o terrorismo religioso essa relutância é patente.

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  4. Quando Marcelo fala em um só mandato, isso tem um significado: não esperem que venha a fazer como os outros fizeram.
    Para já, diz ser tempo de acabar com o 'optimismo porque sim'.

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  5. cagalhão zé

    A ti o que te doi é sempre as "massas", o povo, a gentalha, o adquirido pela gentalha.
    Já o adquirido pelos teus eleitos faz parte da ordem natural das coisas, é merecido e ainda podem roubar pela via fiscal que isso é apenas legítima defesa

    cagalhão zé - o cobarde apátrida adorado pelas tainhas

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  6. Leitura fundamental e fundamentada.

    Uma nota:
    A tal de 'adquirido' escrita aí em cima por um sujeito vai no mesmo sentido do que o mesmo sujeito escrevia sobre a "igualdade"?

    Transcreve-se:
    "A parvoeira da igualdade, porque sim, é que leva a esta militância idiota de decretar igualdades onde elas não existem nem podem estabelecer-se sem ficções ofensivas de outros direitos."?

    Donde faz todo o sentido as massas se interrogarem como se alcançou e como se manteve o bem estar dos 1% que controlam tudo á custa dos restantes 99%

    Porque a cretinice manifestada aí em cima pelo dito sujeito, que defende a desigualdade e o racismo, o darwinismo social e a supremacia de uns tantos fdp, o que tenta esconder é o ataque directo à dignidade das pessoas e o seu direito a viver como cidadãos senhores do seu destino e do produto do seu trabalho

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  7. Outra nota:

    Este apelo pungente do mesmo sujeito para que o erário público pague os desmandos da banca e dos banqueiros, aqui expresso desta forma e cita-se:
    "Quanto aos erros, seria interessante conhecê-los.
    Eu sei de um, e bem grande: atentar no alarido dos esquerdalhos e não ter financiado suficientemente os bancos em crise quando havia dinheiro para isso".

    É para assegurar o bem estar perpétuo aos tais banqueiros, para dar uma oportunidade também à "cretinice" de se manifestar, para dar uma de propaganda ao imediato, ou mais precisamente ao visível que se renova a cada a hora num jogo de imagens que interpretam como se houvesse algum sistema de ideias coerentes que suportem este asqueroso darwinismo social?

    É que aqui não há qualquer enorme relutância em fazer passar a estupidez como base de muitas dessas acções. É que a questão não radica nesta , mas sim deriva da eterna prepotência de quem domina o mundo e quer que o mundo continue tal como está.E tais desaguisados e inquietações, estremecimentos e persistências não têm mesmo nada de estúpido. Faz parte mesmo da luta entre o que explora e o que é explorado

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  8. Procura-se!

    Comentador do LdB procura opositores que com um mínimo de elevação cívica, uma pitada de discernimento, e honestidade intelectual bastante, possam contribuir para configurar um debate.

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  9. Quem é que procura ? Que comentador? Que mínimo de elevação cívica?

    Quem fala em mínimo de elevação cívica é o mesmo que promete a "força bruta" aos considerados por ele como "bestas"?

    Ou quem num repente furibundo após ter sido atropelado pelas suas próprias palavras dispara com estes mimos de "mínimo de elevação cívica":
    ""Não tens vergonha nas trombas, sabujo, vigarista!...
    Pobre esquerdalho demencial, a minha crispação equipara-se à que ocorre quando vejo um vómito no meu caminho".?

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  10. A pitada de discernimento e a honestidade intelectual bastante consubstanciam-se noutros mimos como por exemplo "na cretinice (que) tem oportunidade de se manifestar? E na " enorme relutância em dar a estupidez como base de muitos dessas acções" ?

    O terrorismo religioso já se traduziu no elogio dos torturadores pelo mesmo que conclama pelos mínimos, pela honestidade e pela pitada. Elogio entenda-se aos torturadores de todas as matizes,inclusive os do referido terrorismo?

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