Vale sempre a pena ler as crónicas de Nuno Ramo de Almeida e esta “onde se defende que não matar o pai é normalmente uma ideia acertada, para quem não quer que lhe impinjam os pais dos outros” não é excepção: boa homenagem a, e potencialmente um bom debate com, Fernando Rosas, o nosso historiador nacional de eleição.
Sugiro que leiam a crónica juntamente com a reflexão de Alberto Garzón, dirigente da Esquerda Unida espanhola, em reacção à mobilização do anti-comunismo, do medo, pelas forças do status quo. Não parece estar a resultar, a fazer fé na última sondagem. Muitas pessoas têm razões para ter outros medos, para ter medo do capitalismo sem freios e contrapesos.
Unidos Podemos, então? Gostaria de pensar que sim, claro. O problema é que, beneficiando da análise do economista William Mitchell ao seu programa, não se pode ignorar a repetição das ilusões que destruíram a esperança na Grécia: parece faltar, uma vez mais, um plano B.
Insisto na questão colocada no ano passado: de que é que têm medo e de que é que temos medo? Insisto: a impotência social-democrata pode vir a afectar hoje e ainda mais os que saíram, ou contam vir a sair, das franjas para o centro do poder, contestando a austeridade, mas tendo por base a narrativa fantasiosa de um potencial euro bom.
Isto está tudo ligado? Troquemos umas ideias, então.
Anda também aí um medo das 35 horas propalado até por alguns de esquerda. Que não é urgente e devia ficar adiado, pois acumula coM o assustar do bce que nos vigia por esta altura com avisos para julho. QUid juris?
ResponderEliminarUm «...acontecimento, sem o qual dificilmente haverá mudança.»
ResponderEliminarPreservar o essencial de Outubro é admitir que a democracia, tal como a conhecemos, não é caminho de futuro; assim o sentem sem o dizer a boa parte da geringonça.
Desenterrar as lutas proletárias do século XIX, as experiências totalitárias do século XX e tudo o mais, de um tempo de imperialismos e em que o planeta e os seus recursos eram território de conquista, só pode significar querer demonstrar quão diferentes são os desafios e quão diferentes são as exigências que se colocam ao Homem.
O ignaro lutador pela subsistência não é exemplo, mormente se ao farto consumidor do presente essa imagem sustenta nada mais que uma acrescida ânsia de consumo.
Mas em verdade, essa é ainda a proposta essencial à Luta.
Do mesmo modo, os imperialismos que sustentavam que a riqueza de uns fosse a exploração de vastas áreas territoriais de outros, traduzem-se hoje em obscuros nacionalismos autárquicos (de Trump aos patriotas de esquerda)quando a globalização transformou o império em competição económica e tecnológica.
Que vivemos uma ameaça comunista é um facto evidente.
ResponderEliminarNão pela Revolução e a tomada do poder mas pela corrupção de uma social-democracia aparvalhada que por um lado se corrompe pela venalidade dos seus agentes e por outro se entrega a exercícios de ‘progressismo’ populista e ruinoso.
«… os comunistas que nos tirariam as casas e, no final de contas, provou-se que foram os bancos privados, que nos roubaram a casa» é a versão nacional e burlesca dessa deriva imbecil, que arruinou a banca, transformando poupança em património improdutivo que esteve na posse de quem nunca o comprou e que nem mesmo é capaz do o poder arrendar.
A ameaça é pois a que sempre foi: destruir os meios e os processo que asseguraram o progresso económico e construir um qualquer totalitarismo irracional e perverso.
Amigo Jose, deixe-se de fantasias. Fantasia #1: o amigo parece acreditar que o imperialismo é uma coisa do passado. Ter-se-á esquecido do que se passou recentemente na Líbia, Afeganistão, Mali, Iraque, Honduras, Venezuela, Iemen, Ucrânia, Palestina, etc? O imperialismo pode ter lavado a cara (os métodos mudaram ligeiramente para se ajustarem a uma maior difusão da informação, só isso; sabe qual a guerra mais longa da história dos EUA?) mas continua a ser a tendência dominante - venha de que lado vier. Só não vê quem não quer. Fantasia #2: os comunistas portugueses não são maioritariamente "bolcheviques", nem hoje nem durante o prec, embora sejam certamente descendentes dessa tradição. Só não vê quem não quer. Não só isso, como mais uma vez se atribuem todos os defeitos e incapacidades do capitalismo aos comunistas, como se fossem estes a causa das contradições. É uma pescadinha de rabo na boca que demonstra um vazio intelectual e um profundo desconhecimento da tradição iluminista da esquerda. Acho que está no hora de nós sermos capazes de avaliar o que sabemos e aquilo que não sabemos, só assim podemos avançar e construir algo melhor.
ResponderEliminarnem o sucesso da Grecia, Venezuela, Portugal do Costa chegam para aterrar muito lírico da nossa praça. Cuba , Coreia, Russia tudo sociedades a caminho duma vida....
ResponderEliminarÉ verdade João. O Podemos e IU continuam a apostar que o peso económico e político da Espanha na UE será suficiente para gerar dinâmicas globais de reforma do sistema. Mas provavelmente enganam-se, e se se enganarem a derrota será ainda mais custosa que na Grécia. A ver vamos, nos próximos 6 meses.
ResponderEliminarUm muito excelente post de João Rodrigues. A ler com atenção e mais uma vez a procurar ler nas linhas e nas entrelinhas
ResponderEliminarO tom certeiro de João Rodrigues tem um comprovativo indirecto. É a agitação que provoca no falcão fundamentalista de serviço que perora em torno dos seus argumentos de sempre...mas escorregando desastradamente e patinando na tentativa de alinhavar um discurso minimamente coerente.
ResponderEliminarCoisa aliás que não é nova
"Vivemos uma ameaça comunista" é um tão grande disparate que nem os adjectivos usados habitualmente pelo que os usa servem de desculpa para a asnice ("aparvalhada, venalidade, progressismo, populista e ruinoso, imbecil,totalitarismo irracional e perverso")
ResponderEliminarParece que a ameaça comunista deriva duma "social-democracia aparvalhada" que não da Revolução e da tomada do poder. Assim começa o conto.
Como termina o conto? Pela ameaça de construção dum qualquer totalitarismo irracional e perverso.
De repente a ameaça que não era ameaça torna-se ameaça. Que afinal parece que sempre foi
Isto é um exemplo claro do raciocínio perversamente irracional, desonesto, cabotino e ignorante.
Uma análise superficial permitirá ver o ridículo de quem tenta identificar como origem de todos os males "uma social democracia aparvalhada".
ResponderEliminarDe facto a "impotência " (quantas vezes conivência) da social-democracia tem sido responsável por uma ausência de resposta adequada, triunfante, mobilizadora e de esquerda aos tempos que hoje vivemos.
Mas francamente tentar esquecer o papel de criminosos sociais da governação Passos/Portas, o papel dos donos disto tudo, o papel dos banqueiros, da UE, da troika, o BCE, do FMI, do desenvolvimento actual do capitalismo é simplesmente motivo duma boa gargalhada
Neste caso o disparate vive paredes meias com a posição de direita-extrema. E aqui coincide com o mesmo que manifestou simpatias filo-nazis, ousando comparar Philippe Pétain a Charles de Gaulle.
A versão nacional e burlesca desta deriva imbecil de tentar proteger a banca e os banqueiros está aí patente, numa modesta extensão é certo, mas preciosa pela evidência da lata em fazer afirmações de tal calibre.
ResponderEliminarA crise da banca, dos banqueiros, da sua responsabilidade nos dias que hoje vivemos é assim ternamente apagado à custa dum "património improdutivo" que nunca comprou e arrendou e outra tretas do género.
Simplesmente confrangedor. A pesporrência ideológica junta-se à cegueira e esta assume laivos de demência?
Estão assim explicadas as hossanas aos banqueiros , aos terratenentes, aos donos disto tudo antes do descalabro da Banca e dos seus banqueiros. Há por aí uns versinhos de pé-quebrado, erigidos em honra do dono disto tudo, escritos antes da sua queda e das lágrimas vertidas na altura?
Lágrimas que voltam agora, desta forma grotesca e piegas, assumindo um papel de branqueamento que agonia, associado a uma cumplicidade e conivência que levanta todas as suspeitas.
Mas a banca e os terríveis malefícios da sua privatização já ocuparam basto espaço aqui no LdB
Ler alguém, que assume o elogio de Salazar e da Pide (como comprovadamente o faz o das 12 e 29), falar de "democracia" é um autêntico nonsense.
ResponderEliminarNão se sabe o que admirar mais. Aqui sai a Passos Coelho mais as suas aldrabices e mentiras. Mas sai também a alguns dos salazarentos personagens que a 25 de Abril juravam que sempre tinham sido democratas
Agora algumas bojardas que falam por si:
ResponderEliminar-"de um tempo de imperialismos"... pois foi. Já não é. Olha agora as guerras de pilhagem e de terror levadas a cabo no Iraque, na Líbia, na Síria.
-"o planeta e os seus recursos eram território de conquista"...pois eram. Já não são.Olha aí o exemplo dos neo-colonialistas e dos rapinadores dos recursos naturais e humanos.
-"ignaro lutador pela subsistência não é exemplo"...pois não. É bom não falar nestes.Então não é que a intensidade da pobreza não aumentou em 30% em 3 anos? Chiu. Não espalhem.
-"ao farto consumidor do presente essa imagem sustenta nada mais que uma acrescida ânsia de consumo"...pois claro. Porque motivo o tamanho do ventre de quem assim fala não deixa ver que os seus padrões de comportamento nem são nem universais nem justificam todos os ódios e tolices?
-"Mas em verdade"...Ámen
-"essa é ainda a proposta essencial à Luta"....Não sabemos bem qual a proposta essencial.Mas ficamos a saber que a submissão abjecta é melhor para quem vende a sua Pátria assumindo-se como seguidor de Pétain?
-"os imperialismos traduzem-se hoje em obscuros nacionalismos autárquicos"... ahahaha. Brilhante esta. Nem o licenciado Relvas ou o batedor de punho Miguel Gonçalves ousaram ir tão longe.
-"quando a globalização transformou o império em competição económica e tecnológica". ...ou por outras palavras...viva o direito do mais forte ao saque. Já ouviram falar nas teorias eugénicas? Também tiveram a sua origem no darwinismo social mais abjecto.
Será por isso que se defende a desigualdade e a sua perpetuação de forma assaz fanática?
-" transformou o império".. esta é mesmo só para negar a sua existência. Também negava o crescimento da direita-extrema e o renascimento do nazi-fascismo não era?
Aí pelas 17:50 fala-se em fantasias.
ResponderEliminar#1 - Porque se atribui ao imperialismo tudo o que são sociedades e estados disfuncionais? Ou será que tudo começa por isso mesmo e se seguem reacções externas?
#2 - Os descendentes de uma tradição bolchevique sempre são seus fiéis até que a repudiem. E comunismo só há um e mais comuna não há nenhum.
"é a versão nacional e burlesca dessa deriva imbecil, que arruinou a banca, transformando poupança em património improdutivo"
ResponderEliminarMas ó das 12 e 29. Então não foi vossemecê que em janeiro de 2014 se saiu com esta pérola na defesa dos lucros da banca e das suas negociatas? Cite-se ipsis verbis:
"Se não sabes que o papel dos bancos é pedirem emprestado (endividarem-se) para emprestar (ficarem credores) lucrando no processo, sabes pouco."
Isto foi antes do descalabro e da exposição da pulhice da banca
O desejo do lucro a todo o custo , a defesa da banca e dos banqueiros , o conluio com as negociatas e com os negócios sujos...tudo em nome do sacrossanto lucro, não é mesmo ó das 12 e 29 ?
"Porque se atribui ao imperialismo tudo o que são sociedades" ?"
ResponderEliminarComo? Que patetice é esta?
Então ainda há pouco os imperialismos traduziam-se hoje em "obscuros nacionalismos" e aora são bens preciosos a proteger?
Mas a frase está manifestamente incompleta:
"Porque se atribui ao imperialismo tudo o que são sociedades e estados disfuncionais? Ou será que tudo começa por isso mesmo e se seguem reacções externas?"
A iliteracia dá nisto. "Tudo começa por isso mesmo", mesmo
"E comunismo só há um e mais comuna não há nenhum".
ResponderEliminarÉ natural. Isso era trauteado com o "Cá vamos cantando e rindo" não era?
ResponderEliminar“De que e´ que têm medo e de que e´ que temos medo?”
Acho que a UE tornou-se um enorme Caldeirão de medo e terror: sanções económicas, penalizações, escravização dos povos do Norte de Africa e Oriente Medio, a abolição dos direitos civis para a maioria dos europeus devido a´ crescente militarização e intervenções em ´estados soberanos´ e com o “Cerco a´ Rússia” através da NATO.
Note-se que a maioria dos países da EU fazem parte desta estrutura militar internacional capitaneada pelos USA.
Na situação actual sentimos, na pele, que os “sectores dominantes” são estruturalmente favorecidos, qualquer que seja o governo. Mas é óbvio que têm preferência pela direita e não por governos ditos de esquerda… Eu tenho medo de poder vir por ai a Terceira Guerra Mundial…desta vez Nuclear…de Adelino Silva