domingo, 15 de maio de 2016
Opções e instrumentos
O desenlace do caso grego e a pressão para a entrega da banca portuguesa aos gigantes europeus demonstram que uma esquerda comprometida com a desobediência à austeridade e com a desvinculação do Tratado Orçamental tem de estar mandatada e preparada para a restauração de todas as opções soberanas essenciais ao respeito pela democracia do país (…) Não é hoje credível o projeto de uma redefinição democrática das instituições europeias ou que a disputa da relação de forças se faça a nível europeu. O combate à austeridade e ao autoritarismo exige a disputa de maiorias sociais em cada país, reclamando instrumentos de soberania popular que permitam corresponder à vontade popular de rutura com a austeridade. Esse confronto não dispensa a cooperação e solidariedade das forças progressistas na Europa, mas convoca toda a esquerda para o confronto com as instituições europeias.
Estes são dois dos excertos mais relevantes da curta moção conjunta que as correntes dominantes do BE levarão à convenção deste partido e que só agora tive oportunidade de ler. Se eu bem as entendo, estas duas passagens continuam a convergência com a posição dos comunistas e de outros democratas nas questões do Euro: já agora, valeu certamente a pena ter estado atento a esta conferência.
Restaurar opções soberanas, reclamar instrumentos de soberania: dado o aparente aprofundamento da viragem estratégica soberanista, superando uma certa declinação sem futuro do europeísmo, o que me parece fundamentalmente correcto à luz da experiência destes anos, acho que seria bom aprofundar o diagnóstico e concretizar com mais detalhe as opções e os instrumentos, até para que o mandato reclamado seja claro, bem como aprofundar as ilações do caso grego, particularmente no que ao Syriza diz respeito. Neste último campo, não basta dizer que a esquerda foi “esmagada” na Grécia. É bem pior do que isso.
E isto já para não falar da articulação entre o que se faz politicamente na presente conjuntura e o que se defende em termos de alteração de estrutura. Vendo de fora, mas sempre interessado no que se passa nos partidos, os piores instrumentos de reflexão e de acção políticas com excepção de todos os outros, tenho bem consciência que este é o desafio intelectual e político. Só resta esperar que este documento seja o ponto de partida para uma reflexão substancial num partido que é obviamente parte da alternativa.
PS. Bom, vou agora ver se leio a moção que António Costa vai levar ao Congresso socialista.
Mais uma vez um excelente post
ResponderEliminarAs intervenções da conferência mencionada.
ResponderEliminarNão se vende, penhora-se!!!
ResponderEliminarO desenlace do caso grego abriu os olhos a muito boa gente, mas estou menos segura da evolução do BE (sem prejuízo das fogachadas demagógicas habituais). Ainda na última resolução política da sua mesa nacional, a 7 de maio, desresponsabilizava explicitamente o euro:
ResponderEliminar«O segundo trimestre do ano é marcado pela elaboração dos Programas de Estabilidade e Planos Nacionais de Reformas dos Estados Membros da União Europeia. Este é um processo inquinado. Responde a uma exigência do Semestre Europeu, que nasceu em 2010 fruto da inoperância da União Europeia na alteração de regras para o sistema financeiro, que tinha sido prometida na resposta à crise financeira, e para impôr austeridade sobre os Estado. As regras e metas a que este processo responde não são uma consequência de responsabilidades partilhadas no âmbito da moeda única, mas sim consequência da política de resgatar bancos à conta do Estado Social e dos rendimentos do trabalho.» (realçado por mim)
Como se o semestre europeu não tivesse nada a ver com o euro. Como se tivesse origem numa “inoperância” conjuntural da União Europeia, em vez de na sua operatividade em edificar, patamar a patamar, toda a arquitetura do euro, como se o euro não tivesse nascido exatamente para isso mesmo também, “para impor austeridade sobre os estados”.
Como se, desde a origem, a instituição e as sucessivas regras do euro não servissem exatamente para aumentar a exploração e beneficiar o grande capital financeiro (incluindo “resgatar bancos”), “à conta do Estado Social e dos rendimentos do trabalho”.
Como se euro fosse bonzinho e a culpa fosse apenas da troika e dos governos (que ninguém de bom senso desresponsabiliza). Enfim, sempre naquela linha da Marisa Matias, de que “a questão não é do euro, é da política associada ao euro”, como se fosse possível separar uma da outra, como se o euro não fosse isso mesmo, a moeda da política do euro.
Gostaria de crer que tudo isto é apenas ingenuidade, mas, falando francamente, nem disso estou certa.
Um país não se vende mesmo
ResponderEliminarHoje lê-se no DN que :"Morreu aos 92 anos a última sobrevivente do elenco de Casablanca"
"A atriz é recordada sobretudo pela cena em que chora, no momento em que os membros da resistência francesa em Marrocos entoam o hino nacional de França, A Marselhesa".
https://youtu.be/HM-E2H1ChJM
Também não se venderam.Nem renderam.
«a restauração de todas as opções soberanas essenciais ao respeito pela democracia do país»…«exige a disputa de maiorias sociais em cada país, reclamando instrumentos de soberania popular»
ResponderEliminarA cobardia vai ao ponto de não se reclamarem da revolução e do poder popular.
Temperam a mensagem com evocações de uma democracia que desprezam.
Uma espécie de cifra que lhes aquece os egozinhos autoritárias e que serve para iludir imbecis.
Penhora-se?
ResponderEliminarÉ isso mesmo que este tipo quer.Não é ele que passa o tempo a cantar loas aos credores, a exigir o pagamento dos juros, a defender os agiotas, na esperança que ganhe algum, seja directamente em euros, seja através do modelo que defende, o da traição pura e simples ao nosso país.
A cobardia é ir ao ponto de não se assumir de caras e de frente os movimentos de reptação próprios dos que, feitos vermes, andaram e andam a gritar pelas troikas e pela perda de soberania.
ResponderEliminarEnquanto feitos hipócritas falavam e falam em "democracia" mas gritam raivosamente impropérios contra o 25 de Abril e contra o regime democrático
Um egozinho autoritário que serve para iludir o próprio? Com toda a certeza. Mas muito mais do que isso
Quem não obedece ao meu senso comum é um imbecil. Uma besta
ResponderEliminarE às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios.
Heil José
Por uma vez concordo. Sem as armas políticas necessárias e um mandato claro (algo que o Syriza não tinha) não é possível qualquer via soberanista. As contas têm que bater certo, os instrumentos legislativos têm que estar prontos e um conjunto de medidas de contingência deve igualmente ser preparado. Mas, acima de tudo, há que respeitar a possibilidade de que a maioria da população pode não querer seguir esse caminho, pelo menos por enquanto. Até agora, do lado do PCP e do BE só vi a afirmação de nobres princípios. Não esquecer que um falhanço que levasse o País ao caos poderia provocar o regresso em força da Direita ao poder, quem sabe com a almejada maioria constitucional. Ja aconteceu na Hungria...
ResponderEliminarO falhanço das politicas da UE para a Grécia (pela 1ª vez desde há muitos anos vai haver superhavit na balança com o exterior), aconselha a que quem queira ser consistente corrija os lirismos que se ouvem, sobre esse assunto.
ResponderEliminarLirismos e não só, mentiras, porque o alivio que o nosso dão sebastião Costa ensaia assenta nos resultados da política de austeridade "para alem da troika" do palhaço coelho.
o cagalhão zé
ResponderEliminaro mais cobarde entre os cobardes a falar de cobardia
típico de cagalhão
depois temos aqui o António Cristóvão
sempre com as seus axiomas económicos e os "superhavit" que deve ser uma nova marca de detergente
confunde a sua consistência imbecilóide com pedidos parolos de coerência
confunde o "Dão" Douro tinto (que folgo deve beber muito) com Dom
ensaia que se senta mas não senta nem acerta nem parece perceber que os resultados do "palhaço coelho" para lá do zurzir na careca dos pobres e do aumento da dívida pública é zero
pobre Cristóvão talvez almejasse ser mais cagalhão que o cagalhão zé
mas não lhe consegue bater o pé
face à cobardia e canalhice de mestre cagalhão zé
não passa duma nota de rodapé
Ignorado o badalhôco, na ignara fossa em que habita, subsiste o facto de a penhora estar de há muito feita e a esquerdalhada fala em soberania como quem exorciza uma realidade que só a Revolução poderia alterar, se suportada numa maioria que os servisse ou, ainda que fosse a costumeira minoria, mas ainda assim bastante para que tivessem a força para imporem a ditadura que prosseguem.
ResponderEliminarComo lá não chegam, nem esperam chegar, lá se vão aproximando da mesa do orçamento que de tretas ninguém se sustenta, consolando-se com salmos e ladainhas para entreter tolos, cobardemente ocultando o que em final é a sua ambição!!!
Não noto diferenças substancias entre estas moções e a retórica da Le Pen em França.
ResponderEliminarSerá que vale a pena tentar perceber porque os Siryza escolheu aquele parceiro para se aliar?
A penhora está há muito feita?
ResponderEliminarPois está.Com a ajuda dos José Oliveira e Costa e do Cavaco. Das PPP e Swaps. Das privatizações e dos banqueiros.
E com o apoio a esta "elite" por parte do das 15 e 39, o Jose.
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/05/desinformar-nao-e-preciso.html
"se suportada numa maioria que os servisse ou, ainda que fosse a costumeira minoria, mas ainda assim bastante para que tivessem a força para imporem a ditadura que prosseguem."
ResponderEliminarUma linguagem de seminarista. Que revela uma coisa. Ainda está confuso com a democracia. Ainda se assume desta forma pesporrenta a exigir desintoxicações de substâncias aditivas e roupinha lavada para eliminar os dejectos e o mau cheiro.
"Aproximando da mesa do orçamento".. mas o orçamento é do jose do BPN ou de algum dos seus consórcios?
ResponderEliminarCom que lata alguém há-de falar na "mesa do orçamento" como se de propriedade sua se tratasse? Fará parte do senso comum estas tretas assim tretadas?
Alguém que canta loas à fuga aos impostos por parte do grande capital e que defende os offshores como forma de proteger o risco de investimento pode falar de "mesa do orçamento sem que todos pensem que o que este quer é mesmo assaltá-la com os da sua classe?
"Consolando-se com salmos e ladainhas para entreter tolos, cobardemente ocultando o que em final é a sua ambição!!!"?
ResponderEliminarO referido sujeito que fala em cobardia deve lembrar-se da figura de poltrão que fez a 25 de Abril. E das incontinências várias durante o ano de 1975.
Devia ter assim vergonha. Mas como a não tem, não tarda aí e surgirá a ameaçar de "força bruta" quem não lhe segue as manhas ( e cobardias )
Entretanto continua com o seu discurso de miserável traidor a ver se penhora a soberania nacional.
Outros Miguéis de Vasconcelos, outros Petains a demonstrar o fio visível que os une a todos