Sem surpresa, Passos Coelho promoveu Maria Luís Albuquerque para a vice-presidência do PSD. Afinal de contas, ele já tinha defendido que “ela pode sentir-se orgulhosa do seu valor ser reconhecido por uma empresa importante, que actua em mercados externo, e que, normalmente, só recruta gente com prestígio e valor”.
Sem surpresa, Paulo Portas foi directamente do governo para a Câmara de Comércio e Indústria, continuando a representar os negócios: “uma forma muito útil de continuar a ajudar a internacionalização das empresas e o sector exportador, que são os pilares do nosso crescimento”, afiançou.
Sem surpresa, ladeado pelo Ministro da Saúde Adalberto Campos e por Salvador José de Mello, Marcelo Rebelo de Sousa apelou recentemente ao consenso na área da saúde, numa visita, não há coincidências na escolha presidencial, a um hospital em parceria público-privada, afirmando: “Há assim Serviço Nacional de Saúde de gestão pública e um Serviço Nacional de Saúde de gestão privada. E esta parceria é positiva”.
Sem surpresa, o político mais poderoso em Portugal é um antigo funcionário da Goldman Sachs que dá pelo nome de Mario Draghi (numa economia monetária de produção a soberania monetária é decisiva). Perfeitamente alinhado com os objectivos de política constitucional do capital financeiro, veio a Portugal, num convite nada inocente de Marcelo, elogiar a correia de transmissão nacional das ordens europeias, também conhecido pelo anterior governo de Passos e Portas, e defender um programa de revisão constitucional para facilitar a transformação do trabalho em mercadoria descartável, objectivo de sempre do BCE.
Sem surpresa, até porque isto está tudo ligado, dispomos de quatro registos da mesma economia política do regressivo capitalismo existente nesta periferia: a promiscuidade, a colonização da esfera pública pelos grandes negócios, o sublinhar das continuidades entre a acção política e o ganho pecuniário, a dependência externa, que fornece a estrutura adequada. Não é defeito, é feitio activamente promovido. Eles querem naturalizar este estado de coisas, querem que nos habituemos.
Nota de rodapé. Sem surpresa, a função dos ideólogos é ofuscar como podem este estado de coisas, recorrendo ao populismo que lhes é possível (atenção, a palavra populismo não é insulto...). Rui Ramos acha que Passos Coelho está em luta contra a oligarquia e Maria João Avillez, repito Maria João Avillez, acha que ele está contra a casta. A função da economia política, neste caso demasiado fácil, também é expor estas ofuscações.
Excelente post
ResponderEliminarEste Governo da Republica precisa de mais firmesa e ao mesmo tempo de mais flexibilidade democraticas, um governo diferente daquele governo conservador que se foi recentemente, que seja de verdade democrático, includente, justo e sustentável.
ResponderEliminarComo seria bom para todos se saissemos desta aburguesada democracia de baixíssima intensidade, com uma sociedade profundamente dividida, desigual e com política de sujas negociatas… Como seria bom..!
Como seria bom viver, em uma verdadeira democracia, em pleno e sustentavel desenvolvimento em que o pendor vocacional dos artistas, cientistas, intelectuais e outros fosse respeitado…Como seria bom..!
Como seria bom viver em uma sociedade democratica …sem vigaros e sevandijas que se vendem e que se ajoelham e rezam por mais iniquidades..!
Como seria bom viver democraticamente, sem jornalismo piegas, sarcastico e sensacionalista. Como seria bom..!
Não, não e´ utopia…! Muito se avançou desde o “Homo Sapiens” mas podiamos ser e estar melhor…De adelino Silva
Posso entrever um surpreendente saudosismo do 'orgulhosamente sós'!
ResponderEliminarNinguém endividado se pode sentir só - triste condicionalismo?
Ah, pois, e Paulo Rangel defende a mobilidade social como prioridade do PSD. Olhando para os resultados da política PàF dos últimos quatro anos, só se for dos videirinhos com que periodicamente o PSD enche o aparelho de Estado. Nesse caso, isto explica a vontade de abolir o uso dos títulos de Dr., já que esse pessoal está numa situação semelhante a Miguel Relvas.
ResponderEliminarEspantoso o "comentário" do das 20 e 51.
ResponderEliminarDe como a denúncia dos negócios de Passos e das negociatas de Albuquerque, do homem de negócios Portas, do defensor dos negócios privados na saúde Marcelo de Sousa, do mafioso dono de negócios Draghi, faz vibrar o saudosismo daquele tipo.
Vendo um pouco mais profundamente verifica-se outra coisa.Para além da tentativa de esconder o enorme cheiro a cano de esgoto que sai deste conjunto aqui denunciado, regista-se também o esforçado esforço de justificar com o "endividamento" o caminho de traição à soberania nacional.
O "orgulhosamente sós" é apenas uma pequena manobra. Que diabo, tantos anos a defender tal treta que o agora assumir-se a defesa dos agiotas e dos grandes interesses económicos obriga a estas farsas manipuladoras, piegas e patéticas.
( e nem um pio nem um único suspiro ,nem uma única palavra sobre Passos e Portas, Albuquerque e Marcelo, Draghi e companhia.
Pensará que o fedor do "orgulhosamente sós" esconderá a trampa que protege e acarinha?)
“Revisão constitucional”?
ResponderEliminarAceita-se tudo, até os recados do dono do dinheiro, em nossa casa…
Passos Coelho em “luta contra a oligarquia, em luta contra a casta”! Isto é para rir.
Hoje e sempre me questiono como é que um trabalhador, seja ele qual for, possa votar no mesmo partido em que votam a Avillez, ou a família Pingo Doce, ou o Ulrich, ou o Mexia.
Tenho a mesma dúvida que Dias
ResponderEliminarE observo filosófico as semelhanças entre Rui Ramos, que fala em luta contra a oligarquia, Maria João Avillez, que perora contra a casta e o das 20 e 51 que nos atira com o orgulhosamente sós e o endividamento.
Ofuscações unidas que mostram quão unidos estão estes ofuscadores
Uma Republica Portuguesa Independente com uma sociedade mais justa, solidaria e participativa e´ preciso.
ResponderEliminarO tipo de sociedade (pos-democratica) em que vivemos não pode nem deve mais continuar assim como é –entregue aos canones da Uniao Europeia e seus Tratados ou Acordos Neocoloniais.
Os compromissos assumidos então, não tem vínculo eterno. Alias, o povo português nem sequer teve direito a votar essa matéria…
Como pode existir isolamento entre mais de 200 Estados e ações?
Afoitamo-nos por mares nunca antes navegados.
Aventuramo-nos por terras e povos ate´ ai desconhecidos…
Os monstros marinhos, as tormentas os medos e
os Migueis de Vasconcelos foram ultrapassados porque eramos ousados e a cobardia ficava de fora
Embora um erro crasso cometido, Por isso pode e deve ser colmatado o quanto antes possível passando a Estado Democrático fora da União Europeia. De Adelino Silva