sexta-feira, 1 de abril de 2016

Escola pública e igualdade de oportunidades (III)

Ao longo das últimas décadas, após o 25 de Abril, Portugal procedeu a uma expansão sem precedentes da educação pré-escolar, permitindo que a respectiva taxa de escolarização (inferior a 4% antes de 1974) atingisse os 90% em 2012 (apesar da redução a partir desse ano, para os 88% registados em 2014). Desde o início dos anos noventa, foram criadas mais de 60 mil vagas na rede do pré-escolar público, que abrangia cerca de 53% das crianças com 5 anos em 2013 (encontrando-se 31% nos privados dependentes do Estado 31% e apenas 16% inscritas na rede privada).


O curto-circuito histórico que o país fez neste domínio, em quarenta anos de democracia e de investimento público em educação, é há muito conhecido. O que agora se demonstra, em mais um interessante estudo da parceria aQueduto, é que o alargamento da educação pré-escolar beneficiou sobretudo as classes mais desfavorecidas. Como mostra o gráfico seguinte, entre 2003 e 2012 a frequência do pré-escolar aumentou 17 pontos percentuais nas famílias de baixo estatuto socioeconómico e cultural (passando de 63 para 80%), sendo de apenas 5 pontos percentuais o aumento verificado nas famílias com estatuto mais elevado (e que partiam já de um patamar mais favorável). Isto é, o aumento de frequência do pré-escolar nas classes mais desfavorecidas mais que triplica, relativamente ao valor registado nas classes altas, neste período.

Mas o estudo do Aqeduto vem igualmente confirmar um dado da maior relevância: não só o aumento da percentagem da frequência no pré-escolar se reflecte na melhoria dos resultados escolares (como demonstra a análise realizada a partir dos testes PISA), como a tendência para a redução das reprovações é tanto maior quanto mais tempo as crianças frequentam o pré-escolar. Em 2012, cerca 46% dos alunos que não frequentaram o pré-escolar chumbou pelo menos uma vez, valor que desce para 40% no caso de alunos que frequentaram o pré-escolar até um ano, e que contrasta sobretudo com o obtido para os alunos que frequentaram a educação pré-escolar durante um ano ou mais, universo em que apenas 29% chumbou pelo menos uma vez.


No seu conjunto, estes dados demonstram que o investimento público na educação pré-escolar é fundamental para promover o sucesso educativo e os níveis de qualificação da sociedade portuguesa; permite corrigir desigualdades no acesso à educação e aos mais elevados níveis de escolaridade; constitui um instrumento fundamental do fomento da igualdade de oportunidades e da mobilidade social, contribuindo de forma decisiva para romper com as lógicas de reprodução geracional dos défices de escolarização e de qualificação.

7 comentários:

  1. cagalhão zé

    já viste ?
    o desaforo da abrilada a oferecer educação à gentalha ?!
    não era bem melhor serem analfabetos como no tempos gloriosos de Salazar?

    não era bem melhor quando só as "elites" tinham acesso à educação e havia os senhores doutores e muito respeitinho ? quando se podia dizer - "amanhã escusa de aparecer" ?!

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  2. Seguramente que a maior exigência de formação do professorado deve ser posta nos educadores de infância,
    Dada a quantidade de grunhos que povoam o país - atente-se no exemplo das 15:16 - é sem dúvida da maior utilidade que se compense esse défice social oferecendo às crianças um significativo serviço compensatório.
    Cumprido o princípio da qualidade da acção, eis uma matéria que justifica o esforço do Estado, e a aplicação de receitas de impostos.

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  3. Seguramente que "o investimento público na educação pré-escolar é fundamental para promover o sucesso educativo e os níveis de qualificação da sociedade portuguesa".

    O que deve deixar desconsolado muito troglodita defensor que o "estatuto socioeconómico das famílias é irrelevante na explicação dos resultados escolares dos alunos".

    Como o comprova de resto o comentário inqualificável a um excelente post de Ricardo Paes Mamede ("Da escola pode-se esperar muito, não se deve exigir tudo") revelador do verdadeiro pulsar de quem assim pensa e escreve.

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  4. Ó cuco!
    Vai parasitar e perverter a escrita alheia para o raio que te parta!

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  5. Não se percebe bem a crispação esbaforida do das 11 e 05.

    Porque se sente, dito de forma mais polida, "revelado"?
    Ajudará a tal incontinência a comemoração dos 40 anos da Constituição da República Portuguesa?

    Onde estarão os sais?

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  6. Não tens vergonha nas trombas, sabujo, vigarista!
    Dizes transcrever o que não foi dito nem escrito.
    Pobre esquerdalho demencial, a minha crispação equipara-se à que ocorre quando vejo um vómito no meu caminho.

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  7. Não se percebe bem a crispação esbaforida do das 11 e 05, retomada pelas 11 e 53.

    Passemos de lado " as trombas e o sabujo e o vigarista" marcas indeléveis do porfiado labor educativo dos papás biológicos ou ideológicos da criatura.

    Atente-se nesta pérola "Dizes transcrever o que não foi dito nem escrito." ( mais uma ez passe-se de lado este tratamento coloquial e obcessivo

    Eu não digo. Eu transcrevo. Fielmente. Transcrevo o que Nuno Serra escreveu com uma concisão notável aqui:
    http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/03/escola-publica-e-igualdade-de.html

    (Logo no primeiro período do primeiro parágrafo).

    O processo demencial vai ao ponto de tresler o que lê ou passa já por um processo de auto-referência ao que os outros escrevem?
    Ideias delirantes a atestar que não é apenas uma enorme divergência ideológica que pontua os comentários de um que se arroga contentinho a um percurso pessoal repleto de vómitos pessoais?

    Onde estão mesmo os sais?

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