domingo, 17 de abril de 2016

Erdowie, Erdowon, Erdogan e a democracia ocidental

Acabei de "roubar" este video à crónica de Ricardo Cabral no Público, que é fundamental ler. A crónica é sobre a liberdade de expressão na Alemanha, a propósito da queixa que foi feita pelo governo turco sobre o enxovalho que levou do humorista Jan Böhmermann (o tal que já fizera aquele video sobre os alemães e Varoufakis) e do aval dado pelo governo de Merkel para que o humorista em questão fosse castigado.

Ou seja, sobre os limites da liberdade e como é frágil a nossa democracia ocidental - e que se reflecte noutras partes do mundo. Como é difícil encontrar os verdadeiros padrões democráticos ou como tudo redunda numa ténue e estranha gama de zonas cinzentas.


Aliás e nem de propósito, há instantes a rádio Multicult.fm Weltkurturradio de Berlim informou que a ZDF já confirmou que o humorista Böhmermann anunciou que vai parar o seu programa humorístico por 4 semanas até 12 de Maio, o tal programa que questionou os limites da liberdade de expressão na Alemanha - ler a crónica do Ricardo Cabral. E o motivo do humorista é o melhor: Decidiu "fazer uma pausa" para permitir que "os cidadãos concentrem a sua atenção nos assuntos importantes, como a que a questão dos refugiados, videos de gatos ou a vida amorosa de Sophia podem concentrar". E diz que vai aproveitar este tempo para trabalhar, para ir à Coreia do Norte para estudar a liberdade da imprensa...

Termino com uma frase muito engraçada e lúcida do Mark Twain: "Se votar fizesse alguma diferença, eles não nos deixavam fazê-lo".

Provocatória? De imediato, lembrei-me do referendo anunciado pelo primeiro-ministro grego Papandreou em 2011, que levou à sua demissão, inspirada pelo G8. E lembrei-me de que Portugal nunca votou entrar para o euro, nunca votou o Tratado Orçamental, nunca votou o semestre europeu. E já nem falo de referendos, mas de programas eleitorais a defender expressamente essas opções. Nenhum dos partidos teve legitimidade para os votar ou decidir.

5 comentários:

  1. A liberdade de expressão na internet traz perigos, sim... mas... a implementação do lápis azul (vulgo censura) na internet TRAZ PERIGOS MUITO MUITO MAIORES!...

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  2. Não me recordo de Portugal alguma vez ter votado a sua própria existência, o que é uma grave falha democrática!

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  3. O povo nunca votou a entrada de Portugal na Nato...

    O povo nunca votou a Guerra do Iraque...

    O povo nunca votou os bailouts dos banqueiros/ capitalistas...


    Porque é que não tenho direito de voto nestas coisas?

    Não serão as guerras e transferência de riqueza colossal dos trabalhadores/ contribuintes/ pessoa comum para os "donos disto tudo" motivo para requerer a minha opinião enquanto cidadão de um suposto Estado democrático?

    Porque temem tanto "os donos disto tudo" a minha singela opinião sobre tão pertinentes assuntos?


    Enquanto andarmos a brincar às democracias não nos podemos queixar que a democracia esteja tão descredibilizada...

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  4. "Se votar fizesse alguma diferença, eles não nos deixavam fazê-lo".
    Esta frase de Mark Twain da´ muito que pensar … Ela reflete uma das chaves mestras da burguesia que em Portugal quis impor o voto como ”dever cívico ou de cidadania”.
    Dever cívico ou de cidadania que mais de metade do eleitorado português rejeita.
    Esta frase marca também o impasse ou o vazio político/social/económico em que temos vivido desde a Revolução Industrial, para não ir mais longe. Esta coisa das ´liberdades´ burguesas que nos são impostas, tem destas coisas - não tem nada a ver com liberdades conquistadas , não passam de ser Nao-Liberdades.
    De Adelino Silva

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  5. Há aí um tipo que não se recorda da votação da independência nacional.

    São uns pobres miseráveis estes traidores. A independência foi conquistada e não necessita de votação. Será inútil dizer a esta espécie de retardado mental que na altura a democracia nem sequer existia.

    Mas é sobremaneira cómico ver este tipo à rasca para defender a ausência de legitimação democrática de vários atentados à soberania nacional- "Portugal nunca votou entrar para o euro, nunca votou o Tratado Orçamental, nunca votou o semestre europeu..."

    O patrioteirismo familiar de tempos idos agora convertido nesta massa cinzenta, mole, viscosa dum vulgar vende-pátrias. A quem der mais,a quem lhe proporcionar mais lucro, para o aferrolhar em offshores

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