Vale a pena ler a entrevista a João Ferreira do Amaral no i:
“Não temos futuro dentro da zona euro. Sou um adversário muito grande da moeda única porque põe em causa três aspetos que, para mim, são fundamentais: a independência nacional; a democracia, porque reduz brutalmente as opções de política económica e social ao dispor de um país; e o próprio Estado social, porque os seus maiores inimigos são o desemprego e a estagnação económica. Põe em causa tudo o que, para mim, é valioso na política.”
Dada a desgraçada realidade da divergência económica e da subalternidade política, agora é um pouco mais fácil defender pontos deste tipo do que era, por exemplo, em 1995. Numa altura em que a sabedoria convencional andava toda contentinha com as ficções da união, da “partilha da soberania” ou do “pelotão da frente”, ficções que ainda se arrastam por aí já sem qualquer confiança ou futuro, João Ferreira do Amaral escrevia heresias sensatas destas:
“O Tratado da União Europeia constituiu, no domínio económico, um verdadeiro golpe de Estado, ao impor concepções e instituições ultra-liberais aos cidadãos europeus apanhados desprevenidos. E, nem o facto deste golpe ter sido depois legitimado pelas ratificações parlamentares e por alguns referendos, pode esconder a realidade do erro histórico que se cometeu, só possível devido ao défice democrático na Europa. A parte económica do Tratado constituirá uma amarga experiência para os europeus que constatarão mais uma vez, à sua custa, que subordinar a concertação de interesses nacionais às abstracções ideológicas é a via mais rápida para o desastre.”
Foi por estas e por outras que o Ricardo Paes Mamede e eu escrevemos este capítulo sobre o contributo de João Ferreira do Amaral para um livro em sua homenagem.
E é precisamente porque não temos futuro nesta zona que é irresistível pensar no pós-euro:
Hoje e depois de tudo aquilo que nos foi imposto pela UE também concordo com a saída do euro. A democracia está realmente em perigo por gente gananciosa e sem escrúpulos os chamados tecnocraticos.
ResponderEliminarA Ferreira do Amaral há que reconhecer a visão de ter antecipado que o projecto do euro era para gente séria e que dar acesso a treteiros geringinçosos bem podia correr mal.
ResponderEliminarAgora a questão é saber qual a ditadura que nos tiraria do euro, embora seja dominante a subliminar pieguice de que seria ainda a Europa a subsidiar uma migração virtuosa, com programas 20x20 e mais uns mimos!
Nunca concordei com a entrada na CEE. Os obreiros desta relíquia “Miguel-vasconceliana” não nos deixaram expressar. Restou a indignação...
ResponderEliminarE em nome/troca da não-beligerância Franco/Alemã, entregaram-lhes a direção política/económica/social europeia. Tal-Qual o negocio Turco/europeu de hoje. E ca´ estamos nos sem Soberania, sem Banco Central e sem moeda. Com capital em Bruxelas… Que tristeza senhores…
A audição ontem do Sr. governador do BdP confirmou!
De Adelino Silva
Entre as pessoas muito sérias contam-se, imagino, Oliveira e Costa, Duarte Lima, Dias Loureiro, Ricardo Salgado e naturalmente Miguel Relvas e Passos Coelho, modelos do empreendedorismo português que beneficiaram, de maneiras distintas, é certo, com a integração europeia, os fundos comunitários e o projeto do Euro. Um Governo Conservador é uma Hipocrisia Organizada, já dizia Disraeli. Ou seja, como diz alguém que comenta assaz neste blogue, o costume...
ResponderEliminarMais uma vez um bom e sintético post de João Rodrigues, que homenageia também João Ferreira do Amaral.
ResponderEliminarPost que desperta o rancor ideológico dum que, contentinho, defendia as ficções da união, da “partilha da soberania” ( o mesmo que pugnava pelo nacionalismo patrioteiro de mão levantada no tempo da outra senhora) ou do “pelotão da frente”.
Post que estranhamente também estimula a resposta disparatada ( e não só) visível nesta afirmação espantosa:
"A Ferreira do Amaral há que reconhecer a visão de ter antecipado que o projecto do euro era para gente séria "
Níveis de iliteracia a que se associam níveis de incoerência mental tramados.
O que não compreende este tipo desta frase:
"O Tratado da União Europeia constituiu, no domínio económico, um verdadeiro golpe de Estado, ao impor concepções e instituições ultra-liberais aos cidadãos europeus apanhados desprevenidos"
Apontar como gente séria os promotores dum golpe de estado, autênticos traidores à independência nacional,à democracia e ao estado social é próprio de quem assume a extrema-direita como motor ideológico do seu pensar (?)e agir.
Considerar que Ferreira do Amaral defendia que o projecto do euro era para pessoas sérias é no entanto indiciador duma falta de escrúpulos espantosa...e duma deterioração intelectual concomitante
Fica a estranha menção aos programas 20x20.
ResponderEliminarEstranha e misteriosa menção que não evita pensar-se estar perante uma dominante a subliminar pieguice, a tentar fazer passar a Europa como um pacote de fraldas para incontinentes ou outros mimos semelhantes.
Enquanto fala na ditadura que nos tiraria da Europa(?)e na geringonça, que, coitada só agora apareceu mas que lhe provoca tantas vertigens, ao mesmo tempo que lhe estraga os planos de Gauleiter de trazer por casa
A CAPTURA DA democracia representativa... A FUNCIONAR !
ResponderEliminarOS " XICO ESPERTOS ",
ASSENHOREIAM-SE DA PRERROGATIVA NA DECISÃO,
NO QUE Á MINHA SOBERANIA DIZ RESPEITO.
ResponderEliminarOs defensores da União Europeia propagam e servem-se do medo para levar as massas a aceitar, ainda que não seja a sua vontade, esta triste conceção de vida que não tem nada de comunitária.
Ameaçam: que a saída da União Europeia vai ser o
o caos, que vamos ficar na penúria e etc. e tal …
Enfim, um ror de desgraças…
Mas perante os factos reais a argumentação e´ nula.
Uma política de baixos salários, com desemprego avassalador e fome a grassar nas aldeias…A gatunagem de colarinho branco no sector bancário e afins e etc e tal…Hospitais superlotados a dar provas de uma sociedade doentia…As prisões superlotadas a dizer-nos do baixo nível Civilizacional a que se chegou…
Com cedência de soberania e Cega Obediência a Bandeira da União esta´ içada em tudo que e´ Edifício Publico do Estado, e , muito ao de levezinho… vão encrustando nos ouvidos das pessoas o Hino da UE . Me parece que e´ desgraça
que chegue, não acham de..! de Adelino Silva
cagalhão zé
ResponderEliminaras voltas que tens dado nos canos até desaguares na ria provocam-te delírios incontinentes
esses delírios descolam-te do mundo real e instalam-te num mundo ficionado, só existente na tua carola podre onde tudo é formatado aos teus singulares desejos
se no mundo real não existem gajas com 3 seios porque a ciência e o mero empirismo o demonstram tu dizes a palavra mágica "esquerdalhada" e aparecem resmas de gajas com 3 seios
mas afianço-te...isso não é real, é tudo fruto da tua muito particular vacuidade
'fome a grassar nas aldeias...'Adelino, estás delirante e vêm-te à memórias as histórias que contava o vôvô!
ResponderEliminar"Contava o vôvô"?
ResponderEliminarSério?
Isto contado por um tipo que alterna entre o fundamentalismo extremista, a iliteracia a falta de escrúpulos e uma deterioração intelectual concomitante é obra.
Será para disfarçar as patacoadas ou para provar que ainda está vivo?
Mas a estória das "memórias do vôvô" tem o seu quê de repugnante porque visa esconder a realidade actual.
ResponderEliminarPercebe-se que o conceito de fome tenha uma plasticidade incrível para quem defende a desigualdade natural na aquisição de bens de primeira necessidade.
"Portugal voltou aos níveis de pobreza e exclusão social de há dez anos. Agora, como em 2003 ou 2004, uma em cada cinco pessoas é pobre. Dois milhões de portugueses. É este o retrato cru que se retira do inquérito às condições de vida e rendimento, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Alguns números dizem respeito a 2013, outros já são de 2014. Mas as tendências vão no mesmo sentido. A desigualdade na distribuição de rendimentos agrava-se. A taxa de privação material cresce. Há mais pessoas em risco de exclusão social. Mais crianças pobres. E quem é pobre está mais longe de deixar de o ser.
Depois de aumentar em 2012 para 18,7% da população, a taxa de risco de pobreza voltou a agravar-se em 2013, passando para 19,5%. E se no início da crise já havia sinais de que as desigualdades e a exclusão estavam a aumentar, hoje, à luz de alguns anos, é “inequívoco” que se inverteu o ciclo de redução da pobreza, diz o investigador Carlos Farinha Rodrigues, especialista em desigualdades, exclusão social e políticas públicas. Em 2004, a taxa de pobreza era de 19,4%, em 2005 de 18,5%, em 2006 de 18,1%. Cinco anos depois, 2011, estava nos 17,9%.
Para o economista e professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), Portugal recuou “uma década em termos sociais” e já reverteu os ganhos de diminuição da pobreza que se registou até 2009.
A taxa de pobreza refere-se à proporção da população cujo rendimento está abaixo da linha de pobreza (definida como 60% do rendimento mediano).
Como num período de crise os rendimentos tendem a baixar e, com isso, a linha de pobreza também, “as pessoas que antes eram pobres, agora, por via da quebra da linha de pobreza, ‘deixam de ser’, embora as suas condições não tenham melhorado ou até possam ter piorado”,
Para neutralizar este efeito, o INE tem uma estatística complementar: se em 2009 a taxa de pobreza era de 17,9%, quatro anos depois chega aos 25,9%."
Mas claro quem não pode comer carne ou peixe pode sempre comer a sopa dos pobres para que se diga que a fome não passa por ali.
Então não é também para isso que existem as Jonets de ocasião tão amadas por coisas como este tipo que cita os delírios alheios para esconder o que é e o que no fundo defende?
A parte mais reveladora sobre a utilização dos "avós" de acordo com os preceitos ideológicos está aqui, bem expressa numa frase dita em 2013, em tempos mais propícios ao desvendar das máscaras, pelo tipo das 19 e 45:
ResponderEliminar"dos avós souberam que já houve em Portugal governos com gente proba e com sentido de Estado e de Nação; mas eram ‘fascistas`".
Saudades,cumplicidades e afinidades
É uma iniciativa relevante, merecedora de ampla e correcta divulgação nos "media". Receio bem, contudo, que essa divulgação não acontecerá.
ResponderEliminarA propósito, lembro que Alberto Bagnai, Juan Seco e o nosso João Ferreira do Amaral foram signatários de um manifesto - que os "media" ignoraram -, há cerca de três anos, no qual se advogava uma "controlled segmentation of the Eurozone":
http://www.european-solidarity.eu