Por onde quer que nos viremos, acabamos sempre num tema - desigualdades.
Tem passado sem muito alarde na comunicação social, a denúncia feita pelo anterior director-geral da Autoridade Tributária, Azevedo Pereira, de que há uma meia dúzia de familia de muito ricos que não pagam os impostos devidos - pagam 0,5% do IRS cobrado quando deviam pagar 25% (aqui). E
isso acontece porque têm "acesso aos decisores políticos que fazem as leis", que influenciam a sua feitura e que criam alçapões que permitem a fuga aos impostos destas famílias.
Essa fuga não é novidade: as estatísticas têm demonstrado ao longo de duas décadas que o IRS é pago significativamente por pensionistas e assalariados (actualmente vai em 90%), o que não é crível que seja essa a distribuição do rendimento em Portugal. E nada tem acontecido, apesar de reformas fiscais parciais e parcelares. Fazem-se notícias, crónicas, mas nunca é um escândalo na comunicação social. Tudo passa sossegadamente, como uma pedra no lago.
Houve já diversas propostas que tentaram quebrar este ciclo de injustiça, mas que nunca tiveram força política - e partidária - para ser sequer discutidas. Relembro as propostas de Miguel Cadilhe e de Octávio Teixeira, no sentido de tributar o património financeiro. Alguém se lembra disto? Não, apenas se fala de património imobiliário porque, na sua maioria, é pago pelos mesmos e em que os mais ricos escapam a essa tributação em IMI.
Não é uma questão ideológica: é apenas dinheiro. Esta realidade parece ser fruto de um único pensamento: "Como é que nos safamos de pagar impostos e continuarmos ricos na mesma?" Só depois é que vêm as justificações: "No fundo, os ricos são quem cria valor na sociedade; sem eles não haveria empresas nem empregos". E só finalmente vêm as consequências omitidas deste raciocínio: "Devemos é colocar aqueles que são os beneficiários do Estado" - ou seja, da redistribuição da riqueza - "a pagar para o bolo que vai ser redistribuído entre eles". Este é o verdadeiro sentido da austeridade, da política de austeridade.
Durante 4, 5 anos, vivemos a pesada terapia do "não há alternativa", vinda do centro da Europa como forma de nos redimir dos pecados de povos do sul. De nada valia insistir que não há défices externos sem superávites, e que não há superávites sem necessidade de financiamento dos défices e que não há crescentes défices sem crescentes dívidas e que não há crescentes dívidas sem abalos na moeda única e que não abalos na moeda única sem uma desigual distribuição de custos. Tudo foi em vão.
Agora, voltamos a sentir na nuca o velho bafo de leão. A direita exalta de ansiedade para que a esfrangalhada Europa encoste à parede a "esquerda radical" no poder. E faça regressar os velhos temas que a fizeram perder as eleições. A análise da proposta do OE pela comunicação social vai ser escrutinada com base na questão: onde está a austeridade que o PS disse que não iria aplicar?
Mas o exercício nunca é outro: como é que se poderá cumprir um Tratado Orçamental sem agravar as desigualdades. É legítimo que não o seja? É possível?
Pode fazer-se tudo para conseguir esse objectivo. Nomeadamente pôr meia dúzia de famílias a pagar o que devem à sociedade. Mas e se, apesar disso, não for possível cumprir o Tratado sem mais desigualdades? Qual é a opção?
A indiferença pela condição de vida já está também escrita nos tratados, a europa obriga à aplicação de políticas económicas que agravam a fragilidade dos países, que os fazem mais dependentes, todos os que acham que devemos continuar neste processo são contra a dignidade das pessoas e entendem a justiça como o exercício do poder sobre os que não têm como se defender, ninguém com um pingo de vergonha na cara pode achar razoável o que se está a passar nesta europa.
ResponderEliminarhttp://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/reino_unido_pode_negar_beneficios_sociais_a_imigrantes_da_uniao_europeia.html
ResponderEliminarQuem quer ir trabalhar para o Reino Unido?- que o faça rapidamente pois até isso vai ser proibido.
"Governo de Londres fica na União Europeia se Bruxelas aceitar suspender de imediato os apoios sociais concedidos aos imigrantes oriundos de outros países comunitários"
As propostas do Conselho Europeu para responder às exigências de Londres em relação ao funcionamento da União Europeia dão ao Reino Unido, assim como aos demais Estados-membros a possibilidade de travar a entrada de imigrantes vindos do espaço da própria União, bem como de condicionar o seu acesso aos benefícios sociais, desde que igual tratamento seja dado aos seus nacionais.
REINO UNIDO FECHA A FRONTEIRA PARA EMIGRANTES DA UNIÃO EUROPEIA -
ResponderEliminarO Governo português rejeita frontalmente qualquer medida que viole o princípio fundador da União Europeia da proibição de discriminação dos trabalhadores europeus em razão da nacionalidade, pelo que qualquer exigência a este respeito é inaceitável”, refere Constança Urbano e Sousa, em declarações por escrito ao Diário Económico .
http://economico.sapo.pt/noticias/portugal-classifica-de-inaceitavel-discriminacao-de-trabalhadores-europeus_241498.html
Toda essa conversa para dizer: não tributemos só o rendimento mas também o património.
ResponderEliminarArgumento: se já tributamos o imobiliário, os automóveis, isto e aquilo,. porque não tributar todo o património?
De facto, se até houve impostos sobre os isqueiros, porque não os anéis?
Uma pergunta nunca se coloca: a que propósito se tributa tanto?
A resposta esquerdalha é invariavelmente o mantra da justiça social, dos coitadinhos, dos velhinhos, dos desempregados, blá, blá...
Mas a resposta certa é: os empregados no Estado, nas autarquias, nas comissões, nas assembleias, nos partidos subsidiados,... um rosário de instrumentos ditos indispensáveis a pensar, planear, decretar, e manter todas as medidas que em final, debilitadas ou exauridas, chegam enfim a produzir algum bem à custa de uma enorme destruição.
E deixa-se pairar a ideia que todos seremos beneficiados e que o bem maior se constrói a derreter o capital de quem quer que o tenha acumulado.
Esquerdalho é agente tributário assanhado!
E está em curso uma novo mantra: austeridade é cortar na despesa; aumentar impostos é outra coisa totalmente diferente.
Jaz morte e arrefece o mantra do 'enorme aumento de impostos'!
Caro José,
ResponderEliminarToda esta conversa apenas para dizer que o IRS não está a tributar quem mais tem. Isso deveria importar-lhe já que escreveu tudo isto apenas para dizer mal dos impostos.
Caro João
ResponderEliminarO IRS é um imposto sobre o rendimento cuja taxa máxima é de 48%.
Acrescem +2,5 (50,5) ou +5% (53%) para rendimentos mais elevados.
Se me sacassem 53% do meu rendimento, para além da outra coleção de impostos, garanto-lhe que faria o necessário para que tal não voltasse a acontecer.
Mas o seu post é, tal como o entendi, não dirigido ao rendimento mas ao património.
"A resposta esquerdalha é invariavelmente o mantra da justiça social, dos coitadinhos, dos velhinhos, dos desempregados, blá, blá..."
ResponderEliminar"Esquerdalho é agente tributário assanhado!"
Eis o paleio de alguém que lhe repugna a tributação do Capital e que desta forma um pouco ...tonta defende esse mesmo capital.Defende afinal uma sociedade desigual, em que uns poucos sejam cada vez mais ricos enquanto a esmagadora maioria afunda na miséria.
A apologia da concentração do capital está aqui escarrapachada desta forma grotesca, denunciada num parágrafo pelo autor do post. Esta é a defesa canhestra dum mundo desigual,em que não sobra nenhuma palavra para o denunciado por João Ramos de Almeida. Que "há uma meia dúzia de familia de muito ricos que não pagam os impostos devidos - pagam 0,5% do IRS cobrado quando deviam pagar 25%".
O mais curioso ( e que demonstra um comportamento "exemplar" ) é que quem assim procede foi dos poucos a apoiar que 62 pessoas tenham uma riqueza que equivale à de metade do mundo.
A diferença também está aqui expressa. Há quem defenda este estado de coisas neste mundo em que vivemos.Há quem combata este estado de coisas. A cada um tomar o seu lugar na trincheira respectiva. Porque a agressividade quase boçal contra e cito "coitadinhos, velhinhos, desempregados" contrapõe-se de forma quase obscena com a pieguice demonstrada pelos que mais têm e que escapam ao fisco desta forma inimaginável.
"Vilfredo Pareto (1875-1923) foi economista, sociólogo e também político, dedicado apoiante de Mussolini que fez dele senador. Teve muito antes disto responsabilidades na cobrança de impostos na Sicília, tendo verificado que a uma pequena percentagem de contribuintes correspondia uma elevada percentagem do rendimento total. Assim, uma melhor eficiência fiscal deveria concentrar os seus esforços naquela faixa de maiores rendimentos.
ResponderEliminarÉ daqui que surge a chamada curva de Pareto ou curva ABC que relaciona a % de dados com a % do total da grandeza característica a que se referem. Estas curvas traduzem a desigualdade das características atribuíveis a um dado conjunto de dados. Tal se verifica por exemplo no universo das compras de um organismo, no universo das empresas, etc. Em Física e em estatística há algo equivalente com a curva de Gauss.
Quanto maior a desigualdade mais se acentua a curva Pareto. Assim, 99,4% das empresas são micro ou pequenas, correspondendo cerca de 34% do total de vendas. As grandes empresas são apenas 0,1% mas facturam cerca de 48% do total de vendas.
Voltando aos impostos, Tudo isto é sabido há muito, pelo menos desde 1897 pelo trabalho do Sr. Pareto. O governo PSD-CDS – mas não só…- não só o ignorou como fez precisamente o contrário do que seria ajustado. Recentemente, o ex-diretor da Autoridade Tributária e Aduaneira , prof. José Azevedo Pereira, esteve na AR. Uma sua entrevista incomodou (obviamente…) a direita que – no caso do PSD - o atacou de forma inqualificável.
No seu tempo foram detetados 240 contribuites com rendimento anual de mais de 5 milhões de euros (e um património superior a 25 M€). Pagando á taxa aplicável (48 + 5%) deveriam ter pago algo como 636 M€…pagaram 50 M€ !!! Eis a justiça fiscal PSD-CDS e o "bom caminho" de Cavaco.
Um estudo internacional identifica em Portugal 930 (pelo menos) contribuintes deste tipo. Ou seja para um rendimento médio deste universo de 7M€ haveria uma receita fiscal de cerca de 3 500 M€. Valor equivalente ao saque fiscal do governo PSD-CDS.
Claro que entre o valor potencial de 3 500 M€ e o possível vai uma distância grande. Temos por um lado a ação do governo PSD-CDS e por outro as “regras europeias” feitas para permitir esta fuga. O Governo PSD-CDS parou com a identificação dos ultra ricos e retirou recursos à unidade pelo que este assunto ficou parado. Recordemos até a ameaça de processos a quem nos finanças andasse nesta pesquisa".
Daniel Vaz de Carvalho
"Importa recordar que, em 2013, o anterior Governo PSD/CDS impôs um brutal saque fiscal sobre os rendimentos do trabalho, incluindo os rendimentos mais baixos. Num só ano, a receita de IRS aumentou 35%, mais de 3.200 milhões de euros. Esta medida de ataque aos rendimentos de quem vive do seu trabalho, acompanhada de muitas outras medidas de austeridade, contribuiu para o alastramento da pobreza e para a degradação das condições de vida de largas camadas da população.
ResponderEliminarEste brutal aumento de impostos não era inevitável. Foi uma opção! Uma opção do anterior Governo PSD/CDS, que, podendo tributar de forma adequada uma ínfima minoria de milionários, arrecadando milhares de milhões de euros de receita fiscal adicional, preferiu ir buscar esses milhares de milhões de euros aos trabalhadores, aos reformados, às famílias e às micro e pequenas empresas.
A falta de vontade política e de eficácia no combate ao incumprimento fiscal dos mais ricos entre os mais ricos contrasta com a sanha persecutória do anterior Governo PSD/CDS dirigida contra os pequenos e médios contribuintes, sejam eles particulares ou empresas. Se os milionários pagam de impostos uma pequeníssima fracção do que deveriam pagar, encolhe-se os ombros e fala-se das dificuldades e dos obstáculos a uma tributação adequada. Se o pequeno contribuinte comete uma infracção, mesmo que involuntária, ou se atrasa no pagamento dos impostos, aplica-se uma coima exorbitante, penhora-se o salário, o carro e até a casa."
Pondo-me na posição de quem ganha 100 mil €/ano e vê o estado ficar com 60 mil e me deixa apenas 40 mil, que nome nos ocorre chamar a este estado? estou a pensar em esbulho;será exagero?
ResponderEliminarQuando acabara´ esta triste parodia das percentagens dos mais ricos e dos mais pobres?
ResponderEliminarNão seria melhor organizarem-se para acabar com tal estado de coisas?
E´ que, meus amigos, são seculos de trautear sobre o mesmo, tem tendência a cansar, a aborrecer…
Sobre o essencial da questão, normalmente, nada consta.
Doutro modo a Revolução que se espera acontecer no imediato nem para as calendas gregas.
Va´ la´… deem mais força ao canelo…parem com as curvas e linhas características de há 200 anos. Agora e´ a hora…de Adelino Silva
Constato que algumas pessoas não sabem calcular o IRS ou o que é uma taxa marginal de imposto (ainda existe a alternativa de estarem a iludir o problema) ; quem ganha 100.000 não paga 60.000, se a taxa marginal fosse de 60%! Mas, em qualquer caso, chama-se a isto imposto progressivo. Podem existir inúmeros factores para além do mérito e do esforço próprios para atingir tal rendimento e uma taxa de imposto mais baixa para um rendimento muito baixo pode traduzir um esforço relativo superior, daí a justiça de impostos progressivos. Nos EUA, as taxas marginais chegaram a atingir 94%!
ResponderEliminarhttp://info.portaldasfinancas.gov.pt/nr/rdonlyres/b1f28750-307b-4e03-bec0-352b63ed82d3/0/sfp_taxas.pdf
Aí acima temos um típico arrazoado esquerdalho, camada científica.
ResponderEliminarInvoca-se um qualquer suporte científico para fazer passar um boato, uma calúnia ou um conveniente mal-entendido.
Nos impostos há isenções, taxas liberatórias e, como em tudo o mais, o direito à autodefesa.
E quanto aos processos à coscuvilhice dos funcionários de finanças bem que os merecem para além de uma chapada nos cornos.
"Típico arrazoado científico"?
ResponderEliminarO que será isto?
A quem se dirigirão tais palavras próprias de um inquisidor a tentar encontrar prova para o envio para a fogueira?
O ódio a tudo o que seja racional ou tudo o que tenha laivos de comprovação científica vai ao ponto deste comportamento um pouco desbragado para justificar um boato, uma calúnia ou um conveniente mal entendido?
"O Governo PSD-CDS parou com a identificação dos ultra ricos e retirou recursos à unidade pelo que este assunto ficou parado. Recordemos até a ameaça de processos a quem nos finanças andasse nesta pesquisa".
ResponderEliminarA clarificação dos processos e a transparência da vida pública leva a comportamentos piegas. Afinal o segredo é a alma dos negócios e é bom esconder a canalhice oculta que oculta o funcionamento do Capital.
E depois é tão curioso falar-se em "isenções", taxas liberatórias e mais o direito à autodefesa ( o que será isto?)Para justificar o quê? O direito à protecção de quem mais tem e da máquina da justiça ao serviço duma classe?
E a auto defesa não era o argumento utilizado por um serventuário qualquer para justificar a fuga offshore dos proventos como forma de escapar ao fisco?
O que esconde esta treta toda de alguém que fala depois e em paralelo em "coitadinhos e em desempregados e em funcionários públicos", atiçando-lhes depois o ódio e a raiva da governação neoliberal? Quer dizer, para roubar salários e pensões tudo vale.Quando se trata de cumprir a legislação no que diz respeito aos impostos "faria o necessário para que tal não voltasse a acontecer".
Não se trata nem se defende a coscuvilhice. Defende-se sim a nível institucional o direito a uma justiça fiscal equitativa. E transparente.
Um aparte. "A chapada nos cornos" é a marca indelével dum comportamento que assenta arraiais num tipo de ideologia próprio. A pieguice sobra sempre para os mais ricos em paralelo com o desprezo absoluto pelos mais pobres. Mas há aqui algo mais do que isso. Mais grave. Sinistro. Traduzido pelos "cornos" e pela "chapada"
Vale o que vale e não devemos considerar culpadas as pessoas antes do seu julgamento nos foros respectivos.
ResponderEliminar"Polícia Judiciária investiga suspeitas de corrupção e fraude fiscal-José Veiga e Paulo Santana Lopes (o irmão do outro) detidos".
Entre outas coisas também estariam a fazer o necessário para que a cobrança dos seus impostos "não voltasse a acontecer".?
E "que chapada nos cornos" estão a prometer a quem os importunou, a tão importantes empresários?
Quando se fala de ricos no texto, não é sobre os que ganham 100 mil euros.
ResponderEliminarA receita fiscal dos maiores contribuintes portugueses, cobrando uma média de 30% dos seus rendimentos, quando na restante população contribuinte a média é de 20%, representa cerca de 0,5% da receita total, sendo, noutros países, esta parcela responsável por 25%. Isso só pode significar que há menos desigualdade em Portugal e menos ricos muito ricos do que nos países com que é feita essa comparação. Nem que tributassem a 100% os rendimentos desses grandes contribuintes a proporção se tornaria aproximada. O sistema fiscal português é eficaz. A evasão fiscal é um papão pífio.
ResponderEliminarSabem-se qual os resultados da máquina fiscal.
ResponderEliminarMas em vez de se vir falar no papão pífio para esconder a realidade é bom ler o que o anterior director-geral da Autoridade Tributária, Azevedo Pereira disse a propósito. Um tipo de certeza bem mais informado que o NG. Com a frontalidade assumida por aquele, que motivou já o seu ataque por parte das forças obscurantistas da direita.
Quanto aos 8 milhões de euros encontrados na posse dum empresário não se sabe ainda se é de corrupção ou de fraude fiscal.A justiça averiguará. Mas que fica pífia a afirmação que a evasao fiscal é um papão pífio lá isso fica.
O que provavelmente quererá dizer é que para a esmagadora maioria de quem vive do seu trabalho por conta de outrém a evsão fiscal é infíma.
Que não para os outros.Que têm que tomar as medidas de "auto-defesa" necessárias
Há menos desigualdadee em Portugal?
ResponderEliminar“Nos primeiros anos da crise, a desigualdade de rendimentos antes dos impostos e benefícios aumentou fortemente, mas os impostos e benefícios amorteceram a subida. Nos anos mais recentes, enquanto a desigualdade de rendimentos antes dos impostos e benefícios continua a subir, o efeito de amortecimento abrandou, acelerando a tendência geral de aumento de desigualdade do rendimento disponível”, refere o relatório da OCDE em Maio de 2015.
Portugal surge, assim, no relatório como o nono país mais desigual entre os 34 da OCDE, acima do índice médio destes países, que é de 0,315.
Os dez por cento da população mais rica concentravam 25,9 por cento da riqueza, enquanto os dez por cento da população mais pobre tinham 2,6 por cento. O grosso da riqueza (63 por cento) concentrava-se em 40 por cento da população”, acrescenta o documento.
A taxa de pobreza dos agregados portugueses, entre 2011 e 2012, passou de 12,0 para 12,9 e os níveis de pobreza consolidada subiram dos 12,4 para os 13,6 por cento, o sexto valor mais elevado entre os 34 países da OCDE e acima do nível médio de pobreza consolidada deste bloco de países, situada nos 9,9.
Segundo o relatório, a pobreza afetava sobretudo as crianças e jovens, com taxas de 17,8 e 15,8 respetivamente. Já os adultos, entre os 26 e os 65 anos, e os trabalhadores pobres apresentam taxas de 12,5 e 12,2
Na Grécia, Irlanda e Portugal, o aumento da desigualdade nos rendimentos de trabalho foi fortemente influenciada pelos efeitos do desemprego, no entanto, as diferenças salariais reduziram-se por causa dos cortes nos salários do sector público
Mas se formos ver as coisas à lupa:
ResponderEliminar"É só fazer as contas. Em Portugal, 10% dos mais ricos detêm quase 60% de toda a riqueza do país. E continuam a enriquecer de ano para ano. Do outro lado da barricada, os pobres estão cada vez mais pobres e a classe média perdeu grande parte do seu poder de compra. Estamos a construir uma sociedade cada vez mais desigual, com tudo o que de negativo isso implica: aumento da tensão social à diminuição do crescimento económico. A crise agravou as desigualdades numa dimensão que escapa ao olhar distraído. Mas os números recolhidos pelo economista Eugénio Rosa são claros. O autor compilou e analisou, em várias áreas, mais de meio século de dados. E deu relevo aos anos da Troika - período em que a diferença entre ricos e pobres mais se extremou. As conclusões são chocantes. Ao analisar a riqueza sob diferentes ângulos, o autor descobre desigualdades escondidas. Se observarmos à lupa a mais-valia criada pelos trabalhadores, a propriedade financeira ou patrimonial, ou ainda quem paga ou não impostos, começamos a perceber melhor a real dimensão da desigualdade.
Eugénio Rosa apresenta todos os números e analisa-os à luz do pensamento de economistas como Carlos Farinha, Joseph Stiglitz, Mark Blyth ou Thomas Piketty. E conclui que a desigualdade na distribuição de riqueza e rendimentos é um dos maiores travões ao nosso crescimento económico
Ai o dinheiro dos ricos! Que desassossego...
ResponderEliminarO que esconderá o desassossego da frase em que se manifesta o desassossego pelo dinheiro dos ricos?
ResponderEliminarSuspeita-se que haja aqui alguma relvice escondida, que como se sabe reproduzia o vocabulário do Passos e como tal andava sempre com o tema da pieguice na boca.Dado curioso é esta pieguice escondida com o rabo de fora surgir do mesmo fulano que nos ameaçava ( este era o tal defensor da lei e da ordem) tomar as medidas necessárias para não se cumprir a lei.
Também o mesmo que falava no direito à auto-defesa dos grandes empresários enquanto esconjurava as lutas dos trabalhadores pelos seus direitos. .
Ou o mesmo que falava em "chapada nos cornos" de forma irada,rancorosa e trauliteira quando os casos dos da sua classe eram denunciados.
Só não vê quem não quer ver. Há mesmo luta de classes e estes tipos estão de alma, coração, bolsa e cacete do lado do Capital e de Bruxelas,o lado dos banqueiros e dos corruptos
zé sabujo
ResponderEliminarsempre a lamber a mão do dono
Uma palavra sobre 'isto está tudo ligado'.
ResponderEliminarSendo 'Isto' um âmbito demasiado vasto, fico-me por Bancos e Política.
Primeiro definamos o que sejam bancos: bancos são instituições que recebem depósitos para guarda e eventual remuneração e a que os governos dão ampla liberdade para criarem moeda, quase sem restrições. São administradas por bancários que trabalham por um ordenado e gratificações normalmente indexadas ao volume de moeda que criam.
Políticos são candidatos à governança dos Estados, têm normalmente ordenados desproporcionadamente baixos em relação aos montantes monetários que gerem e movem-nos o gosto do poder e da fama, algum - nem sempre muito expressivo - ideal de bem público, não raro abundantemente temperado por corrupção de vários tipos e feitios.
Os pontos em comum são de vária índole mas há um padrão óbvio:
Gerem o dinheiro dos outros e medem o seu poder pelos montantes que afectam às suas crenças e interesses.
Cheira francamente mal.
ResponderEliminarO discurso sobre bancos e "bancários" , sobre políticos, sobre a "gestão" dos interesses e crenças e toda esta amálgama invertebrada é um discurso não só profundamente ideológico mas também aflitivamente desonesto.
A 12 de Setembro de 2015, nas vésperas do início da campanha eleitoral , o mesmo que encontra estas "afinidades", agastado e mal-humorado,escrevia ipsis verbis:
"Mas dizer mal do Governo e dos políticos é o consolo geral…"
Em menos de 5 meses o que terá mudado para esta tão abissal mudança de slogan?
A incapacidade de defesa deste modelo de sociedade leva a manobras que tentam deturpar a realidade.
ResponderEliminarA história contada aí em cima sobre os bancos e sobre os governos e sobre os "bancários" que administram os bancos é uma história triste porque é falsa.
Os gestores considerados como "bancários" (para fugir à palavra "banqueiros") demonstra bem o carácter manipulador com que se misturam conceitos e se deturpam conteúdos.
Os gestores estão lá para fazer funcionar o sistema de acordo com as instruções dos donos disto tudo. Não são assalariados nem muito menos proletários , como uma vez o escreveu um idiota acéfalo de forma profundamente empenhada.Eles estão lá a trabalhar para a rentabilização máxima do Capital.Ao lado do patrão, com o patrão, recompensado pelo patrão e com a chibata do patrão. Com o dinheiro ( "ordenado " dizem alguns desenvergonhados) do patrão para gerar mais dinheiro para o patrão ,seja lá a que custo humano for. E com a partilha do saque adequada.
A luta de classe é uma proposta com dois sentidos: enquanto os trabalhadores e outras classes exploradas lutam a partir de baixo, as classes dirigentes empenham-se na luta de classes a partir de cima para aumentar os seus lucros, produtividade e poder. Os gestores são um dos veículos destes últimos. As injustiças sociais conduzem ao empobrecimento e degradação das condições de vida do povo e geram lucros escandalosos dos grupos económicos e financeiros com somas fabulosas para os seus accionistas e gestores.
Atirar assim a responsabilidade para as costas dos "gestores", é tentar omitir uma coisa muito simples. É que isto é o Capitalismo a funcionar, com o lucro como alma mater, e como seu último objectivo. E com a corrupção endémica inevitavelmente associada a tal tipo de sociedade.
Tal como a questão dos políticos considerados como um todo, apagando a luta de classes que obviamente estoira tão idiota classificação. Como considerar que quem tenta manter as coisas como estão tem os mesmos interesses e age da mesma forma de quem tenta construir uma nova sociedade? Como se um Salazar estivesse ao mesmo nível dum Humberto Delgado, ou um poltrão ao mesmo nível dum Mandela.