segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Ellen Meiksins Wood (1942-2016)
Na maioria das análises sobre o capitalismo e a sua origem, não há realmente uma origem. O capitalismo parece estar sempre lá, algures, necessitando apenas de ser libertado das suas cadeias – por exemplo, das cadeias do feudalismo – para poder crescer e amadurecer (...) O que é central para a maioria das análises convencionais da história são certas hipóteses, explícitas ou implícitas, sobre a natureza humana e sobre o comportamento humano, dadas as oportunidades. Os indivíduos aproveitarão sempre a oportunidade de maximizar os lucros através de transacções comerciais, dando livre curso à sua natural inclinação (...) A característica distintiva e dominante do mercado no capitalismo não é a oportunidade e a escolha, mas antes a compulsão.
Ellen Meiksins Wood, The Origin of Capitalism, 1999, pp. 4-6, minha tradução.
Faleceu, na passada quarta-feira, uma grande intelectual marxista. Professora durante muitos anos na Universidade de York, Canadá, Wood foi uma das responsáveis por aí ter florescido uma tradição de análise crítica da evolução do capitalismo, das suas origens às suas declinações imperiais mais recentes.
No quadro dos debates sobre a transição entre modos de produção, enfatizou a importância das transformações nas relações sociais subjacentes à propriedade, em particular nos campos, as famosas origens agrárias do capitalismo à la Robert Brenner, mostrando o trabalho político e intelectual que requereu o seu estabelecimento: nada é menos natural do que um sistema essencialmente baseado na compulsão da concorrência generalizada de mercado.
Um exemplo de escrita clara, simples e distinta, os seus textos revelavam um profundo conhecimento das dinâmicas materiais do capitalismo e da história dos dominantes argumentos forjados a favor das classes dominantes. Conhecer o capitalismo, a sua teoria económica e política, sem separações artificiais, é uma tarefa indispensável para todos os que sabem que se trata de um sistema com uma origem e eventualmente com um fim, embora, como já alguém disse, pareça ser, em tempos tão sombrios, mais fácil vislumbrar o fim da humanidade.
Ellen Meiksins Wood sempre acreditou que conseguiríamos melhor. Chamou-lhe naturalmente socialismo. Nunca desistiu. Como acontece com a esmagadora maioria do que de mais interessante existe no pensamento marxista contemporâneo, nenhum dos seus livros está traduzido em Portugal. Eu começaria precisamente pela origem...
Dá gosto ler posts assim.
ResponderEliminarDesejo expressar o reconhecimento pela evocação de uma personalidade que, como algumas outras não é mais conhecida por escusa de divulgação, de forma deliberada ou grosseira, tanto pelo movimento editorial como pelos círculos académicos.
ResponderEliminarOs indivíduos aproveitarão sempre a oportunidade de maximizar os lucros através de transacções comerciais, dando livre curso à sua natural inclinação…a compulsão.
ResponderEliminarForam precisos 6 milhões de anos para conformar a compulsão e menos de 125 anos para teorizar a sua extinção, levá-la à prática e dá-la por frustrada.
6 mihões de anos?
ResponderEliminarParece que ir ao Ardipithecus para remontar aos primórdios da compulsão ( qual compulsão? a da maximização dos lucros? Não é possível tanto disparate)é manifestamente demais. É uma crendice religiosa misturada com os ingredientes próprios da ofensa da inteligência dos demais.
Mas podemos explicitar o que é a compulsão:É a tendência à repetição, impulso ou sensação de se estar sendo levado, irresistivelmente, a executar alguma acção irracional.
Esclarecerá Ellen Meiksins Wood : "nada é menos natural do que um sistema essencialmente baseado na compulsão da concorrência generalizada de mercado".
Quem não sabe o que lê mostra estar assim no quadro da iliteracia pura.Ellen Wood arrasa a tese do capitalismo “eterno". Um sujeito treslê, prega as virtudes de 6 milhões de anos e disparata sobre a teorização da sua extinção (?), do seu levar à prática (??) e do dar-se por frustrada(???).
Donde se prova que a escola de relvas continua a fazer escola
Reconheço que a iliteracia me requer mais cuidado:
ResponderEliminarNo primeiro parágrafo do meu comentário não identifiquei, como deveria, que estava a citar Ellen Meiksins Wood.
Ahahah!
ResponderEliminarPois claro que a cita ( com um pequeno ajuste feito à medida)
Mas a questão não é essa. É que nem sequer consegue ver, ler, perceber, entender o que Wood quer dizer. Nem a crítica directa aos "dominantes argumentos forjados a favor das classes dominantes".
Como é óbvio, mesmo até para o sujeito: é uma questão de iliteracia, lolol.
Para quê forjar argumentos a favor de uma evidência: toda a compulsão requer ser contida por regras que a compatibilizem com a vida em sociedade.
ResponderEliminarO que se forjam é argumentos, ora a negar a compulsão, ora a declará-la contrária ao interesse da sociedade, como se a condenação do homicídio excluíssee a autodefesa ou a proibição do infanticídio banisse o aborto.
Tretas para iludir papalvos e confortar frustrados e invejosos (estes vítimas da mesmíssima compulsão só que associada à cobardia ou à impotência).
...tretas que sobretudo servem para abrir caminho a novas classes dirigentes que apelam à guerra que os levará ao poder pelo que chamam designam por luta de classes.
ResponderEliminarAh
ResponderEliminarMudou-se o discurso
Voltou-se ao dicionário e aos argumentos?
Lastima-se profundamente, mas a questão já não está nesse nível nem ao nível de fuga para os braços, veja-se bem, do infantícidio e do aborto (!).Com a compulsão pelo meio.
O que se debate neste momento já não é isto.
É apenas a incapacidade para se compreender o que se escreve. Aqui já nem o dicionário serve. É mesmo uma questão de iliteracia, lol.Em que nem os papalvos e os invejosos ou os frustrados citados a conseguem mascarar .
Cobardia ou impotência é uma questão que é do foro exclusivo de quem assina tais qualificativos, num processo semi-destrutivo ou quiçá auto-crítico.Por vezes o espelho dá para cair na reaalidade
Mas que o retrato fica feio,lá isso...lol
Mais uma vez se repete. Não adianta mais comentáríos para ver se o número permite esconder esta triste e vã tristeza ....
ResponderEliminarA escola do Relvas faz escola. E o rei vai tão nuinho que faz pena
Revejo acima o tipo de balbuciar que no passado se subscrevia com DE.
ResponderEliminarOh! Dúvida atroz.Mas não cabe aqui a satisfação de tais angústias.Por agora interessa sim ir ao cerne da questão. Impressiona como alguém interpreta e diz exactamente o contrário do que é dito no post e ainda por cima se arroga a estes trejeitos de camuflagem não só do que se debate como também da sua literacia. Uma tristeza pegada em que a fuga em Dó Maior permite apesar de tudo soltar uma sonora gargalhada
ResponderEliminarPara quem quiser aqui fica um texto sobre o livro em questão:
http://www.revistas.unilasalle.edu.br/index.php/Educacao/article/viewFile/150/168
Engracado, dei por mim a encomendar este livro pela AMAZON...
ResponderEliminarZe'