Quanto à eleição de Marcelo Rebelo de Sousa, não me satisfaço com a indiferença do PS, com o entusiasmo do Bloco ou com a desilusão do PCP. As diversas forças políticas de esquerda terão que pensar no que fizeram para que a direita tivesse ganho umas eleições presidenciais quando a maioria da população votou - e continua a votar - à esquerda. E pior - como se verá adiante - quando estiveram a 71 mil votos de ir à 2ª volta.
Entre as eleições legislativas (ou aqui) e as presidenciais, deixaram de votar cerca de 670 mil eleitores. Destes, cerca de cem mil foram votos brancos (menos 54,6 mil) e nulos (menos 45,8 mil). Quando se compara as votações entre candidatos e partidos
apoiantes, verifica-se que 1) Marcelo teve mais 326 mil votos que a sua base de apoio – PSD/CDS; 2) a Marisa teve menos 81,4 mil que a votação do Bloco de Esquerda; Edgar teve menos 260 mil votos que a CDU; 4) Nóvoa e Belém tiveram menos 490 mil votos que os votos no PS.
Leitura possível:
1) Se parte considerável dos votos da CDU foi para Nóvoa (como defende o PCP), então parte do eleitorado CDU discordou da candidatura própria do PCP, o que falta explicar devidamente;
2) Se o PCP tem em parte razão, então o PS perdeu ainda mais dezenas de milhares de votantes que não se reviram nas
várias candidaturas do PS;
3) Diz a esquerda: Marcelo estava há anos na televisão a preparar o seu terreno. É verdade. Mas esse argumento é tão válido hoje como o era há meses e igualmente válido para a esquerda que se poderia ter preparado, se o quisesse ou pudesse. A esquerda adiou o "problema". Primeiro, alegadamente para não prejudicar as eleições legislativas que queria vencer esmagadoramente. Depois, por incapacidade de decisão e de formar entendimentos. O PS deu sinais de não querer ganhar esta batalha e de a deixar à direita. Seria a forma de forçar a queda a prazo de Passos Coelho e ter um novo PSD? Foi a forma de pressionar Guterres? Foi Guterres que empatou o PS? Foi apenas incapacidade? O certo é que o PS esperou demasiado e acabou na prática por viabilizar uma candidatura socialista ao arrepio das orientações políticas da sua direcção e dividindo eleitorados;
4) A ausência de um candidato de esquerda fomentou a pulverização de candidaturas à esquerda e criou um carnaval que, na prática, despolitizou a campanha, um anticlímax para uma esquerda que necessitava de se reagrupar;
5) A candidatura de Nóvoa não reuniu consensos, nem no PS, nem no Bloco.
Uma derrota ridícula. Aqui convém acrescentar um ponto. Em geral, as forças de esquerda acham que há vantagem em
lançar diversas candidaturas. Cada candidatura tenta chegar ao máximo de eleitorados possíveis que, depois de galvanizados para a 1ª volta, seriam mobilizados para a 2ª volta, para o candidato que obtivesse mais votos. Esta tese tem um senão: pode não houver 2ª volta! Todos os sinais apontavam para aí. O que se verificou foi que a multiplicação de candidaturas, em vez de alargar o eleitorado de esquerda, contraiu-o. Em vez de galvanizar o povo de esquerda, desmobilizou-o, retirou élan a um candidato de esquerda ganhador. E esse facto é ainda mais ridículo. De acordo com a lei, opresidente da República deverá ser eleito com mais de metade dos votosexpressos (ou seja, excluindo os brancos). Se assim é, a esquerda esteve apenas a cerca de 71 mil votos de impedir Marcelo de ganhar à 1ª volta. Ou seja, uma parcela diminuta para quem perdeu centenas
de milhares de votantes entre as duas eleições, no espaço de poucos meses.
A esquerda perdeu de forma clamorosa. Na minha opinião - ao contrário dos 25% do povo eleitor que votou nele - Marcelo é a pessoa menos aconselhável para ser Presidente da República. Por isso, acho que as forças de esquerda deveriam analisar os resultados com outra profundidade e responsabilidade.
Lido por aí:“New Labour was always misread as a middle-class takeover of a working-class movement. It was something close to the opposite. By hardening its line on crime and defence, by cloaking it unsqueamishly in the British flag, by taking school standards and welfare abuse seriously, Tony Blair returned a party captured by the whims of the Brahmin left to actual working people.”
ResponderEliminarComo se a classe trabalhadora estivesse nesta onda de Agenda dos Coitadinhos e Mama Geral à custa do contribuinte....
Marcelo ganhou porque a comunicação social assim o quis. Mais nada.
ResponderEliminarCaro João Ramos de Almeida:
ResponderEliminarCom todo o respeito pela sua análise, o centro da questão da multiplicação de candidaturas à esquerda sempre esteve noutro lado.
O financiamento dos partidos.
Esta é uma dimensão que, curiosamente, nunca vejo contemplada nas elaboradas análises.
Os das esquerdas, como não contam com a simpatia nem as bolsas dos privados que têm a massa, financiam-se através do Estado, de diversas formas, incluindo as eleições.
O caso é evidente no bónus de cerca de 500 mil euros que o BE irá receber por estas eleições e na (lamentada) perda de cerca de 380 mil do PCP, devido ao mau candidato que escolheu e à participação na geringonça (bendita geringonça se ajudar a acabar com o último dinossáurio político na Europa Ocidental).
O BE, como não entra no aparelho de Estado, resta-lhe as eleições (no caso as presidenciais, onde poderia abdicar de candidato próprio).
O PS é mais complicado internamente, devido às facções antagónicas que frequentemente se digladiam. Foi a 1.ª presidencial sem candidato próprio. Mas vai acedendo ao aparelho de Estado no governo e câmaras.
E o PCP, por exemplo, financia-se ainda, e bastante, através das autarquias que gere, que enche de filiados (só na minha, com 903 funcionários, tem mais de 500 militantes), pois estes pagam a dízima ao partido. E através de todos os cargos que consegue em todas as estruturas do Estado, nos mais diversos acordos que faz: veja o caso da Área Metropolitana de Lisboa, cujo 1.º secretário é Demétrio Alves.
Por isto o PCP é o mais acérrimo opositor de qualquer reforma do Estado: está sempre contra qualquer racionalização administrativa.
A proliferação de estruturas é o sangue donde se alimenta.
O instinto de sobrevivência deste dinossáurio, forjado na clandestinidade durante quase metade da sua longa existência (foi criado em 1921), condiciona toda a racionalidade que que por lá possa existir.
ONDE SE DIZ ESQUERDA DEVE LER-SE PARTIDO SOCIALISTA, a quem de facto interessa que se mantenha o BLOCO CENTRAL PSPSD apadrinhado por ... Marcelo. Portas do CDS deu lugar a Assunção e falta sair o Passes de Coelho do PSD.
ResponderEliminarOra aqui está um artigo cheio de disparates. Tantos que até se perde a vontade de discutir, pelo tempo que se perderia a mostrá-los. Incluindo um ou outro, puramente formal, que não deve diminuir o esforço de compreender o que o autor quereria dizer, tal como o de que “as forças de esquerda acham que há vantagem em lançar diversas candidaturas que possam desistir na 2ª volta” (???), quando, numa segunda volta, existem no máximo duas candidaturas, e no presente caso uma declaradamente de direita, que poderiam “desistir”. Ou outro, logo a abrir, que vai já para o livro de registo das cretinices da blogosfera, como o de descontar ao acréscimo de 670 mil abstencionistas os cerca de 100 mil que, votando branco ou nulo, exatamente não se abstiveram.
ResponderEliminarPois é. Deve ser a dizima e a azia pelo facto de Passos/Portas terem sido corridos.
ResponderEliminarO algodão não engana. O Manuel Silva andava por aí a bramar ao lado de Assis e da sua clique.Queria o bloco central de interesses a funcionar. Teve azar. Ficaram a falta de pastilhas e a irracionalidade dum que fala ainda da geringonça. Que saudades do Passos e que horror o PCP e o "bónus" do BE terem ainda vitalidade para andar.
Ainda bem que pouco a pouco coisas como esta vão sendo remetidas para o seu verdadeiro lugar.
A magna questão está mesmo no financiamento do PC e no do BE. Viva a reforma administrativa patrocionada pela tropa fandanga dos frustrados das reformas autárquicas.
O Manuel tem boa vontade e procura compensar com primarismo o que lhe falta em informação e em formação (da inteligência não curo), de modo a que, partindo de uma conclusão ajeita depois umas premissas que se acomodem.
ResponderEliminarNão vou perder demasiado tempo com o assunto. Vou só deixar uma ou duas notas. Convém lembrar, por exemplo, que nessa Europa sem dinossauros, mas com muitos euro-entusiastas (geralmente acéfalos ou corrompidos e, nalguns casos, juntando mesmo as duas qualidades) e sobretudo depois de 1992 (por uma qualquer coincidência, o aprofundamento neoliberal aportado pelo Tratado de Maastricht coincide temporalmente com a implosão do chamado Bloco de Leste) o número de pobres, de excluídos, de desempregados, e de aumento da concentração de riqueza numa meia-dúzia de mãos não tem parado de crescer. Os primeiros são muitos milhões (segundo dados da Comissão Europeia, qualquer coisa como 20% a 25% da população europeia do espaço da integração). Mas creio que isso o Manuel Silva ainda não viu. Pelo que diz, acredito até que por mais que olhe, deve ser incapaz de ver alguma coisa.
Caro anónimo,
ResponderEliminarPor certo não me fiz entender. Quando digo "desistir na 2ª volta", gostaria de ter escrito que se lançam candidaturas na 1ª volta apenas com um fito de encontrar mais eleitorado na 1ª volta, sabendo que nãopassarão à 2ª volta, mas apenas para que se possa contar com um maior número de pessoas mobilizadas. Na minha opinião, a vantagem estaria em ter um bom candidato da esquerda à 1ª volta. Apenas isso.
Quanto aos 670 mil, a leitura dos grandes números permite ver as realidades agregadas, embora as conclusões - concordo - tenham de ser mais finas. Apenas o que disse, foi que entre as duas eleições se reduziram - e é um facto - em cem mil votos o número de votos em brancos e nulos. Apenas isso.
Não creio haver vantagem em insultar as pessoas. A má-criação é livre, mas pouco frutuosa na troca de ideias.
Olhai um princípio do velho Marx: “a maneira de pensar de uma sociedade tende a ser a maneira de pensar da classe que domina aquela sociedade”. Isso é irrefutável. Quem domina tem nas mãos os meios de comunicação.
ResponderEliminarTambém alguém disse --“É hora de organizar o partido das lutas reais”. Pensemos nisso..!
Tendo vivido, politicamente, processos de unidade, de conflito aberto e fechado, de desvios e traições a´ “Esquerda” ao longo da vida…não me surpreende a irresponsabilidade com que se tem olhado para as eleições presidenciais.
O que fica na Historia não e´ se o partido tal perdeu ou ganhou dinheiro na campanha, se teve mais ou menos votos que o rival…Mas a incapacidade de unir, a fraqueza ideológica de não conseguir.
Procuremos então, organizar o partido, a frente das lutas reais. Aquilo a que alguém chamou de Cidadania
A procura não e´ incerta, há vasto terreno para lavrar..
Não queria passar por mais uma desfaçatez…De Adelino Silva
Não, o que disse foi: «Entre as eleições legislativas e as presidenciais, deixaram de votar cerca de 670 mil eleitores. Destes, cerca de cem mil foram votos brancos (menos 54,6 mil) e nulos (menos 45,8 mil). Ou seja, há que explicar uma perda de cerca de 570 mil votantes.» Não creio haver vantagem em distorcer o que se disse e está registado. A desonestidade intelectual é livre, mas pouco frutuosa na troca de ideias.
ResponderEliminarAlguém de forma pretensamente ocasional diz que encontrou por aí umas palavrinhas pretensamente ao acaso. Dá-se ao trabalho de as citar como se constituissem qualquer mais valia do que quer que seja.
ResponderEliminarO referido plagiador esquece-se de várias coisas, a primeira das quais de citar o autor do pequeno texto. Um fulano,Janan Ganesh, que é um dos cabeça de cartaz do Financial Times ( que promove os negócios da tristemente célebre Goldman Sachs ). Mas tal texto foi encontrado não no FT mas num sítio dúbio dum frequentador do bas fond da direita neoliberal em Portugal.Tal não teria qualquer interesse todavia se não revelasse a patética preocupação das elites inglesas perante Corbyn e as pretensas trágicas consequências para o labour por abandonar a santa via da terceira via.(Tudo isto impregnado do racismo larvar e abjecto de tais "coisas").
O copiador de textos pretensamente incógnitos perde no entanto a postura british quando volta a utilizar a Língua Portuguesa. Ei-lo mais a sua "Agenda dos coitadinhos" e a sua "Mama Geral".
Porque aqui só mesmo uma gargalhada, esta sim, geral. É que é o autor destes dislates que prossegue a senda da Agenda dos coitadinhos e que a defende.Os Coitadinhos dos pobres "empresários"que se têm que socorrer dos offshores para fugir ao fisco que cerceia a sua actividade de busca de lucro a qualqer preço. E que defende a Mama Geral dos banqueiros em roda livre mais as suas negociatas num obsceno elogio ao Capital.
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/01/esta-na-hora-de-outra-economia-politica.html
A classe trabalhadora pois então. Já Mussolini falava em nome dela ...
Felizmente e bem na minha opinião o voto dos portugueses não é totalmente condicionado pelos partidos. Na minha opinião até devia ser proibido os partidos apoiarem candidatos explicitamente.
ResponderEliminarIsso é que devia ser discutido a sério em vez de se andar a comparar votações de candidatos individuais com a de partidos.
devia-se também discutir se não faria sentido usar recursos públicos (por exemplo a RTP) para que sem despesas para o candidato fossem criados materiais de divulgação sobre cada candidato. Não faz sentido nenhum obrigar um candidato a prever à partida se vai ter mais ou menos votos e o dinheiro que se gasta com campanhas é um desperdício numa era de internet e TV em todo o lado.
Caro João Ramos de Almeida,
ResponderEliminarA questão foi a falta de entendimento entre as esquerdas, desde as duas últimas eleições de Cavaco Silva.
Poderiam ter acertado um acordo apenas para um candidato presidencial, durante as reuniões que se seguiram para o acordo legislativo. No entanto, as candidaturas de Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém eram já uma realidade. Uma afirmava-se como independente e a outra apoiada pelo «PS».
Para que o mesmo não volte a suceder, com base no último acordo legislativo, as esquerdas devem acertar um acordo, na escolha de um candidato presidencial, pelo menos dois anos antes das eleições. Se o fizerem separadamente, o candidato da direita terá mais possibilidades de ser eleito logo à primeira.
Julgo que já está na altura de acertar um acordo de compromisso entre partidos e candidaturas, de modo a que algo como aconteceu no último dia 24 não volte mais a acontecer.
Saúde
JN
Antigamente tinha de se andar bem atento, havia a PIDE e bufos por todo o lado.
ResponderEliminarAgora há os controleiros, da Direita neoliberal passista (o triste José) e do PCP (o antigamente DE, agora Anónimo/João. Os truques que este sujeito usa para se fazer passar por aquilo que não é).
Portanto, temops de andar atentos aos dois lados.
Pide e bufos ?
ResponderEliminarTalvez uma especialidade do José. Agora a especialidade do Manuel Silva é ser um troca-tintas mal formado e ainda por cima enjoado, com tiques de prima-dona controleira ressabiado sabe-se lá com quê.
https://www.blogger.com/comment.g?blogID=4018985866499281301&postID=8431855134681186922&bpli=1
Agora pode-se ler o que Manuel Silva escrevia a 8 de outubro de 2015 às 09:48 e o esforçozinho tontinho para esconder agora o amor que nutria pela continuação do regabofe passista/paulo portista
(Mais os fantasmas particulares com que se agasalha à noite e de dia e de tarde e de noite e nos cantos pouco limpos que costuma usar.)
Vou chamar o De, lolol
Chamaram-me?
ResponderEliminarManelzinho, comigo sabes com o que podes contar, nem precisas de andar atento em especial.~
ResponderEliminarE por uma vez estamos de acordo: eleições são renda para partidos. Olha o camarada Matos, o educador do povo, como ficou furioso quando não lhe chegou a renda.
As eleições são de facto uma chatice.Perturbam o rumo dos acontecimentos (o pobre Passos ficou sem poder governar até ao fim do ano para resolver o problema do Banif,snif,snif)e permitem esses arrufos furiosos do José que assim fica impedido de mostrar mais cenas ainda mais furiosas ainda.
ResponderEliminarSe bem que as familiaridades a que se arroga façam suspeitar que aqui haja também outros interesses mais prosaicos.
Jose(zito), pobre(zito):
ResponderEliminarSei com o que posso contar desse lado: com um saudosista do Salazarismo.
Como se a ausência de eleições não tivesse custos, e não só políticos e sociais mas também económicos.
Basta ver a herança de país miserável e atrasado que 50 anos de ditadura nos deixaram.
O meu ponto nesta discussão é outro: para o João Ramos de Almeida, tratou-se de desentendimentos entre os partidos à esquerda que inviabilizaram um candidato comum.
Para mim, trata-se de estratégias de sobrevivência dos partidos à esquerda, que assim se financiam.
Os da direita não têm o problema do financiamento, pois os capitalistas estão com eles.
Foi só isto que quis dizer.
Manelzinho, já te tinha percebido de véspera.
ResponderEliminarQuanto ao país miserável e atrasado do salazarismo, fica-me a ambição de que os da tua seita consigam reproduzir pela metade da metade o crescimento médio desse período.
É algum engano mas a discussão sobre as finanças domina o debate?
ResponderEliminarAté chegarmos ao elogio do miserável e atrasado salazarismo?
Crescimento?
Na miséria , na fome e na ignomínia. E nos mortos tombados na guerra, para servir os vorazes apetites dos donos disto tudo.
O cheiro a sangue e a miséria domina esse período. Os achaques da podridão saltam de vez em quando dos armários despindo transitoriamente os berros de apoio aos cavacos e aos passos.
José(zito), pobre(zito):
ResponderEliminarDe qual período?
Desde 1926 (ou 1933, como preferires) ou apenas de 1960 a 1973?
Em 1973, com a crise do petróleo, entrámos no período das vacas magras, como proclamou o teu padrinho Marcelo, o outro, o das conversas em família.
E nunca nos devemos esquecer de invocar todos os parâmetros de uma economia, de um país, não apenas os que nos interessam.
sabujo zé
ResponderEliminarfalas de que crescimento médio ?
o da taxa de analfabetismo ?
o da taxa de mortalidade infantil ?
o dos gabinetes da censura ?
o da proibição de reunião ?
o dos mortos no Tarrafal ?
As vestais rasgam suas vestes sempre que alguém lhes recorda que o país não nasceu em 1974.
ResponderEliminarAi de quem não cubra de desgraça e cinzas tudo o que antecede o dealbar dessa aurora gloriosa, raiz de tudo o que de esquerdalho e estúpido se construiu no jardim à beira-mar plantado.
Estrebucham, contorcem-se, arrebanham adjectivos num triste espectáculo de irrealismo e má-consciência.
Não se percebe.
ResponderEliminarQuem é que aqui anda a rasgar vestes por alguém (não) dizer que o país não nasceu em 1974?
Temos mais uma vez um problema de iliteracia?
Quem anda a dizer que o período anterior à data histórica de Abril de 74 está coberto de desgraça? Aqui apropriada e objectivamente se poderia dizer que o país não nasceu com o estado novo e que muitas e boas coisas teve antes deste período negro da nossa História.
Quem anda a dizer que o período pós 25 de Abril de 74 foi raiz de todo o esquerdalho e estúpido? Chamar Cavaco ou Barroso ou Portas ou Coelho esquerdalhos e estúpidos é algo que só pode passar pelas mentes mais perturbadas.
O perturbado comentário a estrebuchar, a contorcer, a arrebanhar adjectivos num triste espectáculo de irrealismo e má-consciência revela isso tudo. Também revelará uma inusitada cumplicidade com o atrasado e miserável salazarismo? com a fome e a ignomínia nesse período? Com os mortos tombados na guerra, para servir os vorazes apetites dos donos disto tudo? Com o cheiro a sangue e a miséria? com o crescimento médio, taxa de analfabetismo, taxa de mortalidade infantil, gabinetes da censura, proibição de reunião, mortos no Tarrafal? característicos do período da governação do fascismo?
Será que é a confirmação ( perturbada) que os achaques da podridão saltam de vez em quando dos armários, despindo transitoriamente os berros de apoio aos cavacos e aos passos?