1º) Mais uma vez constatamos que há muita gente que tem muito poder - que pode impor elevados custos sociais e financeiros ao conjunto da sociedade - sem nunca poder ser responsabilizada por isso. Incluem-se aqui:
• os reguladores, pelo que permitem que os bancos façam sob a protecção dos Estados;
• os banqueiros, pelas suas práticas de gestão;
• o Banco de Portugal, pelas suas falhas de supervisão;
• os governantes, pelas suas decisões (de acção ou inacção);
• a Comissão Europeia, pela forma parcial como faz a regulação;
• a comunicação social (neste caso, a TVI), pela capacidade de gerar pânico infundado entre depositantes.
2º) Fica clara mais uma dimensão do falhanço do "programa de ajustamento" a que Portugal foi sujeito entre 2011 e 2014. Já tínhamos a noção de que o programa tinha sido errado no pilar da sustentabilidade das finanças públicas (como, mais uma vez, o FMI assumiu há poucos dias). E que o seu alcance foi, na melhor das hipóteses, modesto no pilar das chamadas "reformas estruturais". Agora temos a confirmação de que no pilar da estabilidade do sistema financeiro ficou quase tudo por resolver.
3º) Este processo mostra também a arbitrariedade na aplicação das regras orçamentais europeias: não há limites à utilização de dinheiros públicos quando se trata de salvar bancos; mas se for para salvaguardar postos de trabalho em empresas estratégicas, ou para relançar a economia através do investimento público, aí a inflexibilidade é total.
Há, de facto, muitas reformas estruturais que é preciso implementar, mas não são bem aquelas que nos querem impor.
Lá vem a história dos banqueiros...
ResponderEliminarNinguém fala nos bancários, sacadores de gratificações e reformas com a cumplicidade de políticos com quem não raro fazem alternância funcional.
Mas como a comunada quer manter os simbolos que congregam o ódio ao capital e abrem caminho aos tachos de um Estado que tudo açambarca, não só não regulam como promovem a irresponsabilidade dos gestores, a cujos lugares são em final candidatos.
Uma canalhice de canalha sem vergonha.
ResponderEliminarConcordo com tudo excepto o ponto acerca do comunicação social. Não podemos querer transparência e depois criticar a imprensa que traz luz sobre algo que se passaria com ou sem reportagem.
Quanto ao pânico... Se calhar o que falta é reacção, e não complacência, por parte dos depositantes.
Os intelectuais têm falhado em toda a linha, têm acreditado e feito acreditar que para a frente só há progresso, que os povos vão ser os fieis depositários da riqueza gerada, e que estamos a construir o mundo da felicidade, os que não cabem neste sonho de modernidade vão morrendo ou passando mal, mas não faz mal, afinal de contas há males que vêm por bem...
ResponderEliminarVá lá José, tem de se esforçar mais nas suas provocações. Essa não ponta por onde se lhe pegue.
ResponderEliminarQueira ter o favor de acrescentar à lista dos responsáveis "irresponsábilizados":
ResponderEliminar• os partidos políticos, PS, PSD e CDS, pela promoção da banca privada e estrangeirada, em detrimento da pública e nacional.
(A pedra de toque é a votação amanhã deste orçamento retificativo, devido aos encargos públicos com o banif. As declarações, mas também as hesitações, dos vários partidos já são elucidativas. Safam-se os comunistas, honra lhes seja feita).
João Isidro,
ResponderEliminartambém eu sou favorável à informação e à transparência. O que se passou com a TVI não tem nada a ver com isso. É lançada uma notícia falsa, pouco depois reconhecida como tal pela própria estação numa nota de rodapé. Os resultados são desastrosos e fica a suspeita de que não aconteceu por acaso.
"Mais uma vez constatamos que há muita gente que tem muito poder - que pode impor elevados custos sociais e financeiros ao conjunto da sociedade - sem nunca poder ser responsabilizado por isso."
ResponderEliminarCaro Ricardo Paes Mamede,
o que possibilita a imposição de elevados custos sociais e financeiros ao conjunto da sociedade é o facto de ser a poupança a financiar o crédito com o aval do Estado.
A poupança pressupõe a garantia do capital por parte do Estado contra o risco de perdas.
Vamos supor um cenário "benigno" de boa gestão bancária e de boa supervisão. Mesmo nesse cenário há sempre o risco de que o crédito concedido se torne "incobrável" numa dimensão tal que o banco deixe de poder garantir os depósitos (situação agravada por uma corrida aos levantamentos). O que pode o Estado fazer nessa situação para garantir os depósitos sem incorrer em custos para o contribuinte?
A única solução implicaria mudar toda a arquitectura do sistema: todo o crédito teria de ser financiado por fundos cuja cotação reflectisse as perdas e os ganhos. No caso de um incumprimento generalizado do crédito as cotações tenderiam para zero e os investidores assumiriam todas as perdas. Sem qualquer custo para o contribuinte (sociedade em geral).
Neste contexto o papel da banca comercial seria o de captar financiamento e gerir o crédito concedido através desses fundos, sempre com o risco assumido pelos investidores de forma totalmente explícita. Ao Estado caberia apenas assegurar um instrumento de poupança com capital garantido (certificados de aforro, por exemplo), advindo essa garantia do BCE (o único que pode efectivamente garantir o capital). O montante máximo que cada um poderia canalizar para este instrumento e as condições de utilização do dinheiro assim captado seriam acordados com o BCE. Todo o dinheiro aplicado fora deste mecanismo teria explicitamente associado o risco de perda total do capital.
João Isidro, deixo-lhe parte de um comentário de um David Lencastre, em http://duas-ou-tres.blogspot.pt/2015/12/o-partido.html
ResponderEliminar"Bom negócio fez, ou irá fazer, o Santander. Com a ajuda da TVI, detida pela Prisa espanhola, escudada no Santander, que soube lançar, convenientemente, o pânico e deste modo possibilitar um belo negócio ao Santander, depois do caos se ter instalado junto da clientela."
Vá lá Ricardo, explique-me porque o qrtigo 35º do CSC (tenho referido o 53º da Lei das Sociedades por lapso) foi suspensa logo à nascença e assim se mantém!
ResponderEliminarPorque tal não se aplica também a gestore públicos!
Ricardo, deixo-lho aqui uma pergunta que é a seguinte: porque razão, em vez de escrever e dizer (como faz no seu terceiro parágrafo), que "Este processo mostra também a arbitrariedade na aplicação das regras orçamentais europeias", não escreve e diz antes que "Este processo mostra também a orientação de classe na aplicação das regras orçamentais europeias". É mais rigoroso, sabe. É que a arbitrariedade tanto poderia dar hoje para Pedro como amanhã para Paulo, hoje para ao banqueiros como amanhã para os Povos. É capaz de me oferecer um único exemplo deste tipo de exercício arbitrário?
ResponderEliminarExcelente post (como é em geral o caso dos posts do Ricardo, aliás).
ResponderEliminarGostaria que me dissessem porque carga de agua e qual a razão para ter a minha reforma reduzida por incidência de um nao tributo que vai parar a parte incerta?
ResponderEliminarComo ignorar a posiçao deste governo dito de esquerda, que libera milhares de milhoes do erario publico para que um Banco, Santander, compre outro Banco, Banif, pela modica quantia de alguns milhoes..?
Fico mais triste por ter recebido este embrulho no Natal. Mas tambem mais convencido que so´ a “Revoluçao Proletaria” podera destruir o capitalismo liberal ou neoliberal. De adelino Silva
Alegrem-se! As cenas da banca ainda não acabaram: o próximo vai ser o Montepio...
ResponderEliminarO que nós queremos é mais "europa" com o euro, a união bancária, o pacto de estabilidade, a comissão europeia, o eurofin, ... Tudo controlado pelo PPE (leia-se PSD e CDS) e Partido Socialista Europeu (entre nós o PS). Alegrem-se e votem sempre nos mesmos partidos porque acabam sempre a fazer as mesmas coisas.
Adelino, é Natal!
ResponderEliminarDeixa a Revolução Proletária para depois dos Reis.
Não sei como é que se chegou a esta cegueira sectária que inquina qualquer discussão. Como é que alguém como o Jose pode em consciência tentar desviar a discussão para um mero tema esquerda vs direita? Acha que 5 biliões de dinheiros públicos são passiveis de serem reduzidos a um mundo a preto e branco? Nós continuamos a assistir a todo o rol de gestão danosa associada à corrupção porque há sempre alguém disposto a debitar os maiores disparates em nome da protecção do seu clube-partido, ainda que este o prejudique directamente. O voluntarismo a que se assiste a este nível é algo de surreal e só é possível porque aparentemente toda uma população abdicou de pensar e isto afecta toda a gente à direita e à esquerda de um modo geral.
ResponderEliminarBem-haja Ricardo pela honestidade intelectual que é característica rara!
Um bom Natal!
José
ResponderEliminarE´ sempre tempo para falar Revolução. O próprio nascimento de Cristo foi ele uma Revolução.
Um dia deixarei de pensar na R.PROLETARIA, e como todos, deixarei de importunar e ser importunado. Dizem que e´ a Lei da Vida…vá-se la´ saber por quê…
Todavia, e enquanto tiver pachorra vou botando a palavra Revolução neste insipido quotidiano.
Sim, e´ natal, mas “o meu Natal” e´ em 02 de Fevereiro. E e´ este “meu Natal” que marca o esforço/prazer de meus progenitores e o meu primeiro grito de Revolta. BOAS Festas!
De Adelino Silva
José:
ResponderEliminarbom, bom era, levar o duarte lima à presidência enquanto dava um tiro nos cornos em outra velha cheia de cacau....
De qq modo-abraços e bom natal pra gaja q tirou o curso de economia na universidade de fantasia dos lusiadas, ao cabrão do gaspar, ao fdp do carlos dos banksteiros e a toda a quadrilha!Obviamente, os vossos donos.Au au.
Que te nasça um cancro no cu, mulher a dias...e serviçal dos terroristas,tout court
Se a Supervisão - ela PRÓRIA! - reclama a sua incapacidade de supervisionar, porque há-de existir?!
ResponderEliminarAfinal, nesta europa, até um banco PÚBLICO...vai á falência!!!