terça-feira, 17 de novembro de 2015

Do nosso descontentamento


O euro só trouxe estagnação a Itália. O PIB real está agora ao mesmo nível do início de 2000, um ano depois do lançamento do euro. O PIB atual está 9%, abaixo do nível pré-crise, no início de 2008. Se o país fracassar a recuperar fortemente desta recessão, é difícil ver como é que poderá ficar na zona euro. A certo ponto pode bem ser do indiscutível interesse económico do país sair e desvalorizar a moeda. Por isso, quando perguntamos se a recuperação económica é sustentável, não estamos a ter uma conversa técnica sobre economia. Estamos a falar sobre o futuro da Itália na Europa. 

Wolfgang Munchau, A recuperação económica de Itália não é o que parece, Financial Times (tradução no DN).

Onde está escrito Itália, podia estar escrito, mais coisa, menos coisa, outro país. Qual é o país, qual é ele? Uma pista: uma década e meia também já perdida em termos de crescimento, mas acompanhada de um nível de endividamento externo sem precedentes e isto ao contrário do caso italiano, onde o endividamento é fundamentalmente interno (dívida para uns, activo para outros do mesmo país); ou seja, uma dependência ainda maior do que a italiana no seio do mesmo quadro económico e monetário disfuncional – ou, melhor, funcional só para uma dominante minoria…

7 comentários:

  1. A verdade é que até aos finais dos anos 90 a situação em Portugal foi melhorando de forma lenta mas progressiva, depois com a entrada na moeda única houve um abanão que foi o ajustamento cambial que encareceu no imediato quase toda a economia. E a partir daí foi sempre a descer, lenta mas seguramente. Estou a falar claro nos meios a que pertenço, a classe laboral...Porque esse abanão, abalou não só os meios financeiros disponíveis mas também as relações laborais e sociais...Não sei o que se passou nos patamares mais elevados da nossa Sociedade, mas parece que aí as coisas decorreram de forma mais ou menos contrária. 2008 e seguintes, muito particularmente depois de 2011 foi uma escalada terrível.

    ResponderEliminar
  2. Ponham-se de acordo em que a desvalorização da moeda é o reconhecimento de que a produtividade fica aqúem do que o país ambiciona distribuir como produto e é o meio socialmente aceitável de desvalorizar salários, subsídios e pensões.

    A conversa seria naturalmente mais fácil do que as tentativas pueris de demonizar o euro!

    ResponderEliminar
  3. Mesmo esquecendo o "enorme aumento de impostos" e os cortes de salários e pensões, o agravamento do custo de vida desde a entrada em cena do euro correspondeu de facto a uma desvalorização acentuada do poder de compra de salários e pensões e ao empobrecimento de milhões de portugueses
    Entre a manutenção do euro (com os espartilhos que o acompanham, como o tratado orçamental) e a saída do euro não se podem fazer comparações sem saber que políticas vão ser aplicadas e por quem.
    Pessoalmente, estou convencido que a saída do euro vai ser imposta a um conjunto de países, entre os quais Portugal. E só espero que não seja um governo submisso a negociar as contrapartidas.

    ResponderEliminar
  4. pode bem ser do indiscutível interesse económico do país sair e desvalorizar a moeda

    Isto é a opinião de Muenchau - que a desvalorização da moeda resolve os problemas económicos de um país e fomenta o seu desenvolvimento. Mas há muita gente que não partilha dessa opinião. Aliás, é difícil ver como seria sustentável um mundo em que toda a gente tivesse essa opinião e a pusesse em prática - um mundo onde todos os países desvalorizassem as suas moedas, num esforço para se desenvolverem economicamente à custa dos outros.

    ResponderEliminar
  5. Não percebi, Edgar.
    Sair do espartilho do euro, libertarmo-nos do euro, requer contrapartidas?

    ResponderEliminar
  6. Como as coisas são…vá la um homem tece-las…!
    Oh vida que vais tao boa/Enquanto houver de fiar/veio há pouco no jornal/ que a fome vinha engordar.
    E andamos nisto uma vida inteira… Ah companheiros, amigos e camaradas…Os que fiam, não querem fiar mas vão fiando. Os que pedem fiado, não querem pedir, mas vão pedindo.
    Ontem a´ noite ouvi o Ricardo Pais Mamede dizer que era assim por que tinha de ser assim.
    O Jorge Braga de Macedo (o do Oasis) dizer que não era bem assim, bem assim desse modo de ver do Ricardo…
    O Fernando Teixeira dos Santos (PEC4) dizer que também era assim como o Ricardo explanou, mas havia outro sim, porque se não fosse assim, tinha de ser assim. Bem, e eu com este arrazoado de explanações fiquei sem saber qual o sim, sim, sim.
    Com tantos milénios de existência a humanidade não teve mais que oferecer senão um Sim, assim tao forreta…
    Por vezes ponho-me a cogitar se valeu a pena que escreveu tanto para nada. De Adelino Silva


    ResponderEliminar
  7. Toda a gente já´ se apercebeu que estar com euros ou sem euros não e‘ a mesma coisa…Por que são os mesmos que diziam que viver com escudos ou sem eles não era a mesma coisa.
    Os veículos monetários que os homens criaram não passam de mercadorias para satisfazer a ganancia de uns poucos mercadores. Com escudos ou euros, dracmas ou marcos, quem os tem chama-lhes seus.
    O Euro sairá de cena quando o capital já estiver farto dele, que já´ não da´ mais, ou o povo cansar-se dele e destruir as causas que lhe deu origem. E´ tao simples…
    O Euro tem sido para alguns políticos, economistas e sociólogos o que o pião tem sido para as crianças, nas devidas dimensões. Enquanto o pião entretém a criança e ele adora, (força e cordel repuxado). O euro serve para parodiar o povo, dar-lhes gozo, ver sofrer o semelhante, que não igual.
    Bem entendido, não podemos menosprezar a Luta de Classes…mas se todos queremos “amar o próximo como a nós mesmos” Igualdade, Fraternidade e Liberdade --- para que tanta celeuma?
    Faz lembrar os tempos do PREC. Pelo lado da estupidez humana.
    DE Adelino Silva




    ResponderEliminar