Tudo indica que a demora de Cavaco Silva visa mais irritar António Costa e a esquerda do que ter efeitos práticos. Pelo menos, é isso que fica ao ler os editoriais e os artigos de opinião no Expresso.
Pedro Santos Guerrreiro fala já do futuro programa do governo, Ricardo Costa aborda "o nervosismo da direita" e o seu pessimismo que não se concretizou. Daniel Bessa sempre tão encostado à direita nos últimos anos já começa a deslizar suavemente, em tom cordato e distante, para a aceitar como real o acordo entre PS, PCP, Bloco e PEV ("Lançados os dados, os resultados não tardarão; cá estaremos para os conhecer"). Martim Avillez discute os pormenores do imposto sucessório, aquele tema tão caro aos pobres ricos: "E a habitação? É considerada riqueza (e portanto taxada) ou património cultural da familia"? João Vieira Pereira dá conselhos ao futuro ministro das Finanças, Mário Centeno: "Escolha a sua própria equipa. Não deixe que seja o partido a impingir-lhe os secretários de Estado". Só Henrique Raposo fala ainda da incapacidade da esquerda em pensar em tempo de retracção e como transforma essa incapacidade em ódio - "A esquerda esta mergulhada em ira há vários anos". E não nota que até fez uma confissão: "O último mês deixou-me revoltado". O ódio é lixado.
Essa é a impressão que fica também do tom pouco institucional - até violento e quase irracional - que Passos Coelho adopta, como se já estivesse liberto das suas funções de primeiro-ministro. Pedir uma revisão constitucional que sabe que não vai acontecer é apenas uma forma de galvanizar a direita para o que aí vem: a desforra em Janeiro, como
forma de retirar legitimidade a um governo de esquerda.
Para a direita, a batalha das legislativas já se perdeu. E as barricadas mudaram-se para a defesa de Belém. O Expresso é de novo o sinal disso. Pires de Lima ameaça Marcelo: ou alinha com a direita ou ver-se-á sem o seu apoio. Surgem dicas de que Santana foi de novo sondado. Uma sondagem pública e divulgada no maior jornal português. Passos Coelho marca o tema das presidenciais: sim ou não à dissolução do parlamento. Mas Marcelo quer o voto da esquerda porque sabe que o eleitorado PAF apenas lhe dá uns míseros 38% de votos, esperando que o Governo de esquerda - lá está - entre em ruptura, para marcar eleições antecipadas. À esquerda, o PS esboça apoio a Nóvoa e Marisa ataca os pés de barro de Maria de Belém, ex-avençada do BES enquanto estava na comissão parlamentar da Saúde. As nuvens começam a ganhar forma.
Esperam-se tempos acirrados.
Por lapso, quatro comentários pendentes foram apagados por mim. Peço desculpa aos leitores/comentadores e ao João Ramos de Almeida.
ResponderEliminarA proibição constitucional de atalhar a canalhice do PS com a dissolução do parlamento, não tem maior duração do que a experiência governamental de um PS aliado aos comunas.
ResponderEliminarAssim o PaF se mantenha onde lhe compete - NADA de apoiar este governo. JAMAIS!
Cavaco, assim sendo, logo que concluídas as privatizações dos transportes, e entregues uns milhões ao FMI (à cautela!) podes empossar o Costa.
jose estás velho. Prepara-te para a injeção. não sejas piegas!
ResponderEliminarNão houvesse ainda resquícios salazarentos, a situação expectável seria a de dar posse ao governo da maioria.
ResponderEliminarMas aquele primeiro discurso (sectário) do PR, e um PM já derrubado que “queria uma revisão da Constituição com urgência”, mostram que há gente que não convive bem com a democracia parlamentar.
Vamos ver até onde esta coisa vai.
Entretanto vamos devagar devagarinho, assistindo ao desfile das corporações em Belém, como se o povo português não tivesse já votado e o Parlamento não tivesse já sido eleito.
Jose
ResponderEliminarnoutros tempos já estarias a voar lançado pela janela
és um miguelista
não interessa a democracia mas torce-la até que sirva os interesses instalados
ResponderEliminaro coelhinho com os seus bramidos não hesita nas urgências em mostrar a sua escabrosa e golpista face
agora está na moda chamar aos outros o que somos
Passos Coelho como é ladrão apressa-se a chamar aos outros o que é
maquiavelices
"Eu estive cinco meses em gestão quando era primeiro-ministro".
ResponderEliminarO Presidente da República, Cavaco Silva, mostrou-se hoje imune às pressões para que apresse a indigitação de um novo primeiro-ministro, dando um "conselho" aos jornalistas de olharem para história e lembrando: "Eu estive cinco meses em gestão quando era primeiro-ministro".
ESTÁ TUDO DITO. GOVERNO DE GESTÃO
FONTE http://www.dn.pt/portugal/interior/cavaco-silva-eu-estive-cinco-meses-em-gestao-4887816.html
Vai-lhe sair o tiro pela culatra. Os Portugueses começam a abrir os olhos e a perceber que estes homens não largam o poder de forma limpa. A resposta vai ser cruel para todos eles. Mas isso passará a ser um problema que não pertence à Esquerda Nacional.
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