quarta-feira, 21 de outubro de 2015
«Aquilo de que uma parte da direita tem medo é que resulte»
«Paulo Portas é um monárquico convicto. E não consta que tenha estado no governo a tentar implantar a monarquia em Portugal. O Partido Comunista Português tem a sua visão sobre a Europa e o seu apoio a um governo alternativo não implicará a saída de Portugal do euro ou a rejeição dos nossos compromissos europeus. E por isso nós temos também, de alguma forma, de deixar de levantar fantasmas. Uma parte da direita portuguesa não tem medo que um governo destes corra mal. Não receia nacionalizações ou ocupações de terras. Aquilo de que uma parte da direita tem medo é que resulte. É que ao fim de um ano Portugal não tenha saído do euro, que não se tenha reestruturado a dívida e que as coisas tenham corrido bem. Porque nesse momento o monopólio que a direita hoje tem, de alianças, terminou. O que a direita queria mesmo era governar para sempre. Umas vezes sozinhos, outras vezes com a muleta do Partido Socialista. E isso não vai acontecer.
(...) Há matérias que são consensuais entre o PS, o PSD e o CDS. E essas matérias são o compromisso com a Europa e os compromissos internacionais. Esses compromissos estão salvaguardados. E a partir desse momento, do momento em que nós temos salvaguardado aquilo que é comum com a coligação de direita, nós estamos verdadeiramente, no resto, mais próximos do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda. Estamos a falar do quê? Estamos a falar mesmo de serviços públicos universais e tendencialmente gratuitos. Estamos a falar de direitos no trabalho. E estamos a falar de um país que perceba que os salários não são um problema, mas sim parte da solução de um país desenvolvido e competitivo.
(...) Quando conhecer o acordo vai perceber onde é que há medidas que compensam outras. E vai perceber que do ponto de vista orçamental não há nenhuma derrapagem. A restrição orçamental vai ser cumprida. Deixe-me dizer que, para surpresa de muita gente, tanto o Partido Comunista Português como o Bloco de Esquerda e o Partido Ecologista Os Verdes têm estado nesta negociação com uma grande seriedade e uma grande boa fé. E as medidas que vão apresentando são medidas quantificadas. Houve da parte desses partidos essa preocupação, de neste processo negocial estarem a ser apresentadas propostas que tenham viabilidade do ponto de vista orçamental. E isso é um ganho para todos nós e para o futuro governo.
(...) Por vezes temos tendência a achar que Estado Social significa desperdício e que esta resposta, que a direita tem dado, de liberdade de escolha, poupa recursos. A direita quer financiar, de forma competitiva, escolas públicas e o ensino particular e cooperativo. E neste momento alterou a lei que permite que se façam contratos de associação com escolas privadas, onde, na vizinhança, há escolas públicas a funcionar abaixo da sua capacidade. Isto é um sinal claro de desperdício (...) e feito apenas por motivação ideológica. (...) Na saúde, com o aumento brutal das taxas moderadoras, empurraram-se muitos portugueses, da classe média, para a saúde privada. Nós não queremos esse país. E é de políticas que nós falamos quando falamos deste acordo.
(...) Não tenha dúvidas que isso [impacto financeiro das medidas] será muito claro. Que o programa será escrutinado. Nós já temos as contas no nosso, o que facilitará a avaliação de um programa de governo que queremos resulte deste acordo. (...) Nós o que não conhecemos - e isso pedimos à coligação que nos facultasse e até agora não nos facultou - é o impacto financeiro das medidas que constam do programa eleitoral do PSD e do CDS e que não foram inscritas no Programa de Estabilidade nem enviadas a Bruxelas. Nós não sabemos.»
Da entrevista de Pedro Nuno Santos a José Alberto Carvalho, no programa 21ª Hora, na TVI24 (a ver na íntegra aqui).
Tanta conversa. Mostrem lá as contas, o resto é só o resto.
ResponderEliminarExcelente entrevista de PN Santos, dando a verdadeira dimensão das coisas. Nem mais, nem menos.
ResponderEliminarRepito: num país democraticamente saudável e sem resquícios salazarentos, o PM diria ao PR que não tem condições para governar, e abdicava. Bem pelo contrário, temos um ex-PM que vai dando sinais errados aos portugueses, dizendo que “acredita na benevolência” do PS no parlamento. Um divórcio difícil, em que uma das partes não quer aceitar a realidade. Em vez de se virar o mais depressa possível a página, já está a ser enfadonho continuar a ouvir a direita dizer que “ganharam as eleições”. Enfim, não perceberam nada de democracia, não percebem nada da constituição (quantos atropelos!), não contribuem nada para a estabilidade.
Como é que se continua a exigir contas ao PS, depois de tudo o que este já fez para tornar o seu programa transparente e sólido, e se continua a ignorar que a m**** da Paf nem contas sabe fazer, quanto mais apresenta-las...Ide dar banho ao cão.A brincadeira acabou.
ResponderEliminarContas e PS na mesma frase? 2009.
EliminarEstamos em 2015. Eu, como o resto dos portugueses quero soluções para o que vem, não que me relembrem os problemas do que foi. Acusações não são argumentos.
EliminarHá matérias que são consensuais entre o PS, o PSD e o CDS. E essas matérias são o compromisso com a Europa e os compromissos internacionais. Esses compromissos estão salvaguardados.
ResponderEliminarNão estão salvaguardados, não. Porque, a partir do momento em que se queira serviços públicos tendencialmente gratuitos (para o utente, mas não para o contribuinte!), a despesa do Estado tendencialmente aumentará e os compromissos tendencialmente serão violados.
O Sr. Lavoura, serviços públicos tendencialmente gratuitos são uma garantia constitucional que deveriam estar assumidos praticamente por todos os partidos públicos, exceptuando apenas aquelas que votaram contra esses preceitos constitucionais.
EliminarPela sua lógica, acabava-se com todos os serviços públicos, privatizavam-se esses serviços e já não haveria despesa pública, (o que implicava uma alteração da politicas seguidas pelo governo PSD/CDS, pois que o que têm feito é privatizar serviços, garantindo aos privados a sua sustentação á custas de dinheiro público), mas essa é já uma questão de opção ideológica, sendo certo que precisamente ai está a grande divergência entre a esquerda e a direita portuguesa.
Luís Lavoura, tão preocupado nos “compromissos” e meticuloso na sua aritmética, tanta retórica para nada.
ResponderEliminarSabemos, por exemplo, que o INE sinalizou a passagem do défice de 2014 de 4,5% do PIB para 7,2%, uma vez que houve injecção de capital de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução no Novo Banco, e depois?
Pois, o rigor…
Caro srº Lavoura
ResponderEliminarServiços públicos tendencialmente gratuitos são, tanto quanto se saiba e para já, o único meio de superar a democracia política e de caminhar no sentido de uma democracia real. E mais, devem ser tendencialmente gratuitos e também da melhor qualidade possível. Se o não forem, o que acontece é que se cria, por exemplo, uma saúde pública para pobres e uma saúde privada para ricos. Ou então ainda se faz um golpe mais sujo e habilidoso, coloca-se o Estado a subsidiar os serviços privados e a sucatear os públicos para os desprestigiar e no fim vendê-los por tuta e meia a privados. Portanto, sim, é tarefa prioritária de qualquer governo que preze os direitos das pessoas 'oferecer' serviços públicos de boa qualidade e tendencialmente gratuitos.
Curiosamente ataca-se as despesas com estes serviços, mas nunca vi ninguém do mesmo setor a criticar as despesas militares excessivas e o subsídio de guerras, essas sim dispendiosíssimas aos mais diversos níveis, o financeiro incluído. Para isso há sempre dinheiro!
o que o Lavoura não diz é que serviços de saúde e de educação públicos de qualidade são não só uma trave-mestra dum país democrata mas também facto de competitividade.
ResponderEliminaro país não tem culpa que o Lavoura e amigos não tenham mais nada para oferecer senão salários baixos como vantagem competitiva só porque não têm competência (nem vontade)para mais
Espera, este é o nosso grande deputado que vai por os alemães em sentido...
ResponderEliminarQuero ver o regabofe do governo que aí vem... Mas espero por um TGV sff
Pelo menos aproximaram-se do sentir popular o que e´ muito bom!
ResponderEliminarA aquiescência das partes demonstra vontade.
Os Partidos Socialista, Bloco de Esquerda, PEV e Comunista estão de parabéns. Eu gozo com isto…
Bem entendido, não vai ser fácil e não sabemos ate que ponto alguém possa perverter a constituição. Entretanto vai ficando a certeza de que existe neste país capacidade de abertura na esquerda, e ainda bem! De Adelino Silva
A Direita nem dorme. Eles até já ameaçaram que se houver um governo de esquerda vai haver manifestações até mais não. É a democracia deles. É o costume.
ResponderEliminarOs tipos estão tão habituados a estar bem instalados que qualquer coisa que os possa perturbar é uma desgraça.
É claro que para quem odeia tudo o que é público, representa um grande sacrificio pessoal estar no governo.
Os Portugueses, porém, isso não reconheceram ao votarem, já que cerca de 62% deles ( esses ingratos e pobres e mal agradecidos) deram a maioria absoluta á esquerda ( o que é imperdoável...) e disseram-lhes - ao P.Portas e ao P.Coelho - vão mas é pastar caracóis ou vender xuxas para a porta da maternidade que é aí que está o vosso futuro.
um novo consenso na sociedae portuguesa em torno a um conjunto de valores e de políticas. o valor da democracia e da liberdade, todas as transformações e mudanças necessárias serão feitas no respeito da constituição, então vamos começar por repor alguns desses valores, o principal deles é do estado social e do direito ao emprego, ha pessoas que não gostam, paciência , eles são apoiados pela maioria dos portugueses. Quanto custam ao contribuente, o que custem ao contribuente sera de acordo ao consenso fiscal, ao consenso tributario, a esquerda defende o principio da progressivdad redistributiva, o actual governo impus uma ditadura fiscal sobre o contribuente, obrigando a pagar coimas absurdas, juros elevados, mas o fez com um olho duplo, a fraude fiscal devera ser prioridade.
ResponderEliminarRespeitar os compromissos e tratados são um salto político importante para o PC e BE, respeitar não significa aceitar, eles foram impostos pela Alemanha, são expressão de uma correlação de forças europeias, são expressão do poder exíguo que tem Portugal perante as instituiçoes europeias, nem Italia ,nem Francia, nem espanha o cumprem ou pedem para postergar metas. Mas a politica externa portuguesa dever ter uma actitude de dignidae, de procura e consensos diferentes na Europa, os que permitam avançar na construção de zona euro ecom novas regras, recuperr a democracia escasa nas instituições europeias, ha quem deste lado veja nisto uma claudicção, eu vos digo, não se brinca na luta politca, e nestes dias tem a demostração do que a direita e capaz de provocar, se pudessem ate tinham ido a bater a porta dos militares, e vão ercebendo uma ajudinha da igreja, de sectores empresariais.
Não conheço os termos do acordo, mas confio na sagacidade e capacidade dos negociaores, pelo que vou ouvindo, e gosto do que tenho ouvido do Joao Galamba, do Pedro Santos, acho que o espíritu de formar governo para dar volta a página e isso é muito positivo, impedir que a direita consiga realizar todo o seu programa de privatizações absurdas, de desmantelar o estado social, de degradar a saúde e escola pública, e privatizar as pensões ja é un triunfo, depois estaremos aqui para apoiar esse governo com lealtade e espíritu crítico, e atentos a nada de tachos
Vai ser giro o esticar da manta, reposição já em 2016 dos vencimentos da FP, esta opção impede qualquer atualização nas pensões mais baixas. Ou seja, a intensidade da pobreza, que tanto aflige a esquerda, manter-se-á. A manta não chega para a cobrir.
ResponderEliminarAntes do resgate o PS aumentou os salários da FP em 2,9%. Alguns meses depois vieram os PECs e os cortes. Agora o PS repõe os salários. Daqui a uns meses vai ter de os cortar novamente. Não se aprendeu nada.
ResponderEliminarO BE e o PCP aceitam o Tratado Orçamental e os limites ao défice. Só não aceitam medidas para o cumprir. António Costa perceberá rapidamente.
ResponderEliminarDesejo profundamente que o acordo seja conseguido e atingido. E há boas condições para que isso aconteça.
ResponderEliminarIndependentemente das ideias mais gerais sobre a Europa, o importante é proteger os direitos dos Portugueses. E não será bem aceite por ninguém que os três Partidos à esquerda não se consigam entender, especialmente depois de todos terem escancarado as portas a esse compromisso.
-Cavaco -segundo todas as perspectivas conservadoras- vai nomear Passos e Portas:
ResponderEliminar-depois iremos assistir por parte da dupla de PPs ao espectáculo Parlamentar da tentativa de corrupção em directo dos "dissidentes Seguristas" e no fim de tudo, se as coisas correrem normalmente -sem golpes de Estado-, o Orçamento será chumbado!
A seguir o nosso PReCavSilva terá que nomear outro Primeiro-Ministro. Lá para finais de Novembro haverá um novo 25N. mas de pendor contrário e democrático, sem utilização de camuflados ou Blindados. Até porque o Jaime Neves já está no Limbo dos Inocentes.
Se o PS ceder à direita -seja por vontade de Costa, seja por traição dos Seguristas- vai acabar por pagar caro no futuro esta deriva. Se o acordo não se realizar à esquerda, por incapacidade da esquerda à esquerda do PS, será esta, a ter de suportar a factura no porvir.
ResponderEliminarJá que se critica e fala muito de uma proposta feita pelo PCP no parlamento Europeu, para que se criem condições económicas -no caso de existirem Países a terem de abandonar o Euro- que apoiem estes Países e lhes permitam fazerem essa saída de uma forma controlada. Não vejo em que esta proposta possa ser considerada inoportuna e politicamente incorrecta. Grave é não se criarem essas condições e manterem-se os condicionalismos actuais, que realmente impedem que se possa fazer uma escolha politica livre, no quadro da Zona Euro.
Negar essa hipótese é que se podem e devem considerar posições Anti-Patrióticas.
É vergar totalmente a coluna aos interesses dos grandes Financeiros.
Li hoje o comentário do Francisco Assis, a dizer que uma frente de esquerda é ambição desmedida pelo poder. Declarações infelizes estas que, a juntar ás que são costume este sujeito fazer, só o deviam envergonhar.
ResponderEliminarAfinal de contas, este grande "crâneo" ao que se vê, melhor estava no PPD e no CDS, tão bem se dá com eles e com as politicas deles.
A Direita do PS, chega tão boa ou pior do que a outra Direita. Com gente deste calibre é que o PS não vai a lado nenhum. É claro que o fulaninho não conta para nada e é uma carta fora do baralho mas a comunicação social do costume dá sempre grande realce á suas declarações para assim denegrir os outros. O fulaninho, porém, não se enxerga e continua sempre na mesma a vomitar disparates. Chiça.!