O primeiro diz respeito à melhoria da situação económica no último ano. É raro o governo que não beneficia de sinais positivos na frente económica, mesmo que sejam temporários e que resultem de factores exógenos (como é frequente em pequenas economias abertas, como a portuguesa). A conjugação das baixas taxas de juro (resultandes da política do BCE), da queda do preço do petróleo (devido à desceleração do crescimento nas economias emergentes) e da desvalorização do euro face ao dólar (que se deve àqueles e a outros factores), têm vindo a proporcionar um contexto internacional ligeiramente favorável à economia portuguesa. Simultaneamente, o governo suspendeu a austeridade, não adoptando medidas de consolidação orçamental perante os sinais de risco para as metas orçamentais. Tudo isto se reflectiu de forma ligeira (e, suspeito, passageira) nos indicadores económicos e de emprego.
O segundo factor diz respeito à eficácia do discurso da coligação de direita. Resume-se tudo a três ideias: i) o PS pôs o país à beira do abismo, ii) com o empenho e sacrifício dos portugueses conseguimos pôr a casa em ordem e iii) se o PS ganhar as eleições todo este esforço pode estar em causa. O discurso é simples e claro, o que não quer dizer que seja correcto (deixarei esta discussão para outra ocasião). Mas acabou por resultar, por um lado, porque a melhoria relativa da situação económcia tornou mais credível a ideia ii) e, por outro lado, porque o PS não soube ou não conseguiu desmontar as ideias i) e iii).
Isto conduz-nos ao terceiro factor explicativo dos resultados eleitoriais: a falta de clareza sobre a estratégia do PS para o país. Escrevi aqui que a coligação tem um projecto claro e coerente para Portugal. O PS, por seu lado, diz que não se revê nesse projecto, no entanto não é nada claro como pretende evitá-lo. Em termos simples: como acabar com a austeridade respeitando os compromissos europeus, depois da experiência da Grécia? Como se defendem as pensões cortando a TSU? Como se defende o trabalho impondo um contrato único? Como defender o Estado Social sem reestruturar a dívida?
Por fim, os últimos meses e a campanha eleitoral foram marcados por uma sucessão de casos reveladores de desorientação das hostes socialistas, que diminuiram o grau de confiança de muitos eleitores: a difícil relação do PS com o caso Sócrates; a hesitação em relação às presidenciais; a interpretação dos dados de evolução económica; entre outros.
Qualquer um destes aspectos me parece relevante para perceber o que se passou ontem. No entanto, os gráficos abaixo ajudam a perceber que isto é apenas uma parte da história.
O primeiro gráfico mostra a diferença do nº de votos (em milhares) entre 2011 e 2015 (nota: os dados não incluem os votos dos emigrantes, o que altera apenas ligeiramente a dimensão das barras e ajuda a explicar os votos em falta). Há três ideias importantes que ressaltam deste gráfico:
1) a coligação perdeu uma quantidade muito significativa de votos desde 2011 (mesmo com os votos dos emigrantes, os valores ficarão acima do meio milhão), revelando que a direita foi mesmo penalizada nesta eleições;
2) Não apenas o BE, mas também o PS recuperaram muitos votos (sendo acompanhados pelo crescimento moderado dos pequenos partidos). No caso do BE, tratou-se de um regresso aos níveis de votação de 2009 (depois de o eleitorado ter penalizado fortemente a atitude da direcção do BE em 2010 e 2011, valorizando agora, por contraste, a adopção de um discurso mais construtivo). No caso do PS, trata-se da recuperação face a uma queda contínua entre 2005 e 2011 - é isso que nos mostra o gráfico seguinte.
Quando se analisa a evolução do número de votos nos últimos 10 anos, somos confrontados com duas tendências de sentido oposto: o PS perde votos num volume idêntico ao da subida da abstenção (perto de 850 mil votos). Por contraste, PSD e CDS, considerados em conjunto, mantiveram a sua votação praticamente inalterada nos últimos 10 anos (o que aconteceu também com a CDU).
As coisas são sempre mais complicadas do que parecem. Ainda assim, o que este gráfico sugere é que o PS tem um problema sério e que não é de agora. Nos últimos 10 anos o PS perdeu quase um milhão de eleitores, o que aconteceu de forma continua entre 2005 e 2011, e foi apenas ligeiramente invertido nas eleições de ontem (ver primeiro gráfico). Esses votos perdidos não serviram para fortalecer os partidos de direita e só parcialmente se reflectiram no crescimento do BE e dos pequenos partidos. O definhamento do PS reflecte-se antes de mais no aumento da abstenção.
O corolário é este: a falta de confiança de uma parte substancial dos portugueses no PS não só permite à direita governar com cada vez menos votos, como contribui para o definhamento da democracia portuguesa.
Nota: os gráficos foram alterados, tendo sido corrigidos os títulos (por alerta de um leitor) e revistos os valores da abstenção.
No essencial concordo consigo. Tal como outros partidos do dito Centro-Esquerda, o PS parece perder a sua capacidade de federar a Esquerda e os seus eleitores engrossam a abstenção, talvez porque considerem que o Partido já não é capaz de apresentar uma alternativa ao Consenso Europeu, que é de Direita, mas são incapazes de votar seja na Direita, seja no BE ou eventualmente da CDU. O que me parece apesar de tudo interessante é como é que o PS resiste à hecatombe (na Alemanha o SPD passou de trinta e muitos por cento em 2002 para 25% em 2009, o Pasok desapareceu, os Partidos Social-Democratas nórdicos perderam também uma boa parte do seu eleitorado, o PSOE também tem sofrido bastante e assim por diante). Veremos se a mais que provável condição de muleta da PàF nesta legislatura levará a uma transferência de votos para o BE e para a CDU ou se o PS de alguma maneira estancou a hemorragia.
ResponderEliminarGostaria apenas de assinalar que os títulos dos gráficos estão incorrectos, pois os votos representados correspondem ao seu valor absoluto e não ao valor multiplicado por mil, como indicado entre parêntesis.
ResponderEliminarUm bonito exercício, mas meramente especulativo!
ResponderEliminarTem alguma forma de demonstrar a sua tese ? Ou enuncia-a com o propósito tão pós-moderno de que ela produza a sua própria realidade ?
Cumprimentos,
MRocha
Provavelmente a variacao no numero de recenseamentos e negligenciavel. Nao sei se tera sido levada em conta. Boa e necessaria analise.
ResponderEliminarOs tudologos faziam bem, em rever todas as atoardas que andaram a dizer, e os resultados concretos obtidos. Aprender, ter humildade para verem que talvez o seu umbigo não é tão valorizado como se auto proclama, ajudava a termos melhores tudologos e politicos. Mas vendo as declarações dos novos partidos e seus trolls, chegamos a conclusão que quem está errado são os eleitores. Continuem com as fantasias e bom proveito.
ResponderEliminarAgradeço ao anónimo das 17h50 ter chamado a atenção para o título dos gráficos, que foram alterados em conformidade (e actualizados nos valores da abstenção).
ResponderEliminarO PS foi grande quando foi promessa de defesa do país, quer da esquerda quer da direita.
ResponderEliminarComo a direita não é já uma ameaça séria, basta que não seja claro ao defender o país da esquerda para ser de questionável utilidade.
" por outro lado, porque o PS não soube ou não conseguiu desmontar as ideias i) e iii). "
ResponderEliminarCreio que aqui reside a única grande falha da análise. Não é uma questão de não saber ou de não conseguir, é de não poder! O ps transformou-se num grupo em que os interesses pessoais (dos integrantes com responsabilidades) e partidários se sobrepuseram a tudo o mais ultrapassando de uma forma absolutamente obscena todos os limites, inclusivamente os legais! Uma boa parte dos que, como eu, votavam ps deixaram de o fazer pelo nojo provocado pelo comportamento daqueles que tinham obrigação de ser exemplo. Enquanto não desaparecerem do palco palaciano as caras dos implicados nesse desastre que foi a última (e não só) governação socialista não espere o ps voltar a ter a confiança de todos os que se sentiram traídos. A raiva pela traição, é bom não esquecer, é sempre maior do que a que se sente pelos que são "apenas" adversários ou mesmo inimigos.
Óptimo texto Ricardo, mas só um pequeno reparo na seguinte frase "As respostas habituais a esta questão passam, de uma forma ou de outra, por quarto tipo de factores." deveria ser QUATRO tipo de factores (auto-correct maroto de certeza).
ResponderEliminarObrigado e um abraço.
A abstenção em 2015, relativamente a 2011, aumentou 2 pontos percentuais: mais quase 200 mil abstencionistas.
ResponderEliminarDe nenhum modo enviesa a análise do RPM, pelo contrário, torna-a ainda mais interessante
Caro Ricardo Mamede,
ResponderEliminarVejo que optou por comparar as legislativas de 2015 com as de 2011 (as últimas em que o PSD/CDS-PP obteve maioria absoluta) e de 2005 (as únicas em que o PS também conseguiu essa façanha).
Pela minha parte, optei por comparar as legislativas de 2015 com as de 2009, por dois motivos:
a) Em ambos os casos, a força política que estava no Governo nele se conseguiu manter, mas a maioria absoluta deu lugar a uma maioria relativa;
b) Em ambos os casos, as eleições tiveram lugar após o que foi apresentado pelo governo de maioria absoluta em funções como o "fim" de uma crise.
Os resultados são interessantes:
1. Em 2015 foram votar menos 306.893 eleitores que em 2009, sobretudo devido a uma maior abstenção (mas não só);
2. Em 2015 houve mais 22.884 votos brancos e nulos que em 2009;
3. Em 2015 houve mais 195.995 votos que em 2009 em "pequenos partidos" (os que não chegam aos 2%);
4. De 2009 para 2015, TODAS as forças políticas representadas no Parlamento perderam votos, sendo o PS, de longe, quem mais perdeu (336.938 votos) e a CDU, também de longe, quem menos perdeu (1.960 votos); quanto ao PSD/CDS-PP, perdeu 178.721 votos, e o BE perdeu 8.153 votos.
A. G. Correia
Procurei e ainda não encontrei. Há neste Blog um assumir de responsabilidade do Paes Mamede? É que me parece que um dos principais ideólogos do Tempo de Avançar tb teve a sua dose de responsabilidade no fracasso no seu partido. Mas isso não é necessário: o que importa é mais uma meia dúzia de gráficos a malhar no PS. Por sinal, aquele partido com o qual o Paes Mamede queria coligar-se. Vai-te catar, meu. Não te enxergas?
ResponderEliminarO Ps perdeu-se quando assumiu o caminho da terceira via e não mais se encontrou. Perdido esse terreno, ficou sem chão ideológico concreto o que permitiu um caminho feito ao sabor das conjunturas.
ResponderEliminarPor isso nunca compreendi quando António Costa resolveu assumir o poder no partido e os cidadãos o viram como figura tutelar. Na altura comentei que o problema da social democracia não tinha sido resolvido por nenhum dos líderes europeus, não me parecia que fosse Costa a encontrar a solução. Mas foi com essa esperança que foi eleito... claramente a salvação foi curta. E ziguezagueante. Um dia de campanha abraçávamos a esquerda, no dia seguinte piscávamos o olho à direita. Para encontrar votos, não num enquadramento ideológico estruturado.
Há uns dias atrás, António Costa disse que provavelmente esta era a última vez que o país confiaria em nós. Na altura assinalei que temia que já o tivessem feito em 2009.
Confirma-se.
Desde a saída de Sócrates o partido tem assumido a existência de facções que se digladiam em todas a lutas, internas e externas, sem que nenhuma queira de facto debater o caminho ideológico a trilhar, propostas claras a apresentar. De fuga em fuga, até à derrota final. Provavelmente quando pararmos, será no fundo da urna.
Acho interessante o seu artigo, apesar de não estar tão certo de que o aumento da abstenção corresponda de facto à diminuição dos votos do PS. Mas não vejo o definhamento do PS como um drama mas sim, pelo contrário, com alegria! o PS tem sido o Partido responsável pelo fraco crescimento das forças de esquerda, principalmente a sua "Ala Esquerda" que tem como função capturar todos aqueles que poderiam deslocar-se para a esquerda, reconduzindo-os para o "Arco da Governação". Espero que o PS acabe, e quanto mais depressa, melhor! A bem da Esquerda...
ResponderEliminarO mais importante: a Coligação não tem maioria.
ResponderEliminarTalvez seja chegada a hora do PS clarificar: ou é absorvido ainda mais pela direita original, ou rompe de forma visível, mesmo que isto não seja do agrado de alguns dos seus “sócios e clientes”.
O que acima se lê diz exactamente o que seja o 'pensamento de esquerda' dominante: um interminável bolsar sobre a ideologia (em modo reduzido em extremo) e a competição entre as diversas capelas esquerdalhas.
ResponderEliminarSobre a operacionalidade política das propostas conhecidas, sobre a capacidade política dos seus dirigentes e a identidade e poder das forças que suportariam ou se oporiam a essas propostas, é o total vazio.
Parodiando a rainha má 'espelho meu espelho meu, há alguém mais de esquerda do que eu?'.
Tudo começou quando a esquerda logo em 2011 não contestou o discurso reaccionário que atribuía a Sócrates todas as culpas pelo crise que se estava a viver. A partir daí aceitou-se o discurso paroquial de que se tinham feito gastos excessivos, de que se tinha vivido acima das possibilidades de que Sócrates e os socialistas é que eram responsáveis pela pré-bancarrota etc etc. Mais tarde todos perceberam que afinal o racional era outro, mas os estragos já estavam feitos.
ResponderEliminarAgora podem limpar as mãos à borrada que fizeram e se quiserem emendar a mão, o melhor é começarem a estudar economia, politica e até filosofia, só assim poderão vir a aprender alguma coisa.
Acho que a análise é bastante interessante e concordo com a generalidade das ideias que deixa no seu artigo. Acrescento só mais umas notas que acabam por corroborar o que escreveu. O crescimento enorme do turismo veio dar uma ajuda à economia (o mal de outros países foi o nosso bem). Quanto à taxa de abstenção será bom não esquecer que Portugal "perdeu" para a emigração milhares de pessoas em idade de votar. Seria interessante saber se essas pessoas não votaram porque se abstiveram ou se não lhes foi possível concretizar a pretensão de votar. Só assim se pode ver se o aumento da abstenção é real ou factual.
ResponderEliminarO PS tem vindo a perder progressivamente votos para a abstenção , e desta ultima vez terá tambem perdido para o Bloco de Esquerda . Perante estes factos uma viragem à direita seria um erro muito grave.
ResponderEliminarno blogue tempo das cerejas está anunciado um link para um texto dos ladrões publicado há 19 horas.
ResponderEliminarchama-se "Não há nem haverá acordos com esta direita", mas não dou com ele aqui publicado.
"Com 36,3% a 25 de Janeiro e 35,5% a 20 de Setembro na Grécia, o Syriza obteve "expressivas vitórias".
ResponderEliminarCom 38,6% a 4 de Outubro em Portugal, a coligação PSD/CDS "foi derrotada"."
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/o-tamanho-nao-conta-7804725
Nem mais.
Alguém disse que a direita não é, hoje em dia, uma ameaça. Só pode ser para rir. Se isto é a direita a não ser uma ameaça, não quero imaginar o que seria a direita a ser uma ameaça. Enfim.
ResponderEliminarPelo primeiro gráfico deduz-se que o número de votos que o PSD/CDS perdeu em 2015 face a 2011 é de 745.347 o que não iguala com devia o somatório dos votos ganhos pelos outros partidos, pelos votos da abstenção pelos nulos, etc da coluna da direita.
ResponderEliminarQual a razão?
Por razões que não encerram qualquer sentimento de sectarismo ou revanche, concordo em absoluto com o Carlos de hoje às 09:12 e espero bem que sejam os simpatizantes e votantes do PS os primeiros a exigirem a materialização desse objectivo: acabar e depressa, para o bem deles, para o nosso, para todos os que não se deixam embalar em cantigas de uma colecção de dirigentes caducos e capturados até à medula pelo neoliberalismo mais ortodoxo, que infelizmente por ali pulula e que de Abril já nem do nome gosta.
ResponderEliminarRicardo Paes Mamede, Vi ontem, segunda feira, parte do prós e contras na RTP1 e com muito agrado notei que tinha sido um dos convidados. Admirei e admiro a forma como combate e contra argumenta todas as ideias que os comentadores de regime querem desde a primeira hora do pós eleições passar para a opinião pública.
ResponderEliminarDe facto assiste-se já a um formar opinião de que o PS terá de se entender com a PaF e não com o resto da esquerda, que começa a ser já apelidade de irresponsável, de não querer economia de mercado, entre outras coisas.
No entanto, confesso que a minha admiração vem mais pelo facto de o Ricardo se dar ao papel de estar num painel, manifestamente hostil, e manifestamente já com a "lição" estudada, em plena televisão pública.
Confesso que já estive em certos paineis, de diversos assuntos, a uma escala mais local, mas igualmente hostis e reparei que por muito que se queira passar uma mensagem contrária à do sistema, a mesma é sempre abafada.
Confesso que me sinto cada vez mais desanimado porque a luta parece sempre desigual.
Pronto... foi só um desabafo.
O P.S. recuperou votos mas tem vindo a obter cada vez menos de eleição em eleição. Infelizmente, porém, creio que correr sérios riscos de perder muitos e muitos mais há semelhança, aliás, do que aconteceu na Alemanha com o SPD quando este se aliou á A.Merkel.
ResponderEliminarSe o P.S. fizer a grande e grave asneira de fazer quaiquer acordos com a direita reacionária( PSD,CDS e Cavaco Silva (que dentro de pouco tempo será "o de má memória") irá de certeza perder muitos mais votos numas próximas eleições.
É que se assim for, se cair na armadilha que lhe está ser estendida ( e que ele parece estar a ponderar...), definitivamente, deixará de haver qualquer diferença entre a direita e o P.S.
Não há, porém, que admirar pois, para mal de Portugal e dos Portugueses, há muito que o P.S. deixou de ser um partido de esquerda preocupado com o bem estar dos Portugueses(veja-se por ex. a sua posição perante o tratado Orçamental (que aceitou) e sobre o Tratado Transatlãntico que aí vem (que não rejeitou in limine, como devia).
Ora, tudo isso, porque gerador que vai ser das maiores malfeitorias e injustiças, é indigno de qualquer partido que se arroga de esquerda.
Não é uma mera impressão, a coligação da direita está a ficar nervosa.
ResponderEliminarAfinal, a realidade está a suplantar o fogacho da vitória:
PS+BE+CDU = 2 736 798 de votos, que de uma forma ou outra, se manifestaram contra a política deste governo, que nem programa tem;
PAF = 1 981 388 de votos do tal Portugal que quer mais austeridade (!), segundo W. Schäuble (Aqui: http://www.esquerda.net/artigo/schauble-diz-que-portugal-quer-mais-austeridade/39025)
Continuação do meu comentário anterior (22:33 de 5 de Outubro):
ResponderEliminarVale também a pena comparar directamente os resultados das legislativas de 2009 e 2011. Em 2009, os maiores "ganhadores" foram o PS e o BE: o PS ganhou as eleições, embora com maioria relativa, e o BE teve ainda mais votos que anteontem, atingindo o seu máximo histórico em eleições legislativas. Contudo, entre 2009 e 2011, o PS e o BE foram os que mais caíram: o PS passou de 2.077.238 votos para apenas 1.566.347; e o BE caiu dos seus históricos 557.306 votos para pouco mais de metade (288.923). Quanto à direita (PSD/CDS-PP), cresceu de 2.246.443 votos até 2.813.069 (50,37% do total); e a CDU, como de costume, ficou mais ou menos onde estava (passou de 446.279 votos para 441.147).
Convém lembrar que, uns meses antes das legislativas de 2011 - apertávamos então o cinto de acordo com o PEC-3 -, os "ganhadores" de 2009 já tinham sofrido uma primeira derrota eleitoral: a candidatura presidencial de Manuel Alegre, apoiada pelo PS e pelo BE (e também pelo PCTP-MRPP)) não foi além de 817.980 votos (19,67%),
e o candidato do PSD/CDS-PP (Cavaco Silva) chegou aos 2.209.227 (53,14%).
A.G.Correia
É fundamental que o PS não se venha a transformar no terceiro partido da Direita Portuguesa.Se houver uma continuação da mesma política do Monetarismo que assola a Zona Euro será apenas uma "Evolução na Continuidade", como foi dito por Marcelo Caetano no seu primeiro discurso quando substituiu Salazar.
ResponderEliminarA nível internacional o PS deve apoiar sem hesitações o novo Governo Grego e o Syriza
de forma a que se possam criar vozes antagónicas ao Eixo Central Europeu Ocidental que ocupa uma posição dominante na Zona Euro e na própria União Europeia. Tambem deve haver uma oposição ao FMI que é um aliado incondicional do referido Eixo e que tem imposto uma política económica ruinosa aos países que têm tido a infelicidade de cair no seu domínio.É preciso ter a coragem de enveredar por esse caminho.
Bom artigo. O dilema do PS é de facto parecido ao dos restante partidos de centro-esquerda europeia: como conquistar votos ao centro (que está cada vez mais à direita) sem perder o seu eleitorado tradicional. A resposta tem sido uma mistura de discursos à esquerda e políticas à direita que, em tempo de vacas gordas, fizeram a felicidade por essas terceiras vias fora. Mas, em tempo de contração económica e sem anéis nos dedos, este modelos esgotou-se rapidamente. Simultaneamente, a cedência descarada aos grupos interesse levou a que a própria defesa da causa pública muitas vezes pareça mais a defesa dos negócios públicos garantidos aos compinchas do setor privado. Em suma, e ao invés do centro-direita e dos partidos de esquerda, não é claro qual é o modelo de sociedade que estes partidos querem construir.
ResponderEliminarPequena, mas talvez não despiciente, questão:
ResponderEliminarUtilizas como comparativo histórico uma das eleições mais atípicas. Aquelas em que Santana Lopes (28,8%) e Paulo Portas (7,2%) obtiveram o resultado mais baixo de sempre da direita (36%, quando só por 3 outras vezes em 13 tinha ficado abaixo, e por pouco, dos 40%) e em que Sócrates obteve a única maioria absoluta de deputados do PS (Guterres só tinha conseguido metade do hemiciclo, em 1999).
Qual o sentido possível de uma comparação dessas? Até as eleições de 2009, ganhas de novo por Sócrates, davam 36,6% ao PS e 39,5% ao conjunto da direita...
Aquele a qiem chamam 'a múmia' falou.
ResponderEliminarE disse o óbvio: Nato-Europa-moeda (e dívida)-íngua são os pressupostos de qualquer aliança pokítica, aceitando ou rejeitando os seus termos.
O PS prosseguirá o que diz ser papel de charneira e que melhor se descreve como de um pé cá, um pé lá, numa dança que nos vem conduzindo da mediocridade à miséria.
E assim vai continuar até que se desfaça nas facções que o formam, pela quais se diz plural quando melhor se definiria por saco de gatos, agência de empregos, associação de quadrilhas ou qualquer outra coisa que revele um ajuntamento sem outro projecto que não o de ajuntar.
Bem, o Paes Mamede tem lata. Muita lata. Ideólogo de uma coligação que não chegou aos 40 mil votos depois do Livre, sozinho, em 2014, numas eleições a brincar, ter tido 72 mil votos. Mas que credibilidade pensas que os portugueses atentos (aqueles que não páram pela Av. das Forças Armadas) te dão? Há espelhos aí por casa?
ResponderEliminarÉ preciso mais 10 livres tempo de esmolar para salvar o ps. Mesmo assim, face a tão insignificante votação em pessoas tão ilustres não sei se chegava.
ResponderEliminarNem se fala do livre tempo de pedinchar. O pan tem mais peso político.
ResponderEliminarLi aqui comentários que referem comportamentos fraudulentos de pessoas que deveriam ser exemplos para justificar a perda de votos do PS. Será preciso lembrar os casos que foram aparecendo ao longo de mais de 40 anos, e que implicam vários responsáveis do chamado "arco do poder"? Querem exemplos? Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Cavaco Silva, Duarte Lima, (BPN e vivendas no Algarve) José Sócrates (Freeport e sabe-se lá que mais, Mário Soares (Fundação Mário Soares), Paulo Portas, e seus comparsas em Submarinos, Sobreiros de Benavente (BES),Habitações na Serra da arrábida e ainda se lembram do Jaguar da universidade moderna?
ResponderEliminarSão todos iguais meus senhores! Não tenham ilusões! Ninguém chega às cúpulas dos partidos se não garantirem que, os mesmos de sempre, vão continuar a ser donos disto tudo. OS BANQUEIROS!