[P]orque é que o centro-esquerda, de modo geral, não beneficia das falhas dos seus adversários políticos? A principal razão reside na sua absorção das políticas do centro-direita, que remontam há quase três décadas: a aceitação de acordos de livre comércio, a desregulamentação de tudo e, na zona euro, das regras orçamentais vinculativas e da versão mais extrema de independência do banco central no mundo inteiro. Eles são completamente indistinguíveis dos seus adversários (...) Quando a zona euro foi construída foi com alicerces neoliberais. Lembro-me de um proeminente político social-democrata que tinha orgulho em saber de cor todas as regras do Tratado Europeu. Ninguém questionou se as regras faziam sentido (...) Será que os partidos de centro-esquerda teriam um melhor desempenho se se voltassem de novo para a esquerda? A eleição de Jeremy Corbyn como líder do Partido Trabalhista britânico pode anunciar essa mudança. Mas a Grã-Bretanha não está vinculada ao consenso da zona euro. Aí basta apenas uma mudança de governo para mudar a política, enquanto na zona euro seria necessária uma alteração do Tratado - ou, mais provavelmente, uma revolução. Está longe de ser evidente que os atuais partidos de centro-esquerda vão aparecer como agentes de mudança. Eu suspeito que não.
Wolfgang Munchau, editor associado na área de assuntos europeus, Financial Times (traduzido no DN).
Na zona euro só tem restrições, quem não consegue pagar as suas contas. Os países estáveis fazem o que lhes aprouver e ninguém contesta seja o que for!!
ResponderEliminarConclusão: sem política monetária não há discurso político de esquerda que possa ser levado à prática.
ResponderEliminarA gestão eficiente do capitalismo ofende-lhes as meninges ideológicas.
A revolução socialista já não a querem fazer.
Têm que dar ares de estarem a construir o socialismo enquanto não destroem o capitalismo; para isso precisam dos vai-vem da política monetária, o dá e tira de conquista/inflação, e nada de globalização, com livre comércio à medida e controlo de capitais quanto baste.
Um capitalismo com moeda e aprisionado em fronteiras são serviços mínimos de socialismo
O costume.
Um pequeno País com a nossa estrutura produtiva não beneficia de uma moeda forte, e esta é a melhor razão para sair do Euro, com ou sem orçamentos equilibrados. Note-se que a Dinamarca e a Suécia, países muito mais desenvolvidos que nós, não aderiram ao Euro porque os seus eleitorados quiseram manter esse atributo essencial da soberania que é a emissão de moeda. Mas por uma vez tenho que concordar com o que é dito acima. De facto, sem política monetária independente, não podemos seguir outro modelo económico que aquele que nos é imposto pelo sítio onde essa política é decidida, ou seja Frankfurt. Portanto, votar para quê (esse mau hábito socialista), se as escolhas de política económica, que são centrais ao processo de escolha democrático, estão decididas a priori, como bem diz Munchau? Agora o que é curioso é verificar-se que muito pouca gente na nossa Direita parece preocupada com a perda de Soberania e Autonomia que isto implica (onde já vão as dúvidas que o CDS tinha em relação ao processo de construção europeia, hoje seriam classificadas de socialismo, aposto). Ou seja, a Direita Portuguesa tornou-se simplesmente pró-capitalista, mais nada. Como de costume, a única coisa que o Conservadorismo quer conservar são os privilégios (e se possível, expandi-los).
ResponderEliminarBom post.
ResponderEliminar«Eu suspeito que não», também.