domingo, 13 de setembro de 2015
Prova de mérito
Foi há mais de uma semana, mas vale a pena regressar às declarações de António Costa sobre os refugiados e a limpeza das matas. É que além de Costa ter estado realmente mal nesta ocasião, independentemente das provas dadas que possui em matéria de humanismo e acolhimento de imigrantes, há alguns aspectos desta questão que ainda não foram referidos.
António Costa esteve mal, para começar, porque há um subtexto que perpassa das suas palavras e que Costa não pode ignorar. Mesmo que pretendesse apenas exemplificar algumas das áreas em que existe necessidade de mão-de-obra em Portugal, como foi posteriormente alegado, as suas declarações não deixam de reforçar a visão utilitária do problema. Ora, o critério utilitário, a ideia de que os refugiados podem ser úteis para Portugal e para os portugueses, não é um argumento legítimo, ou pelo menos não deveria sê-lo. O acolhimento de refugiados deve ser motivado, acima de tudo, por questões de solidariedade e salvaguarda dos direitos humanos. Secundariamente, deve sê-lo por considerações de reciprocidade e respeito pelas convenções internacionais de que Portugal é signatário, incluindo a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Mas não deve sê-lo por critérios utilitários, pois isso reforça a ideia, ética e politicamente condenável, de que se porventura essa utilidade imediata não existir, se por acaso não existirem “coisas para eles fazerem”, desaparecem as razões para que os devamos acolher.
Mas há um segundo motivo, mais subtil, para que esta intervenção seja tão infeliz. De forma consciente ou inconsciente, a intervenção de António Costa inscreve-se numa tradição discursiva em que a limpeza da mata constitui o arquétipo da contrapartida que deve ser prestada por quem queira merecer apoios do Estado. Repare-se como os últimos governos – tanto do PSD/CDS como do PS – têm obrigado desempregados e beneficiários do RSI a dedicarem-se também eles à limpeza das florestas sob pena de perderem os respectivos apoios sociais. Na lei e no discurso político, a limpeza da mata, trabalho físico duro e consequentemente apropriado à expiação da “culpa” de se receber um apoio social, tem vindo a tornar-se uma espécie de prova de mérito dos “bons pobres” – se quisermos, uma condição de recursos do merecimento.
Esta visão desvaloriza o trabalho, subverte os direitos e reforça a ideologia punitiva que vira remediados contra pobres. Alinhar com esta linha discursiva é algo que esperamos da direita, mas não de quem se considere socialista.
(publicado no caderno de economia do Expresso de 12/09/2015)
Também há outra forma de ver a situação e é esta: Os políticos europeus são fantoches do grande poder(bilderberg e afins que se reunem em hotéis de luxo em segredo)que quer fazer o caos geral(já fizeram lá no oriente médio)para melhor controlarem os povos e criarem a sociedade global onde não tem mais pátria nem cultura nem nada.Parecem agora muito preocupados com os migrantes/refugiados(não pensaram nisso quando se calaram perante guerras injustas fomentadas pelos zio-americanos e "aliados")quando andam desde 2011 a castigar seus próprios cidadãos.A insanidade tomou conta do mundo.
ResponderEliminarE os esquerdistas(marxistas ou não)contribuem para essa agenda com suas irracionalidades pseudo-humanistas que não servem a ninguém quando tudo estiver em caos(repare no absurdo,ao mesmo tempo que dizem ser defensores dos trabalhadores e pobres promovem a "invasão" de migrantes os quais vão ajudar o grande capital e a Merkel a manter o status quo).Mas acha que eles querem saber disso?Não me parece.
Eu concordo que a declaração de Costa foi infeliz, mas há um aspecto importante a ressalvar dela. É que seguramente muitos dos Refugiados que recebermos irão sentir-se bem em Portugal e depois de terem os filhos na Escola, quererão permanecer e não regressar a um País devastado e sem Segurança ou Liberdade Política e Religiosa. Portanto, mais valia que começássemos desde já a pensar em maneiras de os integrar na Sociedade Portuguesa. Isto implica também arranjar-lhes trabalho, esperemos naturalmente que as competências de que dispõem lhes permitam fazer mais do que aquilo que Costa propôs...
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ResponderEliminarOs do Arco da governança amarraram-se de tal forma aos sistemas financeiros externo e interno que parece não haver maneira de se desatarem desse “No´ Gordio”!
A Coligaçao de direita permanece firme na defesa reacionaria de um profundo corte dos gastos sociais.
Enquanto o PS, em quem eu depositava alguma esperança de mudança, propoe-se continuar no mesmo com alguns arremedos pouco convicentes.
Ao PS compete, com outras forças de esquerda, acertar a agulha da governaçao.
O homem do Leme, A.Costa, tem, frente a Bitacula, de governar conforme a voz do comando – o Povo Eleitor-.
A´ partida, o PS tem de mostrar convicçao para que a chegada seja triunfal, para que o povo não se sinta mais uma vez frustrado! De o “Catraio” com respeito
Subjacente a esse discurso politicamente incorrecto, está ideia que emprego nobre, seja para quem for e ainda mais para os que podem viver de subsidios, só serão, empregos em escritórios, tecnológicas, câmaras municipais(escritório).
ResponderEliminarDiscurso tipico dos "especialistas" dos partidos politicos, de quem nunca trabalhou em fabrica ou ocupação produtiva.
«reforça a ideologia punitiva que vira remediados contra pobres»
ResponderEliminarEntenda-se por remediados que trabalha e paga impostos.
Entenda-se por pobres quem não trabalha e vive de subsídios.
O remediado, que sustenta o pobre, não deve ter a ideia punitiva de que este deve limpar florestas para justificar que o sustentem.
O politicamente correcto tem suas exigências!!!
elites é o nome de quem quer os frutos do trabalho sem trabalhar e sem pagar
ResponderEliminarO neoliberalismo a fazer o seu caminho dentro do ps.
ResponderEliminarA.Silva
A.Silva, a fazer o seu caminho? como se ainda fosse preciso.
ResponderEliminar13 de setembro de 2015 às 23:47, pensava que não era elites, dantes o nome era negreiro ou escravocrata.
Há de facto muita coisa ma´ neste pais, como a divisão do território, e consequente erosão dos solos, floresta e desertificação. O Costa, como bom português que e´, lembrou a limpeza das matas e agora como cães esfaimados atiram-se ao bofe.
ResponderEliminarE, ainda há dias António Guterres lembrou que a Europa tem um défice de 200 mil humanos, no dizer dele, que precisa de mão-de-obra barata.
Ainda que, para alem do milhão de inactivos portugueses (prontos?) para essa tarefa.
O AC, ESQUECEU DE POR essa coisa NO SEU PROGRAMA. De o “Catraio” com respeito