«Não foram só os 3,9 mil milhões que Passos perdeu. Perdeu também um bom argumento: a principal vitória do governo era ter controlado o défice. Mas o défice de 2014 ficou exactamente igual ao de 2011. O défice está igual ao que estava há quatro anos. E fartámo-nos de cortar e de aumentar impostos. Mas Passos Coelho parece não estar preocupado com esta situação: "Trata-se portanto apenas de uma contabilização estatística, que não tem qualquer efeito".
Ou seja, quando é para cortar pensões: «Eh pá, desculpem lá mas tem que ser, por causa do défice... O défice é um número importantíssimo! Não posso aparecer na Alemanha com um défice destes... Só porque vocês querem receber salários, ou lá o que é...". Quando é para tapar buracos de bancos: "O défice? O défice? Isso é uma contabilização estatística... Quer dizer, é um número... Não vamos estar aqui a chatear-nos por causa de um número...".
Ainda por cima, esta situação - que à partida parece péssima - parece que tem vantagens [segundo o primeiro ministro]: "Se emprestámos dinheiro ao Fundo de Resolução, para criar o Novo Banco, o que se passa é que o Estado até hoje já recebeu mais de 120 milhões de euros de juros desse dinheiro que emprestou. O que significa que, quanto mais tarde esse dinheiro que emprestámos regressar aos cofres do Tesouro, regressar à esfera pública, mais dinheiro em juros o país acumulará". Juros? Alto, ai estamos a receber juros? Então quer dizer que não termos conseguido vender o Novo Banco é bom! Porque estamos a ganhar juros. Se tivéssemos mais três ou quatro bancos falidos, vivíamos todos dos rendimentos!»
Isso é tudo muito bonito, mas, «Novo Banco, Velho Défice» (A imperdível história de uma resolução, em dez actos, a ver na íntegra)
Já vi peças melhores do Ricardo Araújo Pereira.
ResponderEliminarEstá ligeiramente divertido, mas as imprecisões económicas tiram-lhe a piada.
"Está ligeiramente divertido, mas as imprecisões económicas tiram-lhe a piada."
ResponderEliminarSe há coisa que é sabido é que os manuais de economia estão cheios de piadas.
Só o piadético anima a oposição ao governo...
ResponderEliminarA razão pela qual RAP é particularmente eficaz é que o processo de falência e de resolução do BES é uma anedota tão grande que só pode ser adequadamente contestado ao nível da sátira (o mesmo se passando com outros disparates sem conta do Governo), como se vê pela peça (que não tem grande piada, mas o objectivo da sátira não é sempre fazer rir). Se António Costa percebesse alguma coisa de stand-up comedy, ganhava as eleições com Maioria Absoluta...
ResponderEliminarO problema da zona euro, com ou sem moeda única, reside na forma e conteúdo cerebral dos seus dirigentes. Com o Real na Monarquia, depois com o Escudo na República, e pelos mesmos motivos, Portugal nunca andou bem.
ResponderEliminarA soberania não se perde pela moeda simples ou complexa, única ou acompanhada. A soberania perde-se pelo cérebro.
Por erros ou certezas do passado, estamos ligados a` União Europeia e´ um facto. Certo. Há que retificar!
Ah, soberania… mas tirando um tempo ou outro, alguma vez fomos soberanos de facto? Ou chamam soberania a´ cordata com o Vaticano (Santa Se´), ao domínio Espanhol. Francês e Inglês… e agora domínio do Tio Sam?
Se por ventura sairmos desta União Europeia/NATO, (gostaria de ver). Será que não entraremos em outra qualquer união?
Como se auto-sustem um povo “isolado” em pais pobretana de ideias? Mas se continuarmos nesta União, pra´ qual não fui visto nem achado, deixaremos as cronicas carências?
Passamos a ser um país de subsídios, subsidiado subsidiariamente por não querermos trabalhar/produzir…
Uma boa parte dos homens e mulheres da minha classe (classe operaria), “eu também tenho uma classe”, vive de expedientes subsidiados. Muitos jovens, filhos da “minha” classe operária, desde que tenham o essencial, preferem o engano. Culturalmente formados no “Desenrasca” não tem alternativa…E´ um absurdo! De Adelino Silva