quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Leituras
«Perguntava Pedro Passos Coelho: "Por que é que o Estado há de garantir pensões de quatro mil e quinhentos, cinco mil, seis mil, sete mil euros por mês?" (...) Para quem assim fala, a ameaça para o sistema está nas pensões altas. E quantas são essas pensões altas hoje em dia? (...) Facilmente se vê [gráfico]. Havia, em dezembro de 2013, 560 pensões de velhice e invalidez acima dos 5594,34 euros/mês. 560 pensões num total de 1,9 milhões de pensões. Repito, quinhentas e sessenta pensões em um vírgula nove milhões. Ou seja, 0,03%. Encontram-se três pensões acima dos 5594,34 euros por cada dez mil. Três em cada dez mil. (...) Com o plafonamento, (...) abre-se uma caixa de Pandora e isso virá a ser um péssimo negócio para a Segurança Social pública. Já para os fundos de pensões e para as instituições financeiras que os gerem, há uma oportunidade dourada no horizonte.»
Vítor Junqueira, Pensões elevadas?
«Há um partido que propôs que as portagens servissem para financiar a Segurança Social. Há um partido que propôs que uma parte dos descontos obrigatórios para a Segurança Social passasse para uma conta individual nas mãos de fundos privados. Há um partido que propôs usar o valor do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (...), mais a emissão de dívida pública (...), para financiar a passagem para o novo sistema e compensar a perda de receitas. Total do custo da operação, acima dos 20 mil milhões de euros, contas do partido proponente. (...) Isto era o PSD. Mas era no tempo em que fazia propostas e apresentava as contas. Agora, junto com o CDS (que se absteve nesta proposta em 2007), retoma a mesma ideia, sob a forma do plafonamento, mas esconde a conta atrás das costas. Em vez de fazer com que todos descontem para os fundos privados, faz com que o desconto só comece depois de um certo nível salarial. Qual, é mistério. Quanto se perde em receitas da segurança social, é sempre muito mas é mistério. Como se paga esse buraco, é mistério.»
Francisco Louçã, No tempo da tripa forra: as portagens e a dívida para pagar o buraco na Segurança Social
«Durante quatro anos, a coligação PSD-CDS tudo fez para pôr em causa a sustentabilidade do sistema público de pensões. Quatro anos depois, criada uma crise de curto prazo por causa da perda de receita, fruto da destruição de emprego e da queda dos salários, quem criou o problema vem propor uma solução de privatização parcial das pensões, o chamado plafonamento. Degradar para privatizar. É assim na saúde, é assim na educação, é assim nos transportes e é assim nas pensões. É esta a reforma do Estado proposta pela coligação. (...) Dizem que a proposta é moderada e não envolve grande perda de receita, porque é só para quem começa agora a descontar, mas esquecem-se de dizer que a perda de receita aumenta com o tempo e que a despesa só se reduz daqui a quarenta anos, o que implica financiar um défice durante todo esse período.»
João Galamba, O que está em causa nas pensões
«A ideologia punitiva sobre os mais velhos prossegue entre um muro de indiferença, um biombo de manipulação, uma ausência de reflexão colectiva e uma tecnocracia gélida. Neste momento, comparo o fácies da ministra das Finanças a anunciar estes agravamentos e as lágrimas incontidas da ministra dos Assuntos Sociais do Governo Monti em Itália quando se viu forçada a anunciar cortes sociais. A política, mesmo que dolorosa, também precisa de ter uma perspectiva afectiva para os atingidos. Já agora onde pára o ministro das pensões? (...) P.S. Uma nota de ironia simbólica (admito que demagógica): no Governo há “assessores de aviário”, jovens promissores de 20 e poucos anos a vencer 3.000€ mensais. Expliquem-nos a razão por que um pensionista paga CES e IRS e estes jovens só pagam IRS! Ética social da austeridade?»
Bagão Félix, Falácias e mentiras sobre pensões
Este artista escamoteia o essencial: todas as pensões pagas pelo Estado - talvez haja umas raríssimas excepções - são pensões majoradas.
ResponderEliminarOra esta majoração só pode justificar-se a um nível próximo da subsistência pois não é função do Estado Social funcionar como instituição financeira estúpida ou esquema de pirâmide com garantia da população activa em cada momento.
Mas para treteiros, Estado Social é Mama Geral, e quem vier atrás que feche a porta!
Vem a seguir o Louçã a dar para o mesmo peditório!
ResponderEliminarNo final o que conta é que com tanto pensionista e com um tão bom SNS para os conservar vivos, a prespectiva é que os votos dos pensionistas sejam essenciais paraa manter a expressão parlamentar da ideologia dos treteiros da Mama Geral.
A seguir, o prudente Galamba, vem assegurar que mesmo só começando agora a restringir a mama, há o risco de haver um tempo de dificuldade agravada em manter privilégios aos que votam hoje, e isso é forte risco eleitoral além de ofender o sacrossanto princípio da Maama Geral (embbora isso seja o menos da coisa).
ResponderEliminarMais garante que, ainda que os descontos acima do plafonamento sejam voluntários, o melhor é alertar o povo para as incertezas da economia e as maldades das instituições financeiras, pois só a Mama Geral dá garantias (que só falham porque a direita vem periódicamente, com políticas incompreensíveis e horrorosas, tapar buracos).
Aureolado pela regular confissão de inocentes pecados, enternecido por visões da bondade que associa à impotência da velhice, entoa hinos em ritmo Mater Dolorosa.
ResponderEliminarBagão não percebe que se diminua a mama! Bagão sofre! Bagão é feliz!
"Havia, em dezembro de 2013, 560 pensões de velhice e invalidez acima dos 5594,34 euros/mês. 560 pensões num total de 1,9 milhões de pensões."
ResponderEliminarSão poucas? Então está tudo bem.
É como os salários dos gestores de topo. São muito elevados? 200 vezes superiores ao salário mínimo praticado na empresa? Não faz mal porque gestores de topo são 10 e trabalhadores a receber o salário mais baixo são 10000. Não faz mal porque são apenas 0,03% do volume total de despesa da empresa.
Pensava que o Zequinha, que infesta este lugar com tanta verborreia ja tinha desaparecido. Afinal ele ainda por aqui e continua o mesmo convencido.
ResponderEliminarHá pouco mais ou menos 100 anos a 1ª Republica incrementou a Previdência Social. Há época foi um grande salto qualitativo para os trabalhadores portugueses.
ResponderEliminarHoje, (com 48 anos de interregno) a 2ª Republica parece esforçar-se por a aniquilar.
Juram, por obra e graça da constituição (ou do espirito santo?) respeita-la. Mas quais constituição quais carapuça, isto pra frente e´ que e´ Lisboa. Depois e´ um rol de lamentações: respeitam não respeitam. O PS e´ que e´ culpado, este diz que e´ o PSD, outros que e´ a troika, sim senhor…Mas, e nós o povão, o que pensamos disto… Vamos ficar a` espera do Arco da Governança…do Passos…do Costa… como esperamos por outros antes?
Va´ la´, não se iludam, a experiencia diz-nos como e´ …
Todos os dias, na Bacia a Sul do Tejo, bem perto da capital, vejo os destroços da antiga CUF, o que resta da indústria corticeira e confecções. Ruinas de palacetes e de fábricas, quintas desertificadas de palha seca e uma boa parte da urbe com seus prédios entaipados. Isto e´ la´ economia…e ainda por cima, uma boa parte da juventude a correr caminhos de emigração…Vamos, ergam-se, tornem-se sensatos, republicanos se possível.
De Adelino Silva
Sugiro que se analise as opções sem adjectivos prévios. Esclarece melhor quem gosta de decidir pela própria cabeça, e não seguir os tradutores de como se deve pensar.
ResponderEliminarParece-me que neste assunto, o estar disponivel para negociar, entre os que poderão governar e a oposição, é mais construtivo, que a linguagem de atirar pedras, aos culpados de tudo o que está mal.